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terça-feira, 31 de março de 2015

1995 - Nu metal ganha força, grandes nomes agonizam

Fechando a série de posts relembrando os lançamentos de anos passados, este último post vai viajar no tempo, até o ano de 1995, para mostrar o que o rock produziu de melhor há vinte anos. Para conferir os posts sobre os anos de 1975 e 1985, veja aqui, aqui e aqui (lançamentos nacionais de 1985).

Quando falei sobre o ano de 1994 (veja aqui), citei a crise que se iniciava com os problemas econômicos no México e que acabou respingando no nosso Brasil, que tinha o início do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, eleito no ano anterior. A Rússia, que contava com o presidente Boris Yeltsin, enfrentava problemas na Chechénia, chegando a invadir o território desta última, que até hoje ainda não conseguiu sua independência plena e reconhecida. Ainda no leste europeu, a Bósnia, devastada com a guerra civil, chegou a um acordo de paz que permitiu o fim do conflito. Nos EUA, um grande atentado terrorista acontece na cidade de Oklahoma, onde um caminhão com mais de duas toneladas de explosivos é detonado em frente a um prédio federal, deixando mais de cem mortos e muitos feridos. No mundo do cinema, o famoso ator Christopher Reeve, que viveu o Super Homem, sofreu um acidente que o deixou tetraplégico. Reeve passou a atuar intensamente a favor da pesquisa com células-tronco e criou uma fundação para ajudar outras pessoas com paralisia. Na música, tivemos a primeira passagem dos Rolling Stones pelo Brasil, com dois shows no festival Hollywood Rock, com abertura de Spin Doctors, Rita Lee e Barão Vermelho. Lamentavelmente, tivemos duas grandes perdas: Jerry Garcia, ex-membro do Grateful Dead; e Rory Gallagher, grande guitarrista irlandês que influenciou muita gente com seu jeito único de tocar.

Chega de enrolação e vamos aos álbuns que estão completando vinte anos:

Van Halen - "Balance" - vamos abrir os trabalhos com este álbum do Van Halen, que alcançou o topo da parada norte-americana mesmo com muitos conflitos entre os membros da banda. Os irmãos Eddie e Alex já não se davam bem com Sammy, que se dedicava mais a seu bar no México (Cabo Wabo). O disco mostra um pouco disso: uma banda dividida, atirando para várias direções: temos baladas ("Can't Stop Lovin' You" e "Not Enough"), instrumentais ("Strung Out" e "Doin' Time"), o tradicional hard rock da banda ("Don't Tell Me (What Love Can Do)" e "Aftershock") e até um cântico de monges na faixa de abertura, "The Seventh Seal". Os conflitos eram muito intensos e ao final da turnê Sammy Hagar saiu da banda. Após uma tentativa frustrada de reunião com Dave Lee Roth, a banda acabou recrutando Gary Cherone (do Extreme) para os vocais, lançando talvez o pior álbum da história da banda. Atualmente, a banda conseguiu se reunir pra valer com Diamond Dave, e está para lançar um álbum ao vivo, gravado no Japão ("Tokyo Dome Live In Concert"). Pena que a banda não excursiona mais para fora dos EUA...

Motörhead - "Sacrifice" - este álbum do Motörhead foi um dos mais fortes da banda nos anos 90, na verdade o último a contar com a dupla de guitarristas Phil Campbell e Würzel (este último sairia da banda logo depois das gravações; ele faleceu em 2011). Trata-se de um típico álbum da banda, com Lemmy tocando rápido, seu vocal ríspido e marcante, a dupla de guitarras flamejantes e a bateria ensandecida de Mikkey Dee, dando corpo a composições fortes como a faixa-título, "Sex And Death", "Over Your Shoulder", "Fade To Black", algumas ainda marcando presença nos set lists atuais da banda. Após a saída de Würzel, a banda voltou a ser um trio, com Campbell permanecendo o único guitarrista. Continuam assim até os dias de hoje. Lemmy sofreu alguns problemas de saúde, mas continua firme e forte, e a banda promete um novo álbum de estúdio para este ano de 2015. Como um caminhão sem freio, o Motörhead continua na ativa: tocarão no Monsters of Rock aqui no Brasil, em abril. Lemmy rules!!

Mad Season - "Above" - este foi um projeto paralelo muito interessante de integrantes de diversas bandas de Seattle, do movimento grunge. Juntaram, na mesma banda, Mike McCready (guitarrista do Pearl Jam), Barrett Martin (baterista do Screaming Trees), Layne Staley (vocalista do Alice In Chains) e John Baker Saunders (baixista que conheceu McCready em uma clínica de reabilitação). Musicalmente, este único álbum da banda passeia por um rock alternativo com pitadas de blues e hard e um clima bem depressivo. Destaque para a faixa de abertura, "Wake Up", "River Of Deceit", o principal single do disco, "Lifeless Dead" e "I Don't Know Anything". A banda chegou a gravar uma apresentação ao vivo na terra natal e lançou como o vídeo "Live At The Moore". Por problemas envolvendo vício em drogas, dois dos membros acabaram falecendo: em 1999, Saunders faleceu de overdose em heroína, mesmo destino de Staley em 2002. No começo de  2013, os dois membros restantes remasterizaram este único disco da banda e adicionaram o DVD do show no Moore Theatre, além de um segundo CD com extras e o áudio do show em DVD. Um belíssimo pacote para os que curtiram este grande projeto paralelo!

Steve Vai - "Alien Love Secrets" - depois de um álbum irregular e com má recepção pelos fãs ("Sex & Religion", de 1993), Steve Vai resolveu soltar um EP com canções mais focadas no trio guitarra/baixo/bateria, músicas instrumentais mais próximas do estilo que fez muito sucesso em seu disco clássico "Passion And Warfare". Destaque para a faixa de abertura "Bad Horsie", um riff monstruoso que viu a luz do dia inicialmente na trilha sonora do filme "Crossroads" (aquele filme com o duelo de guitarristas no fim, Ralph Macchio e Steve Vai duelando) e acabou parando neste EP; "Ya-Yo Gakk", com participação "vocal" do filho de Steve; e "Tender Surrender", uma instrumental mais suave e linda, deliciosa de se escutar. Steve Vai permanece firme e forte com sua carreira solo, e ele está confirmado no Palco Sunset do Rock In Rio, no dia 25 de setembro. Esperem por um grande show, com certeza!!

Death - "Symbolic" - uma das bandas pioneiras do death metal, o Death já estava se distanciando do estilo que ajudou a criar nos dois últimos álbuns, os excelentes "Human" e "Individual Thought Patterns", discos que demonstram maturidade musical, complexidade nos arranjos e composições, além de muita técnica nos instrumentos. E este álbum não apenas continuou esta evolução, ele deu um salto de qualidade absurdo com composições maravilhosas e executadas com maestria, neste que provavelmente é o melhor disco de metal extremo de todos os tempos (ok, minha opinião aqui, eu adoro este álbum!). Destaque para a fantástica abertura com a faixa-título, "Zero Tolerance", "Empty Words" e "Crystal Mountain". Depois de lançar mais um álbum com o Death, Chuck Schuldiner resolveu montar uma banda de heavy metal mais tradicional (e progressivo), o Control Denied, que chegou a lançar um álbum, mas não conseguiu excursionar já que Schuldiner foi diagnosticado com câncer no cérebro e veio a falecer em 2001, com apenas 34 anos. Uma gigantesca perda que a comunidade metal sofreu!

Skid Row - "Subhuman Race" - este álbum viu o Skid Row abandonando o hard rock que praticou no passado e abraçando uma música mais encorpada e pesada, suja e agressiva, que acabou sendo muito elogiada pela crítica. Entretanto, foi um certo suicídio musical, já que seu público esperava pelo hard rock com baladas, e com um disco muito mais pesado em mãos, eles despencaram nas paradas, saindo do topo com o disco anterior para a posição 35 com este álbum. Destaque para a faixa de abertura, "My Enemy", e para as canções "Bonehead", "Eileen" e "Ironwill". Depois de uma turnê abrindo para o Van Halen, a banda acabou se separando do vocalista Sebastian Bach, que acabou seguindo em carreira solo. Entraram em uma espécie de hiato até encontrarem um novo vocalista, Johnny Solinger, que está até hoje com a banda. Devagar nos lançamentos, a banda continua na ativa, e a estratégia mais recente é investir no lançamento de EPs, como nos dois últimos anos. Vender discos atualmente está muito difícil, mesmo para bandas com nome...

UFO - "Walk On Water" - este álbum marca o retorno de Michael Schenker à banda, reunindo a famosa formação que tanto fez sucesso e influenciou nos anos 70. Esta seria a primeira de uma sequência de álbuns e turnês com Schenker, que retornava, gravava o álbum e fazia a turnê, e depois voltava a sair da banda (as vezes saía no meio da turnê...). Esse vai e volta durou até 2003, quando Vinnie Moore substituiu Schenker e estabilizou a formação. Neste álbum, a banda tentou modernizar um pouco seu som, tentando adaptá-lo aos anos 90. Não conseguiram sucesso completo em sua missão, mas se saíram com um bom álbum que pode não ser tão bom quanto os melhores momentos do UFO, mas ainda assim é um belo disco. Podemos destacar a faixa de abertura, "A Self-Made Man", e as canções "Venus", "Stopped By A Bullet (Of Love)" e "Darker Days". Com Vinnie Moore, a banda já lançou diversos álbuns, e acabou de lançar mais um: "A Conspiracy Of Stars". Longa vida ao UFO!

Primus - "Tales From The Punchbowl" - quarto álbum desta banda capitaneada pelo excepcional baixista Les Claypool, praticando um rock alternativo cheio de experimentações. Veja só a faixa de abertura, com aproximadamente sete minutos e totalmente experimental, com as loucuras no baixo de Claypool conduzindo. A canção mais conhecida do álbum é "Wynona's Big Brown Beaver", que gerou certa polêmica na época de seu lançamento, pois acharam que se referia à atriz Winona Ryder e seu então namorado da época, o vocalista do Soul Asylum, David Pirner. A banda desmentiu, mas a confusão já estava feita. Outros destaques são as faixas "Southbound Pachyderm" e "Over The Electric Grapevine". O álbum não vendeu tanto quanto os anteriores, começando o declínio no sucesso da banda (que nunca foi tão grande assim). Eles ficaram um tempo parados, e ficaram um tempo ainda maior sem lançar um disco de estúdio. Finalmente, em 2011, voltaram a gravar. Estão na ativa novamente, e eu adoraria ver um show deles. Venham ao Brasil!!

Pink Floyd - "Pulse" - depois do sucesso do álbum "The Division Bell", no ano anterior, o Pink Floyd caiu na estrada pra promovê-lo, realizando uma de suas maiores turnês - e uma das mais lucrativas, já que foi considerada, na época, a turnê de maior arrecadação até então (sendo superada depois por alguns artistas). Este álbum ao vivo, "Pulse", foi gravado durante esta grandiosa turnê, em especial nos shows feitos na Europa, sendo os shows de Londres os mais utilizados para montar o set deste CD duplo. Um show recheado de efeitos especiais e músicos do mais alto quilate, complementando o trio formado por David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright. Para completar, traz a execução completa do clássico "Dark Side Of The Moon". Um dos maiores discos ao vivo da história da rock, que alcançou o topo das paradas britânica e norte-americana quando foi lançado. Aliás, não posso esquecer de mencionar a embalagem caprichada que vinha com o disco, com um LED piscante que chamou a atenção dos fãs na época. Foi uma espécie de canto do cisne da banda, se bem que recentemente eles lançaram o disco com sobras de estúdio "The Endless River", este sim definitivamente o canto de cisne de uma das maiores bandas de rock que já passou pelo planeta!

