Dez anos atrás, o mundo do metal era sacudido com este lançamento preciso, intenso, letal, do Machine Head. "The Blackening" não só consolidou a recuperação da banda como a colocou como uma das melhores dentro do estilo. Vamos destrinchar esta beleza agora!!
O Machine Head excursionou intensivamente para promover o álbum anterior, "Through The Ashes Of Empires". Foram mais de cem shows no ano de 2004, ano seguinte ao lançamento do disco. Em 2005, a banda excursionou até o meio do ano e entrou em recesso, para descansar. Então, partiram para as composições no final do ano, e em 2006 a banda finalmente entrou em estúdio para gravar este petardo. Na época, a banda ainda tinha contrato com a gravadora Roadrunner, que ficou hesitante com canções tão longas (a abertura e o fechamento do disco possuem mais de dez minutos de duração, e outras duas canções possuem nove minutos de duração). A banda bateu o pé e manteve seu trabalho intacto - o desgaste com a Roadrunner iria aumentar e a banda acabaria saindo da gravadora (gravou apenas este e mais um - "Unto The Locust" - com eles).
Segundo Robb Flynn declarou em uma entrevista, a banda se inspirou no álbum "A Farewell To Kings", do Rush, para compor "The Blackening" (pra quem não sabe, este álbum marca o início da fase mais progressiva e técnica do trio canadense). Tal inspiração explica a complexidade dos arranjos, todo o clima épico e progressivo que este álbum tem. Quem nunca escutou este disco e está lendo este post pode estar pensando se tratar de algo na linha power metal, como Helloween, ou heavy metal progressivo, como Dream Theater. Passa longe dos dois. Neste álbum, o Machine Head desce a pancada sem piedade. Até mesmo nas canções gigantescas que abrem e fecham o disco.
A abertura, "Clenching The Fists Of Dissent", tem quase dois minutos de um crescente introdutório para depois acelerar à velocidade da luz e nos presentear com intenso bater de cabeça. A música tem várias quebradas, da velocidade ao peso e de volta à velocidade e retorna a calmaria. Trata-se de uma canção muito intensa - um épico heavy metal, uma grande abertura à altura deste grande álbum. O disco segue com "Beautiful Morning", e a pancadaria continua com tensão e peso, mais quebras, um convite aberto à bateção intensa de cabeça. A qualidade dos arranjos e a estrutura das composições é absurda. Aí vem "Aesthetics Of Hate", a canção resposta a um artigo idiota e preconceituoso que comemorava e celebrava o atentado que causou a morte de Dimebag Darrel. Dá pra perceber claramente o ódio de Robb Flynn cantando os versos. Cada riff parece multiplicar esse ódio, tentando socar a cara do imbecil que escreveu o tal artigo. E os últimos versos cantados, suave e lentamente, parecem eternizar esta resposta para que mais ninguém se atreva a falar mal do grande Dimebag.
Conforme se introduz, "Now I Lay Thee Down" até passa a falsa impressão de que se trata de uma canção mais calma, porém rapidamente o peso toma conta e a canção se agiganta, ainda com as grandes qualidades de arranjos e grandeza composicional que permeia todo o álbum. "Slanderous" não é a mais brilhante do disco, mas também não faz feio. Riffs alucinantes que conduzem a uma pancadaria de respeito. A canção não se contenta com mais do mesmo e despeja toneladas de peso antes de solos. "Halo" é uma das mais intensas do disco, uma espécie de thrash metal progressivo destruidor com riffs memoráveis que conseguem se conciliar com o mais puro peso, em quase dez minutos de uma canção grandiosa. Com dez anos na bagagem, já podemos chamá-la facilmente de clássico. A letra é um ataque impiedoso à religião organizada cristã e suas idiossincrasias.
"Wolves" cospe fogo e chuta traseiros impiedosamente, com riffs incendiários e velocidade da luz. Impossível ficar parado diante de tamanho ataque em forma de música. Isso sem perder de vista os arranjos trabalhados e as quebras constantes, sem deixar qualquer canção cair na mesmice. Pra fechar, "A Farewell To Arms", pouco mais de dez minutos, um épico gigantesco e delicioso, que começa bem suave, Flynn cantando bem calmo, e vai adicionando camadas de peso e crescendo aos poucos, até explodir em intensidade na segunda metade. Nada mal para uma canção anti-guerra. Um puta encerramento para um disco maravilhoso como este.
O álbum conseguiu a melhor posição na parada norte-americana para a banda até então: 54º lugar (os próximos dois álbuns conseguiriam melhorar ainda mais esta marca). A banda, claro, caiu na estrada para promover o álbum. Tocaram ao lado de Lamb Of God, abriram para o Megadeth e o Heaven & Hell. Entretanto, foi a vaga na turnê World Magnetic Tour, do Metallica, que ampliou a visibilidade da banda e deste álbum. Em um dos shows (na Alemanha), ninguém menos que James Hetfield resolveu tocar "Aesthetics Of Hate" junto com a banda. Dá pra perceber a empolgação dos integrantes tocando junto com um de seus ídolos. Talvez tenha sido o momento que eles mais esperaram na vida: serem reconhecidos pelo ídolo, que se deu ao trabalho de aprender uma das músicas do álbum para tocarem com eles. No final das contas, o Machine Head ficou na estrada até o começo de 2010 promovendo este álbum. Só retornariam com um novo disco de estúdio no segundo semestre de 2011, quando lançaram "Unto The Locust". E finalmente tocaram, pela primeira vez, no Brasil. Confira aqui a resenha para este álbum!
