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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Os discos do Megadeth, do pior para o melhor

Aproveitando (mais uma) vinda do Megadeth ao Brasil, resolvi fazer um post ordenando os álbuns de estúdio da banda do pior para o melhor. E aí, qual álbum você acha que será o melhor? e o pior? Confira agora!

Já falei em um post aqui no blog que comecei minha aventura de conhecer o trabalho do Megadeth pelo primeiro álbum de estúdio. Pulei o segundo e fui pro terceiro, isso por volta de 1988, 1989. Nenhum dos dois discos deu aquele clique e dei um tempo de escutar a banda. Me voltei para Metallica e Slayer. Na época, já estava mais acostumado a estas duas bandas. Em 1990, enfim, voltei a escutar o Megadeth graças a um amigo que me emprestou o então recém-lançado disco de estúdio de Dave Mustaine e seus asseclas. Ali sim, foi paixão definitiva e que dura até hoje. E, sempre que posso, vejo a banda ao vivo, desde a primeira vez no Rock in Rio de 1991, passando por dois Monsters of Rock, show em Buenos Aires, show no trágico Metal Open Air, no Maranhão, e o último em São Paulo, no ano passado. Em novembro, chego a meu décimo show do Megadeth. E agora, faço uma lista completamente pessoal da discografia de estúdio da banda, do pior para o melhor. Não me odeiem por não concordarem; como eu disse, a lista é pessoal! Vamos lá!!

"Risk" (1999) - preciso confessar que fui escutar este álbum, na totalidade, para fazer este post. Já tinha me decepcionado com "Cryptic Writings", quando foi a época de lançamento desta coisa eu resolvi ignorar. Dave Mustaine já deu entrevista confessando que ele queria, a qualquer custo, o sucesso que sua ex-banda tinha. Buscava mesmo compor uma música de sucesso que o levasse ao topo da parada. Não conseguiu (a melhor posição que um álbum do Megadeth chegou foi o segundo lugar), e cometeu alguns deslizes pelo caminho, sendo este aqui o maior de longe. Nem metal este álbum pode ser chamado. Não trago nenhum destaque, nada se salva aqui. Felizmente, eles não se arriscam a tocar nada daqui ao vivo, ao contrário de sua ex-banda, que de vez em quando explora os Loads e Reloads da vida...

 "Super Collider" (2013) - a formação que contava com Shawn Drover na bateria e Chris Broderick na guitarra funcionava bem ao vivo, mas em estúdio deu algum caldo apenas no bom álbum "Endgame". Já em "Thirteen" esta formação derrapou um pouco, e aqui eles se perderam bastante. Dave Mustaine resolveu adicionar muitos elementos de hard rock e até linhas mais melódicas, como na faixa-título. Ainda salvamos algumas faixas mais pesadas e aceleradas, como a boa abertura com "Kingmaker", "Built For War", "Don't Turn Your Back" e "Cold Sweat", cover do Thin Lizzy. Pela reação da base de fãs, acho que este álbum acabou decretando o fim desta formação. Que bom que a nova formação encaixou muito melhor!

"The System Has Failed" (2004) - este álbum nem era pra ser um disco do Megadeth. Era pra ser um disco solo de Dave Mustaine. A gravadora não aceitou, queria ganhar dinheiro em cima, então mandou usar o nome da banda. A formação é contratada, trouxe de volta Chris Poland para a guitarra, mais dois músicos de estúdio (destaque para o baterista Vinnie Colaiuta, que tocou com Jeff Beck, Joe Satriani, Frank Zappa e Sting, dentre muitos outros nomes). Temos um álbum com uma pegada melhor que seus antecessores, com diversas boas canções: a abertura com "Blackmail The Universe", o single "Die Dead Enough", "Back In The Day" e "My Kingdom". Era o retorno do Megadeth à ativa, após o problema no braço de Mustaine, que o impediu de tocar guitarra por quase dois anos. A banda voltaria a excursionar, com uma formação diferente da de estúdio e até montaria seu próprio festival - Gigantour. Foi um alívio ver a banda ativa novamente!

 "Thirteen" (2011) - este álbum marcou a volta de David Ellefson ao Megadeth, após muitos anos ausente. Pareceu algo como uma obrigação contratual que a banda tinha que cumprir, já que quatro das músicas já haviam sido lançadas antes. E também continha composições antigas, como "New World Order", que teve créditos na composição para Nick Menza e Marty Friedman. As boas faixas estavam presentes: a abertura com "Sudden Death", "Public Enemy Nº 1", "Black Swan", "Millenium Of The Blind". Entretanto, no geral, o álbum não me empolgou muito. Considerei os dois anteriores mais fortes, como vocês verão a seguir. O pior desta formação ainda estaria por vir, como vimos acima com o fraco "Super Collider"...

