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sábado, 26 de março de 2011

Ozzy Osbourne - O príncipe das trevas vem aí


Três anos depois dos shows da turnê do disco "Black Rain" em 2008 (que contaram com Black Label Society e Korn abrindo), Ozzy Osbourne está de volta ao Brasil para mais uma turnê, agora promovendo o álbum "Scream". Este post vai falar um pouco sobre o mais recente disco de Ozzy, o repertório da turnê, e outros detalhes numa espécie de aperitivo para os shows que se aproximam, na perna brasileira da turnê.


Todo mundo sabe que Ozzy começou sua carreira como vocalista do Black Sabbath, pavimentando as bases do que hoje conhecemos como heavy metal. Em 1979, os outros membros do Sabbath não aguentaram os problemas de Ozzy com bebidas e drogas e o expulsaram da banda. Ele rapidamente se recuperou e lançou diversos discos de uma ultra bem-sucedida carreira solo. Ozzy ficou famoso também por descobrir talentos pouco conhecidos para tocar com ele, especialmente os guitarristas. Randy Rhoads, o mais famoso e talvez o mais talentoso, é apenas um deles. Ozzy teve em sua banda, como guitarrista, Jake E. Lee, Brad Gillis e Zakk Wylde. Teve também o desconhecido Joe Holmes, que tocou na turnê do disco "Ozzmozis" (esta turnê passou aqui em nossas terras em 1995 - o lendário Geezer Butler estava no baixo...). E rápidas contribuições de Steve Vai (entre 1994 e 95), Alex Skolnick (guitarrista do Testament, tocou com Ozzy em 1995) e Jerry Cantrel (guitarrista do Alice In Chains, tocou com Ozzy entre 2004 e 2006). Ozzy agora recrutou o guitarrista grego Gus G. (nome real, segundo a Wikipedia: Kostas Karamitroudis), que também toca na banda Firewind, e gravou um novo disco, "Scream". Já dei minha opinião sobre este álbum nesse post aqui, mas vamos dissecá-lo um pouco mais neste post, canção por canção.

1 - "Let It Die" - a música de abertura de "Scream" inicia com uma introdução, uma rápida amostra do riff principal e um rápido solo antes de Ozzy começar a cantar com uma voz recheada de efeitos. O riff principal da música arrasta os versos de Ozzy até o refrão. Achei que esta canção tem muito efeito, perdendo um pouco o possível punch que a música poderia ter. Um pequeno solo melodioso separa esta parte característica da canção da parte boa: um riff cavalgante relembrando os bons tempos de Sabbath, uma espécie de introdução para o solo principal. Aí volta o refrão. Canção mediana, deveria estar no meio do disco, não tem punch para canção de abertura.
2 - "Let Me Hear You Scream" - esta música poderia ser a abertura, tem mais punch e o refrão é mais cativante. Os versos de Ozzy acabam se diluindo com o excesso de efeitos no meio da música, mas o refrão é forte o suficiente para segurar a canção. Ao vivo esta música deve ganhar muita força.
3 - "Soul Sucker" - a introdução pesadíssima desta música te deixa animado. O riff pesado continua com os versos que Ozzy canta, reforçando no refrão. Um rápido destaque no baixo para introduzir mais um trecho inspiradíssimo a la Sabbath. Mais um belo solo do novo guitarrista Gus G., que vai fazendo um bom trabalho de estreia, e o peso do riff principal retorna, com o refrão encerrando a canção. Um dos destaques do disco!
4 - "Life Won't Wait" - primeira balada do disco, uma canção com começo acústico que ganha o devido peso no seu refrão e até acelera um pouco em um pequeno trecho que serve de base para o solo. Bela melodia, Ozzy quase sempre acerta a mão nas baladas que coloca em seus discos, e esta não é exceção. Esta música e a anterior poderiam ser boas escolhas para compor o set list do show, mas Ozzy só colocou o single principal do disco.
5 - "Diggin' Me Down" - um dedilhado de introdução, uma espécie de cartão de apresentação do talento de Gus G., não dá ideia ao ouvinte que ele será submetido a mais um riff pesadíssimo. O meio da música tem aquele clima com camadas subterrâneas de teclados para complementar o riff principal (créditos para Adam Wakeman, filho do tecladista mito do Yes), e a canção dá uma quebrada, uma melodia meio sofrida que dura pouco, voltando mais uma vez ao riff básico. Outro destaque do disco!
6 - "Crucify" - esta canção possui uma letra criticando provavelmente aqueles pastores americanos que pregam na TV, enganando os trouxas. Não é uma canção ruim, mas não tem a força da anterior, e o ouvinte consegue perceber. Por ser curta, você acaba nem se chateando...
7 - "Fearless" - esta começa com um riff que pega, mas acaba com um ritmo meio quebrado que faz a música perder um pouco a força. A melodia é boa, e a evolução da canção é boa e acaba ganhando o ouvinte. Mas você fica com a impressão que a música poderia ser melhor. Percebam que não gostei da produção do disco (Kevin Churko, produziu também o anterior de Ozzy, "Black Rain"; nenhum disco de destaque que tenha visto, segundo a Wikipedia), pelos efeitos usados, pela sequência das canções, etc.
8 - "Time" - mais uma balada no disco. Esta tem um coro "uh uh uh" que eu não gostei muito, mas a melodia é bonita. A balada anterior é bem melhor, com certeza.
9 - "I Want It More" - mais uma canção mediana do disco. Até tem trechos pesados e um bom solo, mas a música não consegue decolar completamente. Um professor que já tive costumava se referir como "voo da galinha". Este é um álbum com uns 3 ou 4 grandes destaques, mas as demais canções medianas. Talvez este disco seja como uma espécie de preparação do guitarrista Gus G. para um próximo grande álbum, como foi o "No Rest For The Wicked" para Zakk Wylde (o seguinte foi "No More Tears", discaço!).
10 - "Latimer's Mercy" - a esta altura esta canção é completamente desnecessária e talvez ela pudesse ser apenas um bonus track. Com a perda do punch com canções medianas, você já se cansa de escutar o álbum até o fim.
11 - "I Love You All" - esta é mais uma canção-tributo, Ozzy agradecendo seu público fiel. Curtinha, lentinha e arrastada, fecha o disco meio melancolicamente. Talvez o próximo disco seja fantástico, este não foi...

