No post sobre 1981, falamos um pouco sobre Guerra Fria, atentados e AIDS. 1982 seria um ano de guerras: a Guerra das Malvinas, onde a Argentina acabaria derrotada pela Inglaterra, e a guerra entre Israel e Líbano, com os israelenses levando vantagem. As repúblicas que apoiavam a União Soviética começam a tentar movimentos separatistas e libertários, vide o surgimento do movimento Solidariedade, de Lech Walesa. Na economia, o México aplica um belo calote que acaba contaminando a América Latina, que entra em crise novamente (lembra algo atual, não?). Nos esportes, este ano fica marcado por uma seleção brasileira de futebol encantadora que acabou eliminada no jogo que ficou conhecido como "tragédia de Sarriá".
Musicalmente, uma tecnologia surge para revolucionar a experiência de se escutar música: o Compact Disc (CD) é lançado e rapidamente se tornou um fenômeno comercial, suplantando o vinil (décadas depois seria suplantado pela Internet e os downloads...). Veremos que o heavy metal começa a ficar forte no mercado internacional, mas este foi o ano em que o disco mais vendido de todos os tempos foi lançado - "Thriller", de Michael Jackson. As perdas deste ano também foram importantes - Randy Rhoads, num estúpido acidente aéreo e Elis Regina, no Brasil. Aliás, no nosso país, as bandas nacionais de rock começam a despontar, com o primeiro lançamento da Blitz, e Lobão, que lançaria seu primeiro disco solo após sair deste conjunto. Uma casa de shows marcante e que ajudaria bastante a catapultar a carreira de diversas bandas inicia suas atividades - estamos falando do Circo Voador, que até hoje tem sua importância musical e cultural no Rio de Janeiro.
Asia - "Asia" - supergrupo formado por remanescentes do Yes (Steve Howe e Geoff Downes, guitarrista e tecladista), ELP (Carl Palmer, baterista) e King Crimson (John Wetton, baixista e vocalista), eu chamaria o estilo deste disco de pop-rock progressivo. Sim, eles eram os garotos propaganda da marca Hollywood (nos comerciais aqui no Brasil, claro...) com seus singles, mas este disco tem qualidades além dos grandes sucessos, como por exemplo a ótima canção "Time Again". Também, não poderia ser diferente, dada a formação da banda com membros tão competentes. Para quem quer fazer festa com bons momentos dos anos 80, lembrem desta banda e seus sucessos, e esqueçam Paquitas, Trens da Alegria e afins. Nós, que vivemos nos anos 80, agradecemos!
É isto, chegamos ao fim desta retrospectiva de lançamentos do ano de 1982. Em breve, passearemos pelo ano de 1992, falando sobre os principais álbuns. Até lá!!
Triumph - "Never Surrender" - apesar deste álbum ter conseguido disco de ouro nos EUA (vendas acima de 500 mil cópias), sua gravadora esperava um sucesso maior e acabou realizando muito pouca promoção deste álbum - o próximo disco da banda já seria por outra gravadora. Apesar de conter boas faixas e manter o estilo hard rock, a qualidade do álbum é inferior ao seu disco anterior, "Allied Forces" (veja o post sobre o ano de 1981). Destaque para a faixa de abertura, "Too Much Thinking", e para as canções "A World Of Fantasy" e "All The Way". Ainda prefiro os trabalhos da banda nos anos 70...
Iron Maiden - "The Number Of The Beast" - esta foi a estreia de Bruce Dickinson na donzela. E que estreia! Sua performance e seu alcance vocal fizeram o som do Iron Maiden mudar consideravelmente, e músicas mais longas e complexas passaram a ser não só possíveis, como bem comuns. Desta mudança de som saíram grandes clássicos do heavy metal, como "Children Of The Damned", "22 Acacia Avenue", a incrível faixa-título, "Run To The Hills" e a melhor de todas, "Hallowed Be Thy Name", um épico fantástico e maravilhoso. Estamos falando de um disco que influenciou muita gente, de Kreator, Slayer e Metallica a Dream Theater! Este foi o último disco a contar com o baterista Clive Burr, que seria substituído pelo grande Nicko McBrain, mas esta é outra história. Por ora, fiquemos com um dos maiores discos do heavy metal!!
