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quarta-feira, 8 de março de 2017

1987 - Mais qualidade dos grandes do rock nacional

Depois de relembrar os lançamentos internacionais de trinta anos atrás, chegou a hora de conferir os principais lançamentos do rock nacional. Depois do ano de ouro do rock no Brasil, 1986, vamos ver como foi o ano de 1987. Garanto que teve muita coisa boa!

1986 foi o ano de ouro do rock nacional, pela qualidade dos álbuns lançados, e também pela conjuntura econômica, fortalecida pelo primeiro Plano Cruzado, que congelou preços e salários. A boa situação fortaleceu as vendas dos discos e também as turnês de divulgação. As bandas cresceram, criaram público cativo e algumas voltaram ao estúdio para lançar o disco seguinte. E como a situação estava muito boa, algumas bandas novas vão aparecer neste post, lançando seu primeiro álbum. Só que a bonança durou pouco, apenas até as eleições passarem (e elegerem maciçamente os candidatos do partido do governo Sarney). O erro econômico acabou explodindo na falta de produtos nas prateleiras, pagamento de ágio para conseguir o que se queria, e acabou não conseguindo segurar a volta da inflação, com toda a força.

Mesmo assim, muitos lançamentos deste conturbado ano econômico de 1987, no Brasil, conseguiram fazer sucesso. E vamos falar de alguns deles agora! 

Ultraje A Rigor - "Sexo!!!" - depois do estrondoso sucesso do primeiro álbum, a banda lançou remixes de seu disco, versão carnavalesca de "Marylou", além de excursionar muito pelo Brasil afora. Quando finalmente retornaram com este novo álbum de estúdio, o visual da banda estava meio hard rock, heavy metal. Musicalmente, a banda continuou de onde tinha parado, mantendo a ironia e o humor sarcástico nas letras, com refrões pegajosos que rapidamente ganhavam o ouvinte. Nesta pegada, tivemos vários sucessos, um atrás do outro: "Eu Gosto De Mulher", "Pelado", a faixa-título e "Terceiro". Não foi só no visual que a banda flertou com o metal: os solos estavam mais escancarados e a canção "Prisioneiro" tem uma levada meio hard, com vocal do baixista Maurício (ele saiu da banda depois para criar uma banda de metal). O sucesso só aumentou quando uma das faixas do disco ("Pelado") foi escolhida como abertura de uma novela global. Este disco marcou a estreia do guitarrista Sérgio Serra, que ficou com a banda até 1990, e depois retornou para mais uma temporada de 2002 a 2009. A banda anda em baixa, graças às atitudes um tanto polêmicas de Roger, e por estar se submetendo a ser banda de um programa de auditório. Além de não estarem produzindo quase nada novo. Pouco para uma banda que já teve a importância e o sucesso do Ultraje a Rigor!!

Os Paralamas do Sucesso - "D" - este foi o primeiro álbum ao vivo dos Paralamas do Sucesso, e foi gravado durante uma apresentação da banda no festival de Montreux, na Suíça. Além dos principais sucessos da banda, como "Alagados", "Óculos", "Selvagem" e "Meu Erro", o álbum traz uma canção inédita, "Será Que Vai Chover?", que foi usada como música de trabalho, e também um cover para uma música de Jorge Ben, "Charles, Anjo 45". Nesta época, a banda acabou praticamente incorporando um quarto membro, João Fera, nos teclados. Era a banda se recarregando e ganhando tempo até lançar o próximo álbum de estúdio, no ano seguinte, outro disco aclamado pelo público e a crítica. No próximo post de lançamentos nacionais a gente fala sobre ele!

Cazuza - "Só Se For A Dois" - segundo álbum da carreira solo de Cazuza, onde nosso poeta mantém uma grande variedade de parcerias de composição, e também mantém a veia mais pop musicalmente, passando um pouco longe do rock and roll que praticava com sua banda antiga, o Barão Vermelho. Os destaques ficam para os grandes sucessos do disco: "O Nosso Amor A Gente Inventa", "Solidão Que Nada" e a faixa-título. O ano de 1987 seria um ano de angústia para Cazuza: ele acabou confirmando as suspeitas de que era portador do vírus HIV. Viajou para os EUA para tratamentos mais avançados, buscando uma carga de saúde para gravar seu próximo álbum, no ano seguinte. Papo para o próximo post!