"Endgame" (2009) - Glen Drover pediu as contas da banda no começo de 2008. Citou os motivos de sempre: focar na família e diferenças musicais. Chris Broderick foi o substituto, e tocou um tempo com a banda ao vivo antes de gravar seu primeiro álbum de estúdio. Apesar de começar acelerado com "This Day We Fight!", o álbum nunca conseguiu me passar a mesma sensação de unidade que "United Abominations" passou. Apesar deste porém, temos um bom álbum, com algumas faixas de destaque como a já citada e também "1,320", "Bite The Hand" e "Head Crusher". A banda excursionaria pouco para promover este disco; acabou entrando em uma turnê comemorativa do clássico "Rust In Peace". Concorrer com este clássico, não dá...


"The World Needs A Hero" (2001) - depois do desastre total com "Risk", acho que Dave Mustaine cansou de sua desesperada tentativa em buscar alcançar o sucesso de sua ex-banda. A guinada foi extrema demais e ameaçou alienar sua grande base de fãs. A primeira tarefa foi refazer a banda, trazendo Al Pitrelli (ex-Savatage) para substituir Marty Friedman, que pediu o boné. Al combinou bem com Mustaine e conseguiram entregar um bom trabalho de guitarras (pena que Pitrelli não durou muito na banda). A boa notícia é que musicalmente a banda retornou a suas origens pesadas e entregou boas canções, como a abertura com "Disconnect", "Moto Psycho", "Dread And The Fugitive Mind", "Return To Hangar" (uma espécie de continuação do clássico "Hangar 18"). Até podemos perdoar a copiada básica que Mustaine deu em "When"! (muito parecida com "Am I Evil", né...)

"United Abominations" (2007) - após a formação com músicos de estúdio, que gravaram "The System Has Failed", era hora de cair na estrada, e os irmãos Drover (Glen na guitarra e Shawn na bateria) foram escolhidos para completar a formação que excursionaria mundo afora e também participaria do festival Gigantour. Após algum tempo com James McDonough, James Lomenzo (ex-White Lion, fez parte do Pride And Joy e também tocou no primeiro disco solo de Zakk Wylde) assumiu o baixo. O sucesso da turnê fez Mustaine mudar da ideia de acabar com o Megadeth e seguir em carreira solo (ele anunciou a decisão no famoso show gravado na Argentina e que virou DVD). A banda entrou em estúdio inspirada e lançou um belo álbum, que abre muito bem com "Sleepwalker" e segue em alta rotação com faixas como "Washington Is Next!", "Never Walk Alone... A Call To Arms", "Gears Of War", material com peso e velocidade como há muito não era visto. Houve também a regravação de "A Tout Le Monde" com a participação da vocalista Cristina Scabbia (Lacuna Coil). Um álbum que revigorou a carreira do Megadeth e os recolocou novamente na cena metal pra valer. Se você não o conhece, merece definitivamente uma audição!

"Youthanasia" (1994) - depois do grande sucesso de "Countdown To Extinction", a banda apostou todas as fichas em continuar com a guinada mais melódica e comercial. Lembro perfeitamente de adorar este disco na época de seu lançamento, a começar pela capa com os bebês pendurados. Claro que a banda tinha se afastado completamente do thrash metal e estava entregando um disco de heavy metal, bem tocado, mas também bem melódico e continuando sua perseguição ao Metallica. Algumas músicas se tornaram clássicos momentâneos da época, como "Reckoning Day" e sua grande abertura rítmica; "Train Of Consequences" e seu riff inspirado; a balada "A Tout Le Monde", que foi acusada de pró suicídio (Mustaine negou); "Killing Road" e sua pegada pesada e matadora; e "Victory", que agradou por citar em sua letra várias músicas antigas da banda. Nos dias atuais, não tenho tanta empolgação com este álbum, vejo alguns defeitos, como a pegada muito comercial e melódica. Naqueles agitados anos 90 eu nunca pensaria que no futuro eu gostaria mais de seu sucessor...