Scorpions - "Blackout" - este é mais um disco seguindo o estilo hard rock melódico que se iniciou no álbum "Lovedrive" e que levou os Scorpions ao mega-estrelato - o próximo álbum seria o grande estouro. Neste, mais rocks e menos baladas - temos grandes destaques como a faixa-título, "Dynamite" e "No One Like You". Uma curiosidade, da Wikipedia, é que o vocalista Klaus Meine teve sérios problemas com a voz (teve que operar as cordas vocais) e algumas demos foram gravadas com o vocalista Don Dokken. No final das contas, Meine se recuperou e conseguiu gravar o disco. Um bom trabalho destes alemães!
Misfits - "Walk Among Us" - apesar de o primeiro disco gravado pelos Misfits ter sido "Static Age", ele não viu a luz do dia até 1997. Então, este disco acabou sendo o primeiro da banda a ser lançado. Nesta época, a banda levava um som punk quase flertando com o hardcore. As letras, usando a temática de filmes B de terror, conquistou uma grande legião de fãs, apesar de nunca terem tido um grande sucesso comercial em termos de vendagem. Destaques para as canções "Vampira", "All Hell Breaks Loose" (coverizada pelo Sick Of It All) e "Mommy, Can I Go Out And Kill Tonight?". Nesta época, a banda ainda contava com Glenn Danzig nos vocais, mas por pouco tempo. No ano seguinte, ele sairia da banda e se dedicaria a outros estilos musicais na sua carreira solo. Com o sucesso na carreira solo de Danzig e artistas famosos fazendo covers (principalmente Metallica e Guns N' Roses), o interesse na banda aumentou bastante. Os irmãos Only e Doyle, após brigas judiciais, conseguiram um acordo para utilizar o nome da banda, excursionar e gravar novos álbuns. Atualmente, somente o baixista Only restou da formação original (eles tocaram no Brasil abrindo para o Anthrax recentemente). Mas este registro ficou para a história do punk e do rock como o primeiro lançamento dos mestres do horror punk!!
Van Halen - "Diver Down" - depois de quatro discos arrasadores, o Van Halen resolveu fazer um disco repleto de covers - 5 das 12 faixas eram covers - e se saiu muito bem. Logo de cara, temos a excelente "Where Have All The Good Times Gone!". Outros grandes destaques são as faixas instrumentais, onde Eddie exibe todo o seu talento de guitarrista, especialmente na canção "Intruder", que precede a excelente versão para "(Oh) Pretty Woman", de Roy Orbison. Das faixas compostas pela banda, destaco "Hang'em High". Um grande disco desta formação, que ainda lançaria mais um disco (o ultra-sucesso "1984") e se romperia, unindo-se novamente recentemente, e agora lançaram o arrasa-quarteirão "A Different Kind Of Truth". Como queria ver um show do Van Halen no Brasil!!
Motörhead - "Iron Fist" - último disco a ser lançado com a melhor formação do Motörhead: Lemmy, "Fast" Eddie Clarke e Phil Taylor. Este é um petardo um pouco inferior aos clássicos anteriores, mas ainda contém belas canções, em especial a faixa-título, um típico arrasa-quarteirão que só Lemmy e cia conseguem fazer. Talvez o disco não tenha a qualidade dos anteriores porque a banda estava em processo de separação: Clarke saiu logo no começo da turnê de divulgação, sendo substituído por Brian Robertson, ex-Thin Lizzy, que também não durou muito tempo na banda - somente um disco. A banda encontraria o guitarrista substituto um ano depois: Phil Campbell, que se manteve na banda até os dias atuais. Outro guitarrista que entrou na época, Würzel, acabou saindo em 1992 e faleceu recentemente. Um viva para o Motörhead e mais um belo disco na carreira da banda!
Rainbow - "Straight Between The Eyes" - apesar dos grandes músicos presentes, este disco não é tão impressionante quanto os discos da fase Dio do Rainbow, e até pode ser considerado inferior, por exemplo, ao disco anterior, "Difficult To Cure". Era Ritchie Blackmore buscando incansavelmente o sucesso nos EUA, agora já com o terceiro vocalista da banda (Dio e Graham Bonnet foram os outros dois). Esta busca acabou desgastando a banda, afastando os fãs de longa data e acabou provocando o fim da banda depois do lançamento do disco seguinte. Blackmore e Glover voltaram à formação Mk2 do Deep Purple e conseguiram sucesso neste retorno. Com o tempo, Blackmore brigaria feio com seus colegas de longa data e acabaria isolado, fora do rock e tocando com sua patroa, no seu projeto de música medieval chamado Blackmore's Night. Pouco para um guitarrista de tamanho quilate...