Black Sabbath - "Forbidden" - depois de um excepcional álbum no ano anterior ("Cross Purposes", único a contar com Tony Martin nos vocais e Geezer Butler no baixo), a banda retornou à formação do álbum "Tyr", com Cozy Powell na bateria e Neil Murray no baixo, além de Tony Martin nos vocais e o sempre presente Tony Iommi. Para a produção do disco, a escolha recaiu sobre Ernie C, guitarrista do Body Count, banda que estava em alta na época (Ice-T chegou a fazer uma participação na faixa de abertura). Tudo isso combinado acabou gerando um dos piores discos da história do Sabbath (para mim é o pior, com certeza). Nada funciona, nenhuma canção se destaca a ponto de ser notável. Talvez somente "Get A Grip" se salve. Talvez este fracasso tenha precipitado a reunião da formação original, que aconteceria no ano seguinte, no festival Ozzfest. Este foi o último disco do Black Sabbath antes de "13", que contou com a formação original gravando (menos Bill Ward, que não chegou a um acordo com seus ex-colegas). A banda excursionou bastante pelo mundo todo, incluiu o Brasil na turnê, e tem indicado que está fazendo seus últimos shows, que uma possível aposentadoria está muito próxima. Esse papo a gente já escutou antes, mas como Tony Iommi agora tem que cuidar da saúde, é bom darmos crédito desta vez, infelizmente. Se realmente estiverem próximos de seu canto de cisne, já produziram o suficiente para serem reverenciados pelos próximos séculos!

Pennywise - "About Time" - depois de um segundo álbum um tanto irregular e sem a força e o impacto que o primeiro disco trouxe, este retoma o punch direto e a força do Pennywise, o que acabou tornando este disco um dos melhores da carreira da banda. Daqui saíram diversas canções que são até hoje muito requisitadas nos shows: "Peaceful Day", "Waste Of Time", "Every Single Day" e "Same Old Story". Este álbum acabou sendo o último a contar com o baixista Jason Thirsk, que se suicidou no ano seguinte. Foi o primeiro álbum da banda a entrar na parada norte-americana, e o grupo se mantém na ativa e com sucesso no mundo independente, sempre excursionando e lançando bons álbuns. O vocalista Jim Lindberg saiu da banda em 2010 mas retornou em 2012 e a banda continua praticamente com a mesma formação desde o começo; somente o baixista Randy Bradbury entrou para substituir o falecido Jason. Se você tiver a chance de ver um show da banda, aproveite, é um show energético e empolgante!

Fear Factory - "Demanufacture" - depois de um primeiro álbum mais voltado para o death metal, o Fear Factory evoluiu musicalmente e adicionou muitas influências industriais neste álbum, que costuma ser considerado o melhor disco da banda. Foi o primeiro a contar com o baixista Christian Olde Wolbers (belga, apresentado à banda por Evan Seinfeld, do Biohazard). Com um estilo musical que consegue transitar entre o thrash, o industrial e com melodias agradáveis, cortesia do excelente vocal praticado por Burton Bell (Burton foi confirmado como convidado no show do Ministry no Rock In Rio), trouxe a banda uma visibilidade muito grande com o sucesso do single "Replica", cujo vídeo clipe tocou bastante na MTV. Além desta faixa, destaque para a faixa-título, "Zero Signal" (que saiu na trilha sonora do filme "Mortal Kombat") e "Dog Day Sunrise". O líder e principal compositor da banda, Dino Cazares, chegou a ficar fora do grupo por alguns anos, mas retornou e mantém a banda ativa e produtiva. Chegaram a ser confirmados no festival Metal Open Air, em São Luís, mas nunca puderam tocar, com o fiasco da coisa toda.

Alanis Morissette - "Jagged Little Pill" - antes de lançar este disco, Alanis Morissette lançou dois álbuns em sua terra natal, Canadá, com uma pegada mais dance e pop, chegando a ser comparada com Debbie Gibson (não me culpem pela comparação, está na Wikipedia...). Depois desses dois discos, Alanis se mudou para os EUA e resolveu mudar de estilo, abraçando um pop mais introspectivo com pitadas de rock, que originou este álbum ultra bem sucedido de Alanis, com marcas de vendas acima de trinta milhões de cópias. Depois do sucesso do primeiro single, "You Oughta Know" (com Flea no baixo e Dave Navarro na guitarra), outros de igual ou maior sucesso vieram: "Hand In My Pocket", "Ironic", "You Learn" e "All I Really Want". Alanis lançou diversos álbuns depois deste mega-sucesso, quase sempre chegando ao topo da parada norte-americana. Entretanto, ela nunca mais conseguiu repetir um sucesso tão grande como o deste álbum, que muitos devem considerar como disco de estreia, sem saber de seus discos lançados somente no Canadá. E ainda atacou de atriz em alguns filmes, sendo o mais legal sua participação em "Dogma" fazendo o papel de Deus!

Gov't Mule - "Gov't Mule" - quando o Allman Brothers retornou às atividades em 1989, adicionou ao seu line up o guitarrista Warren Haynes e o baixista Allen Woody. Ambos se entrosaram muito bem e compartilhavam um gosto musical muito grande, e resolveram montar uma banda paralela, juntando com o baterista Matt Abts, que participou de alguns projetos junto com Haynes. Este núcleo aproveitou as pausas de turnê da banda principal para se dedicar ao Gov't Mule, e o resultado foi este primeiro álbum, um primor de disco, com composições próprias inspiradas e algumas poucas covers para complementar com chave de ouro. É o caso de "Mr. Big", o clássico do Free muito bem coverizado aqui, além das excelentes "Temporary Saint", "Mule" e "Painted Silver Light", composições próprias inspiradas recheadas de solos cheios de feeling e muito improviso, uma marca registrada da banda. A banda está na ativa até hoje, mas sem o baixista Allen Woody, que faleceu em 2000. Uma pena que eles não excursionam para fora dos EUA, uma apresentação do Gov't Mule é um show recheado de técnica, feeling e improviso de grandes músicos!

Neil Young - "Mirror Ball" - este é o famoso álbum de Neil Young onde ele utilizou o Pearl Jam como banda de apoio. Inclusive gerou um pequeno EP do lado do Pearl Jam, chamado de "Merkinball", com duas canções que ficaram de fora ("I Got Id" e "Long Road") mas foram gravadas nas mesmas sessões. O álbum manteve Young bem colocado nas paradas, no Top 10, como seus dois discos anteriores. Musicalmente, chamou mais a atenção pela presença do Pearl Jam do que pela sua qualidade destacada. Ainda podemos citar algumas boas canções como "Act Of Love", "Downtown" e "Peace And Love". Depois do lançamento, Neil Young e os membros do Pearl Jam caíram na estrada para promover, em uma curta turnê na Europa. Neil Young continua firme e forte com sua carreira, lançando diversos discos de estúdio. Dos últimos lançamentos eu recomendo o álbum "Psychedelic Pill", de 2012, um ponto alto na carreira deste grande canadense!

Foo Fighters - "Foo Fighters" - depois da morte de Kurt Cobain, Dave Grohl resolveu montar uma banda para lançar as diversas composições que tinha feito no tempo vago durante as turnês com sua ex-banda, Nirvana. Era uma forma de se manter ocupado e tentar superar o trauma da perda do amigo. E se a ideia era se manter ocupado, ele resolveu fazer tudo nas gravações: tocou todos os instrumentos e ainda por cima produziu o álbum, com a ajuda de Barrett Jones. Grohl gravou um monte de fitas cassete e distribuiu entre amigos, alguns fãs e a coisa ganhou importância e ele acabou ganhando um contrato com uma gravadora, e ele acabou tendo que montar uma banda para promover o álbum, chamando Nate Mendel para o baixo e seu ex-companheiro de turnê Pat Smear para a segunda guitarra. Grohl abandonou as baquetas e passou a cantar e tocar guitarra em sua banda. O álbum já mostra suas qualidades com a faixa de abertura, "This Is A Call", e segue com as canções "I'll Stick Around", "Big Me" e "For All The Cows", os maiores destaques do álbum. Um rock descompromissado, com melodias agradáveis e fáceis, sem cair na armadilha de imitar sua ex-banda. Talvez por essas características, os Foo Fighters tenham se tornado uma das maiores bandas de rock da atualidade, tocando agora em grandes estádios como o show deste ano no Maracanã. Graças à simplicidade, humildade e qualidades de compositor de Dave Grohl. O lançamento mais recente da banda foi "Sonic Highways", de 2014, um álbum que foi gravado em diferentes cidades, sendo cada faixa do álbum gravada em um estúdio diferente, com um documentário sobre o estúdio e a cidade onde a canção foi gravada sendo apresentado em uma série no canal de TV HBO. Recomendo fortemente, material de primeira qualidade!!

Ramones - "Adios Amigos!" - este foi o canto de cisne dos Ramones, uma das bandas mais importantes da história do rock. E foi uma despedida um tanto quanto amarga, com os membros já não se aguentando muito, e com um álbum irregular, com poucas canções de grande destaque. A que se tornou mais conhecida foi a cover de Tom Waits que abre o disco, "I Don't Want To Grow Up". Outras que posso destacar são "Making Monsters For My Friends" e "Cretin Family" (ambas com C.J. Ramone nos vocais) e "Got A Lot To Say". O curioso é que a maioria das composições são de Dee Dee Ramone, que saiu da banda mas continuou contribuindo enormemente (ele faz vocais também na faixa "Born To Die In Berlin"). A banda cairia na estrada em seguida, mas já tinha prometido encerrar as atividades, então a turnê meio que foi considerada como de despedida. Felizmente, esta turnê passou pelo Brasil e este escriba lá estava - um show impecável e típico da banda, como não se faz mais. Talvez tivessem se reunido novamente, porém um por um foi falecendo: Joey em 2001; Dee Dee em 2002; Johnny em 2004; e Tommy em 2014. Vivos, apenas Marky e C.J.. Antes de virar um produto de moda, os Ramones dominavam os palcos rock mundo afora!

Rancid - "...And Out Come The Wolves" - junto com o Offspring e o Green Day (e, em menor escala, com o Pennywise e o NOFX), o Rancid participou do movimento de ressurgimento do punk no mercado norte-americano. Para o Rancid, abrir para o Offspring em sua turnê de divulgação do álbum "Smash" se provou uma excelente catapulta para voos maiores, e este álbum acabou sendo o maior sucesso da banda, chegando a um milhão de cópias vendidas nos EUA (marca expressiva para uma banda punk). Com uma bela mistura de punk e ska, composições simples e empolgantes, o álbum já abre em grande estilo com a faixa "Maxwell Murder" e também traz outras boas canções como "Roots Radicals", "Ruby Soho" e "She's Automatic". A banda nunca mais conseguiu repetir o sucesso deste álbum, retornando para o underground, onde permanecem na ativa, lançando álbuns até os dias de hoje.

