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domingo, 11 de janeiro de 2015

Os discos que mais me impressionaram na primeira audição

Este post é altamente pessoal e emocional. Vou falar dos discos que mais me impressionaram quando escutei pela primeira vez. Sabe aquele disco que você coloca pra tocar e te dá aquele baque? Desses que vou falar. Talvez nem sejam os melhores discos de todos os tempos, mas são álbuns que marcaram a vida de uma pessoa - eu!


Então vamos lá, quase vinte discos que tiveram tremendo impacto quando os escutei pela primeira vez. Talvez muitos tenham sentido o mesmo impacto com muitos desses discos. Tentei colocar em ordem cronológica de minha descoberta, pra facilitar minha escrita e contextualizar direitinho.

Black Sabbath - "Vol. 4" - quando você começa a escutar rock, geralmente tem um roqueiro mais velho te dando as primeiras dicas, falando das bandas e discos que você deve escutar. Eu comecei com o boom da apresentação do Kiss no Maracanã, em 1983, migrei para o heavy metal do Iron Maiden um pouco depois e aos poucos fui descobrindo outras bandas. Você começa a ler revistas especializadas pra te ajudar nessas descobertas. Lê as entrevistas de seus ídolos e começa a querer escutar o que influenciou eles. Se você é fã de heavy metal, não tem jeito, uma hora você vai esbarrar e vai ter que descobrir o Black Sabbath. Comigo não foi diferente, tinha escutado algumas músicas mais famosas num desses K-7 que o pessoal fazia antigamente. Tinha "Iron Man", "Paranoid" e "War Pigs", se a memória não falha. Num belo sábado de manhã, lá fui eu pra Madureira (subúrbio do Rio de Janeiro), olhar ali nas escadarias dos antigos cinemas Madureira 1 e 2 pelos vinis que eram vendidos pelos camelôs. Procurava por um disco do Sabbath. Me deparei com essa capa de Ozzy com os braços pra cima. Existe algo hipnotizante nesta capa, peguei o disco pra olhar e não desgrudei mais. Não tem outra palavra pra descrever o impacto ao escutar pela primeira vez canções como "Wheels Of Confusion", "Supernaut", "Snowblind" e "Cornucopia": C-A-R-A-L-H-O!! Foi tipo amor à primeira escutada, não tem outra explicação. Conforme eu tinha grana, eu sempre ia atrás de um disco do Sabbath, não tinha jeito. Depois de comprar toda a discografia oficial, parti pros bootlegs, e daí em diante. Talvez a banda que mais gostei em toda a minha vida. Os pais do heavy metal, onde começou a coisa toda. Viva o Black Sabbath!

Black Sabbath - "Heaven And Hell" - então eu descobri o Black Sabbath, e sempre corria atrás de discos com Ozzy Osbourne nos vocais, claro, todo mundo te fala que o Sabbath com Ozzy que é bom, o resto não presta e coisa e tal. Um belo dia, um amigo meu aparece no portão da minha casa com um monte de discos que ele pegou com alguém que se desfez de uma belíssima coleção. Tinha Mercyful Fate, King Diamond, Venom, Slayer, Judas Priest e tinha... Black Sabbath. Estava eu e outros amigos roqueiros que rapidamente avançaram no espólio de vinis e eu, claro, avancei no disco do Sabbath. Só depois que acabei vendo que era um disco sem Ozzy nos vocais. Na hora fiquei puto, mas já era tarde, a partilha já tinha sido feita e me sobrou aquele disco, com uns anjinhos fumando e jogando cartas. Até achei a capa maneira, mas sem o Ozzy? Resisti uns dois dias sem escutar o disco... Mas você é moleque, curioso, nada pra fazer, vamos lá, peguei o disco, coloquei no prato sem nenhuma pretensão... Um riff mortífero já abre o álbum de forma maravilhosa, e te desarma completamente. Pensei comigo, é Sabbath mesmo, olha esse riff! Sem cerimônias, uma voz melódica e épica aparece pra te cativar para sempre. Sim, era o baixinho Ronnie James Dio, estreando na banda, e eu descobrindo o mestre ali, naquele momento sublime de redenção, de perceber que sim, existia qualidade (e muita!) no Sabbath, mesmo sem o Ozzy nos vocais. Foi uma quebra de paradigma, abrindo totalmente as portas de meus ouvidos para todas as fases da banda e para a carreira deste cantor que eu descobri. Se você ainda possui esse preconceito com relação ao Sabbath, repense agora mesmo. Procure escutar todas as fases e descobrir por si próprio se você realmente não gosta de alguma fase. Particularmente, eu adoro todas!

