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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

2008 - Heavy metal forte novamente, novos nomes se tornando grandes

Este ano resolvi fazer um post dos melhores lançamentos de dez anos atrás. É o primeiro ano que faço, mas acho que será um acerto, tivemos muita coisa boa sendo lançada há uma década. Pra conferir os demais lançamentos de anos passados, confira a página Túnel do Tempo!

O ano de 2008 ficou marcado por uma grandiosa crise financeira mundial, causada por quebras de instituições de crédito nos Estados Unidos, por concederem empréstimos hipotecários de alto risco, o que acabou causando um efeito dominó e culminou com a falência da instituição Lehman Brothers. A crise se espalhou pelo mundo todo e até os dias de hoje o mundo não se recuperou completamente dos efeitos. No mundo político, Fidel Castro renunciou ao seu cargo de presidente de Cuba, passando o poder para seu irmão, Raúl Castro. Foi um primeiro passo, tímido, de alguma abertura da ilha, que chegou a negociar com o governo norte-americano de Barack Obama por melhores relações diplomáticas.
No mundo tecnológico, Bill Gates se retirou da Microsoft, um marco que indicava que a grande empresa de outrora já não mais dava as cartas. A Apple era a líder então, vendendo iPhones como nunca desde o ano passado, mas a Google não ficaria para trás. Neste ano de 2008, lançou o navegador Chrome e o sistema operacional Android. Os dois rapidamente se tornariam líderes em seus respectivos segmentos e recolocariam a empresa em posição estratégica de destaque.
O nosso Brasil sofreu relativamente pouco com a crise iniciada nos EUA, e tivemos poucas notícias de destaque. A maior delas foi a morte da menina Isabela Nardoni. O pai e a madrasta foram acusados e condenados de jogarem-a de uma altura de seis andares. Um crime que chocou o país, com certeza.
Nas artes, tivemos as mortes de grandes artistas: Heath Ledger, Roy Scheider, Charlton Heston, Paul Newman e Dercy Gonçalves. "Tropa de Elite", o fenômeno de pirataria no ano anterior, acabou ganhando o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Internacionalmente, o filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas" foi a maior bilheteria do ano, em boa parte graças à atuação monstruosa de Heath Ledger como Coringa. Heath, como já citamos, faleceu neste mesmo ano - vítima de uma intoxicação acidental de calmantes.
Na música, tivemos duas mortes muito importantes: o tecladista Richard Wright, do Pink Floyd; e o baterista Mitch Mitchell, que formou o Jimi Hendrix Experience. Também tivemos uma grande turnê que mexeu com o mundo da música, a turnê "Somewhere Back In Time", do Iron Maiden, que reviveu as glórias da banda nos anos 80. Essa turnê deu algumas voltas pelo mundo, com Bruce Dickinson pilotando um avião Boeing 757, chamado de Ed Force One, que carregava toda a equipe  e equipamento da turnê. Essa turnê acabou documentada no filme "Flight 666", lançado no ano seguinte (2009).

Chega de enrolação, vamos aos grandes lançamentos de 2008!

Lenny Kravitz - "It's Time For A Love Revolution" - oitavo álbum de estúdio deste multi-artista, que compôs todo o disco com o guitarrista Craig Ross, velho parceiro de Lenny Kravitz. É o primeiro disco de estúdio após quatro anos, um disco que segue a pegada funk rock setentista do cantor, dando ao cantor seus melhores resultados em anos, como a abertura com as canções "Love Revolution" e "Bring It On", além das faixas "I'll Be Waiting" e "A Long And Sad Goodbye". O álbum alcançou a quarta posição na parada norte-americana, mas foi o primeiro álbum de Kravitz a não alcançar disco de ouro - as vacas magras nas vendas de discos estavam a pleno vapor. Os próximos anos viriam Lenny Kravitz se dedicar mais ao cinema, com participações em grandes produções, como "Preciosa" (Kravitz foi indicado a alguns prêmios por sua atuação no filme) e "Jogos Vorazes". Ele não deixaria de lado sua carreira musical, e continuaria a lançar álbuns com frequência, incluindo seu mais recente lançamento, "Raise Vibration", lançado em setembro deste ano. Continue na ativa, Lenny!!