The Clash - "Combat Rock" - este é o penúltimo disco de estúdio da carreira da banda. O mais bem sucedido comercialmente, chegando a altas posições, tanto na parada inglesa quanto na americana. Deste disco, tiramos um grande clássico do punk e do rock, a excelente "Should I Stay Or Should I Go", e ainda temos a canção "Rock The Casbah", bem legal. E só. O resto do disco tem pouca qualidade, a banda flerta com tantos estilos que o álbum perde completamente sua unidade. Já podemos perceber que o grupo estava prestes a implodir completamente, o que aconteceu logo a seguir, com a expulsão de Mick Jones. O último álbum seria ainda pior, e a banda acabaria completamente. Minha sugestão é: compre (ou baixe) uma coletânea da banda que tenha as duas melhores canções e não perca tempo tentando descobrir ou relembrar este disco. Não vale a pena...
Saxon - "The Eagle Has Landed" - disco ao vivo gravado durante a turnê europeia do disco "Denim And Leather", este foi um lançamento para aproveitar o grande sucesso que a banda tinha na época. Pouco antes do começo da turnê, o baterista Pete Gill teve problemas na sua mão e teve que ser substituído por Nigel Glockler - é ele quem toca neste disco (permanece na banda até hoje, tendo sido substituído algumas poucas vezes). Os destaques do disco são os grandes clássicos que a banda tinha lançado no começo dos anos 80: "Motorcycle Man", "Princess Of The Night" e "Heavy Metal Thunder". Os próximos discos ainda teriam sucesso, mas conforme o metal farofa cresceu nos EUA, o Saxon e outras bandas que seguiam um heavy metal mais tradicional perderam espaço no mercado. O Saxon ainda tentou lançar discos com orientação mais comercial (como o álbum "Innocence Is No Excuse"), mas sem alcançar o objetivo de vendas muito elevadas.
Michael Schenker Group - "One Night At Budokan" - aproveitando a ótima dupla de álbuns lançados nos dois anos anteriores, com Gary Barden nos vocais, Michael Schenker aproveitou e lançou este petardo ao vivo, que cobre as melhores canções dos discos já citados, como "Armed And Ready", "Cry For The Nations", "Attack Of The Mad Axeman", "Lost Horizons", recheado com o grande clássico "Doctor Doctor", de sua banda anterior, UFO. A banda se completa com o excelente baterista Cozy Powell, Chris Glen no baixo e o ex-companheiro de UFO Paul Raymond na segunda guitarra e teclados. Gravado no Japão, na famosa casa de shows, é uma performance inspirada que nos traz talvez o melhor momento desta banda de hard rock (quer saber mais sobre a história de Michael Schenker? Confira este post). O vocalista Gary Barden seria substituído por Graham Bonnet (ex-Rainbow, ver abaixo a crítica deste disco com Bonnet), mas retornaria para salvar a próxima turnê e ainda gravaria mais um disco com a banda. Atualmente, Barden está de volta ao MSG, com Schenker alternando sua carreira solo com turnês com a banda. Um grande disco ao vivo!!
Judas Priest - "Screaming For Vengeance" - um dos grandes clássicos deste baluarte do heavy metal, este álbum contém músicas fortes que sobrevivem até os dias de hoje como petardos de elevado padrão de qualidade. Rob Halford estava cantando perfeitamente (quando não cantou...), os guitarristas K.K.Downing e Glenn Tipton se revezavam em solos inspirados e a cozinha de Ian Hill e Dave Holland segurava muito bem as pontas. A sonoridade deste álbum seria um divisor de águas e influenciaria dezenas e dezenas de bandas ao longo do tempo. Destaques para "Hellion/Electric Eye", a faixa-título, "You've Got Another Thing Comin'" e "Devil's Child". Um dos melhores álbuns de heavy metal de todos os tempos!!