Rainbow - "Stranger In Us All" - depois de muita frustração com sua ex-banda, Deep Purple, abandonando-os no meio da turnê, Ritchie Blackmore resolveu reformar sua antiga banda, o Rainbow, com uma nova formação que contava com Doogie White nos vocais, Paul Morris nos teclados, Greg Smith no baixo e John O'Reilly na bateria. Exceção do chefão, todos desconhecidos à época. Musicalmente, o álbum foge um pouco da sonoridade hard rock dos anos 80, tentando se aproximar dos clássicos trabalhos dos anos 70, mas acaba se aproximando um pouco da futura sonoridade renascentista de seus trabalhos com a esposa. Destaque para a faixa de abertura, "Wolf To The Moon", o belo riff de "Cold Hearted Woman" e para as faixas "Ariel" e "Black Masquerade". Claro, além das faixas citadas, o grande destaque é ouvir Ritchie Blackmore nos entregar lindos solos de guitarra. Depois do lançamento, a banda caiu na estrada em uma longa turnê, que durou até 1997, com direito a passagem pelo Brasil, em julho de 1996. Desiludido com o rock, Blackmore se juntou com sua esposa, Candice Night, e montou um conjunto de música medieval, Blackmore's Night, que vem gravando constantemente desde então (já foram nove álbuns de estúdio). Rolaram rumores de que Ritchie iria voltar ao rock e reformar o Rainbow com Joe Lynn Turner nos vocais, porém ficou só na boataria mesmo, infelizmente. Temos que lançar a campanha "Blackmore, volta para o rock!", pra ver se sensibiliza o homem...

Lenny Kravitz - "Circus" - apesar deste álbum ter conseguido alcançar a posição mais alta na parada norte-americana até então (posição de número 10, somente superada pela quarta posição do álbum "It Is Time For A Love Revolution", de 2008), ele vendeu menos que o disco anterior. Foi mais um álbum onde Kravitz compôs, produziu e tocou quase todos os instrumentos. Pessoalmente, é meu álbum preferido da carreira do artista, com grandes canções como "Rock And Roll Is Dead" e seu belo riff, a faixa-título, a baladinha "Can't Get You Off My Mind" e "Magdalene". Além de continuar com sua carreira de cantor (seu último álbum, "Strut", foi lançado ano passado), Lenny Kravitz ataca de ator sempre que pode: suas participações mais recentes em grandes filmes incluem "O Mordomo da Casa Branca" e os dois primeiros filmes da série "Jogos Vorazes". E ele não se sai mal não!

Red Hot Chili Peppers - "One Hot Minute" - depois do mega sucesso do álbum anterior ("Blood Sugar Sex Magik"), a banda teve que lidar com a saída do guitarrista John Frusciante, que teve problemas com o excesso de fama que a banda ganhou. Depois de realizar diversos testes com guitarristas, acabaram ficando com Dave Navarro, ex-guitarrista do Jane's Addiction. A entrada de Navarro acabou tornando o som da banda um pouco diferente. Segundo a Wikipedia, Navarro declarou que nunca foi influenciado pelo funk, ao contrário dos demais integrantes. Navarro acabou adicionando um tempero mais hard rock à salada musical dos Peppers. O novo guitarrista, ao final da turnê, voltou a usar drogas (Anthony Kiedis também) e esse motivo acabou precipitando sua saída, tornando este álbum o único com ele. Os destaques ficam para os singles "Aeroplane" e "My Friends", além de "Coffee Shop" e "Shalow Be Thy Game". Depois da saída de Navarro, a banda se reuniria novamente com Frusciante e encontraria um caminho de muito sucesso, com uma fórmula de composições confortável que a banda vem seguindo até os dias de hoje, mesmo com a saída de Frusciante e a entrada do novo guitarrista, Josh Klinghoffer. A banda tem trabalhado em um novo álbum, mas nenhuma data de lançamento foi fixada.

Dream Theater - "A Change Of Seasons" - este EP do Dream Theater serviu como trabalho de estreia de Derek Sherinian na banda. Derek entrou no lugar de Kevin Moore no ano anterior (e não era a escolha principal da banda, que já conhecia e queria Jordan Rudess no grupo; Jordan só entrou para o grupo em 1999). Contém apenas uma canção original e outras 4 covers (sendo duas delas um medley de covers; as covers foram gravadas em apresentações especiais da banda para membros do seu fã-clube). A canção original, faixa-título do disco, consiste de 23 minutos, uma canção que tinha sido composta originalmente para o álbum "Images And Words" mas ficou de fora graças a seu tamanho. Os fãs da banda pressionaram a banda através da Internet (uma lista de distribuição, basicamente e-mails na época) e acabaram convencendo-os a gravar e lançar a canção. Raramente a banda consegue tocar esta canção na íntegra em seus shows. As covers mostram as principais bandas que influenciaram o grupo, passando por Elton John, Deep Purple, Led Zeppelin, Queen, Kansas e outros. Atualmente, a banda segue firme e forte depois da saída de Mike Portnoy (substituído por Mike Mangini), já tendo lançado dois álbuns de estúdio com o novo baterista.

Down - "NOLA" - o Down foi concebido como um projeto paralelo de amigos que acabou virando supergrupo, já que os amigos tocavam em diversas bandas bem estabelecidas como Pantera (Phil Anselmo, o vocalista), Corrosion Of Conformity (Pepper Keenan, guitarrista), Crowbar (Kirk Windstein, guitarrista e Todd Strange, baixista) e Eyehategod (Jimmy Bower, baterista). Segundo a Wikipedia, gravaram uma demo que circulou no underground sem indicar os membros da banda, e após um show na terra natal deles (Nova Orleans, EUA), um executivo de uma grande gravadora viu a banda tocando e arranjou um contrato rapidamente. Este disco de estreia é uma obra prima, pesado, composições encorpadas, timbres arrasadores de guitarra, Phil Anselmo inspirado nos vocais, altamente recomendado para quem curte um heavy metal com doses cavalares de influência de Black Sabbath e características das bandas de cada membro. Destaque para as canções "Temptation's Wings", "Lifer""Stone The Crow" e "Bury Me In Smoke". Após o lançamento, uma pequena turnê foi realizada e cada um foi cuidar de sua banda original. Após o fim do Pantera, Phil Anselmo passou a dar mais importância a este grupo (Rex Brown, baixista do Pantera, chegou a fazer parte da banda por um bom tempo), e outros dois álbuns de estúdio já foram lançados.