Engenheiros do Hawaii - "A Revolta Dos Dândis" - no post sobre o ano anterior (1986), falamos que a saída de Marcelo Pitz da banda fez Humberto Gessinger migrar para o baixo, permitindo a entrada do guitarrista Augusto Licks e iniciando a formação mais conhecida e consistente da banda: Gessinger/Maltz/Licks. Musicalmente, a banda também iniciou uma jornada de criação de sua identidade, com letras muito mais trabalhadas e sonoridade baseada nos anos 60, com alguns elementos de rock progressivo. Muitas das mais famosas canções da banda estão presentes neste álbum: a faixa-título (partes I e II), "Terra de Gigantes", "Refrão De Bolero", e a mais conhecida de todos, "Infinita Highway". Com o sucesso deste álbum, a banda partiu para turnês ao redor do Brasil; foi quando começaram a ficar muito conhecidos, e começaram a ameaçar o reinado do triunvirato Legião/Paralamas/Titãs, as três maiores bandas de rock do Brasil na época. Os próximos álbuns iriam consolidar este sucesso. Atualmente, Humberto Gessinger segue uma carreira solo. Porém, ele está com alguns shows marcados, onde prometeu tocar este álbum em sua totalidade. Um grande evento, com certeza!

Kid Abelha - "Tomate" - depois da saída de Leoni, que era o principal compositor da banda, restou uma grande interrogação para o Kid Abelha: seria a banda capaz de continuar sem seu principal membro? A pressão era ainda maior pois, no ano anterior, a nova banda de Leoni, os Heróis da Resistência, tinha feito muito sucesso. Então, Paula Toller e George Israel assumiram as composições, e eles chamaram o baixista Nilo Romero para gravar e também para contribuir com arranjos para as músicas. Paula também assumiu uma postura mais sensual, se tornando um sex symbol de sua geração. Os grandes sucessos do disco ficaram com as faixas "No Meio Da Rua" e "Amanhã É 23", esta última inclusive ganhando espaço na trilha sonora de uma novela global e aumentando ainda mais sua popularidade. Foi um atestado de sobrevivência da banda, sem seu ex-integrante. Após este evento de superação, a banda cresceria muito e se tornaria uma das bandas de maior sucesso de pop/rock do Brasil!

Barão Vermelho - "Rock 'N' Geral" - o Barão Vermelho sofreu com a saída de Cazuza. Primeiro, a gravadora antiga não promoveu o disco anterior adequadamente. Eles resolveram sair da gravadora, e este álbum é mais um recomeço para a banda. Nenhuma faixa ficou muito conhecida (mais problemas com divulgação, imagino), mas o álbum traz muita qualidade e canções fortes, como a abertura com "Amor De Irmão", e as faixas "Blues Do Abandono", "Me Acalmo, Me Desespero", "Dignidade" e "Quem Me Olha Só" (esta última uma parceria com Arnaldo Antunes). O próximo álbum de estúdio iria começar a mostrar os sinais de recuperação da banda, em termos de sucesso, e um álbum ao vivo também ajudaria a levantar a banda, que voltaria a ser gigante nos anos 90. Atualmente, Frejat abriu mão da banda, e os membros restantes se juntaram a Rodrigo Suricato para trazer o Barão Vermelho de volta à ativa. Só mesmo quando eles fizerem os primeiros shows pra gente saber se esta volta terá valido a pena!

Lobão - "Vida Bandida" - durante sua estadia na prisão, o grande lobo desenvolveu as ideias que acabaram gerando este novo álbum de estúdio, o de maior sucesso da carreira de Lobão. Logo na abertura, a faixa-título é uma porrada impiedosa, exaltando a malandragem só para provocar a polícia que o tinha prendido. Tem também "Vida Louca Vida", uma crítica à mesmice e exaltação ao lado mais louco da vida. Tem "Chorando No Campo", uma balada com uma levada meio chorinho, meio Led Zeppelin. Com esses três grandes sucessos, Lobão estourou em todos os meios de comunicação e se tornou um dos artistas pop/rock mais requisitados da época. Mas não conseguiu se manter muito tempo no topo: seus flertes com samba, ritmos eletrônicos e, principalmente, suas posições polêmicas (como a briga com gravadoras exigindo numeração das cópias, briga com medalhões da MPB, e recentemente opiniões consideradas de direita) acabaram minando muito sua carreira no longo prazo. Independente de concordarmos ou não com suas posições, precisamos reconhecer que Lobão é um grande artista, grande compositor, irrequieto, que merece nosso respeito!