Led Zeppelin - "Led Zeppelin II" - todo mundo me falava pra escutar o ultra-mega-famoso "Led Zeppelin IV", e eu já conhecia, óbvio, "Stairway To Heaven", "Black Dog" e "Rock And Roll". Sim, eu gostei muito, mas não foi esse impacto todo. Num belo aniversário, um amigo meu me presenteou com este "Led Zeppelin II". Cara, o que era aquilo, logo de cara entrava "Whole Lotta Love", a única que conhecia na época, e as surpresas positivas começavam a aparecer uma atrás da outra, do começo ao fim do disco, em especial com "Heartbreaker", meu riff preferido do Zeppelin até hoje; o esporro sonoro de bateria de "Moby Dick"; e outra preferida minha, "Bring It On Home", aquele comecinho calmo, gaitinha, bem blues, até que um riff atômico toma conta da música, foi neste disco que me apaixonei pelo Led Zeppelin, que percebi o gigante na guitarra que Jimmy Page é, o monstro das baquetas que John Bonham foi. Escutar este disco do começo ao fim é um orgasmo auditivo, com certeza!

Deep Purple - "In Rock" - das três bandas da santíssima trindade, o Deep Purple com certeza foi a última que conheci em maiores detalhes. Comecei escutando a canção "Perfect Strangers" na rádio, depois mais alguns clássicos em festas. Numa dessas festas, alguém colocou pra tocar, do começo ao fim, o "In Rock". Praticamente deixou de ser festa pra mim. Quando percebi, estava ao lado do toca-discos, colado na caixa de som pra escutar o disco. E tome "Speed King", os duelos entre Ritchie Blackmore e Jon Lord, Ian Gillan botando os pulmões pra fora em "Child In Time", uma música melhor que a outra, foi outro momento de mudança no que eu escutava, com certeza. O momento em que você começa a correr atrás de tudo que a banda e seus membros fizeram. Só que, no caso do Deep Purple, esta é uma lista muito, muito grande. Felizmente, faz muito tempo que descobri eles, acho que já deu tempo de conhecer praticamente tudo que eles fizeram ao longo de uma carreira cheia de mudança de integrantes mas também muito brilhante. Ando com uma saudade de um show deles...

Rush - "Moving Pictures" - eu era novinho, nem curtia muito música ainda, e já conhecia a introdução de "Tom Sawyer". Pro pessoal que não lembra ou não sabe, essa introdução era utilizada na série Profissão Perigo - nome inventado pela Rede Globo ao passar a série norte-americana MacGyver, que nos EUA não utilizava a música do Rush como introdução. Conforme fui entrando no mundo do rock, o nome da banda era citado diversas vezes, seja por amigos que me recomendavam escutá-los, seja por bandas famosas que se diziam influenciadas pelos canadenses (o encarte do "Master Of Puppets" trazia agradecimentos aos membros da banda, por exemplo). No rádio, tocava uma que outra, tipo "Spirit Of Radio", "Closer To The Heart" e a própria "Tom Sawyer". Enfim, algum amigo (não me lembro quem exatamente agora) resolveu me influenciar e me emprestou o "Moving Pictures". Meu amigo ficou sem ver seu disco por uns seis meses, eu chegava do trabalho e nem tirava a roupa, já ia colocando a bolacha no toca-discos. A primeira audição foi sem surpresas na primeira música, era o sucesso mais que manjado (que já me impressionava bastante com a performance de bateria de Neil Peart...). A partir do fim daquela música, meu queixo começou a cair canção após canção. Era muito talento, muita melodia combinada com excelentes arranjos, foi meu cartão de entrada para a fantástica discografia desses canadenses. Levei um bom tempo para digerir as diversas fases da banda: a primeira fase hard rock, a fase progressiva que se encerra com este álbum, a fase eletrônica, a nova fase, os discos atuais... E imaginem só, eu vi o Rush ao vivo duas vezes! Nunca tive nenhuma esperança de ver os caras ao vivo, eles só excursionavam nos EUA, de vez em quando na Europa, já vi duas vezes, felicidade total! Mas não ligaria de ver mais uma vez, turnê de 40 anos tá sendo pensada, incluam o Brasil!!

