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quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

1969 - Os gigantes do rock começam a surgir

Vamos começando 2019 já inaugurando a célebre série de posts que mostra os grandes lançamentos acontecidos no passado. Vamos viajar no tempo, por meio século, para conhecer os grandes discos do ano de 1969!!

No post sobre o ano de 1968, falávamos sobre o recrudescimento da violência, a forte censura contra os meios de imprensa e derrubada de liberdades individuais no Brasil. Neste ano de 1969, as eleições que estavam marcadas para governador e prefeito foram suspensas, e o Congresso Nacional foi reaberto (estava fechado desde o ano anterior, com o AI-5, num período de quase um ano) para eleger indiretamente o novo presidente, que acabou sendo o general Emílio Garrastazu Médici. Com o recrudescimento da ditadura, diversos movimentos libertadores, agora considerados totalmente clandestinos (o AI-5 proibiu completamente qualquer tipo de reunião ou ato político), passaram a se valer de sequestros para tentar a libertação de seus correligionários. O mais famoso foi o sequestro do embaixador dos EUA, Charles Elbrik, pelo grupo MR-8 (composto de Carlos Lamarca, Fernando Gabeira e diversos outros nomes). Esse sequestro acabou sendo relatado no filme "O Que É Isso Companheiro?", que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1998. Nos esportes, tivemos o famoso Gol 1000 de Pelé. O gol aconteceu em uma partida entre Santos e Vasco da Gama, no Maracanã.
Entretanto, se o Brasil se encrudescia, o mundo continuava a evoluir, e foi em 1969 que tivemos a missão Apollo 11, que permitiu o homem a pisar em solo lunar - o primeiro foi Neil Armstrong. Neste mesmo ano, a missão Apollo 12 também realizou o pouso na Lua. O que parecia estar ficando corriqueiro iria complicar no ano seguinte, com todos os problemas enfrentados pela Apollo 13.
Os festivais estavam se tornando cada vez mais populares lá fora, e o mais famoso de todos aconteceu na cidade de Bethel, no estado de New York, EUA. O famoso Festival de Woodstock aconteceu em agosto de 1969, três dias com alguns dos artistas mais importantes de sua época: Santana, Joe Cocker, Creedence Clearwater Revival, Janis Joplin, The Who, Jimi Hendrix e muitos outros. Acabou virando um filme/documentário que mostrou muitas das grandes performances desses artistas no festival.
A carreira dos Beatles como banda ao vivo chegou ao fim completamente neste ano, com uma última performance no topo do prédio de sua gravadora, a Apple Records. Neste mesmo ano, os quatro queridinhos do mundo tiraram uma das fotos mais conhecidas de todos os tempos, caminhando pela faixa de pedestres da Abbey Road, foto que acabou se tornando a capa do álbum de mesmo nome.
Alguns clássicos do cinema foram lançados neste ano de 1969: "Easy Rider" (com Peter Fonda e Dennis Hooper, tendo como trilha sonora "Born To Be Wild", do Sttepenwolf), "Era Uma Vez no Oeste" (um filme de faroeste com Charles Bronson como protagonista tocando uma gaita, imperdível), "Perdidos na Noite" (filme que conta com Dustin Hoffman e Jon Voight e ganhou Oscar de melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado) e "Desafio das Águias" (filme sobre a Segunda Guerra Mundial, estrelado por Clint Eastwood e Richard Burton).
Pra fechar, tivemos duas grandes perdas neste ano: o guitarrista Brian Jones, ex-Rolling Stones, acabou sendo encontrado morto em sua piscina, numa morte muito estranha e que até hoje não foi completamente explicada. Também nos deixou Boris Karloff, grande ator que acabou muito conhecido por interpretar o monstro Frankestein em diversos filmes dos anos 30 (ele também atuou no filme "Black Sabbath", que acabou servindo de inspiração para nomear o Black Sabbath, os criadores do heavy metal).

Sem mais delongas, vamos falar sobre alguns grandes clássicos que estão completando 50 anos!!

Creedence Clearwater Revival - "Bayou Country" - a banda entrou no primeiro ano de três seguidos de muito sucesso, muito trabalho e muitas músicas lançadas. Só neste ano de 1969, seriam três álbuns de estúdio!! Aqui, a banda evoluiu a partir de onde parou no primeiro disco, com mais músicas compostas pela própria banda, e apenas uma cover - "Good Golly Miss Molly", de Little Richard. Os destaques do disco ficam com "Born On The Bayou" e o clássico "Proud Mary", uma das canções mais famosas da banda, uma composição de primeira de John Fogerty. Aliás, Fogerty exerceu controle total nas composições e gravações, o que começou a causar desgaste nas engrenagens da banda e acabou, eventualmente, levando a banda a se separar. Daqui a pouco a gente fala sobre os outros dois discos de estúdio que o Creedence Clearwater Revival lançou neste ano de 1969!!

Led Zeppelin - "Led Zeppelin" - este é o álbum de estreia de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. Jimmy Page acabou sozinho nos Yardbirds, e resolveu montar uma banda bem calculada, escolhendo seus membros cuidadosamente, recrutando John Paul Jones para o baixo. Os escolhidos para vocal e bateria declinaram, mas indicaram Robert Plant para o vocal, que trouxe com ele o baterista John Bonham. A química entre os membros aconteceu rápido, e os primeiros shows ainda foram feitos com o nome New Yardbirds. Reza a lenda que foi Keith Moon, baterista do The Who, quem sugeriu que um grupo com Page e Jeff Beck (ainda na época dos Yardbirds) afundaria como um zeppelin de chumbo. Compuseram diversas músicas e, sem perder tempo, partiram para a gravação deste álbum de estreia. As sessões de gravação foram rápidas, já que a banda estava em constante turnê neste começo de carreira, parando algum tempo para gravar o disco. Diversos clássicos foram registrados neste álbum: "Good Times, Bad Times", "Baby I'm Gonna Leave You", "Dazed And Confused", "Communication Breakdowm", na verdade quase todas as faixas são memoráveis e merecem destaque. Há alguma controvérsia com o fato da banda não ter reconhecido, inicialmente, parte da autoria de algumas músicas, que costumavam ser totalmente rearranjadas, ganhando uma roupagem totalmente diferente. É o caso, por exemplo, de "Dazed And Confused", de autoria de Jake Holmes, mas após ser repaginada pelo Led Zeppelin ganhou muito mais força e peso. Sinceramente, não tira o brilhantismo da banda. Falaremos sobre outros casos mais abaixo, no segundo lançamento da banda!