"Cryptic Writings" (1997) - Ah, o tempo passa e muda a tua cabeça, muda teus gostos, te faz reconsiderar algumas posições do passado... Logo quando este álbum foi lançado, fui correndo na Gramophone do Centro do Rio para comprá-lo. Acho que na época o Megadeth era minha banda preferida - já tinha me desiludido com os últimos lançamentos de Anthrax e Metallica - a desilusão com o Megadeth estava para acontecer. Detestei o álbum com todas as forças, discutia na Internet reclamando do mesmo e não entendendo como alguém conseguiu gostar dele. Como dito no parágrafo, o tempo passa... Em 1998, quando o Megadeth tocou no Monsters of Rock, comecei a ver valor em algumas canções muito bem executadas ao vivo, como "Trust", "Almost Honest" e "She-Wolf" (esta última tem um riff matador!). E aos poucos fui gostando do álbum, bem gravado e produzido, musicalmente variado, Dave Mustaine cantando bem, Marty Friedman solando muito, composições fortes, um belo disco! Destaco, além das três canções já citadas anteriormente, "Sin" e "A Secret Place". Mais um belo álbum da formação mais clássica do Megadeth!

"Dystopia" (2016) - em novembro de 2014, depois de dois pedidos de demissão em poucas horas (Shawn Drover e Chris Broderick, foram formar uma nova banda juntos), muitos já começaram a imaginar o fim do Megadeth. Dave Mustaine não tinha essa opção em sua mente. Tentou um movimento mais tradicional de reviver a formação mais clássica da banda, mas as negociações falharam. Manteve a calma, e foi atrás de dois grandes nomes para substituir os membros que abandonaram o barco. Chris Adler e, mais ainda, Kiko Loureiro, deram um sopro de ar fresco ao Megadeth, e juntos conseguiram reviver grandes momentos para a banda em estúdio. O entrosamento de Mustaine e Kiko foi imediato e efetivo e trouxe o velho Musta compondo músicas grandiosas novamente. "The Threat Is Real", "Dystopia", "Fatal Illusion", "Post American World", "Conquer Or Die!", grandes canções que ganharam completamente o público ao vivo. Por este motivo, este álbum fica tão bem colocado, dada a grande impressão que me deu desde que foi lançado no começo do ano passado. Não sei se com o passar do tempo ele vai se manter nesta bela posição na minha preferência. Vivamos o momento e vamos curtir este grande momento da banda! (confira aqui a resenha para este álbum feita na época de seu lançamento no ano passado)

"So Far, So Good... So What!" (1988) - Pronto, agora entramos no Top 5 supremo do Megadeth, os clássicos dos clássicos, petardos que já estão eternizados na história do thrash e do heavy metal. Dos cinco grandes álbuns da banda, da época de ouro, este é o que menos gosto. A formação só gravou este disco, e não funcionou. Depois da saída de Gar Samuelson e Chris Poland, entraram Chuck Behler e Jeff Young. Nesta época, o problema dos membros com as drogas era grande e acabou atrapalhando a turnê de promoção, que durou pouco. No estúdio, entretanto, Dave Mustaine ainda estava com o rancor de sua expulsão do Metallica guardado e canalizado para uma agressividade sonora refletida em riffs supersônicos que só ele consegue fazer tão bem. A abertura com a instrumental "Into The Lungs Of Hell" é desbundante; a levada cadenciada de "Set The World Afire" te faz bater cabeça com vontade; a cover "Anarchy In The UK" é caprichada e ficou no set list dos shows da banda por muito tempo; a homenagem a Cliff Burton no clássico "In My Darkest Hour" é um momento alto do disco, que se encerra cuspindo fogo a altas velocidades com "Liar" e "Hook In Mouth". Um clássico do thrash metal, sem sombra de dúvidas!

"Killing Is My Business... And Business Is Good!" (1985) - esta foi minha entrada no mundo do Megadeth, para nunca mais sair. Aquela introdução ao piano é só um prelúdio para o inferno speed metal que vem a seguir, com "Loved To Death", a faixa-título, "Rattlehead", o clássico supremo "Mechanix", era só o começo de uma carreira brilhante de Dave Mustaine, Dave Ellefson e quem mais acompanhasse a dupla! Os poucos pontos negativos ficam com a duração curta do álbum (pouquinho mais de meia hora somente), a capa risonha que a gravadora escolheu (ignorando a ideia que Mustaine apresentou) e a controvérsia que foi gerada na época pela cover "These Boots". Originalmente interpretada por Nancy Sinatra, o compositor da canção não gostou das alterações nas letras que Mustaine fez e ameaçou processar a banda se não removesse a canção do álbum. Por este motivo, versões do álbum entre 1995 e 2002 não contaram com esta faixa (meu CD é desta época infelizmente...). A partir de 2002, a faixa voltou a estar presente no álbum com uma versão censurada. Estes poucos pontos negativos não diminuem em nada a importância desde grande álbum de estreia do Megadeth!

