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sábado, 29 de fevereiro de 2020

1970 - Novos gigantes surgem, grandes estreias

Começou um novo ano, então já é hora de inaugurarmos a célebre série de posts que mostra os maiores lançamentos de anos passados. Viajaremos no tempo e voltaremos meio século, para conhecer os grandes discos do ano de 1970, ano de meu nascimento. Só coisa boa foi criada neste ano!!

Desde os anos anteriores, o Brasil vinha sofrendo barbaridades com o famigerado Ato Institucional Nº 5 - o AI-5, que retirou liberdades individuais, fechou o Congresso Nacional e perseguiu qualquer pessoa que levantasse a voz contra o regime ditatorial. A resposta da oposição veio radical, armada, com sequestros de embaixadores estrangeiros, com os pedidos de resgate quase sempre solicitando a liberdade de presos políticos. Nesse clima, 1970 viu eleições gerais para Senador, Deputados (Federal e Estadual), Prefeitos e Vereadores. O país só se tranquilizaria em 1979, quando tivemos a Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.
Já o mundo vivia um clima completamente diferente. Cem países conseguiram entrar em acordo e assinaram o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, tentando diminuir a tensão da Guerra Fria e o risco de holocausto nuclear. Nosso vizinho, o Chile vivia ainda uma plena democracia e lá aconteceu a eleição de um novo presidente, Salvador Allende. Lamentavelmente, ele não conseguiu completar seu mandato; acabou deposto e assassinado em 1973 pelos militares, liderados pelo ditador sanguinário Augusto Pinochet
Se no ano anterior tivemos o êxtase com o pouso na Lua, neste ano de 1970 tivemos o drama da Apollo 13, que teve um problema com seus tanques de oxigênio, não conseguiu pousar no nosso satélite natural e gerou grande preocupação na NASA, que teve que se virar para trazer os astronautas intactos de volta ao planeta Terra. Todo esse drama foi muito bem mostrado no filme "Apollo 13 - Do Desastre Ao Triunfo", com Tom Hanks no papel principal.
No futebol, este foi o ano do lendário tricampeonato mundial da seleção brasileira, que encantou a todos com um futebol que até hoje é muito reverenciado. Talvez a mais forte seleção que tenha ganhado a Copa do Mundo. Na música tivemos o fim dos Beatles, o festival Isle Of Wight e as lamentáveis mortes de Janis Joplin e Jimi Hendrix. Duas perdas gigantescas que até hoje sentimos muito.

Agora sim, vamos aos grandes lançamentos deste ano de 1970, que estão completando meio século de vida!!

MC5 - "Back In The USA" - apesar de já ter lançado no ano anterior um álbum ao vivo, este foi o primeiro disco de estúdio do MC5. Seguindo o direcionamento do produtor Jon Landau, a banda se afastou da sonoridade crua, pré-punk do álbum anterior, se aproximando de uma sonoridade revival dos anos 50, gravando inclusive covers relativos a artistas desse período, como "Tutti Frutti", de Little Richards, e "Back In The USA", de Chuck Berry. Destaque para as faixas "Tonight", "Call Me Animal" e "Human Being Lawnmower" (uma crítica à Guerra do Vietnã). Apesar do álbum não ter alcançado sucesso e ter vendido bem menos que o anterior, ainda assim trata-se de um disco que influenciou muitos artistas desde então. Completando meio século de influência!!

The Guess Who - "American Woman" - este foi o sexto álbum de estúdio do grupo canadense The Guess Who, e o último a contar com o guitarrista Randy Bachman, um dos principais compositores do grupo ao lado do vocalista Burton Cummings. Foi o álbum de maior sucesso do grupo, em especial pela faixa-título, que estourou e se tornou muito conhecida. Musicalmente, o álbum também marca um movimento da banda rumo ao hard rock, que fazia mais sucesso na época (antes, praticavam um pop com influências psicodélicas). Os destaques ficam para as faixas "No Time", "No Sugar Tonight", "Talisman" e "Proper Stranger", além da citada faixa-título. O álbum alcançou o Top 10 da parada norte-americana e ganhou disco de ouro. Randy Bachman saiu da banda após o lançamento deste álbum e montou o Bachman-Turner Overdrive, banda que acabou fazendo muito sucesso, até mesmo superando sua antiga banda. O Guess Who continuou sua carreira sem Bachman, mas sem alcançar o mesmo sucesso. O vocalista Burton Cummings saiu da banda em 1975, retornando em algumas ocasiões e também na reunião da banda, nos anos 90. Os direitos de uso do nome da banda não pertence a esses dois membros principais, então se você ver um anúncio de show da banda fique avisado que será uma banda diferente que tocará!

The Doors - "Morrison Hotel" - neste álbum, o The Doors se recuperou de um álbum não tão bem recebido pelo seu público ("The Soft Parade"), retornando às raízes de sua sonoridade, mais calcada no blues e no rock, o que fica bem evidente logo na abertura com o clássico "Roadhouse Blues". Outros destaques do álbum incluem as faixas "Waiting For The Sun", "You Make Me Real", "Peace Frog" e "Maggie M'Gill". Vale a pena citar que a banda não tinha autorização para tirar a foto que acabou virando a capa do disco (esperaram a oportunidade quando a pessoa que tomava conta foi ao banheiro) - realmente existiu um local chamado Morrison Hotel! O álbum fez a banda retomar o sucesso, alcançando a quarta posição na parada norte-americana e alcançando disco de platina. Aproveitem que a discografia dos The Doors têm sido relançada remasterizada e curtam este clássico do rock que completa meio século de vida!!