Neil Young - "Neil Young" - pouco depois do fim do Buffalo Springfield, Neil Young assinou contrato com a gravadora Reprise e não perdeu tempo, já partiu para a gravação de seu primeiro disco solo. A sonoridade se manteve próxima ao que ele fazia em sua banda anterior, um folk rock de qualidade, com produção assinada pelo guitarrista Ry Cooder (que toca também no disco) e pelo próprio Neil Young. Os destaques ficam para as faixas "The Loner", "I've Been Waiting For You" e "I've Loved Her So Long". Este álbum não fez sucesso e não é muito querido pelo próprio Neil Young (ele alega problemas de mixagem e produção). Ele rapidamente se movimentou e, ainda neste ano de 1969, lançou outro álbum de estúdio, desta vez ao lado de músicos que formaram uma banda que ficaria conhecida como banda de apoio de Neil Young - a Crazy Horse. Veja mais abaixo!!

Cream - "Goodbye" - os muitos desentendimentos entre o baixista Jack Bruce e o baterista Ginger Baker, um pouco de cansaço pelo excesso de turnês, e também Eric Clapton de saco cheio de aturar tantas brigas de seus companheiros, todos esses motivos contribuíram para o fim de um dos maiores power trios que o rock já viu. O fim seria celebrado com uma última turnê, e antes com um álbum com metade das músicas ao vivo e metade gravações de estúdio. As versões ao vivo são arrasadoras como sempre, cheias de feeling e técnica do trio: "I'm So Glad", "Politician" e "Sitting On Top Of The World". As canções inéditas de estúdio incluíram o clássico "Badge", canção composta por Eric Clapton e o Beatle George Harrison (que toca guitarra nessa faixa do disco), além de outras duas canções menos conhecidas. O fim do grupo levou Clapton a buscar outras parcerias, e ele acabou encontrando Steve Winwood para formar o Blind Faith e gravar mais um álbum clássico neste ano de 1969 - ver mais abaixo. Quanto ao Cream, eles se reuniram novamente quando a banda foi induzida ao Rock And Roll Hall Of Fame, e novamente em 2005, quando o trio tocou algumas poucas noites na Inglaterra (quatro noites no Royal Albert Hall, em Londres) e nos Estados Unidos (três noites no Madison Square Garden, em New York). Em 2014, Jack Bruce faleceu de complicações de seu fígado (ele já tinha feito transplante algum tempo atrás). Um viva a um dos grupos mais influentes de todos os tempos!!

MC5 - "Kick Out The Jams" - o MC5 foi uma banda inovadora e politizada que surgiu na segunda metade dos anos 60, e é considerada como uma das precursoras do movimento punk rock. A banda chegou a tocar em uma convenção do Partido Democrata, e este álbum de estreia é na verdade um álbum ao vivo, gravado em Detroit. Com uma pegada energética, calcada no rock and roll mais simples e direto, a banda não alcançou muito sucesso em sua curta carreira, muito pela polêmica e consequente falta de apoio de sua gravadora. A polêmica acabou alcançando a música mais famosa do grupo, a faixa-título deste álbum. Originalmente, o vocalista Rob Tyner dizia na introdução da música: "...and right now it's time to... kick out the jams motherfuckers!...". Essa fala não agradou a gravadora, que removeu o palavrão. Destaque também para as faixas "Ramblin' Rose" e "Motor City Is Burning". Apesar da controvérsia, o álbum fez certo sucesso, alcançando a 30ª posição na parada norte-americana. O MC5 lançou mais dois álbuns nos anos seguintes, mas em 1972, após uma rápida turnê, a banda acabou se desfazendo. Em 1991, o vocalista Rob Tyner faleceu de um ataque cardíaco. Os membros remanescentes se reuniram para homenageá-lo. Em 1994, o guitarrista Fred Smith faleceu (ele era casado com Patti Smith). Em 2004, o trio sobrevivente se reuniu e excursionou constantemente até 2012, quando o baixista Michael Davis faleceu. Desde então, a banda não se reuniu mais. Ficou o (curto) trabalho da carreira da banda para você apreciar!

Os Mutantes - "Mutantes" - este segundo álbum de estúdio da banda trouxe mais experimentalismo e veio consolidar Os Mutantes como um grande nome no cenário musical brasileiro. Aqui, já temos a participação do baterista Dinho Leme e do baixista Liminha (ele mesmo, grande produtor do rock brasileiro nos anos 80), completando a formação clássica da banda que iria junta até 1972. Destaque para as canções "Dom Quixote", "Não Vá Se Perder Por Aí", "2001" (uma parceria com Tom Zé), "Rita Lee" e "Caminhante Noturno". Neste mesmo ano, a banda encerraria sua parceria com Gilberto Gil e Caetano Veloso, após uma grande confusão em um show, onde Gil e Caetano acabaram presos pela ditadura. Ambos foram exilados pouco tempo depois, e Os Mutantes acabariam se afastando um pouco do movimento tropicalista no ano seguinte, se consolidando como uma banda de rock. Longa vida aos Mutantes, uma das maiores bandas de rock brasileiras!

Genesis - "From Genesis To Revelation" - este álbum de estreia do Genesis continha uma formação ligeiramente diferente da formação clássica da banda: Peter Gabriel, Tony Banks e Mike Rutherford já estavam presentes, mas a guitarra estava a cargo de Anthony Phillips e a bateria nas mãos de John Silver. O álbum foi produzido por Jonathan King, que sugeriu que o álbum fosse conceitual (o conceito meio livre ligando os livros da Bíblia). A banda concordou e, mesmo distantes de suas características musicais mais marcantes, conseguiram compor um bom álbum, com alguns destaques como "Fireside Song", "The Serpent", "In Hiding" e "The Silent Sun". O álbum não conseguiu nem entrar nas paradas de sucesso, e a banda ficou irritada com a produção, que inseriu arranjos sem sua permissão. A parceria com o produtor foi rompida, e eles chegaram a se separar por um curto período de tempo. Entretanto, voltaram a se reunir e decidiram se dedicar à banda pra valer, compondo músicas mais complexas, migrando para o rock progressivo e se tornando um dos grupos mais influentes de todos os tempos!!

Free - "Tons Of Sobs" - este álbum de estreia do Free mostrou ao mundo uma banda de talento extremamente precoce: os membros mais velhos, o vocalista Paul Rodgers e o baterista Simon Kirke, tinham apenas 19 anos; o baixista Andy Fraser tinha 16 anos quando gravou este clássico! Apesar da juventude, a banda já destilava talento de sobra, praticando um blues rock de respeito, apresentando composições fortes e também passeando por algumas covers muito interessantes. Destaque para "Worry", "Walk In My Shadow" e "I'm A Mover", todas compostas pelo grupo, além das covers "Goin' Down Slow" e "The Hunter", em versões fortes e marcantes. O álbum conseguiu entrar na parada norte-americana e deu munição para a banda seguir em frente - ainda neste ano de 1969 eles lançariam seu segundo disco de estúdio!!

Joe Cocker - "With A Little Help From My Friends" - este foi o álbum de estreia da carreira solo de Joe Cocker, um cantor de voz potente que brilhou intensamente em Woodstock e ao longo de sua carreira. Este álbum contém diversas músicas clássicas, interpretadas intensamente por Cocker, com uma banda de apoio formada por estrelas de grande quilate, tais quais Jimmy Page, Chris Stainton, Steve Winwood e muitos outros músicos notáveis. Os grandes destaques ficam para a abertura com "Feelin' Alright" (uma canção do Traffic) e das canções "Bye Bye Blackbird", "Marjorine", a incrível faixa-título (cover dos Beatles, uma versão imensa e intensa) e o fechamento com "I Shall Be Released" (composição de Bob Dylan mais conhecida pela versão gravada pela The Band). O álbum entrou no Top 40 da parada norte-americana e tudo, mas sua lendária apresentação em Woodstock acabou gerando mais atenção de mídia e público e elevou o cantor ao status de rock star. Conforme já falado, teve uma longa carreira e sempre manteve um alto nível em suas performances. Faleceu em 2014, vítima de um câncer no pulmão. Deixou um legado musical inesquecível!!

Neil Young - "Everybody Knows This Is Knowhere" - depois da estreia no começo do ano, Neil Young recrutou os músicos Danny Whitten (guitarra), Billy Talbot (baixo) e Ralph Molina (bateria) e formou sua banda de apoio, que ficou conhecida como Crazy Horse, e que acompanha Neil Young até os dias de hoje (com algumas poucas mudanças de formação - Danny Whitten, por exemplo, faleceu em 1972 e foi substituído por Frank Sampedro, que ficou na banda até 2014). Ao contrário do disco de estreia, este não seguiu a sonoridade do Buffalo Springfield, tomou um caminho mais rock e inaugurou uma nova faceta na carreira de Neil Young, que ele explorou de tempos em tempos. Os destaques ficam para as canções "Cinnamon Girl", a faixa-título, "Down By The River" e "Cowgirl In The Sand". Este álbum conseguiu um sucesso moderado, entrando no Top 40 norte-americano e alcançando disco de platina. Neil Young seguiu em múltiplas frentes nos anos seguintes: o ano seguinte (1970) veria Neil lançando mais um disco solo (um grande clássico) e também participando de um álbum com o Crosby, Stills & Nash, que se tornou Crosby, Stills, Nash & Young. Ano que vem a gente fala mais sobre essas histórias!!

The Who - "Tommy" - este pode ser considerado um divisor de águas na carreira da banda, um grupo que até aqui era mais considerado mod que qualquer outra coisa. Claro que o álbum "The Who Sell Out" ajudou-os a chamar a atenção da mídia, mas aqui a banda deu um salto tanto de qualidade quanto de popularidade, além de começarem a se tornar um dos grupos mais poderosos em termos de apresentações ao vivo. Tudo isso graças a esta ópera-rock, que não foi a primeira a ser composta, mas acabou sendo uma das mais famosas e bem sucedidas, gerando posteriormente um filme e um musical da Broadway, entre outros produtos correlatos. A história toda gira em torno de um menino que vê os pais cometerem um crime (o pai, dado como morto na Primeira Guerra, retorna e mata o amante da mãe) e é incentivado a esquecer da coisa toda, bloqueando assim seus sentidos e acabando por se tornar cego, surdo e mudo. Conforme a história se desenvolve, Tommy se envolve com diversos personagens, como a rainha do ácido, tio e primo abusadores, e acaba se tornando um exímio jogador de pinball (procure no Google se não sabe o que significa...). Mais para o fim da história, Tommy acaba descobrindo que seu problema era apenas psicológico e se cura, tornando-se um líder espiritual que eventualmente acaba sendo abandonado por seus fãs. Uma história e tanto criada por Pete Townshend, o compositor da ópera. O álbum acabou sendo lançado como um disco duplo, e alcançou sucesso imediato, entrando no Top 5 tanto da parada britânica quanto da parada norte-americana. A recomendação é percorrer a viagem musical de 75 minutos do começo ao fim, mas alguns singles acabaram se destacando: "Pinball Wizard" foi o maior deles, mas tivemos também "I'm Free", "We're Not Gonna Take It" e "See Me, Feel Me". Na turnê promocional do álbum, o The Who tocou o disco todo, do começo ao fim, incluindo apresentações nos festivais de Woodstock e Isle Of Wight e também na famosa apresentação em Leeds, que acabou virando o lendário disco ao vivo "Live At Leeds" (a primeira versão era reduzida, mas posteriormente foi lançada uma versão completa que incluía toda a ópera sendo executada ao vivo). Todo o sucesso mudou a carreira da banda, que acabou se tornando milionária e um dos grupos mais importantes da história do rock. Nos próximos anos, eles iriam rechear essa história com outros discos muito importantes!!