Exciter - "Thrash Speed Burn" - este álbum apresenta uma formação alternativa do Exciter, somente com o guitarrista John Ricci da formação original. Completam a formação o vocalista Kenny Winter, o baixista Rob Cohen e o baterista Rik Charron. Este foi o primeiro disco gravado por esta formação, que ainda gravaria mais um álbum de estúdio ("Death Machine", de 2010), antes da formação original voltar a se reunir, em 2014. Destaque para as faixas "Massacre Mountain", a faixa-título, "Demon's Gate" e "Betrayal". A formação original está com planos para gravar um novo álbum de estúdio, algo que não fazem há mais de 30 anos!!

Death Angel - "Killing Season" - o Death Angel foi uma banda promissora da bay area que seguia um belo caminho no final dos anos 80 para se consolidar como um nome forte na cena thrash metal, mas acabou sofrendo um acidente de ônibus que machucou seu baterista (Andy Galeon), o que acabou causando uma série de problemas que levaram a banda a um hiato de mais de uma década, somente retornando às atividades em 2001, para um concerto beneficente para Chuck Billy (vocalista do Testament), que estava sofrendo com câncer na época. A banda lançou um novo álbum de estúdio em 2004, e quatro anos depois retornou para lançar este petardo aqui, produzido por Nick Raskulinecz (grande produtor que já produziu Rush, Alice In Chains, Deftones e Black Star Riders), que mostra um thrash metal empolgante, bem tocado e trazendo muita musicalidade por parte da banda. Destaque para as faixas "Sonic Beatdown", "Dethroned", "Buried Alive" e "When Worlds Collide". O Death Angel realizou algumas mudanças de formação desde então: os membros Andy Galeon e Dennis Pepa foram substituídos por Will Carroll e Damien Sisson. E outros grandes álbuns de estúdio também foram lançados, provando que a banda voltou pra valer e merece seu espaço na cena e seu respeito. Recomendo o último álbum de estúdio da banda, "The Evil Divide" - confira a resenha aqui!!

The Black Crowes - "Warpaint" - depois de um hiato de alguns anos, e sete anos sem lançar um álbum, eis que neste ano de 2008 os Black Crowes retornaram ao estúdio e gravaram este belo álbum, inteiramente composto pelos irmãos Robinson, mas sem o guitarrista Marc Ford, que sempre acompanhou a banda - Luther Dickinson foi seu substituto. O disco traz a qualidade habitual dos álbuns dos Black Crowes, com aquela deliciosa sonoridade setentista que a banda sempre soube fazer tão bem. Destaque para a abertura, a faixa "Goodbye Daughters Of The Revolution", e para as canções "Oh Josephine", "Locust Street" e "Wounded Bird". O disco foi um sucesso de público e crítica, alcançando a quinta posição na parada norte-americana, seguido por uma turnê de igual sucesso, que ficou registrada no lançamento do ano seguinte "Warpaint Live". A banda lançaria mais um álbum de estúdio, realizaria mais algumas turnês, e encerraria as atividades em 2015. Os irmãos Rich e Chris brigaram e cada um seguiu seu caminho. Chris montou uma banda, Chris Robinson Brotherhood, e lançou alguns álbuns desde então. Rich Robinson também tentou uma carreira solo; recentemente, montou uma banda chamada Magpie Salute, que também inclui os membros Marc Ford e Sven Pipien, ex-Black Crowes. Torço para que todos façam as pazes e se reúnam um dia. Esta sempre foi uma das bandas mais legais que surgiram dos anos 90 pra cá!!

Cavalera Conspiracy - "Inflikted" - no comecinho de 2006, logo após o lançamento do álbum "Dante XXI", Igor Cavalera saiu do Sepultura. Notícias conflitantes informavam que Igor tinha enjoado de heavy metal e passaria a trabalhar como DJ. Fora da banda, ele tomou a iniciativa, ligou e fez as pazes com seu irmão, Max Cavalera. Chegou a tocar como convidado em alguns shows do Soulfly, e rapidamente surgiu a ideia de um projeto que envolvesse os dois irmãos, chamado Cavalera Conspiracy. Também se envolveram no projeto o guitarrista Marc Rizzo (Marc toca com Max no Soulfly) e Joe Duplantier, vocalista do Gojira, que tocou baixo e também cantou junto com Max nas faixas "Black Ark" e "Ultra-Violent". O sentimento, na época, era que o álbum conseguiu ser melhor do que o Sepultura vinha produzindo. Achei um pouco exagerado, mas gostei deste disco, que trazia composições inspiradas de Max, como a abertura com a faixa-título, e também as canções "Sanctuary", "The Doom Of All Fires" e "Must Kill". O projeto continua válido e ativo, já tendo lançado quatro álbuns de estúdio. Entretanto, não tem mais chamado tanto a atenção dos fãs como este disco de estreia chamou. Infelizmente, o Sepultura clássico não está presente em nenhum dos dois lados - a combinação dos talentos dos quatro integrantes da formação clássica trazia a química especial que fez a banda brilhar mundo afora. Brilho que, pelo visto, nunca mais veremos!