A turnê do madman está a todo vapor, já passou por Europa, EUA e Japão, e agora está chegando na América Latina, especialmente ao Brasil. Vejamos as datas agendadas aqui para nossas terras:
30/03 - Porto Alegre - Gigantinho (banda de abertura: Gunport)
02/04 - São Paulo - Arena Anhembi (banda de abertura: Sepultura)
05/04 - Brasília - Ginásio Nilson Nelson (banda de abertura: Sepultura)
07/04 - Rio de Janeiro - Citibank Hall (banda de abertura: Hibria)
09/04 - Belo Horizonte - Mineirinho (banda de abertura: Hibria)

Primeira crítica vai para as bandas de abertura: porque o Sepultura só toca em São Paulo e Brasília? deviam tocar em todos os shows no Brasil. Nada contra o Hibria, que nem conheço... Pelos lugares escolhidos, me parece que esta turnê escolheu lugares menores. Aqui no Rio, por exemplo, a HSBC Arena ficou lotadinha em 2008, e ela é maior que o Citibank Hall, local escolhido para o show este ano.

O repertório desta turnê varia dos sucessos da carreira solo a clássicos do Black Sabbath, com direito ao primeiro single do disco novo. Vejam o set list da última apresentação nos EUA, na Flórida (em parênteses o nome do disco em que a canção foi lançada):

1 - Bark At The Moon ("Bark At The Moon")
2 - Let Me Hear You Scream ("Scream")
3 - Mr. Crowley ("Blizzard Of Ozz")
4 - I Don't Know ("Blizzard Of Ozz")
5 - Fairies Wear Boots (Black Sabbath - "Paranoid")
6 - Suicide Solution ("Blizzard Of Ozz")
7 - Road To Nowhere ("No More Tears")
8 - War Pigs (Black Sabbath - "Paranoid")
9 - Shot In The Dark ("The Ultimate Sin")
10 - Rat Salad (Black Sabbath - "Paranoid" - com solos de guitarra e bateria)
11 - Iron Man (Black Sabbath - "Paranoid")
12 - I Don't Want To Change The World ("No More Tears")
13 - Crazy Train ("Blizzard Of Ozz")
Bis:
14 - Mama, I'm Coming Home ("No More Tears")
15 - Paranoid (Black Sabbath - "Paranoid")

Pra começar, sinto falta de uma das melhores músicas da carreira solo de Ozzy, "No More Tears". Inadmissível não constar no repertório da turnê (ainda bem que outras canções deste disco estão presentes). Outra: com tanta música boa no "The Ultimate Sin", o madman tinha que escolher a pior ("Shot In The Dark")? De restante, as músicas mais importantes estão lá mesmo. Sinto falta de um clássico do Sabbath do disco "Master Of Reality". Minha preferência seria "Children Of The Grave", mas "Sweet Leaf" caia bem também. Aliás, olhando melhor, só tem música do "Paranoid". Ele tinha que tocar alguma coisa dos outros álbuns, tão importantes: "N.I.B.", "The Wizard", "Snowblind", "Sabbath Bloody Sabbath", sei lá, qualquer coisa fora do "Paranoid".


A banda que acompanha Ozzy conta, além do guitarrista Gus G., com o baixista Rob Blasko (tocando com Ozzy desde 2006), o baterista Tommy Clufetos (entrou na banda ano passado) e o tecladista Adam Wakeman (com Ozzy desde 2004. Já falei acima, filho de Rick Wakeman. Vale lembrar que o outro filho de Wakeman, Oliver, é quem está acompanhando a atual versão do Yes em turnê, sem o pai e o vocalista Jon Anderson). Ozzy já teve bandas muito melhores lhe acompanhando, mas sempre deu chance a novos nomes. No futuro, é provável que os atuais integrantes da banda sejam destaque no mundo rock and roll. É a história sendo feita e nós testemunhando...


É isso aí, vamos a mais um show do madmam, vamos torcer que não seja o último. Vamos torcer que o próximo seja com senhores barbudos no baixo e guitarra... Não deixem de acompanhar as novidades do blog seguindo-nos no twitter: @ripandohistrock. Grande abraço e vejo os fãs do madman no Citibank Hall!!
Links Interessantes:
Site oficial de Ozzy Osbourne - http://www.ozzy.com/home
Ozzy Osbourne na Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Ozzy_Osbourne

Vídeos:
Vídeo do primeiro single, "Let Me Hear You Scream":

Vídeo de "Let It Die", música de abertura do disco "Scream":

Vídeo de "Life Won't Wait", bela balada do disco "Scream":

Bark At The Moon, ao vivo em Toronto, novembro de 2010:

Mr. Crowley, ao vivo em Toronto, novembro de 2010:

Recado de Ozzy para o público brasileiro: