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quarta-feira, 1 de março de 2017

1987 - heavy e thrash metal com força, pop rock de qualidade

Continuando a série de posts revivendo os grandes lançamentos de anos atrás, vamos viajar no tempo e voltar trinta anos, direto para o ano de 1987, onde destacaremos os mais importantes discos lançados naquele ano - pelo menos na minha visão. Para conferir o post que falou sobre o ano de 1977, veja aqui.

No post de 1986 falamos sobre o desastre de Chernobyl, Copa do Mundo no México e Mike Tyson. Em 1987, após as eleições do ano anterior, o Brasil voltou a encarar a escalada da inflação, resultado dos desastrados planos econômicos: Plano Cruzado (1 e 2) e Plano Bresser. As eleições citadas elegeram o Congresso Nacional que tomou posse neste ano de 1987 e iniciou os trabalhos de elaboração de nossa Constituição, promulgada em outubro de 1988. Nos esportes, tivemos o grande Nelson Piquet chegando a seu tricampeonato, e o sensacional ouro do basquete masculino no Pan-americano de Indianápolis - foi a primeira vez que uma seleção norte-americana de basquete perdeu em casa e tomou mais de cem pontos (o placar da final foi Brasil 120 x 115 EUA). Muitos dizem que graças a esta derrota, os EUA se decidiram por usar os jogadores profissionais nos jogos olímpicos de 1992, em Barcelona.

Na cultura, tivemos duas grandes perdas: nosso poeta Carlos Drummond de Andrade e o músico Peter Tosh, assassinado em uma tentativa de assalto. Tosh fez parte do lendário grupo The Wailers ao lado de Bob Marley e também teve uma carreira solo de grande importância. Foi um grande ano no cinema, com o lançamento de filmes inesquecíveis: "Predador", "Dirty Dancing", "Robocop", "Os Intocáveis", "As Bruxas de Eastwick", "Império do Sol", "Atração Fatal", "Nascido Para Matar", "Bom-dia Vietnã" e "Máquina Mortífera". Só filmão, né?

Pra fechar, vamos citar o famoso caso que ficou conhecido como "Verão da Lata": um navio chamado Solana Star estava com um carregamento de 22 toneladas de maconha. A Polícia Federal brasileira foi alertada pelas autoridades dos EUA a respeito, e a tripulação do navio acabou descobrindo que a nossa polícia já sabia de seu carregamento. As latas, cada uma com 1,5 kg de maconha, foram parar no mar, e algum tempo depois, começaram a aparecer pelas praias do litoral do Rio de Janeiro. Só no Brasil pra acontecer uma coisa dessas, não é mesmo?

Chega de enrolação, vamos aos álbuns que estão completando 30 anos!

Deep Purple - "The House Of Blue Light" - apesar de ter sido gravado pela formação mais clássica do Deep Purple (Mk2, com Gillan, Glover, Lord, Paice e Blackmore), este álbum não possui as qualidades que se esperava dele. Depois de um bom álbum de retorno ("Perfect Strangers"), este disco transparece uma banda um tanto quanto burocrática, quase que indicando que mudanças estavam por acontecer. Salvam-se poucas faixas, entre elas os singles "Bad Attitude" e "Call Of The Wild". A banda excursionou bastante para promover o álbum, mas alcançou apenas o Top 40 da parada norte-americana, e nem disco de ouro foi alcançado. A briga entre Ritchie Blackmore e Ian Gillan era evidente e o vocalista seria substituído para o próximo álbum de estúdio. Papo para o post de 1990!

U2 - "The Joshua Tree" - este é o álbum mais bem sucedido do U2, tendo vendido até hoje mais de 25 milhões de cópias mundo afora (10 milhões somente nos EUA, disco de diamante por lá). Rendeu uma longa e extremamente lucrativa turnê, documentada no filme "Rattle and Hum". Elevou a banda ao status de uma das maiores bandas do rock mundial. Tudo isso com um álbum de grande qualidade, com composições que até hoje são veneradas por seu público. Clássicos inesquecíveis como "Where The Streets Have No Name", "I Still Haven't Found What I'm Looking For", "With Or Without You", "Bullet The Blue Sky", uma coleção de canções de respeito que poucos discos de rock podem igualar. Quem viveu nos anos 80 escutou essas canções tocarem no rádio sem parar. O sucesso do álbum foi tamanho que a banda levou um longo tempo para lançar novamente um álbum completo de estúdio - somente o fez em 1991, com "Achtung Baby" (o álbum "Rattle And Hum", de 1988, é uma mistura de canções de estúdio, covers e versões ao vivo). A própria banda, ciente da importância e do tamanho do sucesso deste disco, está com uma turnê marcada para comemorar os 30 anos de seu lançamento. Na turnê, a banda tocará o álbum na íntegra. Um grande evento - vamos torcer muito para que eles venham ao Brasil com esta turnê!