R.E.M. - "Accelerate" - este foi o décimo quarto álbum de estúdio do R.E.M., e a esta altura a banda estava começando a não vender muito como vendeu no final dos anos 80 e durante os anos 90. Em especial, os dois últimos álbuns não chegaram nem no Top 5 da parada norte-americana, deixando a banda com um incômodo e um desafio para os rapazes da Georgia. Antes, no ano anterior, 2007, a banda lançou seu primeiro álbum ao vivo, simplesmente chamado de "R.E.M. Live". Enfim, em março deste ano de 2008 o novo álbum viu a luz do dia e foi um alívio para os fãs: o álbum trazia a banda em excelente forma, com composições inspiradas novamente, e o resultado foi segunda posição na parada norte-americana e topo da parada britânica. A crítica não ficou atrás e também elogiou o retorno à boa forma da banda. Destaque para as faixas "Supernatural Superserious", "Hollow Man", a faixa-título e "Until The Day Is Done". Lamentavelmente, em 2011 o R.E.M. lançaria seu último álbum de estúdio, "Collapse Into Now". Este álbum foi o final do contrato da banda, que não tinha mais motivação artística ou paciência com os novos rumos da indústria musical. Um grande grupo a menos na já pobre cena musical dos dias atuais!!

Joe Satriani - "Professor Satchafunkilus and the Musterion of Rock" - trabalhando como um relógio, Joe Satriani vinha numa pegada de um álbum de estúdio a cada 2 anos, e aqui não foi diferente. Depois de "Super Colossal", em 2006, Satriani não se atrasou e lançou este seu 12º álbum de estúdio, que não trouxe nenhuma novidade musical em sua sonoridade, mas trouxe algumas boas canções que foram bem exploradas na turnê que promoveu o disco. Destaco as faixas "Overdriver", "I Just Wanna Rock", "Revelation" e "Diddle-Y-A-Doo-Dat". Talvez os fatos mais marcantes para Joe Satriani, neste ano de 2008, foram outros: primeiro, a formação do Chickenfoot, ao lado de Sammy Hagar, Michael Anthony e Chad Smith (o Chickenfoot lançaria seu primeiro álbum de estúdio no ano seguinte, 2009); o segundo foi o processo que ele moveu contra o Coldplay, por plágio na música "Viva La Vida" (ver esse álbum mais abaixo) - a música supostamente plagiada foi "If I Could Fly", do álbum "Is There Love In Space?", de 2004. O resultado do processo foi um acordo entre as partes, então nunca ficaremos sabendo se foi considerado plágio ou não, mas que as canções se parecem, ah sim!!

Whitesnake - "Good To Be Bad" - após o lançamento do álbum "Starkers In Tokyo", em 1998, David Coverdale deu um basta em sua banda, e resolveu dar um tempo da música. Ficou parado por uns quatro anos, somente retornando em 2002, reformulando a banda com os guitarristas Doug Aldrich (ex-Dio) e Reb Beach (do Winger). A banda também contava com Tommy Aldridge na bateria e Marco Mendoza no baixo. Muitas turnês depois, chegou a hora de entrar em estúdio e lançar um novo álbum, este excelente "Good To Be Bad", que foi considerado um retorno à forma para o Whitesnake, trazendo belas composições e sonoridade mais consistente. Na gravação do álbum tivemos alterações na formação: o baixista foi Uriah Duffy, e o baterista foi Chris Frazier. Coverdale e Aldrich produziram o álbum ao lado do produtor Michael McIntyre (já tinha trabalhado com David Coverdale no álbum ao lado de Jimmy Page, como engenheiro de som). Destaque para as faixas "Best Years", a faixa-título, "All For Love" e "Lay Down Your Love". O Whitesnake continua na ativa, com alguns percalços de voz de David Coverdale, que não possui mais os agudos de outrora, e também com constantes mudanças de formação. Um novo álbum de estúdio está prometido para o ano que vem (2019). Torço que eles revisitem sua antiga sonoridade blues rock, da minha fase preferida da banda. Sonhar não custa nada!!