Black Sabbath - "Black Sabbath" - esta foi a fenomenal estreia da banda mais influente dentro do heavy metal - na verdade, a banda criou o estilo com seus álbuns, que foram lançados um após o outro. Os quatro integrantes já tocavam juntos desde 1968, mas com nomes diferentes (Polka Tulk e Earth) até que resolveram apostar no nome do filme homônimo, com Boris Karloff, e passar a usar a temática do terror como inspiração nas composições. A primeira delas, a música que leva o mesmo nome da banda, utilizou o famoso "riff do diabo", também conhecido como "Diabolus in Musica". O álbum foi gravado com apenas dois dias de estúdio, basicamente tocado ao vivo e gravado, sem muitas frescuras, overdubs ou outros recursos. E ainda assim se transformou em um dos grandes álbuns do rock, responsável por influenciar toda uma geração de músicos que foram criando suas bandas dentro do novo estilo criado - o heavy metal. Quase todas as músicas são clássicos atualmente: a assustadora "Black Sabbath"; "The Wizard" e sua gaitinha; "Behind The Wall Of Sleep"; "N.I.B." e sua incrível introdução de baixo; "Sleeping Village", uma impressionante sequência de músicas que até hoje me deixam boquiaberto. O álbum conseguiu entrar no Top 10 do parada britânica e alcançar disco de ouro em sua terra natal (Top 20 nos EUA e mais tarde disco de platina por lá). A banda não estava pra brincadeira e depois de algumas turnês já partiu para a gravação do segundo álbum, lançado apenas sete meses depois - ver mais abaixo!!

Mountain - "Climbing!" - o Mountain se formou no ano anterior, 1969, pela dupla Leslie West e Felix Pappalardi. Leslie procurou Felix por causa do envolvimento do segundo com o Cream - Pappalardi produziu os principais álbuns da banda. Inicialmente, ele deveria apenas produzir a banda, mas acabou entrando para o grupo como baixista e vocalista. A banda chegou a tocar no festival de Woodstock e lançou esta estreia que acabou marcada por trazer a canção mais conhecida do Mountain: o clássico "Mississippi Queen". Outros destaques ficam para as faixas "Theme For An Imaginary Western""For Yasgur's Farm" e "Sittin' On A Rainbow". O álbum alcançou o Top 20 da parada norte-americana e chegou a disco de ouro. O Mountain se manteve na ativa até 1974, quando entrou em hiato. Quando retornou, nos anos 80, já trouxe uma formação diferente, mantendo apenas Leslie West e o baterista Corky Laing. Felix Pappalardi acabou morto pela sua esposa em 1983, quando tinha apenas 43 anos. Leslie West manteve uma carreira bastante prolífica, lançando diversos álbuns solo, além de ter participado do projeto West, Bruce And Laing, ao lado de ninguém menos que Jack Bruce, do Cream!

Crosby, Stills, Nash & Young - "Déjà Vu" - este foi o primeiro álbum deste supergrupo como um quarteto, com a adição de Neil Young - o trio já tinha lançado um álbum de estúdio em 1969. A expectativa na época do lançamento era enorme, por trazer quatro nomes já consagrados em bandas anteriores. E a expectativa correspondeu a um enorme sucesso do álbum nos EUA, topo da parada e sete milhões de cópias vendidas ao longo do tempo. As harmonias vocais são geniais, e algumas canções do álbum se tornaram hinos da época: "Carry On", "Almost Cut My Hair", "Helpless", a versão para "Woodstock", de Joni Mitchell, a faixa-título, uma incrível sequência de grandes canções com variações vocais entre os quatro membros. Talvez o melhor momento da carreira deste quarteto, que teve muitas idas e vindas graças às carreiras solo dos quatro integrantes. Aqui, a união de suas forças fez a diferença!!

Jimi Hendrix - "Band Of Gypsys" - o relacionamento entre Jimi Hendrix e o baixista Noel Redding, da Jimi Hendrix Experience, foi se desgastando com o tempo, e chegou um momento em que Noel não aguentou mais e acabou saindo da banda, no meio do ano de 1969. Para o show em Woodstock, em agosto, Jimi improvisou uma formação mantendo Mitch Mitchell mas adicionando o baixista Billy Cox e outros músicos. Ele já vinha tocando com Billy antes mesmo da saída de Noel de sua banda. Jimi então aproveitou e adicionou o baterista Buddy Miles e resolveu gravar um álbum ao vivo para pagar uma dívida de um antigo contrato, onde ele devia um disco a um promotor. Os shows aconteceram nos primeiros dias de janeiro de 1970, e o álbum acabou lançado em março do mesmo ano. Foi o último álbum de Jimi Hendrix lançado enquanto ele ainda estava vivo. Musicalmente, temos uma tremenda jam musical entre três grandes músicos, um trio que estava procurando explorar novos territórios, entrando com influências funk e soul e improvisando o tempo todo. De um total de quatro shows realizados no Fillmore East, em Nova Iorque, seis músicas foram escolhidas para entrarem no álbum. Os destaques ficam para "Machine Gun", "Message To Love" e "We Gotta Live Together". O álbum manteve o sucesso de Jimi Hendrix, alcançando o Top 5 da parada norte-americana. Lamentavelmente, Jimi acabou falecendo em setembro, asfixiado com seu próprio vômito. Tinha consumido uma dose muito grande de barbitúricos. Uma perda gigantesca para o mundo da música, que viu o maior guitarrista de todos os tempos ter sua carreira encurtada de forma trágica. Mesmo com pouco tempo de carreira, deixou um legado impressionante!!

The Faces - "First Step" - o The Faces foi um supergrupo formado no ano anterior, abrangendo três ex-membros dos Small Faces: o tecladista Ian McLagan, o baixista Ronnie Lane e o baterista Kenney Jones, mais dois ex-membros do Jeff Beck Group: o guitarrista Ronnie Wood (era baixista na banda de Jeff Beck) e o vocalista Rod Stewart. O álbum foi composto e gravado rapidamente, logo após a formação da banda, e ainda traz um grupo em formação e à procura de uma sonoridade. Ainda assim, dada a maturidade e experiência de todos os envolvidos, temos um grande disco, que já indica a grandiosidade musical que a banda iria assumir nos próximos lançamentos. Destaque para as faixas "Wicked Messenger", "Around The Plynth" e "Nobody Knows". O álbum não fez muito sucesso quando lançado, mas ganhou muita importância com o tempo, assim como toda a discografia da banda, que se mostrou bastante influente para os artistas que vieram depois. Uma curiosidade sobre este álbum: o engenheiro de som foi ninguém menos que Martin Birch, que se tornaria um dos maiores produtores que o rock conheceu!!