Judas Priest - "British Steel" - naquela leva de discos que incluía "Heaven And Hell", havia uma outra pérola que também me impressionou bastante. Essa capa com uma lâmina de barbear e o nome da banda nela era bastante peculiar e atípica para uma banda de heavy metal. Talvez por isso, quando coloquei as mãos neste álbum, não liguei muito: catei uma fita K-7 e gravei o disco nela, pra escutá-lo depois. Gravei na pressa e nem escrevi o que tinha na fita... Um belo dia, fuçando e tentando botar ordem nas minhas fitas, achei essa sem nada escrito e coloquei-a pra tocar, pra ver o que tinha nela. Logo de cara entra o grande clássico "Breaking The Law", aquele riff fantástico, e Rob Halford começa a soltar a voz, o refrão marcante, e sem cerimônias uma música melhor que a outra começa a tocar, "Rapid Fire", "Metal Gods", "Living After Midnight", sensacional! Não teve jeito, outra banda que entrou na minha lista de preferidas e que eu tinha que explorar a discografia. Alguns anos depois, esta banda foi anunciada, para minha felicidade, no dia metal do segundo Rock In Rio. Apenas a primeira de várias vezes que vi os caras ao vivo. E terei novamente a felicidade de vê-los agora, no Monsters of Rock!!

Rainbow - "Rising" - depois que eu descobri a voz fantástica de Ronnie James Dio no Black Sabbath, fui correr atrás de outros trabalhos dele. Como eu já conhecia o Deep Purple também, foi natural correr atrás do Rainbow. Comecei com o "Long Live Rock 'N' Roll", e não tive o mesmo impacto que tive quando escutei o "Heaven And Hell". Fui pro primeiro disco da banda, costuma ser o disco mais forte, gostei mais que o anterior, mas ainda não era o tal. Não se engane, gostei dos dois álbuns, mas ainda não tinha sentido aquele tesão imediato, o tal impacto que este post está falando. Só faltava o segundo disco, "Rising", fui atrás dele e não foi fácil, o Rainbow nunca teve seus discos facilmente vendidos por aqui. Encontrei ele lá pela Tijuca (na época era longe, hoje moro no bairro, o tempo passa...), naquelas lojas especializadas em heavy metal, não lembro exatamente em qual delas. Aí sim, quando escutei este, foi o clique que estava faltando, tesão total, em especial pelas duas longas faixas que o encerram, "Stargazer" e "Light In The Black". Ali encontrei Dio em uma de suas melhores performances de estúdio, talvez comparável somente com o disco do Sabbath já citado. Blackmore era outro que estava muito inspirado quando fez este álbum, absurda a qualidade de suas composições aqui. E ainda tinha Cozy Powell, meu primeiro contato com ele foi neste disco. Um baterista incrível que eu ainda iria escutar em muitas outras bandas e projetos. Pena que um acidente estúpido acabou tirando sua vida, provavelmente ainda estaria produzindo muita música boa até os dias de hoje!

Pink Floyd - "Dark Side Of The Moon" - a vida sem os amigos não é nada, nem vale a pena. Se os amigos são roqueiros, aí melhora ainda mais... Amigo de colégio, sempre tem aqueles trabalhos em grupo, chatos demais de se fazer... O cara sabia que eu já curtia muita coisa pesada, e tinha um outro maluco roqueiro também no grupo, e acho que tinha uma menina também, ele deve ter aproveitado pra impressionar todo mundo de uma vez só, ou só a menina, nunca perguntei pra ele, acabei perdendo contato com ele... Mostrou a capa do disco pra gente, disse que iríamos gostar. Colocou no toca-discos e voltou pra mesa pra continuarmos a fazer o trabalho. Minha participação no trabalho, deste momento em diante, ficou bastante prejudicada. Parecia que eu estava hipnotizado com aquele som que emanava das caixas de som, a fluência das músicas, os solos, as linhas vocais, aquela mulher cantando muito, foi impressionante demais. Foi fácil correr atrás deste disco depois, era só falar que era o disco com o prisma e o arco-íris na capa. E acabou virando um dos meus discos preferidos a escutar quando eu queria estudar. Desnecessário falar que depois dessa ocasião eu corri atrás de tudo do Pink Floyd, né...