Aerosmith - "Rock In A Hard Place" - este é um disco de transição na carreira da banda. A banda já havia perdido Joe Perry alguns anos antes, e durante as sessões de gravação perdeu seu outro guitarrista, Brad Whitford. Para os trabalhos nas seis cordas, além de Jimmy Crespo (que já estava substituindo Perry), Rick Dufay foi chamado. Não pode ser considerado um álbum de qualidade ruim, pelo contrário, com belos destaques como as canções "Jailbait", "Lightning Strikes" e a cover "Cry Me A River". Porém, sem a dupla de guitarristas originais, ficou faltando alguma coisa. Comercialmente, o álbum acabou sendo um tremendo fracasso e, durante a turnê, o abuso de drogas prejudicou claramente o vocalista Steven Tyler, que chegou, segundo a Wikipedia, a ter problemas e desmaiado no palco. Foi um momento delicado que começou a ser superado pouco tempo depois, com o retorno da dupla original de guitarristas. O sucesso só retornou pra valer com a parceria com o Run DMC e o disco "Permanent Vacation". Mas esta já é outra história...
Demon - "The Unexpected Guest" - este segundo álbum do Demon conseguiu a façanha de ter ainda mais qualidade que o álbum anterior. A banda parece ter evoluído, sem ter deixado de lado as características marcantes de sua sonoridade: um metal melódico (no bom sentido) com influências de bandas clássicas dos anos 70, como Thin Lizzy e Deep Purple, com riffs envolventes que te empolgam mais e mais a cada audição. Os destaques são muitos, a começar pela forte abertura com a faixa "Don't Break The Circle", um clássico do heavy metal perdido no tempo; e seguimos com "The Spell" e sua melodia empolgante; além das faixas "Total Possession", "Have We Been Here Before" e "Deliver Us From Evil". Este álbum conseguiu muito mais sucesso que o anterior: entrou no Top 50 da parada britânica e fez a banda ficar um pouco mais conhecida. Eles mudariam bastante sua sonoridade para os próximos álbuns, se aproximando do rock progressivo. Confira os posts sobre os anos seguintes para acompanhar essa história!!
Demon - "The Unexpected Guest" - este segundo álbum do Demon conseguiu a façanha de ter ainda mais qualidade que o álbum anterior. A banda parece ter evoluído, sem ter deixado de lado as características marcantes de sua sonoridade: um metal melódico (no bom sentido) com influências de bandas clássicas dos anos 70, como Thin Lizzy e Deep Purple, com riffs envolventes que te empolgam mais e mais a cada audição. Os destaques são muitos, a começar pela forte abertura com a faixa "Don't Break The Circle", um clássico do heavy metal perdido no tempo; e seguimos com "The Spell" e sua melodia empolgante; além das faixas "Total Possession", "Have We Been Here Before" e "Deliver Us From Evil". Este álbum conseguiu muito mais sucesso que o anterior: entrou no Top 50 da parada britânica e fez a banda ficar um pouco mais conhecida. Eles mudariam bastante sua sonoridade para os próximos álbuns, se aproximando do rock progressivo. Confira os posts sobre os anos seguintes para acompanhar essa história!!
Bad Company - "Rough Diamonds" - este foi o último disco com Paul Rodgers no vocal (ele voltaria algum tempo depois para turnês e algumas faixas novas gravadas para uma coletânea). Nesta época, o empresário da banda, Peter Grant, estava desgostoso da vida, principalmente com o fim de sua banda principal, o Led Zeppelin, graças à morte de John Bonham. E as rusgas entre os membros da banda já eram evidentes: a Wikipedia cita uma briga de fato entre Rodgers e o baixista Boz Burrel. Apesar de todos os problemas, temos um belo disco, apenas não tão brilhante quanto os primeiros da banda. Destaques para a faixa mais conhecida, "Eletricland", além de "Untie The Knot" e "Kickdown". Com toda a crise rondando a banda, pra completar a desgraça as vendas do álbum foram baixas (as mais baixas até então), levando a um inevitável rompimento de seus integrantes. A banda voltaria alguns anos mais tarde com um novo vocalista, sem grande sucesso (e ainda tentariam com um terceiro vocalista...). Em 2006, o baixista Boz Burrel faleceu de um ataque cardíaco. A volta de Rodgers seria apenas em turnês bem sucedidas, como a mais recente, em 2010, que originou o lançamento do excelente ao vivo "Live At Wembley". Mas esta já é outra história...