Crosby, Stills & Nash - "Crosby, Stills & Nash" - este trio (que eventualmente se tornaria um quarteto mais tarde, quando Neil Young se juntou a eles) de notáveis já tinha experimentado sucesso em suas respectivas bandas: David Crosby no The Byrds; Stephen Stills no Bufallo Springfield (junto com Neil Young); e Graham Nash no The Hollies. Os três frustrados ou com o fim de suas bandas ou com a falta de espaço e/ou liberdade. Se conheceram, começaram a cantar juntos e perceberam uma incrível química melodiosa, uma harmonia vocal que não seria igualada até os dias de hoje. Não demorou muito para lançarem este álbum de estreia, auto-intitulado, que foi um grande sucesso, alcançando a sexta posição na parada norte-americana e vendendo o equivalente a quatro milhões de cópias nos EUA ao longo do tempo. A fantástica harmonia vocal que citei acima já se mostra em toda a sua plenitude na faixa de abertura, "Suite: Judy Blue Eyes", um folk rock melodioso lindo. E se seguem outras grandes canções que ficariam marcadas na história do rock norte-americano: "Marrakesh Express", "Guinnevere", "Wooden Ships" (ver mais abaixo o álbum "Volunteers", do Jefferson Airplane), "You Don't Have To Cry", um álbum forte e que influenciou muita coisa feita desde então. No ano seguinte, 1970, o grupo iria incorporar Neil Young e lançaria seu segundo disco de estúdio. Papo para o post no ano que vem!!

Deep Purple - "Deep Purple" - o Deep Purple já lançava, aqui, seu terceiro álbum de estúdio, e podemos considerá-lo um disco de transição. A banda começava a dar espaço a seu guitarrista, Ritchie Blackmore, que dominaria a cena no próximo álbum de estúdio. Outro fato de destaque aqui foi a maioria de composições próprias, mostrando que a banda tinha amadurecido e não precisava de tantas covers como nos álbuns anteriores - a única cover é "Lalena" (uma cover do artista Donovan). Destaque, além desta cover, para as faixas "Blind", "Why Didn't Rosemary" e "Bird Has Flown". O álbum foi um fracasso comercial, o que acabou precipitando a mudança de estilo musical - este seria o último registro da formação conhecida como Mark I. Ainda neste ano de 1969, o vocalista Rod Evans (após a saída, ele montaria uma banda bem conhecida chamada Captain Beyond) e o baixista Nick Simper seriam substituídos por Ian Gillan e Roger Glover, formando a Mark II, a formação mais famosa do Deep Purple, formação que gravaria os maiores clássicos da banda!

The Doors - "The Soft Parade" - este foi um álbum que não alcançou muito sucesso na época de seu lançamento, especialmente se comparado com o grande sucesso dos discos anteriores do The Doors. O produtor Paul A. Rothchild recomendou mudanças na direção musical, o que acabou adicionando naipes de metais às músicas. Adicionemos também um menor envolvimento do vocalista Jim Morrison, que estava com problemas pessoais na época das gravações. Acabou sendo uma espécie de ponto fora da curva na discografia da banda. Destaque para as canções "Touch Me", "Shaman's Blues", "Easy Ride" e a faixa-título. O lançamento seguinte da banda, "Morrison Hotel", trouxe o grupo de volta à boa forma e ao maior sucesso!

Yes - "Yes" - este foi o álbum de estreia de um dos maiores nomes do rock progressivo de todos os tempos. O Yes se formou no ano anterior, foi ensaiando e compondo, ganhou uma vaga como banda de abertura para um dos últimos shows do Cream, e acabou conseguindo um contrato com a gravadora Atlantic. Nesta época, a formação incluía Chris Squire, Jon Anderson, Bill Bruford, Tony Kaye nos teclados e Peter Banks na guitarra. Aqui, a banda ainda estava um pouco distante de suas características musicais que acabariam mais conhecidas. A característica mais forte já presente neste álbum eram as harmonias vocais entre Anderson e Squire, como podemos conferir em faixas como "Beyond & Before" e "Sweetness". Podemos destacar também as covers "I See You" (cover dos Byrds) e "Every Little Thing" (cover dos Beatles). O álbum não conseguiu sucesso, foi apenas o começo da história. O Yes aproveitou para excursionar promovendo o disco, ganhando experiência para gravar seu próximo álbum, que saiu no ano seguinte. Este foi apenas o começo da história de uma grandiosa banda!

Jethro Tull - "Stand Up" - após o lançamento do primeiro álbum no ano anterior, o Jethro Tull perdeu seu guitarrista, Mick Abrahams. A banda procurou muito por um substituto, e chegou a se apresentar no especial Rock And Roll Circus, dos Rolling Stones, com ninguém menos que Tony Iommi. Não deu certo, e a banda acabou se acertando com Martin Barre, que gravou com o grupo dali em diante, uma escolha que provou ser definitiva. Após algumas turnês, a banda partiu para a gravação de seu segundo disco, e conseguiu resultados muito superiores, alcançando o topo da parada britânica e Top 20 nos Estados Unidos. Musicalmente, era o começo da caminhada da banda rumo ao folk rock progressivo que a faria muito famosa. Destaque para as canções "A New Day Yesterday", "Bourée", "Look Into The Sun" e "Nothing Is Easy". Os primeiros passos de um gigante do rock que iria apenas crescer daqui para frente!!