Metallica - "Master Of Puppets" - fui no Madureira Shopping uma vez e acabei conhecendo uma loja de discos que tinha no terceiro andar, pertinho da praça de alimentação. Não lembro o nome. Fiquei namorando este disco do Metallica por uns dois ou três meses. Era importado, a banda não era tão conhecida assim na época, e era caro, então esse tempo todo foi pra juntar grana pra comprar. Eu conhecia algumas músicas do disco anterior ("Ride The Lightning"), isso tudo aconteceu por volta de 1988, a banda ainda nem tinha lançado o "...And Justice For All". Eu trabalhava na padaria que pertencia ao marido de uma prima minha, e o pagamento era semanal, toda segunda. Uma bela segunda, a grana sendo juntada alcançou o montante e eu parti para o shopping. Era corriqueiro eu fazer isso nas segundas-feiras, eu me despencava pra algum canto da cidade que possuía uma loja de discos e ficava lá de tarde fuçando e quase sempre voltava com algum vinil ou fita K-7. Voltei pra casa e imediatamente coloquei o vinil pra tocar. A capa do disco, imponente, fiquei olhando os detalhes enquanto começavam aqueles suaves acordes. Pensei logo que tinha feito um mau negócio, tava esperando um thrash metal, começam esses acordes... Não tem como descrever o que você sente quando escuta pela primeira vez um dos melhores álbuns de heavy metal de todos os tempos. Uma porrada na orelha, ao mesmo tempo que ultra bem tocado e melódico. Toda aquela epopeia que era a faixa-título, até hoje me impressiona. Começava ali a minha fase de tara pelo Metallica, que durou um bom tempo, colecionando até fita de vídeo pirata do show de São Paulo em 1993 que não pude ir. A banda iria me decepcionar alguns anos depois, com discos irregulares e mudanças estranhas de visual. Ainda mora no coração, apesar dos pesares...

Megadeth - "Rust In Peace" - eu já conhecia o Metallica, também conhecia o Slayer, e tava adorando as duas, estava gostando muito de thrash metal, então parti pro Megadeth, afinal o Dave Mustaine tinha saído do Metallica... Comecei pelo primeiro disco da banda, "Killing Is My Business... And Business Is Good!", gostei, só que acabei pulando e indo escutar a seguir o disco que eles tinham lançado mais recentemente na época, que era o "So Far, So Good... So What?", e aí não gostei (pra falar a verdade, até hoje esse álbum não me agrada muito...), aí acabei dando um tempo da banda. Coisa de um ano depois, a banda estava lançando um novo disco, e nem dei muita importância. Um tempo depois, fui na casa de um amigo e peguei uns discos emprestado com ele, acabou vindo sem querer o "Rust In Peace" junto. Sem querer nada, meu amigo deve ter enxertado ele ali pra que eu escutasse, já fiz isso com outros amigos... Bendito amigo, bendito dia que esse disco veio sem querer parar nas minhas mãos! Você coloca pra escutar e dá de cara com "Holy Wars"!! E tome pancada, uma atrás da outra: "Hangar 18", "Take No Prisoners", "Five Magics", ufa! O incrível é que dias depois eu peguei uma revista BIZZ pra ler, acabei na seção que trazia as resenhas para os lançamentos e trazia uma crítica porca do André Forastieri, dizendo pra ficar longe desse disco, só porque o Mustaine tinha se internado pra tratar de seu vício em drogas. No mínimo, ele nem escutou o disco. Foi a última edição da BIZZ que li...