Elton John - "Elton John" - apesar deste ter sido o segundo álbum de estúdio de Elton John, foi o primeiro a realmente fazer sucesso e levá-lo ao estrelato, com direito a indicação ao Grammy e Top 5 nas paradas britânica e norte-americana. Produzido por Gus Dudgeon (produziria uma sequência de álbuns de Elton), tem como carro-chefe a canção "Your Song", primeiro grande sucesso de Elton John, mas podemos destacar diversas faixas: "Take Me To The Pilot", "No Shoe Strings On Louise" e sua levada a la Stones, a épica "First Episode At Hienton", as baladas tocantes "Sixty Years On" e "Border Song", a animada "The Cage", quase todas as faixas clássicas e marcantes. O sucesso do álbum levou Elton John a sua primeira turnê norte-americana, muito bem retratada no mais recente filme que conta a sua história ("Rocket Man"). Logo a seguir, seu terceiro álbum de estúdio foi lançado - ver mais abaixo!!

Jethro Tull - "Benefit" - este foi o terceiro álbum de estúdio do Jethro Tull, e ajudou a consolidar a nova formação com o guitarrista Martin Barre, apesar de ser o primeiro a incluir o tecladista John Evan, que ficaria com a banda durante toda a década de 70. Musicalmente, o álbum traz a guitarra de Barre aparecendo mais, sem esquecer de características que já começavam a se destacar para formar a sonoridade da banda, como a flauta de Ian Anderson e sua voz inconfundível. Destaque para as canções "With You There To Help Me", "Alive And Well And Living In", "To Cry You A Song" e "Inside". O álbum alcançou sucesso ainda maior que o anterior: 11ª posição na parada norte-americana e Top 5 da parada britânica, com disco de ouro nos EUA. Era o prelúdio do maior sucesso da banda, que seria alcançado no disco seguinte, o clássico supremo "Aqualung" - confira o post sobre o ano de 1971 para mais informações!!

Cream - "Live Cream" - este álbum foi lançado após o término da banda - eles encerraram atividades em 1969, ao lançar seu último álbum, "Goodbye". Trata-se de uma coletânea de performances ao vivo da banda nos EUA, ao longo de março de 1968, mais uma faixa de estúdio, "Lawdy Mama". O álbum só conta com cinco faixas, porém com performances impressionantes, mostrando a virtuosidade do trio e toda a desenvoltura que eles tinham ao vivo. Destaque para as faixas "N.S.U." e "Sweet Wine". O disco alcançou o Top 20 da parada norte-americana e o Top 5 da parada britânica, mostrando que o público ainda sentia falta do Cream, que só se reuniria novamente nos anos 90 e 2000. Um dos maiores power trios da história do rock!!

The Beatles - "Let It Be" - este foi o último álbum de estúdio lançado pelos Beatles, mas foi praticamente gravado antes do anterior, o excelente "Abbey Road". O projeto começou a ser gravado no começo de 1969, e a ideia (sugerida por Paul McCartney) era a banda voltar a tocar ao vivo - eles tinham se aposentado dos palcos para fugir da Beatlemania. As sessões de gravação se mostraram muito tensas (George Harrison chegou a se demitir da banda) e foram abandonadas. Após muitas idas e vindas, versões feitas por outros produtores, a banda acabou lançando o produto final com a produção de Phil Spector - vale lembrar que as gravações foram conduzidas por George Martin, parceiro de longa data dos Beatles. Antes do álbum ser lançado, a banda já havia acabado. Paul McCartney ficou extremamente contrariado com o trabalho de Spector e uma semana antes do lançamento anunciou sua saída da banda. John Lennon também já estava de saída e este acabou sendo o canto do cisne do quarteto de Liverpool. Podemos facilmente destacar o álbum todo, recheado de clássicos, mas eu escolho as faixas "Two Of Us", "Across The Universe", a faixa-título, "The Long And Winding Road" (uma das faixas que gerou a insatisfação de McCartney com relação a Spector) e "Get Back". Sucesso absoluto no lançamento, topo das paradas britânica e norte-americana, quatro milhões de cópias vendidas nos EUA, acabou trazendo o sabor amargo das brigas das sessões e de ter sido o último álbum de estúdio da banda. Ainda assim, um grande registro!!

King Crimson - "In The Wake Of Poseidon" - este segundo álbum de estúdio do King Crimson pode ser considerado um disco de transição, pois a banda estava sofrendo muitas mudanças de formação na época. Ian McDonald e Michael Giles já tinham saído da banda, e no meio das gravações Greg Lake também saiu - ele se juntou a Keith Emerson e Carl Palmer para formar o supergrupo Emerson, Lake & Palmer (ver abaixo o disco de estreia). A banda acabou ficando apenas com o guitarrista Robert Fripp e o produtor Peter Sinfield. Nas gravações, Greg ainda cantou na maioria das músicas (assim como o baterista Michael Giles tocou), e alguns membros que gravaram o álbum iria entrar de vez para a banda: o saxofonista Mel Collins e o vocalista Gordon Haskell. Musicalmente, o álbum segue o mesmo caminho do primeiro, um rock progressivo com influências de jazz e muitas mudanças bruscas. Os destaques ficam para as faixas "Pictures Of A City", a faixa-título e "The Devil's Triangle". O álbum alcançou a melhor posição na parada britânica para um disco da banda - 4º lugar. O King Crimson se manteria ativo até 1974, depois ficaria parado até 1981, quando retomou as atividades até 1984, outra parada e retomada em 1995. Uma banda que sempre manteve um padrão de qualidade musical alto, com virtuosidade e muita experimentação!

The Who - "Live At Leeds" - após lançar o álbum "Tommy", o The Who excursionou intensamente para promovê-lo, incluindo a execução do álbum na íntegra. A turnê incluiu performances nos principais festivais da época, Woodstock e Isle Of Wight. A banda foi gravando diversos shows com a ideia de apresentar ao público como era de verdade um show da banda - bem mais enérgico que o álbum que estavam promovendo e fazendo-os famosos. Pete Townshend não gostou muito da ideia de ficar escutando as fitas e resolveram agendar duas apresentações no país natal: uma em Leeds e outra em Hull. A performance em Hull teve problemas na gravação, então a gravação do show de Leeds foi utilizada. Inicialmente, a banda pensou em lançar um álbum duplo, mas acabaram lançando um disco simples, com apenas seis músicas. O disco entrou no Top 5 das paradas norte-americana e britânica e acabou servindo como um encerramento da era "Tommy". O álbum foi ganhando aura de melhor álbum ao vivo de todos os tempos com o passar dos anos, e com o advento do CD, mais músicas puderam ser incluídas - a versão remasterizada mais recente inclui todas as músicas do show (33 no total) - e essa impressão só cresceu: a apresentação é concisa, energética, perfeita, uma banda muito entrosada que dominava completamente um repertório grandioso. Um álbum ao vivo que me impressiona até os dias de hoje!!