The Who - "It's Hard" - apesar de ser um disco de qualidade inegável, não chega nem aos pés dos gloriosos discos da banda nos anos 60 e 70. É o segundo álbum sem o baterista Keith Moon (quanta falta ele faz!), que foi substituído por Kenney Jones (ex-Small Faces e Faces). Claro que temos belas canções, compostas por Pete Townshend, que se destacam e tem grande qualidade, como "Athena", a faixa-título e "Dangerous", mas a gente sente que até mesmo o disco anterior, "Face Dances", tinha mais qualidade. Depois deste disco, Townshend desistiu do The Who, e o restante da banda não quis continuar. Eles voltaram a tocar em alguns eventos como o Live Aid, e então voltaram a excursionar pra valer em 1996. Lamentavelmente, em 2002, mais uma perda para a banda: a morte do fantástico baixista John Entwistle, de um ataque cardíaco causado por consumo de cocaína. Ainda assim, a banda continuou excursionando e ainda lançou um álbum de estúdio de inéditas, "Endless Wire", em 2006. Veremos se algum dia o The Who aparece aqui no nosso Brasil para algum show...
Rush - "Signals" - este é o álbum que começa a transição do rock progressivo que o Rush levava até então, para um som mais inclinado e baseado em teclados e sons eletrônicos. Com o Rush funcionava assim: quatro discos, um álbum ao vivo e eles davam uma guinada em relação ao som. Os quatro primeiros tinham aquela levada hard rock, com influências de Led Zeppelin; os quatro álbuns seguintes se aprofundaram no rock progressivo, culminando com a obra de arte "Moving Pictures". Mais um disco ao vivo e eles entraram na nova fase eletrônica com este álbum, que não é ruim, mas não tem a força dos discos anteriores (até mesmo o produtor de todos os discos anteriores, Terry Brown, acabou se desentendendo com a banda a respeito do novo direcionamento e não mais a produziu - este foi o último disco da parceria), apesar de conter belas canções, em especial "Subdivisions" e "The Analog Kid". Seriam mais três discos apoiados nos teclados de Geddy Lee, até que em "Presto", as guitarras de Alex Lifeson voltariam a gritar mais alto e controlar o som da banda. Ainda bem!!
Twisted Sister - "Under The Blade" - disco de estreia destes americanos que sempre apostaram em um visual extravagante. Musicalmente, a banda iniciou com um heavy metal forte, como mostra este álbum. Destaques para a faixa de abertura, "What You Don't Know (Sure Can Hurt You)", "Bad Boys (Of Rock'N'Roll)" e "Shoot'em Down". Este disco acabou sendo relançado em 1985, pra aproveitar o sucesso da banda na época, só que com mixagem diferente, muito criticada - recentemente a mixagem original foi utilizada no relançamento remasterizado. A banda aos poucos iria ceder na sua sonoridade, aliviando a pegada e partindo para um hard rock que faria muito sucesso, em especial com o disco "Stay Hungry". A gente fala deste álbum em 2014, quando ele fizer 30 anos...
Dire Straits - "Love Over Gold" - este é o famoso álbum de rock progressivo do Dire Straits. Ele é assim chamado por conter faixas de longa duração em sua maioria. A mais conhecida delas, "Private Investigations", é de uma inspiração e beleza encantadoras. "Telegraph Road" também ficou bem conhecida, por ter sido incluída no fantástico disco ao vivo "Alchemy". Este disco é uma prova do talento musical fora do comum da banda, em especial do seu guitarrista e vocalista Mark Knopfler. Da época em que a Inglaterra nos dava grandes bandas de rock...
Kiss - "Creatures Of The Night" - esta foi uma época difícil para o Kiss: Peter Criss já tinha deixado a banda um tempo atrás, graças aos abusos com drogas; o sucesso dos anos 70 se foi, e os dois últimos lançamentos foram grandes fiascos ("Unmasked" e "Music From The Elder"). Pra completar a desgraça, Ace Frehley, apesar de aparecer na capa deste álbum, já tinha deixado a banda, nada gravou para este disco. Ele ficou insatisfeito com o direcionamento musical tomado nos últimos discos e também estava avançando fortemente no alcoolismo. Vinnie Vincent gravou as partes de guitarra e foi apresentado como substituto de Frehley pouco tempo depois do lançamento, com uma pintura de origem egípcia no rosto. Musicalmente, a banda se recuperou completamente dos fiascos anteriores e soltou seu disco mais pesado até então, um disco conciso, bem tocado, de composições fortes e diretas que, ao longo do tempo, elevaram este disco à condição de grande clássico do rock. Os destaques são vários: o mega-hit "I Love It Loud", que virou um hino na época da vinda da banda ao Brasil, em 1983, para o épico show no Maracanã; "I Still Love You", uma balada forte com grande performance de Paul Stanley; a faixa-título, um hard rock forte e marcante; e a excelente "War Machine", que fecha o álbum com um riffaço de primeira. Eu recomendo este disco até mesmo para os não fãs da banda, pois este é um dos pontos mais altos de sua carreira. Um grande clássico!!