Motörhead - "Overkill" - tá ficando repetitivo falar da Fluminense FM, mas não tem jeito, sempre ela... Tinha um programa chamado Módulo Covardia, tocava uns 35, 40 minutos de músicas de um mesmo artista ou banda. Naqueles tempos de vacas magras, moleque que era sem emprego ou com subemprego ganhando pouquinho, esse programa era valioso. Num desses programas, conheci diversas canções do Motörhead, banda que conhecia pra valer mesmo somente os clássicos "Ace Of Spades" e "Orgasmatron". Naquele programa, praticamente só tocaram música antiga: tinha "Iron Horse", do primeiro disco, tinha "Sweet Revenge" do "Bomber"; as que eu já conhecia; e tinha umas duas ou três do "Overkill": a faixa-título não estava, estavam com certeza "Capricorn" e "Metropolis". Foi o suficiente pra eu ir atrás deste disco, outra dificuldade pra achar, mas acabei conseguindo nos camelôs de Madureira. Ao escutar, me deparo, logo de cara, com aquela introdução monstruosa de bateria na faixa-título, fora o final que ficava repetindo, me ganhou na hora. Ainda tinham as duas músicas do programa, e mais: "Stay Clean", "Damage Case", um disco totalmente desbundante que me fez correr atrás dos demais discos que tinham faixas apresentadas no programa. Pra você, roqueiro carioca mais novo, que se contenta com as atuais opções no nosso dial, te digo que você perdeu e muito; no passado sim, tínhamos uma grande opção de rádio rock...

Rolling Stones - "Sticky Fingers" - depois que você conhece um monte de bandas de heavy metal, hard rock, thrash metal, você acaba enjoando um pouco e começa a procurar a origem de tudo, as bandas que iniciaram a coisa toda. Dos Stones, eu conhecia as coisas mais manjadas há um tempo, tipo "Satisfaction", "Jumpin' Jack Flash" e uma ou outra a mais. Tentei escutar uns discos mais antigos, acho que o "Out Of Our Heads" e o "Aftermath", e não curti muito - meu ouvido ainda não estava muito treinado. Levei um tempo pra voltar a tentar outro disco da banda. Uma recomendação cirúrgica de um amigo (ah, os amigos servem pra isso!) me colocou no caminho do melhor álbum dos Rolling Stones: "Sticky Fingers". O disco do zíper, como ele falou. Ali sim eu percebi a plenitude do talento dos caras, a força dos riffs, a influência do blues, lentinhas deliciosas recheando o disco, uma após a outra. Foi o passaporte para uma série de bandas do passado que também tinham som fortemente influenciado pelo blues, e para os artistas de blues propriamente ditos: os Stones sempre gravaram muitas covers deles e eu sempre fui curioso e quis escutar a versão original da cover. Uma aula das origens de rock, sem dúvida nenhuma!

Queen - "A Night At The Opera" - já falei do preconceito para com as fases do Sabbath sem Ozzy, devidamente curado com "Heaven And Hell". Com o Queen, havia também um preconceito: pelas músicas que mais tocavam nas rádios, tipo "Radio Ga Ga" e "I Want To Break Free", eu nem me arriscava a descobrir o trabalho da banda nos anos 70. Não achava a banda ruim, mas longe de ter a importância que eu dou hoje aos caras. Freddie Mercury teve que falecer para eu dar o devido valor... Depois da morte dele, começaram a tocar direto nas rádios, para minha sorte e felicidade, "Bohemian Rapsody". Adorei a canção, fui rapidamente procurar em qual disco ela estava. Tava sem grana pra comprar em lojas de discos normais, nenhuma promoção rolando, apelei para um sebo que tinha ali no Méier, na Dias da Cruz com a Hermengarda, bem escondidinho. Achei este disco e o primeiro do Van Halen (ver abaixo). Voltei pra casa, bolacha no prato, agulha na criança, e começa! Cara, era completamente diferente daqueles sucessos pop que rolavam nas rádios! A guitarra encantadora e poderosa de Brian May, Freddie Mercury abusando, cantando muito e ainda tocando piano, a cozinha impecável, e não era só Freddie cantando, eram todos, quase um coral! E outra: o disco viaja do rockão riffento a uma música de cabaré, volta ao rock, fica suave e acústico, ganha contornos de ópera, fica romântico, uma montanha russa de sons e emoções que te deixa chapado no final da audição! Incrível como demorei a descobrir toda a potência que o Queen tinha nos anos 70. Depois que descobri também, não perdi tempo, passou a ser uma das bandas que mais escutava, e até hoje sempre coloco algum disco clássico deles pra escutar. Uma banda fundamental e altamente influente!!