Creedence Clearwater Revival - "Green River" - terceiro álbum de estúdio e segundo álbum lançado neste ano de 1969 pelo Creedence (lançaram três no total). Aqui o nível de composição se elevou ainda mais, com uma incrível sequência de sucessos presentes: desde a abertura com a faixa-título, passando por "Commotion", "Tombstone Shadow", "Bad Moon Rising""Lodi". Resultado: topo da parada norte-americana e triplo disco de platina (três milhões de álbuns vendidos). O Creedence Clearwater Revival excursionou muito para promover todos esses álbuns lançados, incluindo participação no festival de Woodstock, em agosto. Rapidamente voltaram ao estúdio, já que em novembro lançaram seu quarto álbum de estúdio. Daqui a pouco a gente chega nele!

The Stooges - "The Stooges" - já falamos do MC5, e agora falamos da outra banda considerada precursora do punk rock, graças ao seu som cru e direto: os Stooges de Iggy Pop. Iggy se juntou aos irmãos Asheton (Ron Asheton, guitarra e Scott Asheton, bateria) e a Dave Alexander (baixo), e começou a se apresentar e a atrair um público cativo, graças às suas performances alucinadas (Iggy se cortava e se jogava na plateia; muitos dizem que ele inventou o stagediving). O mesmo empresário que contratou o MC5 também contratou os Stooges (pagando bem menos...). Este álbum de estreia não alcançou sucesso algum, mas ganhou reputação de clássico ao longo do tempo, ganhando também uma aura de disco cult. Os destaques ficam por conta das faixas "1969", "I Wanna Be Your Dog" (clássico coverizado por alguns artistas, incluindo Joan Jett e Slayer, por exemplo) e "No Fun". Os Stooges teriam uma carreira curta, de três álbuns de estúdio, encerrando as atividades em 1974. Iggy Pop, com o apoio de David Bowie, conseguiria decolar com uma carreira solo na segunda metade dos anos 70. Os integrantes (menos o baixista Dave Alexander, que faleceu em 1975) voltaram a se reunir em 2003, lançando álbuns de estúdio e excursionando bastante mundo afora, até que os membros foram falecendo: Ron Asheton em 2009 e Scott Asheton em 2014. A banda perdeu o sentido de existir tendo somente Iggy Pop como membro original. O vocalista segue com sua carreira solo, sem dar sinais de que vai parar. Longa vida a Iggy Pop e viva o legado deixado pelos Stooges!!

Blind Faith - "Blind Faith" - já vimos que o Cream lançou seu último álbum um pouco antes neste mesmo ano de 1969. Eric Clapton e Ginger Baker ficaram disponíveis e se uniram a Steve Winwood, que também tinha visto o fim de sua banda, o Traffic (eles voltariam logo depois; o Cream, não, só voltou a se reunir nos anos 2000). A união foi tão importante como foi rápida: os membros só ficaram juntos durante alguns meses, mas esse pouco tempo foi suficiente para criarem uma obra prima, que navega perfeitamente no blues rock, com longas improvisações no melhor estilo jazz, abusando de poderosos solos de guitarra - cortesia do deus da guitarra, claro. A maior parte dos vocais ficou a cargo de Winwood, que também tocou guitarra e seu teclado, até baixo em uma das canções do álbum. Clapton e Baker ficaram mais contidos em seus instrumentos (!!), cantando na canção "Do What You Like". Os destaques do álbum ficam para a trinca "Had To Cry Today", "Can't Find My Way Home" e "Presence Of The Lord". A grande polêmica ficou por conta da capa, que mostrava uma menina na puberdade mostrando os seios, segurando um objeto que muitos diziam ser fálico. Talvez a polêmica tenha ajudado, mas creio que a união de tanta gente boa foi o principal motivo do álbum ter alcançado o topo da parada norte-americana e ter conseguido disco de platina - um milhão de cópias vendidas. Os grandes clássicos do rock merecem essas honrarias!!

Grand Funk Railroad - "On Time" - este foi o álbum de estreia do power trio Grand Funk Railroad, uma banda capitaneada pelo vocalista e guitarrista Mark Farner, e que contava também com o baixista Mel Schacher e o baterista Don Brewer, que chamou a atenção da mídia e gravadoras após participação no Festival Internacional Pop de Atlanta. A apresentação acabou rendendo um contrato com a Capitol, e eles rapidamente mostrariam suas qualidades com dois álbuns neste ano de 1969. Neste primeiro, a banda navega em um blues rock poderoso, com certa crueza mas muita empolgação e garra, e já mostrava a força das composições iniciais, que rapidamente se tornariam clássicos. Destaque para as canções "Are You Ready", "Time Machine", "High On A Horse", "T.N.U.C." e "Heartbreaker". Vale citar também o empresário e considerado por muitos como quarto membro da banda: Terry Knight. Terry teria muita importância na carreira da banda e na mudança musical que sofreriam no ano seguinte. Daqui a pouco a gente fala sobre o segundo álbum lançado no final do ano de 1969!