Ozzy Osbourne - "Tribute" - este álbum ao vivo de Ozzy Osbourne foi gravado quase todo na turnê do álbum "Diary Of A Madman", e seu lançamento foi adiado após a morte do guitarrista Randy Rhoads. Somente seis anos passados e ele viu a luz do dia (Jake E. Lee tinha acabado de sair da banda, após a turnê do disco "The Ultimate Sin"; este álbum serviu como tributo à morte de Rhoads e deu tempo para Ozzy achar um novo guitarrista). A banda de Ozzy na época de gravação do show contava, além de Rhoads, com Rudy Sarzo no baixo e Tommy Aldridge na bateria (em duas faixas, Bob Daisley e Lee Kerslake tocaram; estas faixas foram gravadas na turnê do álbum "Blizzard Of Ozz"). O álbum é um desbunde, todo o talento de Randy Rhoads combinados com a juventude e a loucura de Ozzy, desfilando uma série de grandes clássicos da carreira solo do madman e alguns clássicos dos tempos de Ozzy no Black Sabbath. Este é o verdadeiro álbum ao vivo de Ozzy, ao contrário daquele disco chato "Speak Of The Devil", do qual não gosto nem um pouco. Aqui sim, temos grandes performances de Ozzy e Rhoads. Sem destaques, tem que escutar o disco todo e tentar imaginar o que era um show de Ozzy no começo de sua carreira solo!

Anthrax - "Among The Living" - depois da troca de vocalistas, com a entrada de Joey Belladonna, e a boa estreia no álbum de estúdio anterior ("Spreading The Disease"), era hora do Anthrax dar um passo maior rumo ao estrelato. Precisavam de um álbum ainda melhor que o anterior, e começaram melhorando o produtor, chamando Eddie Kramer, que já tinha trabalhado com Jimi Hendrix e Kiss, estes últimos enorme influência da banda. Com um produtor de destaque, a banda tratou de entregar composições evoluídas e fortes, que definiram musicalmente o Anthrax como uma das bandas de thrash metal mais poderosas e versáteis de sua era. Clássicos supremos como "Caught In A Mosh", "I Am The Law", "Efilnikufesin (N.F.L.)" e o maior sucesso, "Indians", impulsionaram a banda a um novo patamar dentro da cena metal norte-americana. A partir deste álbum, os discos de estúdio do Anthrax conseguiriam disco de ouro, até o primeiro álbum com John Bush nos vocais, "Sound Of White Noise". Esta foi a era de ouro da banda!

Overkill - "Taking Over" - se o primeiro álbum já tinha sido uma estreia arrasadora, neste disco o Overkill amadureceu suas composições, dando um ar mais épico, e ganhou pontos também na produção, conduzida por Alex Perialas. Tudo isso contribuiu para a banda crescer seu público e conseguir vagas importantes em turnês de respeito: eles abriram para o Helloween e Megadeth, e depois excursionaram como banda principal, tendo o Testament como banda de abertura. Grandes clássicos da banda são deste álbum: "Deny The Cross", "Wrecking Crew" e "In Union We Stand", além da segunda parte da trilogia de canções com o nome da banda, confirmando a tendência épica do álbum. Foi o primeiro disco do Overkill a entrar na parada dos EUA, ainda que em modesta posição, 192º lugar. Os próximos discos da banda conseguiriam melhorar um pouco esta colocação. Mais para o final deste ano de 1987, o baterista Rat Skates saiu da banda, sendo substituído por Sid Falck. Ainda em plena atividade, o Overkill acabou de lançar seu novo álbum de estúdio, "The Grinding Wheel". Longa vida à banda, e que venham mais vezes ao Brasil!!

The Cult - "Electric" - a metamorfose do The Cult se completa com este álbum. A banda iniciou sua carreira lançando um primeiro disco essencialmente de rock gótico, depois acabou mesclando influências de Led Zeppelin e The Doors no segundo álbum, o excelente "Love", para mergulhar de cabeça no hard rock neste terceiro álbum, onde a banda já flerta com influências de AC/DC. Comercialmente, a mudança foi benéfica, já que facilitou para a banda no mercado norte-americano, o mais cobiçado. E musicalmente, a mudança trouxe à tona uma banda com mais culhão, mais punch, mais impacto. Dá pra conferir facilmente em faixas como a abertura com "Wild Flower", e nas faixas "Peace Dog", "Lil' Devil", "Love Removal Machine" e na excelente cover para "Born To Be Wild", do Steppenwolf. Resultado: disco de platina e Top 40 na parada dos EUA. Vale citar que a mudança musical neste álbum pode ser creditada ao produtor Rick Rubin, que fez eles regravarem essas faixas com ele - a banda já tinha gravado inicialmente o álbum com o produtor do disco anterior, mas acabou gravando novamente com o novo produtor. O maior sucesso da banda ainda seria lançado dois anos depois. Papo para o post de 1989!