Deep Purple - "Deep Purple In Rock" - este foi o quarto álbum de estúdio do Deep Purple, o primeiro de estúdio da formação mais clássica da banda, com Ian Gillan nos vocais e Roger Glover no baixo, formação conhecida como Mk.II. O desejo da banda de seguir uma linha musical mais pesada acabou levando à demissão dos membros anteriores, Rod Evans e Nick Simper. Esta nova formação, antes, gravou um álbum ao vivo ao lado de uma orquestra - rezam as más línguas que Ritchie Blackmore deu carta branca à Jon Lord nesse projeto para que pudesse depois levar o grupo no caminho realmente desejado do hard rock. O álbum é um desbunde musical, levando à perfeição os duelos nos solos entre Lord e Blackmore, a performance vocal fenomenal de Gillan (em especial na canção "Child In Time") e a cozinha extremamente bem azeitada de Glover e Paice. Não há um momento ruim no disco, temos sete grandes canções, mas a canção de abertura "Speed King", a já citada "Child In Time" e "Into The Fire" se destacam um pouco mais. O álbum alcançou boa posição na parada britânica (quarto lugar) e ajudou a banda a se consolidar de vez na cena rock - as performances avassaladoras ao vivo também contribuíram para tal. Em termos de influência, este é um dos álbuns mais marcantes e influentes dentro do rock, sendo sempre citado em listas de melhores de todos os tempos de vários músicos contemporâneos. Pelo menos para mim, com certeza este é um dos dez melhores álbuns de todos os tempos!!

Uriah Heep - "...Very 'Eavy ...Very 'Umble" - este foi o disco de estreia do Uriah Heep, uma das bandas inglesas mais importantes de sua história. Já neste primeiro registro encontramos o núcleo mais importante de membros: o guitarrista Mick Box, o vocalista David Byron e o tecladista Ken Hensley, que gravariam os grandes clássicos da banda na década. Musicalmente, a banda ainda buscava uma identidade, mas alguns elementos marcantes já estavam presentes, em especial o órgão de Hensley (apesar do fato dele não ter contribuído com composições neste álbum), a voz marcante de Byron, e as fortes linhas de guitarra de Box. Os destaques ficam para a abertura com "Gypsy" e para as faixas "Walking In Your Shadow", "Dreammare" e "I'll Keep On Trying". O álbum não fez muito sucesso, e forçou a banda a excursionar bastante para construir sua reputação na estrada. Uma curiosidade: o baterista da banda, nesta época, era Nigel Olsson, que sairia da banda antes mesmo do lançamento do disco para entrar na banda de Elton John - ele era o baterista na primeira turnê do astro nos EUA!

Grateful Dead - "Workingman's Dead" - este e o próximo álbum do Grateful Dead (quarto e quinto na discografia da banda), lançados neste ano de 1970, marcaram uma ligeira mudança de sonoridade da banda, rumando para o folk e o country, abandonando um pouco a psicodelia do álbum anterior, "Aoxomoxoa". A mudança acabou dando certo e levou a banda ao seu primeiro disco de platina, alcançando o Top 30 da parada norte-americana. Destaque para as faixas "Uncle John's Band", "High Time", "New Speedway Boogie" e "Casey Jones". Ainda este ano, cinco meses depois, a banda lançaria mais um álbum de estúdio - um dos mais vendidos de sua discografia!

Grand Funk Railroad - "Closer To Home" - este foi o terceiro álbum de estúdio do Grand Funk Railroad, um dos mais bem sucedidos comercialmente da banda. Marcou também o início de uma fase de maiores experimentações, com faixas mais longas, em especial a faixa-título, de pouco mais de dez minutos de duração. Muitos dizem que foi resultado das influências do produtor Terry Knight, que também era responsável por gerenciar a carreira da banda - ele resolveu investir pesado na promoção deste álbum, incluindo um outdoor na Times Square (um dos principais pontos turísticos de Nova Iorque). Deu certo, o álbum alcançou a sexta posição na parada norte-americana e conseguiu alcançar vendas equivalentes a três milhões de cópias - disco triplo de platina. Os destaques ficam para as faixas "Sin's A Good Man's Brother", "Aimless Lady", "Mean Mistreater" e a épica faixa-título da qual já falamos anteriormente, que inclui arranjos grandiosos e se tornou uma das canções mais conhecidas da carreira do Grand Funk Railroad. Se você não conhece, você precisa dar a devida atenção à discografia deste que é um dos mais importantes power trios da história do rock!!

Free - "Fire And Water" - depois de dois discos de estúdio e muitas turnês, o Free amadureceu de vez e estava pronto para seu grande sucesso neste ano de 1970. E o sucesso veio com este terceiro álbum de estúdio, um dos melhores da discografia da banda, e que contém seu maior sucesso, o clássico "All Right Now", que ajudou a banda a chegar à segunda posição na parada britânica e no Top 20 da parada norte-americana. O álbum é forte, com composições que ainda impressionam meio século depois. A força do refrão da faixa-título; as levadas deliciosas de "Oh I Wept" e "Remember", marcantes com a voz de Paul Rodgers e os solos de Paul Kossoff; o piano de Andy Fraser conduzindo a lentinha "Heavy Load"; o clássico pouco conhecido "Mr. Big" e seu riff reforçado pelo baixo e pela guitarra. Enfim, um álbum excelente que deve ser apreciado do início ao fim. Um dos grandes lançamentos deste ano! Ainda neste ano, a banda lançaria seu quarto álbum de estúdio - veja mais abaixo!

Cactus - "Cactus" - este foi o álbum de estreia desta banda norte-americana formada a partir do fim do Vanilla Fudge, pelo baterista Carmine Appice e o baixista Tim Bogert, que se juntaram ao guitarrista Jim McCarty e o vocalista Rusty Day. Appice e Bogert iriam tocar com Jeff Beck (o trio acabou gravando o álbum "Beck, Bogert & Appice" em 1973), mas um acidente automobilístico adiou os planos da dupla, que resolveu então montar esta banda. Nunca conseguiram fazer muito sucesso, mas lançaram quatro álbuns de qualidade. Os destaques deste primeiro disco ficam com as faixas "Parchman Farm", "You Can't Judge A Book By The Cover" (uma cover de Willie Dixon), "Let Me Swim" e "Feel So Good". Calcado em uma sonoridade blues rock de respeito, este é um álbum que merece uma audição mais atenta!!