Testament - "The Formation Of Damnation" - depois de uma reunião da formação original, que excursionou durante algum tempo revivendo seus melhores tempos, o Testament resolveu finalmente retornar a estúdio para gravar um novo álbum, o primeiro a contar com Alex Skolnick desde 1992 (o último tinha sido "The Ritual") e o primeiro a contar com Greg Christian desde 1994 (o último tinha sido "Low"). Enganou-se redondamente quem pensou que esse retorno seria meia-boca: a banda veio afiadíssima, entregando um grandioso álbum de thrash metal, no melhor estilo Testament. A formação que gravou o álbum não foi a original, já que Louie Clemente não tinha condições de excursionar com a banda. Paul Bostaph foi seu substituto na época. O álbum já abre grandioso com uma rápida instrumental introduzindo um petardo de primeira, "More Than Meets The Eye", e segue cuspindo fogo com outras grandes faixas como "The Evil Has Landed", a faixa-título, "Henchmen Ride" e "Killing Season". Foi um recomeço para a banda, que desde então vem se mantendo estável e bem na ativa, lançando um álbum de estúdio melhor que o outro. Duas trocas de formação desde então: saiu Bostaph, entrou o sensacional baterista Gene Hoglan; e saiu Greg Christian, entrou Steve DiGeorgio. Uma cozinha de respeito, diga-se de passagem!!

Coldplay - "Viva La Vida Or Death And All His Friends" - este álbum foi um dos mais bem sucedidos do Coldplay, tendo alcançado o topo de diversas paradas mundo afora, incluindo as duas principais: a britânica e a norte-americana. A banda experimentou bastante nas gravações deste álbum, tendo escolhido um produtor diferente, Brian Eno (dentre outros menos conhecidos), o que acabou tornando o disco um divisor de águas na carreira da banda. Destaque para as faixas "Cemeteries Of London", "Lovers In Japan", a faixa-título (acusada de plágio por Joe Satriani, ver mais acima) e "Strawberry Swing". Não é a minha praia, realmente, sempre acho que falta punch à banda. A turnê de promoção do álbum foi grandiosa e extensa, durando quase dois anos, e elevou o Coldplay à condição de uma das bandas mais importantes e bem sucedidas do rock. Condição que eles ainda mantém até os dias atuais!

Judas Priest - "Nostradamus" - este foi um projeto audacioso do Judas Priest, um álbum duplo conceitual, nada menos que 23 músicas, quase duas horas de duração. Acabou sendo também o último álbum de estúdio da banda a contar com a participação de K.K. Downing, que saiu da banda em 2011. Musicalmente, o álbum foge do padrão Judas Priest, apostando em músicas com pitadas sinfônicas, muitos teclados (tocados por Don Airey), muitas introduções, porém pouco heavy metal de verdade, o que alienou um pouco os fãs de longa data da banda. Destaque para as canções "Prophecy", "Pestilence And Plague", "Death", a faixa-título e "Future Of Mankind". Realmente, o excesso de teclados me impediu de curtir pra valer este álbum. Felizmente, os dois próximos discos da banda retornaram a locomotiva metal aos trilhos, e a banda não dá sinais de fraqueza, apesar de termos mais uma baixa: o guitarrista Glenn Tipton, que não está mais excursionando por ter sido diagnosticado com mal de parkinson. O produtor Andy Sneap está sendo seu substituto na atual turnê da banda. Longa vida ao Judas Priest, uma das principais instituições de heavy metal de todos os tempos!!

The Offspring - "Rise And Fall, Rage And Grace" - depois de um pequeno hiato de quase dois anos, o Offspring voltou à ativa com este álbum de estúdio, o oitavo na carreira da banda. A esta altura, eles já não gozavam de tanto sucesso quanto na segunda metade dos anos 90, mas ainda assim conseguiram bons resultados com alguns singles do álbum, como a música "You're Gonna Go Far, Kid", que alcançou disco de ouro (meio milhão de cópias vendidas do single). Musicalmente, o álbum traz aquele punk rock melódico que fez a banda ficar conhecida. Sem muitas novidades - a não ser o produtor, o famoso Bob Rock (produziu o black album do Metallica), e com boas músicas. Destaque para as faixas "Trust In You", "Hammerhead", "A Lot Like Me" e "Takes Me Nowhere". O Offspring andou meio sumido para o público brasileiro, mas apresentações no festival Rock In Rio, edições 2013 e 2017, recolocaram a banda no coração dos fãs. A banda desde então vem excursionando pelo país com mais constância, apesar de não lançar um álbum de estúdio desde 2012. Os rumores tendem para um lançamento no começo do próximo ano, 2019. Só nos resta aguardar!