O Machine Head em 2007: Phil Demmel e Robb Flynn nas guitarras; Adam Duce no baixo; Dave McClain na bateria |
A abertura, "Clenching The Fists Of Dissent", tem quase dois minutos de um crescente introdutório para depois acelerar à velocidade da luz e nos presentear com intenso bater de cabeça. A música tem várias quebradas, da velocidade ao peso e de volta à velocidade e retorna a calmaria. Trata-se de uma canção muito intensa - um épico heavy metal, uma grande abertura à altura deste grande álbum. O disco segue com "Beautiful Morning", e a pancadaria continua com tensão e peso, mais quebras, um convite aberto à bateção intensa de cabeça. A qualidade dos arranjos e a estrutura das composições é absurda. Aí vem "Aesthetics Of Hate", a canção resposta a um artigo idiota e preconceituoso que comemorava e celebrava o atentado que causou a morte de Dimebag Darrel. Dá pra perceber claramente o ódio de Robb Flynn cantando os versos. Cada riff parece multiplicar esse ódio, tentando socar a cara do imbecil que escreveu o tal artigo. E os últimos versos cantados, suave e lentamente, parecem eternizar esta resposta para que mais ninguém se atreva a falar mal do grande Dimebag.
Conforme se introduz, "Now I Lay Thee Down" até passa a falsa impressão de que se trata de uma canção mais calma, porém rapidamente o peso toma conta e a canção se agiganta, ainda com as grandes qualidades de arranjos e grandeza composicional que permeia todo o álbum. "Slanderous" não é a mais brilhante do disco, mas também não faz feio. Riffs alucinantes que conduzem a uma pancadaria de respeito. A canção não se contenta com mais do mesmo e despeja toneladas de peso antes de solos. "Halo" é uma das mais intensas do disco, uma espécie de thrash metal progressivo destruidor com riffs memoráveis que conseguem se conciliar com o mais puro peso, em quase dez minutos de uma canção grandiosa. Com dez anos na bagagem, já podemos chamá-la facilmente de clássico. A letra é um ataque impiedoso à religião organizada cristã e suas idiossincrasias.
"Wolves" cospe fogo e chuta traseiros impiedosamente, com riffs incendiários e velocidade da luz. Impossível ficar parado diante de tamanho ataque em forma de música. Isso sem perder de vista os arranjos trabalhados e as quebras constantes, sem deixar qualquer canção cair na mesmice. Pra fechar, "A Farewell To Arms", pouco mais de dez minutos, um épico gigantesco e delicioso, que começa bem suave, Flynn cantando bem calmo, e vai adicionando camadas de peso e crescendo aos poucos, até explodir em intensidade na segunda metade. Nada mal para uma canção anti-guerra. Um puta encerramento para um disco maravilhoso como este.
Parte do encarte do álbum, com os quatro integrantes da banda |
Atualização em 28/03/2017:
O Machine Head liberou, em sua página no Facebook, alguns fatos curiosos e interessantes sobre a gravação e turnês promocionais deste grande álbum. Eis alguns desses fatos:
- Conforme citado acima, o disco ficou conhecido por longas músicas, próximas a dez minutos de duração. No entanto, as quatro primeiras canções compostas para o álbum foram as mais curtas: "Slanderous", "Beautiful Morning", "Aesthetics Of Hate" e "Now I Lay Thee Down".
- Quando foi lançado, quase todas as revistas especializadas elogiaram e deram a nota máxima para o álbum. As exceções foram a Revolver Magazine (4 de 5 estrelas) e Rolling Stone Magazine (não gostu do disco e deu apenas 2 de 5 estrelas!).
- As letras do álbum, com temas anti-religião e anti-guerra (como citamos acima, para "Halo" e "A Farewell To Arms"), acabaram gerando um banimento da banda a tocar em duas casas de show que ficam localizadas em propriedades da Disney - The House Of Blues, em Anaheim, na California, e em Orlando, na Florida. O banimento continua válido até os dias de hoje!
- A revista Metal Hammer elegeu este disco como "álbum da década", em 2010!
Relação de músicas:
1 - "Clenching The Fists Of Dissent"
2 - "Beautiful Mourning"
3 - "Aesthetics Of Hate"
4 - "Now I Lay Thee Down"
5 - "Slanderous"
6 - "Halo"
7 - "Wolves"
8 - "A Farewell To Arms"
Alguns vídeos:
"Aesthetics Of Hate":
"Now I Lay Thee Down":
"Halo":
Um abraço rock and roll e até a próxima resenha!!