"Countdown To Extinction" (1992) - chegamos no Top 3 da minha preferência, e este álbum eu escutei muito no começo dos anos 90, primeiro em uma fita K7 que tinha o disco gravado, depois tomei vergonha na cara e comprei o CD. O advento da MTV no Brasil ajudou a fazer o álbum famoso por aqui, principalmente com o vídeo clipe de "Sweating Bullets", meu preferido. Sim, a banda reduziu a velocidade em comparação com o discaço anterior; sim, a banda trouxe canções mais melódicas para seu repertório. Mas a qualidade das composições superou tudo e agradou os fãs bastante. Três grandes clássicos saíram deste álbum maravilhoso: a abertura com "Skin O' My Teeth", a já citada "Sweating Bullets" e o clássico supremo "Symphony Of Destruction", presente em todos os shows da banda desde então. Além dessas, eu curto muito "This Was My Life", "Psychotron" e "Captive Honour". O blog já fez, em 2012, uma série de posts analisando este álbum, em homenagem à turnê que tocou o álbum na íntegra (confira aqui o primeiro post). Eu tive a felicidade de ver este disco ser tocado todinho ao vivo em Buenos Aires, 14 de setembro de 2012 - veja aqui meu relato!

"Peace Sells... But Who's Buying?" (1986) - lembro claramente de ter demorado a conhecer este disco. Comecei com o Killing, fui pro So Far e depois "Rust In Peace". Fiquei apaixonado por este último e demorei a correr atrás do que estava faltando. A Internet na época era embrionária, mas as lojas de CDs dos EUA já ofereciam venda pela Internet utilizando Telnet (algo muito antigo e baseado em caractere; nada de interface gráfica ainda). Juntou eu e meu amigo e fizemos um pedido conjunto, aproveitando o dólar baratinho da época. Ele pediu dois CDs e eu pedi esta maravilha. Lançado em um dos mais fantásticos anos para o thrash metal - grandes clássicos como "Master Of Puppets", "Reign In Blood", "Darkness Descends" e muitos outros foram lançados em 1986 - o disco é excelente, traz a combinação perfeita de riffs cortantes, acelerados à velocidade da luz, solos alucinantes, com o baixo e a bateria costurando e amarrando tudo, transformando as canções em hinos do metal, clássicos eternos que até hoje são reverenciados por todos os fãs. Desde a abertura nervosa com "Wake Up Dead", passando pela intensa "The Conjuring" (que Mustaine não gosta mais de tocar graças a suas convicções religiosas atuais), o peso cadenciado da faixa-título, "Devils Island" e "Black Friday" não deixando pedra sobre pedra, a cover louca "I Ain't Superstitious", de Willie Dixon, do começo ao fim o álbum te deixa boquiaberto e disposto a agitar intensamente. Com 31 anos de idade, este álbum é um dos melhores discos thrash metal de todos os tempos - e eu adoro!

"Rust In Peace" (1990) - encerrando a lista, o meu álbum preferido na discografia do Megadeth foi um que me encantou desde a primeira audição. Não é qualquer álbum que tem uma sequência de músicas com qualidade no nível deste aqui. Dentre os grandes grupos de thrash metal, somente "Master Of Puppets", do Metallica, "Bonded By Blood", do Exodus e "Reign In Blood", do Slayer ficam no mesmo nível de qualidade. Este álbum faz parte do panteão sagrado do metal com louvor, demonstrando as habilidades inconfundíveis da dupla de guitarristas Dave Mustaine e Marty Friedman e consagrando a então nova cozinha da banda com Dave Ellefson e o finado Nick Menza. Quase todas as faixas do álbum acabaram se tornando clássicos e canções muito requisitadas nos shows da banda: "Holy Wars... The Punishment Due" é obrigatória e geralmente fecha os shows, tamanha a sua importância; "Hangar 18" é outra muito tocada e sua execução ao vivo é sempre um orgasmo musical; "Take No Prisoners" e "Five Magics" não são tão tocadas ao vivo mas são dois petardos de alto quilate, composições de técnica precisa; "Lucretia" e "Tornado Of Souls" é outro par de clássicos que volta e meia é executado ao vivo, para nosso deleite. Até as canções menos conhecidas e menos adoradas tem qualidade acima da média. Eu simplesmente sou apaixonado por este disco, do começo ao fim. Vamos celebrar um dos maiores álbuns da história do heavy metal!!

É isso. Um abraço rock and roll e até o show do Megadeth em novembro!!