AC/DC - "Ballbreaker" - depois da retomada do sucesso com o álbum anterior, "The Razors Edge", o AC/DC excursionou bastante e resolveu descansar um pouco também. Chegou a gravar uma canção nova, "Big Gun", para a trilha sonora do filme "O Último Grande Heroi". Retornaram aos estúdios de gravação e escolheram o famoso produtor Rick Rubin, que fez um bom trabalho aqui, deixando o som seco, direto, gerando uma sonoridade diferente na discografia da banda. O álbum foi muito bem recebido, tanto pelos fãs quanto pela crítica, Outra marca do álbum é trazer de volta a formação mais clássica, com o retorno do baterista Phil Rudd, ausente desde 1983. Destaque para a excelente abertura com "Hard As A Rock", "Cover You In Oil", "Boogie Man" e "Hail Caesar". Uma longa turnê promovendo este disco veio a seguir, com direito a passagem pelo Brasil em 1996, com um show em São Paulo. Vamos torcer para que a atual turnê da banda promovendo o mais recente álbum, "Rock Or Bust", também passe pelo Brasil!!

Six Feet Under - "Haunted" - esta banda era um projeto paralelo do ex-vocalista do Cannibal Corpse, Chris Barnes, que ganhou importância com sua saída da banda, neste mesmo ano. Barnes se juntou ao guitarrista Allen West, do Obituary, e ao baixista Terry Butler, ex-Death. O estilo da banda ficou bem próximo ao de sua ex-banda: um death metal com vocais guturais. O produtor é o famoso Scott Burns, que produziu muita coisa dentro do death metal, inclusive o nosso Sepultura. Destaque para a faixa de abertura, "The Enemy Inside", e as faixas "Lycanthropy", "Beneath A Black Sky" e "Suffering In Ecstasy". O então projeto paralelo virou banda principal e está na ativa até hoje, tendo lançado mais de dez álbuns de estúdio, além de alguns discos de covers bastante interessantes, pegando clássicos do rock e os transformando para o estilo da banda. Da formação original, somente o vocalista Chris Barnes permaneceu.

Oasis - "(What's The Story) Morning Glory" - neste segundo álbum, o Oasis conseguiu superar todo o sucesso do álbum de estreia e estourar também no mercado norte-americano. O disco chegou ao topo da parada britânica e no Top 5 da parada norte-americana, com uma produção mais caprichada, algumas orquestrações, som mais polido, sem a crueza do disco de estreia. As críticas que saíram logo após o lançamento não foram positivas, acusando a banda de queda de qualidade com relação ao primeiro disco, mas aos poucos, com o sucesso de público, e com o passar do tempo, a própria crítica deu o braço a torcer e reconheceu as qualidades do álbum. Os destaques ficam para os singles "Roll With It", "Wonderwall", "Don't Look Back In Anger" e "Champagne Supernova", além de "Hey Now". Apesar do sucesso, a banda já apresentava problemas, com os irmãos Gallagher brigando constantemente, tanto durante as gravações como durante a longa turnê de promoção. As brigas culminariam com o fim da banda em 2009. Será que os irmãos farão as pazes no futuro e reunirão a banda novamente? Só o tempo responderá a esta pergunta...

Iron Maiden - "The X Factor" - Bruce Dickinson resolveu se dedicar a sua carreira solo e saiu do Iron Maiden em 1993. Chegou a fazer uma turnê de despedida, com direito a ser assassinado no último show da turnê (televisionado para o Reino Unido). No ano seguinte, o Iron Maiden começou a busca por seu substituto, que recaiu sobre Blaze Bailey, ex-Wolfsbane. Blaze não tinha o mesmo alcance vocal de Bruce e isso se configuraria um grande problema quando a banda entrou em turnê para promover o disco. As canções tiveram uma aura mais dark, aumentaram de tamanho e a banda acabou se aprofundando numa espécie de heavy metal progressivo, perdendo o punch e energia dos primeiros álbuns. O maior destaque, para mim, é a faixa de abertura, "Sign Of The Cross", de 11 minutos, além dos singles "Lord Of The Flies" e "Man On The Edge". A banda ainda lançaria mais um disco com Bailey e demitiria o novo vocalista, reunindo-se novamente com Bruce, que está na banda até os dias de hoje. Pessoalmente, acho que o problema não residiu em Blaze; ele simplesmente não tinha o alcance vocal para cantar as canções da era Dickinson. Sejamos sinceros, acredito que nenhum vocalista conseguiria substituir bem Bruce Dickinson. Sua identificação com o Iron Maiden é muito grande!

