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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Os discos do Anthrax, do pior para o melhor

O Anthrax está a caminho do Brasil, onde vai tocar no festival Rock In Rio, no Palco Sunset, no dia 04 de outubro, abrindo para o Slayer. Aliás, o Anthrax está abrindo toda a turnê de despedida dos reis do thrash extremo. Nada mais justo que analisarmos toda a discografia desses novaiorquinos e detalharmos tudo, do pior para o melhor álbum. E aí, qual disco você acha que vai ser escolhido como o melhor do Anthrax? Confira agora!!

Das bandas do Big Four norte-americano, o Anthrax foi a última banda que eu conheci mais a fundo. Talvez seja a banda mais subestimada da lista, até mesmo a que menos fez sucesso. Realmente, em vendas, a banda não chega perto das demais. Entretanto, sua discografia possui pérolas importantíssimas que influenciaram muitas bandas ao longo do tempo. E a banda sempre foi a mais descontraída e bem humorada, permitindo até mesmo um flerte com o hip hop na canção "Bring The Noise", ao lado do Public Enemy. Apesar de ter sido a última banda a conhecer dentro do Big Four, o Anthrax rapidamente se tornou uma grande paixão que dura até hoje. E eu só consegui ver a banda em 2005, em um show empolgante com John Bush nos vocais. Juntando a outro show em 2013, com Joey Belladonna nos vocais, e meu cartel de shows da banda finalmente vai aumentar com mais um show, agora no dia metal do Rock In Rio. A expectativa está grande! É hora de detalhar minhas preferências dentro dessa bela discografia. Espero que concordem com minhas escolhas; se não concordarem, deixem suas divergências nos comentários. Chega de enrolação, vamos à discografia do Anthrax, do pior para o melhor disco!!

"Volume 8: The Threat Is Real" (1998) - escolhi este álbum como o ponto baixo da discografia do Anthrax. No auge dos anos 90, pouquíssimas bandas de thrash metal conseguiram se manter fiéis ao estilo. Quase todas resolveram experimentar um pouco. Alguns experimentos foram bem sucedidos, outros foram desastrosos. Este não foi totalmente desastroso (como foi o álbum "Risk", do Megadeth, ou "St. Anger", do Metallica, por exemplo), mas destoa demais do resto da discografia. A banda ainda não tinha encontrado o devido substituto para Dan Spitz - Charlie Benante estava gravando os solos ao lado de Paul Crook e Dimebag Darrel. Pra completar, o Anthrax acabou dando azar com a gravadora escolhida para lançar o álbum (Ignition Records), que faliu na época do lançamento. Eu destaco as faixas "Crush", "Inside Out" e "Born Again Idiot". A banda demoraria alguns anos até conseguir se recuperar deste momento baixo de sua carreira!

"Stomp 442" (1995) - primeiro disco após a saída de Dan Spitz, este álbum não conseguiu trazer o mesmo punch e energia que o anterior (que tinha sido o primeiro com o novo vocalista John Bush). As composições não estavam no mesmo nível. A sonoridade parece mais suja, alternativa, provavelmente influenciada pelo grunge e tudo que rolava na época na cena musical. Apesar de tudo isso, temos algumas músicas poderosas, como "Fueled" (vídeo clipe que "inspirou" o vídeo da canção similar do Metallica), "King Size" (com solo de Dimebag Darrel), "In A Zone" e "Nothing". Pra piorar a situação da banda, a gravadora Elektra não promoveu adequadamente o álbum, que não passou de uma mera 47ª posição - o anterior alcançou a posição mais alta na discografia da banda, sétimo lugar. Graças a essa falta de atenção, o Anthrax pegou suas trouxas e foi para uma nova gravadora - que como vimos acima, acabou falindo na época do lançamento do álbum seguinte. Falta de sorte é pouco...

"For All Kings" (2016) - o mais recente álbum de estúdio do Anthrax foi o primeiro a contar com o guitarrista Jonathan Donais, que substitui Rob Caggiano desde 2013. O blog resenhou o álbum na época de seu lançamento, confira aqui. É um álbum forte, de boas composições, que confirmou que a banda está em grande fase desde a volta de Joey Belladonna aos vocais. Aí você vai me perguntar: e porque ele está tão mal colocado na lista? E eu respondo: dado o lançamento recente, ele ainda está maturando no meu gosto. Os demais álbuns já estão bem consolidados na minha mente, este ainda está em processo de absorção. Sim, eu levo tempo pra conhecer e absorver um álbum... Mesmo com pouco tempo, dá pra afirmar que o disco tem excelentes momentos, em especial nas faixas "You Gotta Believe", "Breathing Lightning", "Evil Twin" e "Blood Eagle Wings". Um álbum que conseguiu entrar no Top 10 da parada norte-americana e colocou o Anthrax pra excursionar bastante (já são quase quatro anos na estrada). Quem ainda não deu a devida atenção a este disco está perdendo!!