Led Zeppelin - "Coda" - este é o último disco do Zeppelin, mas a esta altura a banda já tinha se separado, graças à morte do baterista John Bonham. Então, na verdade, é uma coletânea de faixas gravadas pela banda durante os anos de atividade, e que ficaram de fora dos discos anteriores por alguma razão (na minha opinião, ficaram de fora pela baixa qualidade...). Destaques? Poucos. Eu destacaria apenas "Poor Tom", a versão ao vivo de "I Can't Quit You Baby" e "Wearing And Tearing". Os membros estavam se dedicando a projetos paralelos que não tinham a mesma força e a mesma química de sua banda antiga. Em 1985, após o show no Live Aid, a banda chegou a pensar em retornar à ativa, mas acabou desistindo. No começo dos anos 90, Page e Plant reativaram sua parceria e excursionaram juntos novamente (passaram no Brasil, tocando no Hollywood Rock), tocando os clássicos do Led Zeppelin novamente (alguns dizem, maldosamente, que Plant finalmente aceitou os convites de Page após o sucesso do disco Coverdale-Page...). Recentemente, após aquele belo show na O2 Arena, no final de 2007, todos ficaram na expectativa de uma turnê de reunião, mas Plant novamente se recusou. E os rumores estão sempre no ar, desejando uma turnê, enquanto Plant continua a se recusar terminantemente. Ficaremos aguardando e torcendo por uma turnê, mesmo assim...
Ozzy Osbourne - "Speak Of The Devil" - ainda em depressão pela morte estúpida do amigo e parceiro musical Randy Rhoads, Ozzy se viu pressionado pela gravadora a lançar um álbum. Sem condições de gravar um disco de estúdio, acabou lançando esta coletânea de faixas ao vivo, somente com canções de sua época com o Black Sabbath. Brad Gillis foi o substituto de Rhoads, com Rudy Sarzo no baixo. A qualidade das gravações é ruim, e o próprio Ozzy já declarou que não gosta deste disco. Segundo a Wikipedia, o produtor Max Norman já concedeu entrevista relatando que algumas canções foram gravadas durante passagens de som, e o som da plateia foi adicionado. Por tudo isto, eu recomendo que você, que lê este post, ignore solenemente este álbum. Não merece uma audição! Se quiser um belo disco ao vivo de Ozzy, escute "Tribute", e se delicie com o talento de Rhoads!!
Dead Kennedys - "Plastic Surgery Disasters" - quem conhece esta banda sabe a quantidade de sarcasmo e críticas político-sociais eles costumavam fazer. Basta olhar a capa deste segundo disco e perceber, imediatamente. Após um primeiro disco que, com o tempo, acabou virando um grande clássico do punk rock, este segundo álbum traz um som flertando mais com o hardcore, e letras ainda mais ácidas, desfilando toneladas de sarcasmo, cortesia de Jello Biafra, que de tão politizado chegou a se candidatar à presidência dos EUA. Destaques para "Government Flu", a faixa de abertura, e também para "Buzzbomb", "Winnebag Warrior" e "Riot". A banda iria se meter em uma bela encrenca no disco seguinte, por tentar utilizar uma obra de arte considerada "obscena" como capa (a citada obra também é conhecida como "Penis Landscape" - confira a arte neste link). Um julgamento que duraria mais de um ano e prejudicaria bastante as finanças da banda, e que também contribuiu para o fim do grupo, em 1986. Houve uma turnê de reunião, mas sem Biafra, que não aceitou participar. Mesmo assim, foi um show muito legal, que eu conferi aqui no Rio de Janeiro, lá na Sede do América. Grande show!!