Santana - "Santana" - este álbum de estreia da banda formada pelo grande guitarrista Carlos Santana nem tinha sido lançado ainda, mas o grupo já fazia sucesso no Festival de Woodstock, o que acabou ajudando a impulsionar a carreira e as vendas deste disco. Esta clássica formação contava também com o tecladista e vocalista Greg Rollie (Neal Schon só entraria na banda no terceiro álbum; Schon e Rollie formariam juntos o Journey em 1974). Musicalmente, o álbum é uma fusão de estilos, incluindo rock, música latina, um pouco de jazz, tudo devidamente misturado de forma brilhante. Este primeiro álbum trouxe a banda ainda livre, com muitas músicas instrumentais (quase a metade do disco, quatro), com algumas músicas mais voltadas para o lado comercial. Destaque para as faixas "Evil Ways", "Jingo", "Persuasion" e "Soul Sacrifice". O álbum conseguiu a quarta posição na parada norte-americana, apenas um prelúdio do sucesso maior que estava por acontecer com os próximos álbuns. Depois de muitos anos separados, a formação clássica da banda gravou junta novamente, lançando o álbum "Santana IV" em 2016. Que voltem a gravar e excursionar juntos, serão bem-vindos ao Brasil!!

The Beatles - "Abbey Road" - no começo deste ano de 1969, as relações entre os Beatles estavam sofríveis. A banda estava por um fio. Eles estavam trabalhando em um projeto que consistia em gravar um álbum, ensaiá-lo e tocá-lo ao vivo inteiro para uma audiência. George Harrison não ficou satisfeito, chegou a se ausentar das gravações, ameaçou sair da banda, e acabou conseguindo com que a banda abortasse o projeto. A última apresentação da banda aconteceria neste ano, no terraço do prédio da Apple Records, em Londres. Mais conflitos surgiram, na escolha do novo empresário, com Paul McCartney tendo ficado contra a indicação de Allen Klein - os outros três acabaram ganhando e forçaram a indicação. Nesse clima de conflitos e de quase fim da banda, eles iniciaram a gravação de um outro álbum (o que foi gravado no começo do ano acabaria se tornando o último álbum lançado pelo grupo, no ano seguinte), novamente com George Martin na produção. Apesar de todos os conflitos, os quatro Beatles conseguiram gravar uma obra prima, que na época não foi tão bem recebida pela crítica, que não elogiou o álbum.  Musicalmente, temos grandes canções, composições dos quatro membros, com destaque para as canções "Come Together" e "I Want You (She's So Heavy)", de John Lennon; "Something" e "Here Comes The Sun", de George Harrison; e o medley de canções compostas por Paul McCartney no Lado B do álbum. O público gostou muito do disco e o colocou no topo das paradas norte-americana e britânica - em apenas dois meses, conseguiu vender 4 milhões de cópias - atualmente, já vendeu 12 milhões de cópias. Ao lado do álbum branco e do clássico da psicodelia "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", é considerado um dos melhores trabalhos dos Beatles - e um dos grandes clássicos lançados neste ano de 1969!!

Janis Joplin - "I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!" - depois de se destacar muito como vocalista do Big Brother And The Holding Company, era natural que Janis Joplin partisse para a carreira solo. Ela montou sua própria banda, a Kozmic Blues Band, e partiu para a gravação de seu primeiro álbum solo. A direção musical foi abraçar o rhythm and blues e o soul, incluindo uma seção de metais em sua banda. A performance de Janis no disco é arrasadora, cantando tudo que sabe e entregando performances incríveis. É o caso de "Try (Just A Little Bit Harder)" e "Maybe". Em "One Good Man", Janis abraça o blues de forma linda; "Kozmic Blues", "Little Girl Blue" e "Work Me, Lord" trazem um pouco de suavidade musical em sua linda voz, finalizando o álbum em grande estilo. Apesar de toda a qualidade do álbum, ele não alcançou todo o sucesso que dele se esperava (pelo menos não na época em que foi lançado) - apenas a quinta posição na parada norte-americana (o último álbum dela com o Big Brother, "Cheap Thrills", chegou ao topo da parada). Com o passar do tempo, e após a morte de Janis, este álbum ganhou aura de clássico absoluto, dadas as suas performances e também de sua banda. Janis Joplin tocaria com sua banda em Woodstock, mas os excessos com drogas e álcool já começavam a afetar negativamente suas performances. Janis chegou a viajar para o Rio de Janeiro no ano seguinte, foi fotografada no carnaval, e ainda conseguiu tempo para montar uma nova banda (a banda Full Tilt Boogie) e gravar seu último álbum de estúdio, porém acabou falecendo em outubro de 1970, vítima de uma overdose de heroína. Seu último álbum de estúdio ("Pearl") só foi lançado três meses depois de sua morte, em janeiro de 1971. Até hoje sua estrela brilha, tamanho era o seu talento. Vamos celebrar o legado musical da grande Janis Joplin!!

King Crimson - "In The Court Of The Crimson King" - este foi o álbum de estreia da banda mais pioneira do movimento rock progressivo - já falamos neste post das estreias de Genesis e Yes, mas foram estreias tímidas, ainda longe da musicalidade que atingiram anos depois. Com o King Crimson, já na estreia a banda possuía arranjos complexos e longos temas - o disco todo contém apenas cinco canções. A banda se formou neste ano de 1969 mesmo, com Robert Fripp na guitarra (quem lembra dele tocando aqui no Brasil no G3? Até vaiaram o coitado...), Michael Giles na bateria e Greg Lake no baixo e nos vocais. Destaque para a abertura com "21st Century Schizoid Man", e para as faixas "Moonchild" e "The Court Of The Crimson King". O álbum conseguiu boas posições nas principais paradas: 5ª posição na parada britânica e 28ª posição na parada norte-americana, com direito a disco de ouro (meio milhão de cópias vendidas). O King Crimson seguiria fazendo sucesso no ano seguinte, até que seu vocalista, Greg Lake, deixaria a banda para formar o supergrupo Emerson, Lake & Palmer. A banda seguiria sem ele (com diferentes vocalistas ao longo do tempo: Gordon HaskellJohn Wetton até 1974 e Adrian Belew após 1981) até 1974, quando teria seu primeiro hiato. Retornou em 1981, e ficou na ativa até 1984, com um segundo hiato. A banda seguiria com pouca produção de estúdio, excursionando de vez em quando, com diversas mudanças de formação. Recentemente, o grupo foi confirmado no festival Rock In Rio de 2019, no Palco Sunset, no dia 06 de outubro. Um show imperdível!!