Plebe Rude - "Nunca Fomos Tão Brasileiros" - segundo disco de estúdio da Plebe Rude, na verdade este foi o primeiro disco cheio, já que o primeiro tinha sido um mini-LP. Aqui a banda demonstra um pouco mais de maturidade nas composições, com letras sempre críticas, atacando diversos temas como a censura (que ainda existia, apesar do fim da ditadura há dois anos), consumo excessivo, desemprego causado pela modernidade tecnológica, e excesso de leis. Então, destaque para as canções "Censura", "A Ida", "Códigos" e "Mentiras Por Enquanto". Vale a pena destacar também a nova versão de "Proteção", regravada com uma introdução calma e final estendido. Assim como o primeiro álbum, este também foi produzido por Herbert Vianna, o personagem "zoado" na letra de "Minha Renda". O álbum foi um sucesso e fez a banda excursionar por todo o Brasil, vendendo muito bem na época. Acontece que o relacionamento com a gravadora iria se desgastar, e o próximo disco seria solenemente ignorado em termos de divulgação, fazendo com que a banda tivesse vendas irrisórias e iniciando o processo de desgaste entre os integrantes. Papo para os próximos posts!

Picassos Falsos - "Picassos Falsos" - banda carioca, gravou uma demo e resolveu aproveitar a então rádio Fluminense FM para tentar a divulgação de seu trabalho. A rádio topou, começou a tocar as músicas e a banda acabou conseguindo um contrato com uma gravadora. Era uma banda já da nova geração a conseguir fazer sucesso, tentando iniciar uma renovação musical do rock brasileiro. Os Picassos Falsos foram uma das primeiras bandas a misturar o rock com ritmos brasileiros. Este primeiro álbum fez muito sucesso graças a duas de suas músicas, muito executadas nas rádios: "Carne E Osso" e "Quadrinhos". A banda ainda lançaria mais um álbum e, apesar do sucesso, não conseguiria continuar na gravadora. Fizeram um breve retorno no começo dos anos 2000, mas acabaram encerrando atividades. Quem viveu este ano de 1987, porém, não se esquecerá dos grandes sucessos dos Picassos Falsos!

Inocentes - "Adeus Carne" - depois do primeiro mini-LP lançado por uma grande gravadora, veio este primeiro disco cheio dos Inocentes, que esperavam um grande resultado agora que eram suportados por todo um sistema de distribuição e divulgação. Logo na abertura do disco, um grande clássico, pedindo para ser tocado muitas e muitas vezes nas rádios. "Pátria Amada" abria com louvor este disco, mas não tocou tanto quanto merecia. "Tambores" e "Cidade Chumbo" também tiveram execução radiofônica em algumas rádios rock, mas só. A gravadora não sabia o que fazer com esses punks, como promover um disco deste tipo. O Brasil só possuía um público de rock; o mesmo público escutava Legião Urbana, Kid Abelha, Titãs e Plebe Rude. Então, meio que varreram a sujeira pra debaixo do tapete. Esqueceram a banda de lado, sem dar a devida promoção. Aconteceria com a Plebe Rude, e também com os Inocentes. Se não fosse pop o suficiente, não ganhava o devido espaço. Ambas as bandas penariam para conseguir seu lugar merecido. Curioso que foi Clemente, vocalista dos Inocentes, que recebeu a Plebe Rude em sua primeira viagem à São Paulo. E foi o mesmo Clemente que acabou entrando pra Plebe, em 2005. Caminhos tortuosos unindo duas grandes bandas do rock brasileiro!

Violeta de Outono - "Violeta de Outono" - mais uma banda da nova geração, que chegava a seu disco de estreia neste ano de 1987. O Violeta de Outono era bem diferente de todas as bandas citadas aqui, buscando a psicodelia dos anos 60 e outras influências diversas para construir sua sonoridade. A guitarra de Fábio Golfetti (Fábio também era vocalista da banda) trouxe um timbre delicioso que até hoje me agrada muito. A banda não conseguiu estourar vários sucessos, apenas uma música ficou mais conhecida: "Dia Eterno" ganhou as rádios FM e tocou algumas vezes, sem se tornar uma das mais tocadas, mas acabou dando visibilidade à banda. Um segundo álbum seria lançado em 1989, e a banda entraria em hiato durante boa parte dos anos 90. Retornaria à ativa no final da década, lançando um novo álbum de estúdio. A banda tem se mostrado mais ativa recentemente, inclusive tendo lançado um novo álbum em 2016 ("Spaces" é o nome do disco). Apesar de não terem estourado a nível nacional, a banda é muito respeitada pela crítica e também possuem alguma notoriedade no exterior, onde são reconhecidos pelo estilo psicodélico e progressivo.