Van Halen - "Van Halen" - pois então, procurando no sebo pelo disco "A Night At The Opera", do Queen, acabei achando esse primeiro do Van Halen. Conhecia algumas músicas da era Dave Lee Roth, que tocavam na Fluminense FM, curtia muito a versão para "Pretty Woman" que eles fizeram, e nem tanto as coisas da era Sammy Hagar (depois passei a gostar mais dessa fase). Mas nunca tinha escutado um disco inteiro da banda. Vi no sebo baratinho, em bom estado de conservação, aproveitei pra comprar também. Não esperava tanto do disco, dei mais atenção, ao retornar pra casa, pro disco do Queen. Como me causou um tremendo impacto o "A Night At The Opera", este disco do Van Halen ficou na geladeira um tempo. Lembro que finalmente, numa tarde de sábado, todos na casa saíram e o toca-discos que ficava na sala, mais potente, poderia ser utilizado sem problemas. Achei que era a oportunidade perfeita para ouvir o disco. A primeira, "Runnin' With The Devil", eu já conhecia e gostava, deixei rolar bem alto pra incomodar a vizinhança chata e curtidora de pagodes e funks. Alto estava, mais alto ficou na canção que veio a seguir: um desbunde instrumental total na guitarra, Eddie botando todo seu talento pra fora em "Eruption", e meu queixo lá no chão... No chão ele ficou conforme o disco ia se revelando, um puta disco de estreia, não teve uma música sequer nele que eu não tenha gostado de primeira. Em aulas de música na escola deveriam recomendar a audição de álbuns como este, de tão fundamentais que são! Uma pena a banda não ter retornado ao Brasil em tempos recentes para se apresentar, é uma das bandas que mais sinto falta de não ter visto ao vivo. A esperança é a última que morre, ainda tenho esperança que um dia verei esses caras ao vivo!

Pantera - "Vulgar Display Of Power" - já estava na faculdade, conhecia muita banda e diversos estilos, mas sempre estava querendo ouvir novas bandas. Um amigo meu da faculdade, guitarrista de primeira, me recomendou este disco, logo quando ele foi lançado, disse que era muito bom e tal. Pelo talento dele na guitarra, resolvi seguir a recomendação e corri atrás do disco, sem muito sucesso. Do Pantera, conhecia muito pouco, pra falar a verdade só a faixa-título do disco anterior, "Cowboys From Hell". Felizmente, a Fluminense FM (sempre ela para nós, roqueiros cariocas de longa data) fez um programa especial onde tocou o disco de cabo a rabo. Ciente de tal evento, rapidamente separei uma fita K-7 para gravar o programa (você acha sua vida difícil agora, só porque o Pirate Bay caiu, imagine vinte anos atrás...). Que noite foi aquela, ouvindo pela primeira vez este disco maravilhoso, só que tinha que aguardar as propagandas e ficar atento pra pausar a gravação, ao mesmo tempo que ia ficando embasbacado com a qualidade das porradas que iam se sucedendo. E tome "Mouth For War", "New Level", "Fucking Hostile", "This Love", impressionante demais. Nos meses que se passaram, a fita gravada com esta preciosidade foi tocada incessantemente por este blogueiro, totalmente chapado pela qualidade das músicas. Entre as músicas, rolavam as vinhetas da rádio, acabei acostumando com elas e acredite, até hoje, quando escuto o CD, fico esperando tocar a vinheta da rádio...
 
Alice In Chains - "Dirt" - Primeiros dias de 1993. Do Alice In Chains, eu conhecia os sucessos do disco anterior ("Facelift"; eu conhecia "We Die Young", "Man In The Box" e "Sea Of Sorrow", as músicas que tocavam na extinta Fluminense FM); conhecia também "Would?", primeiro single do novo disco; pra completar, a banda estava escalada pra tocar no Hollywood Rock (confira este post falando um pouco mais sobre esta edição do festival). Tava na loja de discos e vi esse dando bobeira, em alguma promoção (da época em que você entrava nas Lojas Americanas e encontrava discos de rock vendendo em abundância...). Comprei, fui pra casa, todo aquele ritual de abrir, tirar da capa de papel e daquele plástico que envolvia o vinil, encaixa no toca-discos, o ritual de levar a agulha ao começo da primeira faixa, aquele som típico de ovo fritando que tinha antes de começar a música, eu só na expectativa pra ver como era aquela primeira canção e de repente... bum! Me vem Layne Staley berrando impiedosamente! Você chega a tomar um susto quando escuta a primeira vez. Conforme o disco rolava, o impacto aumentava, um puta álbum de primeira, tinha música pesada, música mais arrastada, música lentinha, tudo muito bem tocado, virou o vinil mais presente do meu toca-discos daquele começo de ano. Mais de vinte anos depois, ainda adoro este álbum, sua qualidade é impressionante, e como dá saudade de Layne quando o escuto. Depois do impacto de escutar este álbum, fui no festival, adorei o show, e virei fã incondicional da banda, até hoje. Longa vida ao Alice In Chains, e que voltem mais vezes ao Brasil!!