"Sound Of White Noise" (1993) - quando foi lançado, odiei este álbum com todas as forças. Achava um insulto a saída de Joey Belladonna da banda - Joey sempre foi meu vocalista preferido dentro do thrash metal. Pra piorar, a banda deu uma fugida de sua sonoridade característica que vinha praticando - meio que abandonou o thrash para abraçar um heavy metal com traços alternativos. Levou tempo até que eu escutasse com mais atenção e reconhecesse a qualidade deste disco. Pra falar a verdade, somente quando o próximo disco desta lista foi lançado que eu passei a dar o devido valor a John Bush como vocalista do Anthrax. E temos que reconhecer diversas canções extremamente bem compostas, que empolgam: a excelente e melódica "Only"; a nervosa "Room For One More"; a empolgante e acelerada "Hi Pro Glo" (essa sempre foi minha preferida); e a lenta e cadenciada "Black Lodge". Um disco forte que até hoje foi o que alcançou a posição mais alta na parada norte-americana para o Anthrax - sétimo lugar. Taí, com o devido reconhecimento! Daqui pra frente, a lista entra em uma sequência de clássicos impressionantes...

"We've Come For You All" (2003) - este foi o melhor álbum da fase John Bush, disparado. Intenso, bem composto, um retorno total do Anthrax à música pesada, nervosa e acelerada, de onde nunca deveriam ter saído. Desde a abertura magistral com "What Doesn't Die" (que performance de Charlie Benante!), passando por canções pesadas e intensas como "Superhero" e "Refuse To Be Denied", incluindo a melódica "Safe Home", e muitas outras, o álbum traz um conjunto impressionante de canções que não empolgavam os fãs da banda em muito tempo. Além da parte musical, temos a capa, linda, desenhada pelo renomado cartunista Alex Ross (muito conhecido no mundo dos quadrinhos, pela série "Reino do Amanhã"). Uma pena que o álbum não ganhou o devido reconhecimento quando foi lançado - amargou uma modesta 122ª posição na parada norte-americana. Felizmente, com o passar do tempo, o disco vem ganhando reconhecimento e uma certa aura de clássico esquecido da discografia da banda. Quando o álbum completou dez anos de lançamento, o blog resenhou esta maravilha - confira aqui.

"Fistful Of Metal" (1984) - a estreia do Anthrax parece um ponto fora da curva na discografia da banda. Tanto em sonoridade quanto na formação, que era diferente: o vocalista era Neil Turbin, e o baixista era o grandão Dan Lilker. Turbin tinha um estilo completamente diferente dos demais vocalistas que passaram no Anthrax: era mais intenso e usava mais os agudos, forçando a banda a ter um estilo diferente do que ficou conhecida. Mas esse diferente é muito bom, e essa estreia fez com que o Anthrax ganhasse reconhecimento na cena que surgia. Este disco nunca foi meu preferido da banda, mas sempre tive muito carinho por ele, em especial pelas faixas "Metal Thrashing Mad" (uma de minhas preferidas da banda), "Panic", "Soldiers Of Metal" e "Howling Furies". Dá vontade de sair batendo cabeça loucamente, um discaço que só é superado pelos maiores clássicos da discografia da banda!

"Worship Music" (2011) - esse álbum levou uma eternidade pra sair. Era pra ter sido gravado com o tal novo vocalista Dan Nelson, mas esse foi detonado da banda antes de fazer até mesmo uma turnê inteira. John Bush voltou, salvou a banda cantando em alguns festivais, mas não quis continuar na banda (ele estava mais interessado na reunião com o Armored Saint e não ficou satisfeito com o tratamento dado a ele na época da reunião com Joey, em 2005). Felizmente, a pressão e o interesse de tocar nos shows do Big Four fizeram com que o Anthrax finalmente se entendesse com o seu antigo vocalista, Joey Belladonna, e ele retornou para a banda. Retornou em grande estilo: além dos shows com o Big Four, lançou esta pérola da discografia da banda, um álbum que traz os elementos clássicos do Anthrax reunidos em composições fortes e empolgantes, refrães que te fazem cantar e tudo mais que um disco de qualidade deve ter. O começo do disco é arrasador, com as melhores faixas: "Earth On Hell", "The Devil You Know", "Fight'em 'Til You Can't", pra sair agitando e batendo cabeça, cantando alto e vibrando com a qualidade das músicas. Tem também algumas canções mais épicas, igualmente empolgantes, como "I'm Alive" e "In The End", que reforçam a qualidade do álbum. Ao vivo, as canções funcionaram muito bem, empolgando os públicos ao redor do mundo. A excelente recepção ao disco fez ele alcançar a décima segunda posição da parada norte-americana e consolidou o retorno de Joey à banda. Que eles não briguem novamente e continuem nos brindando com excelentes álbuns como este!!