Yes - "Time And A Word" - este segundo álbum de estúdio do Yes começou a mostrar o talento e a grandeza da banda, que gravou a maioria das músicas com uma pequena orquestra. Aliás, esse fato acabou provocando a primeira baixa no grupo: o guitarrista Peter Banks saiu do grupo antes mesmo do lançamento do álbum, porque não concordava muito com a ideia de usar uma orquestra. Ele foi substituído por Steve Howe (até hoje na banda, se bem que chegou a ficar fora por alguns períodos), que acabou até aparecendo na capa da versão norte-americana do disco (a capa original foi considerada imprópria...). Os destaque ficam para duas covers - "No Opportunity Necessary, No Experience Needed" (original de Richie Havens) e "Everydays" (original do Buffalo Springfield) - e para as faixas "Then" e "Astral Traveller". O álbum conseguiu entrar na parada britânica na 45ª posição, abrindo as portas da banda para o sucesso, que se consumiria nos próximos lançamentos. Um grande álbum que acaba sendo ofuscado por tantos clássicos presentes na discografia da banda!!

Creedence Clearwater Revival - "Cosmo's Factory" - este foi o álbum de maior sucesso do Creedence Clearwater Revival, atingindo o topo de ambas as paradas (britânica e norte-americana) e vendendo 4 milhões de cópias nos EUA. Além de ser um sucesso comercial, este também se tornou um dos melhores álbuns da banda, um disco onde eles passeiam com propriedade por vários estilos: temos duas longas músicas - a abertura com "Ramble Tamble" e a magnífica "I Heard It Through The Grapevine", um tributo ao soul (esta música ficou famosa alguns anos antes na gravação de Marvin Gaye); temos baladas - "Who'll Stop The Rain" e "Long As I Can See The Light"; temos blues clássico com "Before You Accuse Me"; temos country rock com "Lookin' Out My Back Door"; e temos o rock clássico com "Up Around The Bend", um hino da banda. A banda não se contentaria com o tremendo sucesso e ainda neste ano de 1970 lançaria mais um álbum de estúdio, completando a marca de cinco discos em dois anos - confira este segundo álbum mais abaixo!!

Eric Clapton - "Eric Clapton" - este foi o primeiro álbum da carreira solo de Eric Clapton. Ele já tinha se destacado nos Yardbirds, se destacou no Cream e no Blind Faith, e também faria muito sucesso com outro projeto ainda este ano (ver mais abaixo). Aqui, ele se uniu com um time de estrelas e compôs algumas belas canções, além de gravar algumas covers - a principal delas seria "After Midnight", composta por J.J. Cale, artista que Clapton adorava e ainda gravou outras composições que foram muito importantes para a carreira do deus da guitarra. Os convidados deste disco incluem Bobby Keys (saxofonista que sempre tocou com os Rolling Stones), Stephen Stills (ex-Buffalo Springfield e Crosby, Stills & Nash) e alguns colegas que gravariam o outro projeto com ele ainda este ano. Os destaques ficam para as faixas "Easy Now", "Blues Power", "Bottle Of Red Wine" e "Let It Rain". O álbum fez sucesso moderado, entrando no Top 20 das paradas norte-americana e britânica. O vício em heroína levou Eric Clapton a ficar quase três anos parado - Pete Townshend, o guitarrista do The Who, organizou um concerto para tirá-lo do ostracismo e tentar recuperá-lo do vício. Exatamente o concerto eternizado no álbum ao vivo "Eric Clapton's Rainbow Concert", de 1973!!

Rolling Stones - "Get Yer Ya-Ya's Out!" - depois de lançar dois excelentes álbuns de estúdio - "Beggars Banquet", de 1968, e "Let It Bleed", de 1969, os Rolling Stones resolveram lançar seu segundo álbum ao vivo, talvez para mostrar a seus fãs como as performances da banda estavam mudadas com a nova formação, que incluía o novo guitarrista Mick Taylor. Em parte, a banda acabou lançando o disco para combater um disco pirata com o mesmo conteúdo. Não importa, trata-se de uma grande performance da banda, oriunda de gravações de shows nos EUA (Nova Iorque e Baltimore) no ano anterior. Muitos clássicos estão presentes: logo de cara, abrindo o álbum, "Jumpin' Jack Flash"; ainda temos também uma performance longa de "Midnight Rambler", temos "Sympathy For The Devil" e também "Honky Tonky Women" e "Street Fighting Man". O álbum foi celebrado como um dos melhores discos ao vivo de todos os tempos e alcançou sucesso imediato com o topo da parada britânica (primeiro álbum ao vivo a alcançar essa proeza). Direto da época de ouro dos Rolling Stones, completando meio século de vida!!

Black Sabbath - "Paranoid" - eles gravaram em apenas dois dias o clássico álbum de estreia, conseguiram fazer sucesso e entrar no Top 10 britânico, e não perderam tempo: voltaram ao estúdio rapidamente para gravar este segundo álbum e aproveitar o momento favorável. Novamente, pouco tempo de estúdio - algo em torno de uma semana. O pouco tempo de estúdio deu de sobra para gravar a obra-prima da banda, e ainda deu tempo deles comporem o maior sucesso: "Paranoid" foi a última música a ser gravada, composta rapidamente no estúdio pois a banda ainda não tinha músicas suficientes para o disco. O título do álbum, de acordo com a banda, seria "War Pigs", uma música anti-guerra com letra escrita por Geezer Butler, mas a gravadora viu mais potencial de single naquela curta música gravada às pressas. A gravadora estava certa, o single "Paranoid" alcançou o Top 5 da parada de singles na Inglaterra e alavancou o álbum ao primeiro lugar. Só esqueceram de mudar a capa do disco, uma clara referência ao clássico anti-guerra. O álbum é uma sequência de clássicos do início ao fim: além das duas citadas, temos "Iron Man" (para mim, o maior riff de todos os tempos), "Planet Caravan", "Electric Funeral", "Hand Of Doom", a instrumental "Rat Salad" e fechando monumentalmente com "Fairies Wear Boots". Um dos álbuns mais fortes da carreira do Black Sabbath, um dos mais influentes e o disco que catapultou a banda ao estrelato!