Capital Inicial - "Independência" - o produtor Bozo Barretti, que produziu o primeiro disco da banda, acabou entrando no grupo como tecladista e assumiu novamente a produção neste álbum. Provavelmente por sua influência, a sonoridade rock construída no primeiro disco começa a se diluir neste segundo álbum, com composições recentes mais calcadas nos teclados do novo integrante. Destas novas composições, destacaram-se a faixa-título e "Autoridades". Algumas composições mais antigas acabaram entrando no disco, e podemos destacar "Descendo O Rio Nilo" e "Prova". O álbum fez muito sucesso e aumentou o público do Capital Inicial, que acabou abrindo shows importantes na época (como os shows da turnê de Sting no Brasil) e também garantindo lugares nos festivais da época (como o Alternativa Nativa, do ano seguinte, e o Hollywood Rock de 1990). Uma das poucas bandas da geração anos 80 que renovou seu público!

Viper - "Soldiers Of Sunrise" - este disco de estreia do Viper foi lançado no meio underground, pela gravadora Eldorado e o apoio da Rock Brigade. Esta formação clássica da banda contava com os irmãos Pit e Yves Passarell (o segundo acabou entrando no Capital Inicial nos anos 2000) no baixo e na guitarra, Felipe Machado também na guitarra, o baterista Cássio Audi e o vocalista André Matos. Musicalmente, a banda trazia fortes influências de Iron Maiden e Judas Priest, e as canções deste primeiro álbum são calcadas nessas influências (inclusive no idioma utilizado nas canções, o inglês). O próprio André já comentou, em entrevistas, que ainda não possuía toda a sua técnica neste ponto de sua carreira, e que este álbum foi gravado quase que ao vivo, de forma muito rápida. Apesar da rapidez da gravação, e da produção pouco polida, o álbum tem boas qualidades, talvez até pela crueza capturada. Destaque para as canções "Nightmare", "Wings Of The Evil", a faixa-título e "Killera (Princess Of Hell)". André Matos gravou mais um álbum com a banda e resolveu sair para se dedicar a seus estudos musicais (ele fazia uma faculdade de Música). Acabou formando o Angra em 1991. Os integrantes restantes continuaram por um tempo, com o baixista Pit Passarell assumindo os vocais. No meio dos anos 90, após se aventurar em uma sonoridade mais pop, a banda acabou naufragando (graças à falência de sua gravadora na época, a Castle). Retornaram com outro vocalista nos anos 2000. Em 2012, a banda retomou esta formação clássica e realizou uma turnê em comemoração dos 25 anos deste álbum. Gravaram um DVD da turnê, um item obrigatório para os fãs da banda!

Camisa de Vênus - "Duplo Sentido" - este foi o então canto de cisne do Camisa de Vênus, já com relacionamentos desgastados entre seus integrantes e com as gravadoras, que não topavam muito com a proposta da banda. Pra se despedir em grande estilo, a banda resolveu lançar um álbum duplo, algo inédito para uma banda brasileira de rock na época. Ao contrário do álbum anterior, que teve diversos sucessos estourados nas rádios, quase nenhuma faixa deste disco ficou muito conhecida. Só me lembro de "O País do Futuro" tocando nas rádios. Alguns destaques do álbum foram suas covers, muito bem escolhidas: "Canalha", de Walter Franco; e "Aluga-se", clássico de Raul Seixas. Aliás, Raulzito participa de uma faixa do álbum, inclusive fazendo parceria na composição: "Muita Estrela, Pouca Constelação", criticando as estrelinhas que já se formavam no show business brasileiro. O Camisa de Vênus voltaria a se reunir algumas vezes ao longo dos anos: em 1995, gravando um álbum de estúdio ("Quem É Você?", de 1996); em 2004, em 2007, em 2009 (desta vez, sem Marcelo Nova nos vocais) e em 2015. Esta última reunião trouxe Marcelo Nova ao lado do baixista Robério Santana, da formação original, com outros músicos da banda solo de Marcelo. Esta formação lançou, em 2016, mais um álbum de estúdio, "Dançando Na Lua". Longa vida ao Camisa de Vênus, uma das bandas mais contestadoras do rock brasileiro!