Deftones - "Adrenaline" - este foi o disco de estreia dos Deftones, uma banda que sempre foi considerada nu metal, mas sua sonoridade nunca se encaixou muito bem neste rótulo. Calcada no vocal de Chino Moreno, calmo e suave até que explode em gritos, na guitarra de timbres diferentes de Stephen Carpenter e na cozinha formada pelo baterista Abe Cunningham e o baixista Chi Cheng (Chi sofreu um acidente de carro em 2008 e ficou em coma até 2013, quando faleceu), a música da banda navega entre o peso das bandas de heavy metal e os timbres de bandas independentes, produzindo uma sonoridade única e diferente do nu metal. Neste disco de estreia, a banda soa pesada no momento certo, com as nuances vocais de Chino se encaixando bem com a guitarra de Carpenter. Um álbum que influenciou muito as bandas que surgiram a partir de então. Destaque para as canções "Bored", "Root""7 Words" e "Engine Nº 9", incluídas pela banda nos set lists de shows até os dias de hoje. O último álbum da banda foi lançado em 2012 ("Koi No Yokan", muito bom por sinal), já com a participação do novo baixista Sergio Vega. Recentemente, a banda foi confirmada no festival Rock In Rio de 2015, onde tocarão no Palco Sunset na mesma noite do System Of A Down. Esperem por um grande show!

Green Day - "Insomniac" - outra banda que fez muito sucesso com o álbum anterior e lança seu sucessor este ano. Sem sofrer com mudança de integrantes, a banda manteve a mesma sonoridade dos discos anteriores e conseguiu manter certo nível de sucesso, entretanto sem igualar as vendas excepcionais do ótimo "Dookie". Aqui, os destaques ficam para a faixa de abertura, "Armatage Shanks", e os singles "Geek Stink Breath", a dupla "Brain Stew" / "Jaded" (a primeira acabou sendo utilizada na trilha sonora do filme "Godzilla") e a faixa de encerramento "Walking Contradiction". Recentemente, a banda foi incluída no Rock And Roll Hall Of Fame, logo no primeiro ano em que ficaram elegíveis - classe de 2015 (nada contra o Green Day, mas com tanta banda seminal no rock não incluída - veja neste post algumas - incluir uma banda tão recente é um certo insulto desta instituição...).

Ozzy Osbourne - "Ozzmosis" - depois de todo aquele papo de última turnê (a turnê que promovia o álbum "No More Tears" foi chamada de última turnê de Ozzy e teve até uma mini-reunião do Black Sabbath, que acabou causando briga de Ronnie James Dio com a banda), Ozzy voltou ao estúdio para gravar mais um álbum e, claro, saiu em turnê logo após. Para as gravações, Zakk Wylde continuou na guitarra, mas os demais membros eram diferentes: Deen Castronovo na bateria, Geezer Butler no baixo e até Rick Wakeman participou das gravações. Este álbum não tem a mesma força do disco anterior, apesar de conter grandes momentos como a faixa de abertura, "Perry Mason", a linda balada "I Just Want You" e a boa "See You On The Other Side". Quando saiu em turnê, Ozzy teve que substituir Zakk, que estava num imbróglio com os Guns 'N' Roses. O escolhido para substituir foi Joe Holmes, que já tinha tocado com Dave Lee Roth. Ozzy Osbourne está com show marcado para o Monsters Of Rock, em abril deste ano, em São Paulo. E não dá sinais de que vá parar com sua carreira, apesar de tantos rumores e críticas. Dá-lhe, Ozzy!!


Smashing Pumpkins - "Mellon Collie And The Infinite Sadness" - depois do estrelato alcançado com o álbum de 1993, "Siamese Dream", este pode ser considerado o ápice comercial e criativo da banda. E este ápice acontecendo com um álbum duplo mostra a importãncia e a qualidade deste disco, além da grande capacidade de composição do guitarrista/vocalista Billy Corgan. A banda mudou de produtor, para sair da zona de conforto, e se desafiou o tempo todo a gravar o melhor disco da banda até então. Conseguiram, se superaram e lançaram esta obra-prima que vendeu 5 milhões de cópias somente nos EUA. Conforme os singles iam sendo lançados os fãs iam percebendo a dimensão do trabalho que a banda estava lançando. Os singles foram "Bullet With Butterfly Wings", "1979", "Tonight, Tonight", "Zero", "Muzzle" e "Thirty-Three". Além do sucesso de crítica e público, o disco também rendeu alguns Grammy's para a banda. Os próximos trabalhos da banda fugiriam um pouco do rock tradicional e alienaria sua base de fãs, contribuindo para o fim do grupo, em 2000. Como atualmente as bandas de rock parecem adorar anunciar o encerramento de atividades e depois retornar, este foi o caso também com os Smashing Pumpkins, que retornaram à ativa em 2005. Recentemente, a banda tocou na edição brasileira do Lollapalooza, tendo sido considerado um dos melhores shows do festival!

Anthrax - "Stomp 442" - este álbum marca o início de tempos difíceis para o Anthrax. Pra começar, foi o primeiro sem o guitarrista Dan Spitz - nenhum substituto foi encontrado a tempo de gravar os solos no disco, que são divididos entre Paul CrookDimebag Darrell e o baterista Charlie Benante. Outro ponto de dificuldade foi a falta de promoção da gravadora, no lançamento do álbum. Este problema eventualmente levou a banda a sair da gravadora para o próximo disco. E o momento nesta época de 1995 também não era muito favorável para as bandas tradicionais de heavy metal - o nu metal ganhou muita força e tinha a preferência de muitos fãs, além do grunge que ainda tinha muito espaço na mídia. Diante de tantas dificuldades, temos um álbum um pouco irregular, sem aquele punch que se espera do Anthrax. Ainda podemos destacar as canções "Fueled" (o vídeo clipe desta canção parece ter influenciado o vídeo clipe de "Fuel", do Metallica...), "King Size" e "Perpetual Motion". O guitarrista Paul Crook excursionou com a banda e tocou no próximo álbum também, mas nunca foi efetivado como membro da banda. Em 2001, Rob Caggiano foi efetivado como guitarrista e permaneceu com a banda até recentemente, quando foi substituído por Jon Donnais. A banda atualmente está em estúdio para gravar o sucessor do excelente "Worship Music", com previsão de lançamento para ainda este ano.