Neil Young - "After The Gold Rush" - após o sucesso absoluto do álbum com o Crosby, Stills, Nash & Young, Neil Young não perdeu tempo e tocou sua carreira solo lançando este que foi seu terceiro álbum de estúdio. E um dos mais aclamados, diga-se de passagem. Seguindo uma sonoridade mais acústica, o álbum traz algumas das canções mais importantes da carreira de Young, tais quais "Tell Me Why", a faixa-título, a polêmica "Southern Man" (polêmica pois foi uma das canções que acabaram gerando a resposta do Lynyrd Skynyrd no clássico "Sweet Home Alabama"), "Don't Let Bring You Down" e "When You Dance I Really Can Love". O álbum, alavancado pelo sucesso do disco "Déjà Vu", também foi bem e chegou ao Top 10 da parada norte-americana, vendendo dois milhões de cópias. Ao longo do tempo, se tornou um dos álbuns mais conceituados da grandiosa carreira solo de Neil Young. E está completando meio século de lançamento!!

Santana - "Abraxas" - este foi o segundo álbum de estúdio do Santana, compreendendo o grande guitarrista Carlos Santana, o tecladista Gregg Rolie (que depois montou o Journey com Neal Schon, que só entrou na banda Santana no disco seguinte), o baterista Michael Shrieve, o baixista David Brown e os percussionistas Michael Carabello e José Areas. A latinidade combinada com o rock chega aqui ao ápice criativo e nos presenteia com canções deliciosas, recheadas de grandes performances e belos solos de Carlos Santana. O maior destaque do álbum é a cover para "Black Magic Woman", uma canção do Fleetwood Mac que foi transformada no maior sucesso da banda. Outros destaques ficam para as faixas "Oye Como Va" (também uma cover, de Tito Puente), "Se Acabó" e a linda instrumental "Samba Pa Ti". O álbum fez muito sucesso e acabou indo para o topo da parada norte-americana, alcançando cinco milhões de cópias vendidas nos EUA - um dos discos mais vendidos da carreira de Santana (perde somente para "Supernatural", de 1999). Bons tempos em que música de tamanha qualidade liderava a parada norte-americana!!

The Allman Brothers Band - "Idlewild South" - este foi o segundo álbum de estúdio dos Allman Brothers. O primeiro álbum não tinha feito sucesso, e a banda resolveu excursionar muito, tocando ao vivo durante quase todo o ano. Por esse motivo, este segundo álbum acabou sendo gravado em diversos estúdios ao redor dos EUA. As performances ao vivo foram atraindo uma plateia fiel e foram criando o nome da banda. Neste segundo álbum, no entanto, o estrelato ainda ficou distante. O disco alcançou um modesto Top 40, e nem disco de ouro alcançou. Entretanto, alguns clássicos da banda estão presentes aqui: "Midnight Rider" e "In Memory Of Elizabeth Reed" são os dois principais, mas podemos citar outras faixas importantes como "Revival" e "Leave My Blues At Home". A banda continuou a excursionar extensivamente, e a recompensa viria no ano seguinte, com o lançamento do clássico ao vivo "At Fillmore East", que finalmente levou o The Allman Brothers ao estrelato - confira no post sobre o ano de 1971 mais sobre este clássico!!

Pink Floyd - "Atom Heart Mother" - este foi o quinto álbum de estúdio do Pink Floyd, e o primeiro a fazer muito sucesso na terra natal da banda, Inglaterra - chegou ao topo da parada. Musicalmente, mostra a banda mergulhando um pouco mais no som progressivo, abandonando um pouco seu lado psicodélico. Podemos ver essas características na longa faixa-título, com quase 24 minutos de duração e praticamente toda instrumental. Outros destaques do álbum incluem as faixas "Summer '68" e "Fat Old Sun". Atualmente, o álbum não tem muito prestígio com seus próprios compositores, Roger Waters e David Gilmour, que preferem os trabalhos seguintes e pouco exploram as músicas deste disco nos repertórios recentes de seus shows. Ainda assim, trata-se de um trabalho marcante e de muita qualidade, que deve ser devidamente apreciado!!

Led Zeppelin - "Led Zeppelin III" - depois de dois álbuns grandiosos e de grande sucesso e muitas turnês promovendo-os, os membros do Led Zeppelin estavam cansados e queriam um descanso. Não queriam repetir a rotina extrema que foi gravar o segundo disco durante as turnês. Robert Plant sugeriu e Jimmy Page acatou uma temporada para descanso em um chalé antigo e reservado no País de Gales (o nome do chalé é Bron-Yr-Aur e acabou dando nome a uma canção do álbum "Physical Graffiti"). Num chalé afastado da civilização, sem energia elétrica ou água encanada, a banda acabou relaxando e se entregando a uma sonoridade mais folk e acústica, que mostrou a versatilidade musical que o grupo poderia alcançar. Várias faixas deste álbum se tornaram clássicos com o passar do tempo: a incrível  faixa de abertura "Immigrant Song", "Celebration Day", "Since I've Been Loving You", "Out On The Tiles", "Gallows Pole", "Tangerine", uma impressionante coleção de canções que levaram a banda direto ao topo das paradas britânica e norte-americana. Ao longo dessas décadas, o disco já vendeu seis milhões de cópias somente nos EUA. Apesar disso, costuma ser um dos álbuns menos vendidos e lembrados da discografia do grupo. Talvez pela versatilidade e falta de músicas mais pesadas. Ainda assim, um dos melhores discos lançados neste ano de 1970!!

Genesis - "Trespass" - este foi o segundo álbum de estúdio do Genesis, o último a contar com o baterista John Mayhew e o guitarrista Anthony Phillips, que saíram da banda logo depois do lançamento do disco. Musicalmente, ainda temos um disco de transição, com a banda começando a aumentar o tamanho das canções e se aproximando do rock progressivo. A banda tinha ensaiado exaustivamente para aumentar sua proficiência musical, e o resultado acabou levando a banda a este estágio mais técnico de sua discografia - os próximos álbuns alcançariam níveis ainda maiores de proficiência. Os destaques ficam para as faixas "Looking For Someone", "Visions Of Angels", "Dusk" e "The Knife". O álbum não conseguiu alcançar muito sucesso, mas foi fundamental para amadurecer o grupo (até mesmo definindo quem continuaria e quem deveria ser substituído) e definir as bases para os próximos discos, esses sim os grandes clássicos do Genesis, já contando com Phil Collins e Steve Hackett - veja os posts dos anos seguintes para saber mais sobre esses álbuns!!