Whitesnake - "Saints & Sinners" - este disco foi lançado durante um momento de confusão na história da banda, principalmente pelas desavenças com o empresário da banda, John Coletta. Os membros da banda, segundo a Wikipedia, estavam reclamando de estar sempre devendo, mesmo com a banda fazendo sucesso e com discos bem vendidos. As gravações foram avançando, mas aos poucos os membros começaram a abandonar o barco: Mick Moody saiu e Coverdale decidiu deixar a banda parada. Aproveitou e rompeu com o empresário problemático, assumindo suas funções. Depois, Moody acabou voltando, mas Coverdale trocou o baterista, o baixista e o outro guitarrista: saíram Ian Paice, Neil Murray e Bernie Marsden e entraram Cozy Powell, Colin Hodgkinson e Mel Galley; o tecladista continuou sendo Jon Lord, que só deixou o Whitesnake quando retornou para a formação Mk2 do Deep Purple. Mas estes novos integrantes praticamente não contribuíram para as gravações do álbum. Musicalmente, o álbum seguiu a fórmula dos discos anteriores, um blues rock poderoso. Boas canções como "Young Blood", "Crying In The Rain" e "Here I Go Again" são belos exemplos - estas duas últimas acabaram muito conhecidas quando foram regravadas para o álbum "Whitesnake", de 1987. O blues rock não duraria muito tempo: o disco seguinte, "Slide It In", iniciaria um rompimento completo, com a banda seguindo em direção ao hard rock que se tornou tão popular nos EUA. Tudo para agradar o mercado americano...
Anvil - "Metal On Metal" - segundo disco deste grupo canadense de heavy metal, ele ficou famoso principalmente pela faixa-título, mas contém outras boas canções, como "Mothra", a instrumental "March Of The Crabs" e "Jackhammer". É uma banda que se provou influente em muitos dos grupos de thrash metal, como os do Big Four. Atualmente, a banda renasceu da obscuridade, graças a um documentário feito por um antigo roadie, e voltou a participar de festivais nos EUA e Europa. Eles estiveram recentemente presentes no Metal Open Air, sendo uma das bandas que tocaram no primeiro dia do festival, fazendo um belo show (confira aqui o post sobre os shows do Metal Open Air).
Venom - "Black Metal" - este foi o segundo disco da banda, na sua formação clássica com Cronos, Mantas e Abaddon. Os músicos excursionaram, amadureceram, e acabaram canalizando estas mudanças no disco, que não é tão tosco quanto o primeiro. Apesar de não ser um primor de técnica musical, esbanja inovação e agressividade. É um marco dos estilos mais extremos do heavy metal, influenciando e praticamente sendo a base para diversas subdivisões como o death, black e outras. Os maiores destaques do disco são a faixa-título, "Teacher's Pet" e "Countess Bathory". A última faixa é o prenúncio do disco que viria a seguir, em que a banda tenta provar talento musical com um álbum conceitual chamado "At War With Satan". Você pode até não gostar do Venom, mas não pode negar sua grande influência em diversas bandas, como Slayer, Machine Head, Obituary e outras. Sem dúvida, um disco muito influente!
Accept - "Restless And Wild" - um dos discos mais clássicos dos titãs alemães, ele impressiona do começo ao fim com suas composições potentes, diretas e memoráveis. O disco já chega chutando traseiros com a faixa de abertura, "Fast As A Shark", um speed metal precoce, e segue para o peso e o punch da faixa-título, e segue com força, passeando por faixas importantes como "Ahead Of The Pack", "Shake Your Heads", "Neon Nights", até o encerramento em alto nível com "Princess Of The Dawn". Teoricamente, este foi o primeiro álbum do guitarrista Herman Frank, mas na verdade todas as guitarras foram gravadas por Wolf Hoffmann. Herman ganhou os créditos sem realmente participar da gravação. A banda agora conta com o vocalista Mark Tornillo, que vem substituindo (bem) Udo Dirkschneider. Longa vida a esta banda alemã!!
Accept - "Restless And Wild" - um dos discos mais clássicos dos titãs alemães, ele impressiona do começo ao fim com suas composições potentes, diretas e memoráveis. O disco já chega chutando traseiros com a faixa de abertura, "Fast As A Shark", um speed metal precoce, e segue para o peso e o punch da faixa-título, e segue com força, passeando por faixas importantes como "Ahead Of The Pack", "Shake Your Heads", "Neon Nights", até o encerramento em alto nível com "Princess Of The Dawn". Teoricamente, este foi o primeiro álbum do guitarrista Herman Frank, mas na verdade todas as guitarras foram gravadas por Wolf Hoffmann. Herman ganhou os créditos sem realmente participar da gravação. A banda agora conta com o vocalista Mark Tornillo, que vem substituindo (bem) Udo Dirkschneider. Longa vida a esta banda alemã!!