Motörhead - "Motörizer" - a banda aqui já se encontrava bem entrosada com o produtor Cameron Webb - terceiro álbum juntos, e já sabiam o que fazer: o tradicional rock simples e direto que o Motörhead sempre fez. Aqui, esse rock está firme e forte, chutando traseiros em grandes faixas como "Runaround Man", "When The Eagle Screams", "Rock Out", "Buried Alive" e "The Thousand Names Of God". O álbum foi muito bem recebido pelos fãs da banda e pela crítica, conseguindo até mesmo entrar na parada norte-americana na 82ª posição. Podemos considerar esta fase na carreira do Motörhead como derradeira: eles somente lançariam mais três álbuns de estúdio após este, já que o grande Lemmy Kilminster veio a falecer no final de 2015. Uma lenda do rock que influenciou um sem número de bandas e estilos, além de ter vivido uma grande vida sem ter se vendido para a indústria. Um gigantesco viva ao Motörhead!!

Slipknot - "All Hope Is Gone" - depois do grandioso sucesso do terceiro álbum e de sua longa turnê, os membros do Slipknot tiraram praticamente dois anos de férias da banda, se dedicando a outros projetos (como o Stone Sour, com Corey Taylor e Jim Root). Só retornaram à composição e gravação do novo álbum em 2007, e houve a troca de produtor: saiu Rick Rubin (que produziu "Vol. 3: (The Subliminal Verses)") e entrou Dave Fortman (também produziu Evanescence e Godsmack). O álbum trouxe a banda experimentando mais musicalmente (como em "Gehenna"), até mais que no álbum anterior, com algumas canções mais acústicas, outras mais melódicas (como em "Dead Memories"). Destaque para as faixas "Gematria (The Killing Name)", "Psychosocial", "Snuff" e a faixa-título. Este foi o primeiro álbum que conseguiu alcançar o topo da parada norte-americana - o álbum seguinte também conseguiu repetir o feito. Após uma turnê de promoção do álbum, a banda voltou a se dedicar aos seus projetos paralelos, e chegou perto de acabar quando o baixista Paul Gray foi encontrado morto em maio de 2010, vítima de uma overdose acidental de morfina. A banda demorou, mas se reuniu novamente, excursionando no ano seguinte, 2011, incluindo um show apoteótico no festival Rock In Rio. Este álbum acabou sendo o último a contar com Paul Gray e Joey Jordison - Joey ficou na banda até 2013, quando foi demitido. Ele afirma que o motivo foi sua doença - mielite transversa - que acabou debilitando suas habilidades como baterista. Os membros do Slipknot nunca confirmaram esta versão.

Metallica - "Death Magnetic" - depois de se expor publicamente durante as gravações do polêmico "St. Anger", incluindo lavagem de roupa junto a um psicólogo e escolha do substituto de Jason Newsted - a escolha acabou recaindo sobre Robert Trujillo, o Metallica excursionou bastante, Lars Ulrich ficou impedido de tocar em um festival, tendo sido substituído por Dave Lombardo e Joey Jordison, e também tiraram uma espécie de ano de folga em 2005. No ano de 2006, o Metallica aproveitou para compor bastante material, e em 2007, a banda entrou em estúdio com um novo produtor, Rick Rubin, algo que não acontecia desde 1990, quando entraram em estúdio com Bob Rock para gravar o famoso black album. A ideia era tentar reviver um pouco da sonoridade passada da banda, conforme sugestão do próprio produtor. O resultado viu a luz do dia neste ano de 2008, com a revelação dos primeiros singles, "The Day That Never Comes" e "My Apocalipse". Enquanto a primeira lembrava um pouco "One", a segunda era um quase hardcore, o que acabou deixando os fãs da banda bem esperançosos. Realmente, o álbum trouxe melhores momentos do Metallica em estúdio, com inspiração mais thrash, composições mais seguras e inspiradas, com arranjos e solos que fugiam daquela coisa tosca presente no álbum anterior. Destaque para as faixas já citadas e também para "Broken, Beat & Scarred", "Cyanide" e "All Nightmare Long", esta última para mim a melhor do disco. De negativo, o fato de termos muitas músicas muito longas, com mais de sete minutos de duração, e também a famosa polêmica a respeito do excesso de compressão nas músicas, o que prejudicou a mixagem final do álbum (felizmente, a banda não repetiu esse problema no seu mais recente lançamento). O disco foi um sucesso, alcançou o topo da parada norte-americana, duplo disco de platina (dois milhões de cópias vendidas) e gerou uma turnê quase sem fim que levou o Metallica para todos os cantos do planeta, até mesmo na Antártida, e incluindo o Brasil em uma turnê no começo de 2010 e também para shows em três edições do festival Rock In Rio. A banda somente superou esse capítulo no final de 2016, quando finalmente lançou um novo álbum de estúdio, oito anos depois deste!