"State Of Euphoria" (1988) - este disco foi lançado entre meus dois discos preferidos do Anthrax. A banda sempre reclamou que teve pouco tempo para gravá-lo, que acabou entregando o produto final às pressas, etc. Ainda assim, é um clássico do gênero, e traz alguns clássicos da banda, como a cover do Trust "Antisocial", a épica abertura com "Be All, End All", e outras faixas igualmente fortes como "Who Cares Wins", "Now It's Dark" e "Misery Loves Company". Esse disco foi crescendo no meu gosto com o passar do tempo. Logo ao escutar, fiquei impactado negativamente - tinha acabado de conhecer o melhor disco da banda (veja mais abaixo) e me decepcionei inicialmente com este. Mas aos poucos fui gostando do thrash cadenciado e quase técnico. Diria que foi um disco de transição para outro clássico supremo, e no caminho a banda cometeu muitos acertos, que se tornaram adorados. O disco envelheceu bem e, hoje em dia, é um dos que mais gosto da discografia do Anthrax!!

"Spreading The Disease" (1985) - esta maravilha foi a estreia de Joey Belladonna no Anthrax, e logo de cara o homem entregou uma performance monstruosa e mostrou a que veio. Foi a estreia de Frank Bello no baixo também (na verdade, ambos estrearam no EP "Armed And Dangerous", lançado no mesmo ano). Nem parece que a banda estava estreando nova formação, tamanha a qualidade do álbum, e do início ao fim, praticamente todas as faixas são intensas, maravilhosas. A abertura intensa com "A.I.R."; a risada enlouquecida que introduz "Madhouse"; "S.S.C./Stand or Fall", que consegue ser pesada e rápida sem perder a melodia; a insanidade em forma de música com "Aftershock"; a incrível performance de Belladonna em "Armed And Dangerous"; o peso cadenciado e excelente de "Medusa"; e a sandice aceleradíssima de "Gung-Ho" pra fechar com chave de ouro. Desde a primeira audição esse disco me cativou e até hoje é um dos mais queridos. Corri e comprei sem pestanejar a edição de 30 anos, cheia de faixas bônus. Um clássico que, para os meus ouvidos, só melhora com o passar do tempo!!

"Persistence Of Time" (1990) - este álbum foi lançado em uma época em que eu estava me aprofundando no thrash metal, já conhecia bastante Metallica, Megadeth e Slayer, e começava a explorar a discografia do Anthrax. A MTV também estava começando sua operação no Brasil, e me lembro de ter ficado muito empolgado ao ver o vídeo clipe de "Got The Time". Foi a deixa para comprar o disco. Sim, este é um disco um pouco mais obscuro em termos de letras; sim, este é um disco mais técnico e com músicas mais longas. Não importa, desde as primeiras audições ele caiu profundamente no meu gosto. Acho que este é o disco com a melhor performance da banda em termos técnicos, como músicos. Em termos de composições, também estavam absurdamente afiados. Acho que podemos dividir o disco em duas partes: a primeira, bem técnica e com músicas mais longas, que traz as excelentes "Keep It In The Family" e "In My World" como belas representantes; a segunda parte traz músicas mais características da banda, mais aceleradas e não tão longas, mais propícias para agitar sem parar. Desta segunda parte, as melhores representantes são "Gridlock", "Belly Of The Beast" (outra de minhas músicas preferidas do Anthrax; combinada com a instrumental "Intro To Reality", vai num crescendo incrível) e "Discharge". O álbum agradou muito aos fãs da banda na época, alcançando a 24ª posição da parada norte-americana, a melhor posição até então deles. Surpreendentemente, após este fantástico álbum, o Anthrax resolveu trocar de vocalista e entrou em um período de declínio comercial e artístico. Talvez por não ter como superar um auge tão intenso como o registrado neste clássico do thrash metal!!

"Among the Living" (1987) - chegou a vez do primeiro lugar da minha lista, o disco que mais gosto do Anthrax. Acredito que seja também o disco mais querido da grande maioria dos fãs da banda, tamanha a sua qualidade e o número de clássicos presentes nele. O álbum beira a perfeição: traz toda a agressividade da banda em doses generosas, com riffs cortantes que não deixam pedra sob pedra; composições inspiradas em diversos personagens dos quadrinhos e da literatura; performances incríveis dos cinco membros. Logo de cara, a faixa-título chega destruindo tudo, te dando vontade de entrar na roda e agitar pra valer. Depois, uma trinca de clássicos em seguida, pra não te dar tempo nem de respirar: "Caught In A Mosh", "I Am The Law" e "Efilnikufesin (N.F.L.)". E ainda tem o grande clássico "Indians" pra enriquecer ainda mais este grande álbum. Confesso que, quando consegui comprar esse disco, fiquei escutando o mesmo praticamente todo dia por um mês seguido ou mais! É daqueles álbuns dos quais você nunca enjoa, não importa quantas vezes você escuta. O Anthrax sabe da importância desse disco e já o executou na íntegra durante turnês recentes (vejam o álbum "Kings Among Scotland", que inclui todas as músicas deste disco, apesar de não estarem na mesma ordem). Um viva a este clássico supremo do heavy metal - ele merece!!

Chegamos ao fim desse post classificatório. Espero que tenham gostado. Deixem seus comentários com suas discordâncias, seus elogios, mas sem ofensas, por favor!! Aproveite e escute um pouco de Anthrax para celebrar mais uma vinda deles ao Brasil!! Um abraço rock and roll e até o próximo post!!

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