The Who - "Tommy" - eu já conhecia bastante o The Who. Até tinha uma coletânea deles, com aqueles sucessos todos dos anos 60. Já tinha escutado o "Who's Next", que hoje considero o melhor disco da banda, mas na época fui gostando dele aos pouquinhos. Mas tinha um amigo que sempre me falava da ópera rock "Tommy", insistia que eu tinha que assistir ao filme. Dizia que tinha Tina Turner, que tinha Eric Clapton! Fiquei procurando alguém que tivesse, lugares que vendessem o filme, e nada. Procurando o filme, acabei achando o CD da banda, não vacilei e comprei. Longo CD, mais de uma hora de música, já era época de discman, coloquei o CD pra tocar no meu e deitei pra escutar. Me lembrou a primeira audição do "Dark Side Of The Moon", fiquei meio hipnotizado, deitado ali com os fones no ouvido, que liberavam música tão prazerosa que ia num crescendo impressionante, contando aquela história louca do surdo-mudo que aprende a jogar pinball (sempre adorei jogar pinball, mais até que vídeo game, foi identificação instantânea!) e vira uma espécie de profeta que é seguido por um monte de gente. Eu gostava do The Who, mas depois de escutar "Tommy", eles subiram muito no meu conceito, e começou a fase em que eles acabaram virando minha banda preferida. Junto com o Van Halen, é a banda que mais sinto falta de não ter visto ao vivo, mas a esperança está vivinha da silva, turnê de 50 anos no pedaço, vai que o Brasil é incluído... Estou na torcida!!

Genesis - "Selling England By The Pound" - demorou até que eu descobrisse mais a fundo as bandas de rock progressivo, aquelas mais clássicas e importantes. Tirando o Pink Floyd, que descobri cedo e explorei logo os principais álbuns, as outras levaram tempo. O Genesis, em particular, ainda trazia um certo preconceito de minha parte: as poucas coisas que eu conhecia eram da fase com Phil Collins nos vocais, coisas dos anos 80, bem pop e que eu considerava completamente sem relevância (até hoje não encaro muito essa fase, pra falar a verdade). Não me impressionava o fato do Peter Gabriel ser o vocalista da fase anterior: o que eu conhecia dele era aquela "Sledgehammer", que também considerava sem grande relevância. Aí você vai evoluindo, vai lendo revistas especializadas e opiniões de roqueiros que você considera com bom gosto e eles te indicam a fase com Gabriel como o auge da banda. Seguindo a opinião dos grandes experts fui escutar o "The Lamb Lies Down On Broadway", e não gostei. Não captei a ideia e a força do álbum naquela época. Não me dei por vencido e parti para outro disco muito elogiado, "Selling England By The Pound". Aí sim, caiu a ficha. Mais um disco hipnotizante que me cativou pela beleza, pela unidade do todo. Coisa de álbum mesmo, de você ouvir do começo ao fim, sem exceções. Aquele canto a capela de Peter abrindo o disco já me impressionou positivamente, e o sentimento só foi aumentando conforme aquela primeira canção se desenvolvia. Aí entra "I Know What I Like" e foi reconhecimento imediato: já conhecia a canção fazia muito tempo, ela fazia parte da vinheta de um programa antigo da Transamérica aqui do Rio. E aí entram aquelas longas canções, viagens que se aproximam de dez minutos de duração, até passam. Todo o poder do rock progressivo, músicos incríveis que juntos se transformavam em uma unidade coesa e imbatível. Até os dias de hoje este disco é o meu preferido do Genesis, e escutá-lo me dá uma sensação de prazer inenarrável. Uma sensação que só discos clássicos de rock progressivo como esses proporcionam. Será que algum dia rola uma reunião dessa formação clássica? Acho que não, melhor não viajar muito na maionese...