Queen + Paul Rodgers - "The Cosmos Rocks" - a dupla Brian May e Roger Taylor tocou junto com Paul Rodgers em uma cerimônia de premiação, na Inglaterra, e a química foi imediata. Rapidamente, o trio marcou uma turnê, que percorreu o mundo durante 2005 e 2006, com resultados bastante satisfatórios. A parceria deu certo mesmo, e eles partiram pra gravação de um novo álbum de estúdio, o primeiro de inéditas desde "Innuendo", de 1991. O resultado viu a luz do dia neste ano de 2008, e teve críticas distintas: alguns gostaram, mas outros não. O que acontece é que pouca gente ouviu este disco. Ainda pior, parte dos que ouviram resistiram bravamente, esperando encontrar outro clássico com a voz do finado Freddie Mercury. Enfim, quem se interessou em escutar adequadamente o álbum pode perceber muitas qualidades, como o vocal mais que caprichado de Paul Rodgers, excelentes performances de Roger Taylor e Brian May, e composições fortes que geraram belas canções, como as canções "Cosmos Rockin'", "Time To Shine" e "C-lebrity", faixas bem rock and roll que exploram a grande guitarra de May; ou as mais calmas "Small""We Believe" e "Say It's Not True", com musicalidade muito agradável. Se você não escutou este disco com o devido carinho, eu recomendo que o faça. Trata-se de um álbum de rock de primeira magnitude, e merece o nosso respeito e atenção!

David Gilmour - "Live In Gdansk" - depois da grandiosa excursão para promover o álbum "The Division Bell", David Gilmour fez muito pouco artisticamente. Apenas alguns shows solo acústicos, e uma rápida apresentação (quatro clássicos, para ser mais preciso) com seus companheiros de Pink Floyd no festival Live 8. Enfim, em 2006, Gilmour finalmente lançou seu terceiro álbum solo de estúdio, após 22 anos (o álbum anterior tinha sido "About Face", de 1984). O álbum, "On An Island" (veja a resenha aqui), foi um sucesso e fez David excursionar bastante em 2006, incluindo três apresentações no Royal Albert Hall, que foram gravadas e geraram o DVD "Remember That Night", um primor em todos os sentidos. A turnê se encerrou na cidade de Gdansk, na Polônia, em frente a 50 mil pessoas. A apresentação foi acompanhada pela Orquestra Filarmônica Báltica da Polônia. São dois discos de clássicos do Pink Floyd tais quais "Time", "Shine On You Crazy Diamond", "Echoes", e muitas outras, acompanhados pela execução completa do álbum então sendo promovido. Se tudo isso não te convenceu, temos também o último registro que contém a performance do grande tecladista Richard Wright, que acabou falecendo uma semana antes do lançamento deste álbum ao vivo. Por tudo isso, este é um álbum de qualidade e de valor histórico grandiosos, completando dez anos de lançamento neste ano de 2018!!