Michael Schenker Group - "Assault Attack" - este foi o terceiro disco do grupo, quase uma aventura solo de Michael Schenker. Depois de dois bons discos de estúdio e um ao vivo com o vocalista Gary Barden, Schenker decidiu trocá-lo, chamando Graham Bonnet, ex-Rainbow. Para a produção do álbum, outro ex-Rainbow também foi chamado, o grande Martin Birch, que tinha acabado de gravar o disco "The Number Of The Beast" com o Iron Maiden (ver acima). Musicalmente, o disco mantém aquele hard rock de qualidade, com excelente trabalho de guitarra de Schenker. Mas a voz de Bonnet não me agrada, e eu acho que ele acabou diminuindo a força deste disco. Destaque para a faixa-título, "Rock You To The Ground", "Samurai" e para a instrumental "Ulcer". Pra piorar, o vocalista acabou ofendendo o restante da banda, segundo a Wikipedia, em um show de aquecimento para o festival Reading, e a parceria foi terminada. Barden retornou às pressas para acabar a turnê e também gravou mais um álbum. Mas esta é outra história...
Bad Religion - "How Could Hell Be Any Worse?" - primeiro registro desta importante banda, é um disco típico do punk rock, tocado rapidamente, com músicas curtas, e lançado na gravadora da própria banda, a Epitaph (mais tarde, esta gravadora cresceria e até faria com que o guitarrista Brett Gurewitz saísse da banda). Nesta época, o segundo guitarrista Greg Hetson nem sonhava em estar na banda, já que gastava seu tempo no Circle Jerks; mesmo assim, é dele o solo na canção "Part III". Destaques para a faixa de abertura, "We're Only Gonna Die" (muito bem coverizada pelo Biohazard), "Part III" e "Fuck Armageddon... This Is Hell", ainda hoje destaques nos shows da banda. Curioso que o Bad Religion teve muitos problemas nos anos seguintes e praticamente se desfez, voltando novamente em 1986 e finalmente lançando mais um álbum, o fundamental "Suffer", já com a formação mais próxima da atual, com Hetson na segunda guitarra.
Black Sabbath - "Live Evil" - já dissequei este álbum no post sobre os melhores discos ao vivo do rock (leia este post aqui). Foi o primeiro lançamento oficial da banda (já que o disco "Live At Last" não foi autorizado por eles), registra uma fase excelente da banda, com Ronnie James Dio nos vocais, mas acabou causando o final desta formação, graças às confusões com a mixagem. Problemas à parte, é um disco fantástico, com uma performance maravilhosa de grandes clássicos do heavy metal, tanto da fase Ozzy quanto da fase Dio, todas interpretadas primorosamente pelo saudoso baixinho. Destaque para "N.I.B.", a longa versão de "Heaven And Hell" e "Children Of The Sea". A capa traz diversos personagens que remetem a canções presentes no álbum, casando bem com o clima da apresentação. Clássico supremo do heavy metal!!
Black Sabbath - "Live Evil" - já dissequei este álbum no post sobre os melhores discos ao vivo do rock (leia este post aqui). Foi o primeiro lançamento oficial da banda (já que o disco "Live At Last" não foi autorizado por eles), registra uma fase excelente da banda, com Ronnie James Dio nos vocais, mas acabou causando o final desta formação, graças às confusões com a mixagem. Problemas à parte, é um disco fantástico, com uma performance maravilhosa de grandes clássicos do heavy metal, tanto da fase Ozzy quanto da fase Dio, todas interpretadas primorosamente pelo saudoso baixinho. Destaque para "N.I.B.", a longa versão de "Heaven And Hell" e "Children Of The Sea". A capa traz diversos personagens que remetem a canções presentes no álbum, casando bem com o clima da apresentação. Clássico supremo do heavy metal!!
Lobão - "Cena de Cinema" - precursor do rock nacional, antes mesmo do primeiro disco da Blitz (banda da qual Lobão fez parte e saiu pouco antes do lançamento do primeiro disco), o disco já continha os primeiros sucessos de sua carreira, em especial a faixa-título. Ainda contém aquela inocência inicial do rock brasil, inocência que não duraria muito na carreira do grande lobo - seus próximos álbuns sempre estariam um passo a frente em termos de qualidade e vanguarda. Aqui, um registro histórico, a primeira gravação de um grande músico brasileiro: polêmico sim, mas de talento inegável. Pena que seus discos antigos estejam completamente fora de catálogo, até mesmo na loja digital iTunes. Um equívoco completo!!