Led Zeppelin - "Led Zeppelin II" - durante as várias turnês que realizou durante o ano, o Led Zeppelin foi compondo e gravando seu segundo álbum. Novamente produzido por Jimmy Page, o disco foi lançado e rapidamente foi parar no topo das paradas norte-americana e britânica. Foi um sucesso estrondoso, em grande parte pela força de suas músicas, em especial a faixa de abertura, "Whole Lotta Love", a arrasa-quarteirão "Heartbreaker", a semi-acústica "Ramble On", a instrumental "Moby Dick" (feita para mostrar o talento do baterista John Bonham) e o sensacional blues rock "Bring It On Home". Na verdade, o álbum é excelente do início ao fim e eu simplesmente sou apaixonado por ele - meu disco favorito do Led Zeppelin. Claro que não ficou fora das famosas polêmicas, por não citar todas as referências usadas: as letras do clássico "Whole Lotta Love" vieram de uma música de Willie Dixon; "The Lemon Song" é na verdade um rearranjo de "Killing Floor", de Howlin' Wolf; e "Bring It On Home" é parcialmente uma cover de Willie Dixon. Como falei acima, a banda rearranjava totalmente essas músicas, dando uma roupagem totalmente nova e explosiva. As faixas acabavam radicalmente diferentes, mas ainda assim a falta de créditos fez com que vários artistas acabassem processando a banda por plágio. A maioria dos casos acabou sendo resolvida com acordos. Novamente, não tira o brilho do Led Zeppelin como uma das mais importantes bandas da história do rock!!

Pink Floyd - "Ummagumma" - este foi o terceiro álbum de estúdio da banda (sem considerar a trilha sonora "More", lançada neste mesmo ano), e pode ser considerado como um ponto de mudança na sonoridade do Pink Floyd. Nos dois primeiros discos, a banda seguiu por caminhos psicodélicos sob a influência de Syd Barrett, mas aqui os membros resolveram ousar um pouco: lançaram um álbum duplo, sendo o primeiro disco ao vivo (quatro canções dos dois discos anteriores) e o segundo disco dividido entre os quatro integrantes, que tiveram liberdade de gravarem suas próprias composições. A parte ao vivo já mostra uma banda bem afiada, executando com maestria seus clássicos, como "Astronomy Domine" e "Set The Controls For The Heart Of The Sun". A parte de estúdio é muito experimental; cada integrante acabou explorando mais o seu instrumento e não tivemos nenhuma grande canção gravada (em entrevistas mais recentes, os próprios acabaram reconhecendo a pouca qualidade do projeto). O álbum conseguiu ir bem na parada britânica, alcançando o Top 5, mas não tão bem na parada norte-americana, onde chegou apenas à 74ª posição. Vale citar o grande trabalho artístico da capa do álbum, feito pela Hipgnosis - um de muitos da parceria com o Pink Floyd!!

Free - "Free" - neste segundo álbum de estúdio, o Free já mostra maior entrosamento e amadurecimento, e surge uma forte parceria de composição entre o vocalista Paul Rodgers e o baixista Andy Fraser - somente uma das faixas do disco não foi composta por eles. Com repertório completamente próprio, a banda já desenvolve um estilo mais próprio, se afastando um pouco do blues rock mais raiz praticado no álbum anterior. As composições, mais maduras, levam a banda a voos maiores; o baixo de Fraser conduz a música, com a guitarra de Paul Kossoff floreando em cima com muita competência. E o vocal de Paul Rodgers se destaca ainda mais - após uns seis meses excursionando, sua voz tinha encorpado e aprimorado, já demonstrando sinais do cantor maravilhoso que ele se tornaria. Destaque para as músicas "I'll Be Creepin'", "Mouthful Of Grass", "Woman""Broad Daylight". O grande sucesso para o Free viria no ano seguinte, 1970, com o álbum "Fire And Water", que trazia o grande sucesso da banda, "All Right Now". Papo para o próximo post!!

Creedence Clearwater Revival - "Willy And The Poor Boys" - depois de alcançar o topo da parada norte-americana com o álbum anterior, e ter tocado no lendário festival de Woodstock, o Creedence Clearwater Revival ainda arranjou tempo para compor e gravar seu quarto álbum de estúdio, terceiro lançado neste ano de 1969, que também fez sucesso - um pouco menos que o anterior, alcançando a terceira posição na parada dos EUA. O destaque fica com as duas grandes canções do álbum: "Down On The Corner", de onde originou o nome do disco (Willy And The Poor Boys era uma banda fictícia que tocava em qualquer esquina, por qualquer trocado, para alegrar a todos), e "Fortunate Son", uma poderosa canção de protesto, antiguerra - era época da Guerra do Vietnã e os artistas protestavam contra o envio de jovens para a frente de batalha. Mas temos outras faixas muito boas também: "It Come Out Of The Sky", "Feelin' Blue" e "The Midnight Special". A banda ainda iria alcançar sucesso maior no próximo ano, 1970, mas o grande desgaste nas relações entre os membros, que criticavam a liderança/autoritarismo de John Fogerty, iria acabar determinando o fim do grupo em 1972. Seu trabalho artístico, entretanto, sobrevive firme e forte até os dias de hoje!!