Alice In Chains - "Alice In Chains" - já falamos do projeto paralelo de Layne Staley (Mad Season) e no mesmo ano, Layne conseguiu reunir forças para gravar seu último álbum de estúdio com os companheiros de banda (um último álbum acústico, gravado de uma apresentação ao vivo, ainda seria lançado). Já em estado avançado no vício em heroína, a participação de Layne foi reduzida, com diversas canções do disco sendo cantadas pelo guitarrista Jerry Cantrell. Aliás, Cantrell é o principal compositor do disco, e Layne ficou mais com a tarefa de escrever a maioria das letras (Jerry escreveu as letras onde ele faz o vocal principal - "Grind", "Heaven Beside You" e "Over Now"). Apesar dos problemas relatados, o álbum tem qualidade e não faz feio na discografia da banda, apesar de não ser de fácil assimilação. Os destaques ficam para as canções com o vocal de Jerry - "Grind" e "Heaven Beside You" - além de "Sludge Factory" e "Again". O álbum estreou no topo da parada norte-americana, só que a banda não pode excursionar para promovê-lo, dadas as condições de Staley. O único show seria a apresentação acústica para a MTV, que rendeu o CD e DVD "MTV Unplugged" da banda.  Em 2002, Layne faleceu de uma overdose de heroína e o grupo só se reuniu novamente em 2005, quando tocaram em evento beneficente. No ano seguinte, William DuVall entrou na banda e o grupo voltou à ativa com tudo, já tendo lançado mais dois álbuns de estúdio. Tocaram duas vezes no Brasil, uma no festival SWU de 2011 e outra no festival Rock In Rio de 2013. Que continuem vindo ao nosso país, serão sempre muito bem recebidos! 

Rolling Stones - "Stripped" - este álbum dos Rolling Stones veio depois da gigantesca turnê que promoveu o álbum "Voodoo Lounge", a primeira a passar pelo Brasil, e é uma coleção de gravações ao vivo em pequenas casas de shows, algumas gravações de estúdio sem overdubs e outras pérolas, como as versões inéditas para "Like A Rolling Stone" (cover de Bob Dylan e gravada em um show em Londres) e "Little Baby" (cover de Willie Dixon, gravada em um estúdio em Tóquio, no Japão). Um álbum delicioso com repertório inspirado, privilegiando canções não tão conhecidas em versões que valem a pena conferir. Eu destacaria "Shine A Light", "Dead Flowers" e "Slipping Away", além das canções já citadas. Apesar de não ser um disco de estúdio, conseguiu entrar no Top 10 das paradas britânica e norte-americana e vendeu bem na época - e foi um dos primeiros CDs a trazer uma seção multimídia, que funcionava em um computador (a Internet ainda não tinha decolado e os notebooks ainda eram minoria). Um álbum que definitivamente vale muito a pena uma audição atenta!

Raimundos - "Lavô Tá Novo" - depois de estourar na mídia com o excelente álbum de estreia, auto-entitulado, a banda retornou ao estúdio, agora já por uma grande gravadora, e resolveu diminuir um pouco a influência de forró e insistiu mais na influência hardcore. As letras continuavam provocativas, apostando em uma linguagem direta e explícita, que continuou agradando aos fãs. Mais sucessos surgiram neste disco, como "Eu Quero Ver O Oco", "O Pão Da Minha Prima", "Esporrei Na Manivela" e, principalmente, o grande sucesso "I Saw You Saying (That You Say That You Saw)". Com tantos sucessos, o disco vendeu muito e a banda excursionou extensivamente, incluindo participações nos principais festivais de rock da época, como Monsters Of Rock e Hollywood Rock. Foi um álbum com produção mais caprichada, estruturas musicais mais evoluídas, um grande passo que a banda deu rumo ao estrelato. A banda ainda faria sucesso por mais alguns anos, até que o vocalista Rodolfo se converteu e resolveu deixar a banda. Os Raimundos tiveram muitas trocas de integrantes e problemas com gravadoras, porém recentemente a banda se estabilizou e voltou a fazer um pouco de sucesso, agora com Digão nos vocais e na guitarra.

Planet Hemp - "Usuário" - este disco de estreia do Planet Hemp foi revolucionário. Com uma sonoridade misturando rock, hardcore, funk e hip hop (e até pitadas de samba), e uma ideologia defendendo a legalização da maconha, a banda chegou chocando os setores mais conservadores da sociedade e impressionando os jovens que começaram a lotar seus shows e acabaram transformando a banda em uma das maiores sensações dos anos 90. Destaque para os sucessos radiofônicos "Legalize Já", "Fazendo A Cabeça" e "Mantenha O Respeito", além de grandes faixas com letras ácidas como "Porcos Fardados", "Mutha Fuckin' Racists" e "Bala Perdida". A banda passou a ser perseguida e chegou a ser presa, mas continuou divulgando seu trabalho com mais dois álbuns de estúdio, até declararem o fim do grupo. Algumas poucas reuniões aconteceram, sendo a última um show no Circo Voador em 2012. Depois do fim da banda, Marcelo D2 entrou em uma bem-sucedida carreira solo, que se afastou um pouco do rock, flertando mais com hip hop e samba. BNegão, o outro vocalista da banda, continuou no mundo underground, com sua banda BNegão & Seletores de Frequência; o baterista Bacalhau foi tocar com os Autoramas; Black Alien, que substituiu BNegão durante um tempo na banda, continua na ativa, e já fez diversas participações em discos de famosos.

Tremenda satisfação rever todos esses discos lançados em 1995 e relembrar momentos especiais vividos naquela época. Esta série de posts dá um trabalho danado pra fazer, mas a satisfação e o prazer de relembrar épocas passadas compensa!

Um abraço rock and roll e até o próximo post!!

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