AC/DC - "Black Ice" - oito anos depois do irregular "Stiff Upper Lip", o AC/DC resolveu mudar o produtor para gravar seu 15º álbum de estúdio, chamando Brendan O'Brien (produtor de renome dos anos 90, que já trabalhou com Pearl Jam, Rage Against The Machine, Audioslave, Bruce Springsteen, dentre outros) para comandar. Diz a Wikipedia que o produtor resolveu mudar a abordagem do álbum, fugindo da orientação blues dos dois últimos álbuns e tentando algo mais cru, mais rock, tentando gravar a banda ao vivo, sem muitos overdubs. Seja lá o que ele tenha feito, deu certo, este álbum é um dos melhores do AC/DC em anos. Inclusive rendeu belas músicas, muito bem exploradas nos shows seguintes: a grande abertura com "Rock 'N' Roll Train", "Skies On Fire""Big Jack", "War Machine", a faixa-título, muitas canções de qualidade que empolgaram os fãs, que compraram bastante o álbum, levando ele à primeira posição em diversos países mundo afora: dois milhões de cópias somente nos EUA, garantindo disco duplo de platina para a banda. Mais grandiosa ainda foi a turnê que se sucedeu, levando a banda a tocar por todo o planeta, incluindo uma sensacional turnê sul-americana, com um show em São Paulo, no Morumbi, e três noites lotadas no Estádio Monumental, em Buenos Aires, onde um CD duplo ao vivo e um DVD foi filmado e lançado - "Live At River Plate" (confira a resenha para esse DVD aqui). Este álbum acabou sendo o último a contar com o clássico line up que gravou "Back In Black" e diversos outros clássicos da banda, na era Brian Johnson do AC/DC. Em 2014, ao retornar à atividade, a banda anunciou que Malcolm Young estava sofrendo com demência e não conseguiria mais tocar com eles. Ele veio a falecer em 2017. O futuro da banda é incerto e indefinido: Brian Johnson chegou a se afastar da turnê, sendo substituído por Axl Rose (Guns N' Roses), mas rumores recentes mostram Brian e Phil Rudd novamente juntos com a banda. Se teremos um novo álbum com o AC/DC, só o futuro pode nos dizer!!

Guns N' Roses - "Chinese Democracy" - este é o álbum que levou 15 anos para ser gravado e lançado. Um álbum que passou pela mão de diversos produtores e músicos, custou algo em torno de 13 milhões de dólares (fonte: Wikipedia) e acabou finalmente vendo a luz do dia neste ano de 2008. Além de Axl Rose, único remanescente da formação original, gravaram este álbum: Paul Tobias, Buckethead, Robin Finck, Ron "Bumblefoot" Thal e Richard Fortus na guitarra; Tommy Stinson no baixo; Bryan Mantia e Frank Ferrer na bateria; e Dizzy Reed e Chris Pittman nos teclados. A lista de produtores e afins é igualmente extensa, vou citar somente alguns: Andy Wallace, Caram Constanzo, Roy Thomas Baker, Eric Caudieux, e muitos outros. Com tanta grana gasta no álbum, chegou um ponto que a gravadora Geffen cortou os fundos e mandou Axl entregar o disco. Depois disso, ainda demorou uns três, quatro anos para o lançamento, que foi exclusivo da rede de lojas norte-americanas Best Buy. Musicalmente, viu a banda flertar fortemente com o industrial, sem abandonar completamente o hard rock que a fez famosa. Adicione aí pitadas de hip hop, arranjos orquestrados, uma ou outra balada, e produção bem polida. As músicas do álbum não ficaram famosas, não tocaram muito no rádio, o disco não aconteceu como se esperava: nem mesmo no topo da parada norte-americana ele chegou - apenas em terceiro. Um mero disco de platina é muito pouco para uma banda com a força comercial dos Guns N' Roses. Podemos destacar a abertura com a faixa-título, "Better", "Street Of Dreams" e "Sorry". As turnês que se seguiram viram a banda lutar contra as limitações vocais de seu líder, que alternava boas apresentações com outras sofríveis - fora os atrasos gigantescos nos shows. A grande novidade relacionada aos Guns N' Roses aconteceu no começo de 2016, com o retorno de Slash e Duffy McKagan à banda, levando o grupo a uma longa turnê que dura até os dias de hoje. Turnê esta que já quebrou diversos recordes e vem rendendo muito dinheiro para a banda. Nenhuma notícia concreta, no entanto, sobre gravação de um novo álbum de estúdio. Já se vão dez anos desde então...

Aí está, relembramos grandes lançamentos que nem estão tão antigos assim: apenas dez anos se passaram desde que viram a luz do dia. Mas nestes tempos de informação em abundância, muitos lançamentos e poucas vendas, alguns gigantes aqui já se destacaram e criaram uma história que merece ser contada.

Um abraço rock and roll e até o próximo post!!