The Allman Brothers Band - "The Allman Brothers Band" - depois de muito batalhar com grupos que não deram certo, trabalhos como músico de estúdio - Duane Allman ficou trabalhando em Muscle Shoals como músico contratado por um bom tempo - o talento de Duane chamou a atenção dos donos de gravadora, e ele ganhou um contrato e começou a montar pra valer sua banda. Não esqueceu o irmão Gregg Allman, que veio para ser tecladista e o principal vocalista da banda. Nada mais óbvio que chamar a banda de Allman Brothers Band. Foram ensaiando, tocando ao vivo em locais da Flórida e Geórgia, e acabaram se mudando para New York para finalmente gravar seu primeiro disco. Prometeram para a banda o produtor Tom Dowd (engenheiro de som dos principais álbuns do Cream), mas ele não estava disponível e o álbum acabou produzido por Adrian Barber. Este primeiro disco não fez sucesso algum. Muito mal entrou no Top 200 da parada norte-americana. Mas já trazia o início da fórmula que a banda iria seguir e pela qual iria se consagrar: uma muito bem azeitada mistura de blues, rock, country, pitadas de jazz, tudo arranjado pelo principal compositor, Gregg Allman. O que sentimos falta neste disco de estreia é aquela sensação de improvisação, da verdadeira jam, aquela que só foi totalmente realizada quando a banda gravou seu álbum ao vivo. Aqui, podemos destacar as faixas "It's Not My Cross To Bear" (um blueszaço de primeira), "Trouble No More" (bela versão de um blues antigo de Muddy Waters) e o clássico "Whipping Post", que seria verdadeiramente imortalizado no clássico ao vivo "At Fillmore East", com 23 minutos de duração. Este foi apenas o ponto de partida de uma carreira gloriosa, que durou até 2014, com diversas mudanças de formação. Só fera, gente muito boa passou por aqui!!

Jefferson Airplane - "Volunteers" - a música do Jefferson Airplane, que era essencialmente psicodélica desde que a vocalista Grace Slick entrou na banda, foi amadurecendo e evoluindo com o despertar de outras bandas seminais como o Cream e o Jimi Hendrix Experience, que acabaram influenciando-os a tornar sua música mais hard rock. Aqui, além da evolução musical, temos também uma endurecida nas letras, que atacavam a Guerra no Vietnã e traziam protestos anarquistas. Destaque para os diversos convidados do álbum: o grande pianista Nicky Hopkins, a dupla David Crosby e Stephen Stills (do grupo Crosby, Stills & Nash), e do guitarrista/vocalista Jerry Garcia, do Grateful Dead. As faixas que mais chamam a atenção neste disco são "We Can Be Together", "Good Shepherd", "Wooden Ships" (composta em parceria com Crosby e Stills; a faixa também aparece no primeiro álbum do CS&N) e a faixa-título. O álbum não alcançou o sucesso dos anteriores, mas ainda assim entrou no Top 20 da parada norte-americana e alcançou disco de ouro. O Jefferson Airplane ainda lançaria alguns poucos álbuns de estúdio (dois) e encerraria as atividades. Boa parte dos membros do grupo formaram uma nova banda, o Jefferson Starship, que conseguiria alcançar ainda mais sucesso. O Jefferson Airplane se reuniria novamente em 1989, gravando um álbum e excursionando. Diversos membros da banda já faleceram, incluindo o guitarrista Paul Kantner (morreu em 2016), o vocalista Marty Balin (morreu em 2018) e o baterista Spencer Dryden (morreu em 2005). Grace Slick continua viva mas não se envolve mais com música. Para quem não conhece, vale a pena explorar a discografia desta clássica banda dos anos 60/70!!

The Rolling Stones - "Let It Bleed" - conforme falamos no post sobre 1968, Brian Jones não estava mais em condições de continuar na banda; estava mergulhado bem fundo no vício em drogas. Ainda assim, ele conseguiu gravar em duas músicas do álbum. Seu substituto, Mick Taylor, gravou em apenas duas músicas também, tornando este um álbum onde Keith Richards gravou quase todas as guitarras, além de ter gravado sua primeira música como principal vocalista - "You Got The Silver". Musicalmente, o disco manteve o pé fincado no blues rock, movimento iniciado no álbum anterior, "Beggars Banquet", trazendo pitadas de influências country, gospel e blues mais raiz (o famoso blues de Chicago). Diversos clássicos estão presentes aqui: a sensacional abertura com "Gimme Shelter", a levada country rock da faixa-título, o blues arrasador de "Midnight Rambler" e o coral gospel de "You Can't Always Get What You Want", todas contribuíram para tornar este álbum um dos grandes clássicos deste ano de 1969 e de todos os tempos, claro. Um fato curioso: a banda tinha um concerto gratuito agendado para o dia 5 de julho de 1969, no Hyde Park, em Londres. Dois dias antes (dia 3), Brian Jones faleceu, afogado em sua própria piscina. A banda resolveu manter o show, e prestou uma homenagem ao seu ex-guitarrista. Viva os Rolling Stones!!

Grand Funk Railroad - "Grand Funk" - este segundo álbum de estúdio da banda manteve a sonoridade do anterior, talvez chamando mais a atenção pelos membros da banda se destacando de forma mais intensa, em especial Mel Schacher: seu baixo está em pé de igualdade com a guitarra de Mark Farner, que também faz bonito neste disco. Também podemos destacar um começo de álbum com músicas mais curtas, deixando as mais longas, cheias de improvisos, para o final. Destaque para as canções "Please Don't Worry", "Mr. Limousine Driver", "Paranoid" e "Inside Looking Out" (uma cover do The Animals). No ano seguinte, 1970, o Grand Funk Railroad iria fazer ainda mais sucesso e ficar conhecido por músicas mais longas e trabalhadas. Papo para o próximo post!!

É isso meus caros, estes foram os grandes lançamentos escolhidos para mais um post de viagem no tempo, uma volta ao passado, direto para o ano de 1969. Espero que gostem de ler, assim como gostei de escutar essas pérolas para escrever essas malfadadas linhas. Deixem suas impressões nos comentários, elogiando, criticando, o que seja! Um abraço rock and roll e até o próximo post com o ano de 1979!

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