Legião Urbana - "Que País É Este" - o sucesso estrondoso do segundo disco da banda levou-os ao patamar de uma das maiores bandas de rock do país. Só que, enquanto os fãs de Titãs e Paralamas levavam seu amor pela banda numa boa, os fãs da Legião mais pareciam seguidores de uma seita. Talvez pelas letras tão pessoais de Renato Russo. Enfim, com tamanho sucesso, a gravadora cresceu os olhos e colocou bastante pressão no quarteto para gravar um novo disco neste ano de 1987. Acontece que não havia repertório para o novo álbum. Renato estava sem inspiração, a banda toda estava cansada de tanto excursionar sem parar para promover o mega-sucesso. Então, pra resolver o problema, apelaram: recuperaram o antigo repertório da época do Aborto Elétrico e também da época do Trovador Solitário. Daí então vieram as gravações de canções do Aborto Elétrico: a faixa-título, "Conexão Amazônica", "Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você)" e "Química". "Depois Do Começo", "Eu Sei" e "Faroeste Caboclo" são oriundas da fase Trovador Solitário. Pra completar o álbum, duas novas composições, fresquinhas: "Angra Dos Reis", criticando a construção da usina nuclear; e "Mais Do Mesmo", uma pérola meio escondida no meio de tantas relíquias do passado. Resultado: outro mega-sucesso, que forçaria a banda a excursionar ainda mais. Lamentavelmente, em um dos shows da excursão, uma grande tragédia aconteceu: um estádio lotado (Mané Garrincha, em Brasília, terra natal da banda) acima de sua capacidade, ânimos exaltados, um fã que se agarrou no pescoço de Renato o assustou e ele resolveu acabar com o show antes do tempo. Revolta da plateia, que provocou o quebra-quebra, causando pisoteamentos. Depois deste evento, a Legião Urbana suspendeu a turnê e se dedicou a gravar seu próximo álbum de estúdio. Até que esse próximo álbum se transformou num mega-sucesso...

Titãs - "Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas" - nem bem o sensacional álbum anterior, "Cabeça Dinossauro", havia completado seu ciclo de sucesso, e os Titãs já estavam de volta ao estúdio para gravar seu sucessor. Apostando em mais experimentação, em especial pelo uso de bateria eletrônica e sintetizadores, a banda conseguiu se manter relevante, inovadora e contestadora (pelas suas letras), sem perder a grande pegada rock iniciada no disco anterior. Os grandes destaques do álbum ficaram com "Comida", "Corações E Mentes", "Diversão", a faixa-título, "Desordem", "Lugar Nenhum" e "Nome Aos Bois". Se "Cabeça Dinossauro" tinha revolucionado a música dos Titãs, "Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas" continuou a revolução, aumentou a popularidade da banda e a fez rivalizar com outras duas bandas (Legião e Paralamas) pelo trono de maior banda do rock nacional. Para meu gosto, os Titãs sempre foram os melhores!

Ratos de Porão - "Cada Dia Mais Sujo e Agressivo" - depois do álbum "Descanse Em Paz", os Ratos de Porão conseguiram um contrato com a gravadora brasileira Cogumelo, e lançaram este disco, com uma versão em português e outra em inglês ("Dirty And Aggressive"). A influência thrash metal continua firme e forte, e o álbum aumentou o público da banda no underground. A participação de Max Cavalera e Andreas Kisser em uma faixa ("Morte E Desespero") e o show ao lado do Sepultura em Belo Horizonte, MG, foram mais passos rumo ao crossover com o thrash. Destaque para as faixas clássicas "Plano Furado" (crítica direta ao Plano Cruzado), "Ignorância", "Crise Geral", "Sentir Ódio E Nada Mais" e a faixa-título. Com o bom desempenho do álbum e a divulgação de sua versão em inglês no exterior, os Ratos de Porão conseguiram um contrato com a gravadora Roadrunner, onde iriam lançar seus próximos álbuns. Era o começo da carreira da banda no exterior: eles se manteriam no underground, mas até hoje são conhecidos lá fora!

E chegamos ao fim de mais um post com os principais lançamentos de um ano do passado. Este foi o terceiro post relembrando lançamentos nacionais (os outros dois foram os anos de 1985 e 1986). Espero que tenham curtido. Deixem suas impressões, algum disco que eu tenha esquecido, seus preferidos, qualquer coisa. Um abraço rock and roll e até a próxima!!