Elton John - "Tumbleweed Connection" - terceiro álbum de estúdio de Elton John, segundo lançado neste ano de 1970, foi novamente produzido por Gus Dudgeon e é um álbum conceitual, baseado em temas country e na música norte-americana, incluindo as devidas influências musicais. Novamente fez muito sucesso, alcançando Top 5 nas duas principais paradas - britânica e norte-americana. Alcançou também disco de platina nos EUA. O disco não traz nenhum grande sucesso, mas traz faixas de grande qualidade, destacando-se "Ballad Of A Well-Known Gun", "Come Down In Time", "Country Comfort", "My Father's Gun" e "Love Song". Outro grande álbum de estúdio de Elton John completando meio século de vida!!

Grateful Dead - "American Beauty" - este álbum continua a mudança de sonoridade que o Grateful Dead iniciou no álbum anterior, "Workingman's Dead", também lançado neste ano de 1970 (ver acima), uma mudança abraçando influências folk e country. Aqui, as harmonias estão mais trabalhadas e os arranjos mais caprichados. Os destaques ficam para as canções "Box Of Rain", "Sugar Magnolia", "Till The Morning Comes" e "Truckin'". Este álbum fez ainda mais sucesso que o anterior, alcançando disco duplo de platina ao longo do tempo (dois milhões de cópias vendidas). Um dos grandes álbuns da bela discografia do Grateful Dead!!

David Bowie - "The Man Who Sold The World" - este foi o terceiro álbum de estúdio de David Bowie, e marcou uma guinada ao hard rock, com músicas mais ásperas (o disco anterior era predominantemente acústico), cortesia de uma nova banda com quem Bowie tocava, com destaque para Mick Ronson na guitarra (Mick gravou os próximos álbuns de Bowie, incluindo o grande clássico "The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars") e Tony Visconti no baixo e na produção do disco (Tony produziu diversos outros álbuns de Bowie, além de álbuns do T-Rex e Thin Lizzy). Os destaques ficam para as canções "The Width Of A Circle", "All The Madmen", "Black Country Rock" e a faixa-título, uma das faixas mais conhecidas da carreira de David Bowie (em parte, cortesia da cover que o Nirvana fez em seu álbum acústico). Um grande disco de uma discografia grandiosa deste grande artista que foi David Bowie!!

Emerson, Lake & Palmer - "Emerson, Lake & Palmer" - este foi o álbum de estreia deste supergrupo formado por Greg Lake, ex-baixista e vocalista do King Crimson; Keith Emerson nos teclados e Carl Palmer na bateria. Greg e Keith se conheceram em uma turnê do King Crimson, com a banda de Emerson (The Nice) abrindo, e se conectaram e manifestaram desejo de tocar juntos. A primeira escolha deles para a bateria foi Mitch Mitchell, mas acabaram não conseguindo convencê-lo e acabaram se acertando com Palmer. Musicalmente, o trio desenvolveu um rock progressivo muito técnico, com influências clássicas e de jazz, com alguns belos momentos acústicos, como "Lucky Man", o principal single e carro-chefe, uma balada folk que ajudou o disco a alcançar a quarta posição na parada britânica (Top 20 na parada dos EUA). Outras faixas de destaque são "Take A Pebble" e "Knife-Edge". Lamentavelmente, dos três membros, apenas o baterista Carl Palmer continua vivo. Keith Emerson cometeu suicídio e Greg Lake faleceu de câncer, ambos em 2016. Deixaram um grande legado para a música, que começou há meio século com este grande álbum!!

George Harrison - "All Things Must Pass" - este foi o terceiro álbum de estúdio da carreira solo de George Harrison, e definitivamente o mais importante e mais bem sucedido comercialmente. Uma constelação de estrelas do rock ajudaram o beatle a gravar este álbum, triplo: o amigo Eric Clapton; o ex-companheiro de banda, Ringo Starr; alguns feras em seus instrumentos, como o tecladista Billy Preston, o saxofonista Bobby Keys, dentre muitos outros conhecidos por ter participado das sessões de gravação, como Peter Frampton, Jim Gordon, Alan White, Ginger Baker e muitos outros. Produzido por Phil Spector (Phil tinha produzido o álbum "Let It Be" - ver acima), o álbum mostra todo o talento de Harrison como compositor, em músicas inspiradas, que acabaram rejeitadas das últimas gravações com os Beatles - vale lembrar que este foi o primeiro álbum de George a ser lançado após o fim da banda. Clássicos maravilhosos podem ser encontrados aqui: "I'd Have You Anytime", "My Sweet Lord", "Wah-Wah", "What Is Life", "Let It Down" e muitos outros - temos três discos de músicas para curtir aqui! O terceiro e último disco é composto inteiramente por jams de Harrison com seus amigos músicos. O álbum foi um sucesso estrondoso, tendo chegado ao topo da parada em diversos países, incluindo a Inglaterra e os EUA. Atualmente, o disco é certificado como seis vezes disco de platina - seis milhões de cópias vendidas somente em território norte-americano. Um marco e uma prova do talento inegável deste grandioso músico!!