Jethro Tull - "Aqualung" - Jethro Tull era uma banda que eu não conhecia praticamente nada mesmo, somente a faixa-título deste álbum, a famosa "Aqualung". Minto: conhecia também "Cross-Eyed Mary", só que na versão irada do Iron Maiden. Eu trabalhava no Centro do Rio de Janeiro (até hoje trabalho...) na época, no comecinho da rua Uruguaiana. Tinha cartão de crédito, e sabia o dia exato que ele virava. Era o dia que eu andava até a Sete de Setembro, até a galeria onde ficava minha loja de discos preferida, a Gramophone. Eram três andares de CDs, sendo que eu ignorava completamente os dois primeiros; era no terceiro que ficavam os títulos de rock internacional. Tinha muita coisa lá, e o preço era razoável, muitas vezes as promoções atingiam até os títulos importados. Enfim, foi lá que vi o "Aqualung" dando bobeira, numa boa promoção, eu já conhecia a faixa-título mesmo e uma outra coverizada, valia a pena arriscar. Cheguei em casa de noite, já tinha um som decente no meu quarto, não precisava ficar usando o som da sala. Cheguei, troquei de roupa e já fui colocando o CD pra escutar. Primeira música conhecida, beleza, sem surpresas. Aí começa a música que eu achava que conhecia. Nunca que eu ia imaginar que a abertura da segunda canção era na flauta! O Maiden mandou na guitarra, fiquei esperando uma guitarra que nunca veio. Só que era uma versão diferente entretanto deliciosa, encaixando no contexto daquele álbum que se desenvolvia e que eu ia percebendo o quão excelente era. Variava de canções acústicas lindas e deliciosas até rockões climáticos poderosos, com a flauta de Ian Anderson se distribuindo e contribuindo fortemente para um pouco do ineditismo do álbum. Na mesma Gramophone eu achei mais alguns discos do Jethro Tull, mas nenhum com o impacto que este me causou. Recentemente, ao comprar a versão comemorativa de 40 anos do álbum, eu revivi um pouco este impacto, uma excelente versão que recomendo a quem adora este disco como eu!

Death - "Symbolic" - houve uma época em que resolvi conhecer um pouco mais as bandas de death metal. Já era o tempo do CD, já tinha MTV pra divulgar os vídeos, e naquela época o canal ainda tinha programas voltados para a música, em especial a música pesada, "Fúria Metal" (depois virou "Fúria MTV" e depois virou cinza...). Devo ter visto algum vídeo que gostei de alguma banda de death metal, não lembro qual. Resolvi comprar alguns CDs de bandas mais extremas, esse era o meu objetivo na época. E lá fui eu para Madureira, andando pelo comércio passei por uma galeria que mais servia como atalho entre a Maria de Freitas e a Edgard Romero. Novidade, nesse dia que passei uma pequena lojinha de CDs tinha inaugurado e entrei pra fuçar. Logo de cara, encontrei um CD do Cannibal Corpse ("The Bleeding", meu preferido deles), outro do Obituary ("World Demise", que acabei nem gostando tanto assim, mas me levou a conhecer e descobrir os discos anteriores, que são meus favoritos) e quase na última fileira de CDs achei esse disco do Death. Já tinha lido alguma coisa sobre a banda na Rock Brigade, então fui pro caixa com os três, a vendedora me olhou meio assim, meio assado, sem saber direito que aquelas doideiras estavam disponíveis para venda na loja que ela trabalhava. Voltei pra casa e acabei escolhendo o "Symbolic" como a primeira audição. Estava esperando algo extremamente violento e rápido. Só que começou a tocar um álbum extremamente técnico, pesado, o vocal único de Chuck Schuldiner, muitas melodias complexas, que puta disco eu tinha comprado!! Só sei que os outros dois discos que comprei acabaram esquecidos por um tempo, acabei viciado e escutando este CD do Death direto por quase um mês. Tinha que mostrar minha nova aquisição pros meus amigos roqueiros mais chegados, pra ver se eles iam gostar tanto quanto eu tinha gostado. Batata, o CD acabou na mão de uns quatro, cada um ficou quase dois meses com o CD, acabei escutando novamente meu disco quase no fim do ano...

É isso, os discos que mais me impactaram, aquele impacto da primeira vez que você escuta e fica apaixonado pela banda. E você, quais foram os álbuns que te impressionaram mais na primeira audição?

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