Derek And The Dominos - "Layla And Other Assorted Love Songs" - Eric Clapton se sentia incomodado com toda a idolatria em torno de seu nome (as pichações "Clapton is God", na Inglaterra, eram um dos sinais da adoração ao guitarrista). Ele então teve a ideia de montar um grupo e não colocar seu nome para chamar a atenção - uma tentativa de ficar mais anônimo e fugir de toda essa adoração. Clapton se juntou inicialmente com o tecladista Bobby Whitlock, e depois adicionou o baixista Carl Riddle e o baterista Jim Gordon, que tinha tocado com o guitarrista no projeto Delaney & Bonnie And Friends. A escolha do produtor Tom Dowd facilitou a inclusão do último membro, Duane Allman: Dowd produziu os primeiros álbuns do Allman Brothers Band. Duane era um grande fã de Clapton e adorou a ideia de tocar com seu ídolo. A escolha de Duane trouxe um delicioso dueto de guitarras para o álbum, fortemente calcado no blues. O grande destaque deste clássico é a memorável canção "Layla", excepcional do início ao fim (vale lembrar que aquele delicioso interlúdio de piano foi composto pelo baterista Jim Gordon!), mas temos muito mais neste grande álbum: "Bell Bottom Blues", "Keep On Growing", "Tell The Truth" e algumas versões para clássicos do blues: "Nobody Knows You When You're Down And Out", "Key To The Highway" e uma homenagem a Jimi Hendrix na cover deliciosa "Little Wing". O álbum não fez muito sucesso quando foi lançado - apenas 16ª posição na parada norte-americana - porém com o passar do tempo o disco cresceu a reputação de um dos melhores trabalhos feitos por Eric Clapton. O blog já comentou a edição comemorativa deste álbum há alguns anos, confira!!

Trapeze - "Medusa" - este foi o segundo álbum de estúdio do Trapeze, uma banda que lançou seu disco de estreia neste mesmo ano de 1970. Nesse álbum de estreia, a banda era um quinteto, mas rapidamente dois membros deixaram a banda e se tornaram o trio que acabou ficando mais conhecido: o baixista e vocalista Glenn Hughes, o guitarrista Mel Galley e o baterista Dave Holland. Enquanto o primeiro álbum flertava musicalmente com a psicodelia e o pop, este segundo álbum pesou bem mais a mão e trilhou os caminhos do hard rock, com pitadas de funk. Na época do lançamento, este disco não fez sucesso - a banda caiu na estrada para promovê-lo, mas o álbum não conseguiu entrar nas paradas. Entretanto, com o passar do tempo, o disco ganhou aura de clássico subestimado, principalmente porque os três membros da banda acabaram entrando para bandas muito famosas nos anos a seguir: Glenn Hughes entrou no Deep Purple (e ainda passou rapidamente pelo Black Sabbath, em 1986); Mel Galley entrou no Whitesnake, nos anos 80; e Dave Holland se tornou o baterista do Judas Priest durante quase toda a década de 80. O álbum merece a aura de clássico, pois traz um trabalho portentoso do trio, que caprichou nas composições e nas performances. Os destaques ficam para as faixas "Black Cloud", "Jury", "Seafull" e a faixa-título. Este é um excelente disco e você definitivamente deve conhecê-lo!!

Creedence Clearwater Revival - "Pendulum" - este foi o sexto álbum de estúdio do Creedence Clearwater Revival, segundo lançado neste ano de 1970. Não conseguiu alcançar o mesmo sucesso que o disco anterior, "Cosmo's Factory", mas trouxe um dos maiores sucessos da banda: o clássico "Have You Ever Seen The Rain", que geralmente é a música que todos se lembram da banda. Outro marco deste álbum é ter sido o último a contar com o guitarrista Tom Fogerty, que saiu após o lançamento e turnê para seguir em carreira solo. Marca o fim do auge da banda, que só conseguiria lançar mais um álbum em 1972, antes de se dissolver. Também podemos citar este como o último álbum onde John Fogerty compôs e produz totalmente - no próximo, ele abriria o controle para os dois membros restantes, Stu Cook e Doug Clifford. Com certeza, o fim de uma era de uma banda que pode ser conhecida como fábrica de sucessos neste curto período de existência, de julho de 1968 a dezembro de 1970!!

Free - "Highway" - após o grandioso sucesso do álbum anterior, "Fire And Water" (ver mais acima), o Free resolveu rapidamente gravar seu sucessor, para aproveitar a boa maré. Ao contrário do disco anterior, onde a banda gastou seis meses para gravá-lo, este foi gravado rapidamente, apenas um mês (setembro de 1970), e resolveram produzir eles mesmos, sem ninguém de fora. Apesar de terem gravado um excelente álbum, não conseguiram nenhum single de grande sucesso que alavancasse as vendas, e o disco acabou ficando aquém das boas posições alcançadas anteriormente: nem no Top 40 da parada britânica chegaram. Como prova de que o álbum é muito bom, temos vários destaques: "The Highway Song", "The Stealer", "Be My Friend", "Ride On A Pony" e "Soon I Will Be Gone". O fracasso nas vendas acabou exaltando os ânimos e as diferenças entre os membros fizeram a banda se separar no ano seguinte. Ainda conseguiram resolver as diferenças, voltar a tocar juntos e lançar mais dois álbuns de estúdio, em 1972 e 1973. O Free acabou logo a seguir, com Paul Rodgers e Simon Kirke indo formar o Bad Company. Paul Kossof faleceu de complicações de seu vício em drogas, em 1976, e Andy Fraser faleceu em 2015. Deixaram um legado impressionante para apreciarmos!!

Os Mutantes - "A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado" - este foi o terceiro álbum de estúdio dos Mutantes, e é considerado como um dos melhores trabalhos do grupo. Musicalmente, a banda já tinha rompido com a Tropicália e aqui a experimentação migra para o rock, com influências do trabalho de Jimi Hendrix, Janis Joplin e outros gigantes do exterior. Tudo isso sem perder a originalidade, marcante sempre nos trabalhos do grupo. O grande destaque do álbum é a quase faixa-título, "Ando Meio Desligado", uma das músicas mais conhecidas dos Mutantes. Mas temos diversos outros destaques: "Quem Tem Medo de Brincar de Amor?", "Desculpe, Babe", "Meu Refrigerador Não Funciona" (um blues delicioso inspirado em Janis Joplin), a versão alucinada para "Chão de Estrelas", de Sílvio Caldas, dentre outras. Até os dias de hoje, o álbum pode ser considerado como revolucionário, inovador e de grande impacto na música brasileira. Se você não conhece esta maravilha, não perca tempo e vá escutá-lo!!

Aí está, chegamos ao fim de mais um post relembrando lançamentos de décadas passadas - estes, estão completando meio século! Muitos clássicos, muita música de qualidade que precisa ser relembrada e revivida. A indústria da música funcionava de forma diferente e os artistas e estilos que faziam sucesso naquela época eram outros completamente diferentes.

Um abraço rock and roll e até o próximo post!!

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