Whitesnake - "Whitesnake" - apesar de ter uma carreira rica com grandes álbuns lançados (confira o post "Os Anos Dourados do Whitesnake" para conhecer o passado da banda), o Whitesnake só foi ter grande sucesso mesmo com este disco, uma forte guinada musical da banda rumo ao hard rock norte-americano, aquele mais açucarado e cheio de baladas, muitos penteados e guitarras afiadas. O primeiro passo foi dado no álbum anterior, "Slide It In", que iniciou esta mudança de direção. John Sykes (ex-Tygers Of Pan Tang e Thin Lizzy) foi o parceiro de composição de David Coverdale para este álbum, com a adição de Ansley Dunbar na bateria e Neil Murray no baixo (as partes de teclados foram tocadas por Don Airey). Só que toda essa gente foi mandada embora antes mesmo do lançamento do álbum. Na turnê de divulgação, Adrian Vanderberg e Vivian Campbell cuidaram das guitarras, Rudy Sarzo ficou no baixo e Tommy Aldridge ficou na bateria. Voltando ao álbum, ele apresentou algumas novas canções que fizeram muito sucesso, como "Still Of The Night", "Give Me All Your Love" e a balada "Is This Love", ao lado de duas regravações de clássicos do álbum "Saints And Sinners", de 1982: "Here I Go Again" e "Crying In The Rain". O sucesso foi grande: o álbum chegou à segunda posição da parada norte-americana, com o single "Here I Go Again" chegando ao topo da parada. O álbum alcançou a marca de oito milhões de cópias vendidas nos EUA, e mudou completamente a carreira da banda, que passou a basear seus shows nos sucessos deste álbum. As mudanças de formação continuaram: depois da turnê de divulgação, mais mudanças: Vivian Campbell saiu da banda e seria substituído por ninguém menos que Steve Vai! Falaremos mais sobre esta mudança no post de 1989!

Testament - "The Legacy" - este é o disco de estreia do Testament, oriundo da segunda leva de bandas originárias da Bay Area (área ao redor da baía de San Francisco, incluindo a cidade de mesmo nome e as cidades de San Jose e Oakland, entre outras). As primeiras, Metallica e Exodus, já estavam em seu segundo ou terceiro discos a esta altura. E o relacionamento entre o Testament e o Exodus vai além do geográfico: Steve Souza era o vocalista do Testament (antes deste lançamento, a banda se chamava Legacy) até que Paul Baloff foi demitido do Exodus; Souza foi seu substituto (mais pra frente, falaremos sobre sua estreia lá). Para seu lugar, Chuck Billy foi chamado e o primeiro álbum foi gravado. Um grande álbum de thrash metal, se revelando grandioso logo na abertura com "Over The Wall". E segue chutando traseiros em grandes canções como "The Hauting", "Burnt Offerings", "First Strike Is Deadly" e "Alone In The Dark". Após o lançamento, a banda caiu na estrada, abrindo para Anthrax e Megadeth, e conseguiu a devida atenção dos fãs, iniciando uma brilhante carreira que segue grandiosa até os dias atuais. Longa vida ao Testament!

Death Angel - "The Ultra-Violence" - apesar de ter uma produção meio desleixada, este álbum de estreia do Death Angel transborda energia e agressividade, além de também demonstrar canções muito bem trabalhadas, apesar da pouquíssima idade dos membros da banda (todos abaixo dos 20 anos; o baterista Andy Galeon tinha apenas 14 anos!). Destaque para a abertura alucinante com "Thrashers", "Kill As One", a faixa-título (instrumental) e "Mistress Of Pain". Mais uma banda da segunda leva thrash metal da Bay Area de São Francisco (assim como o Testament). Ativos até os dias de hoje, possuem uma longa discografia, com grandes álbuns. Aqui, no ano de 1987, foi onde tudo começou!

Heathen - "Breaking The Silence" - falando em bandas de thrash metal, segunda leva, temos mais uma: o Heathen, outra banda oriunda da Bay Area de São Francisco. A banda nunca alcançou grande sucesso, porém este álbum de estreia foi muito elogiado pela crítica e trouxe um single de relativo sucesso: a cover para "Set Me Free", do Sweet. O disco traz um thrash metal poderoso, muito bem tocado, riffs cortantes, rápidos à velocidade da luz, cortesia dos guitarristas Doug PiercyLee Altus (Lee anos mais tarde passou a fazer dupla com Gary Holt no Exodus), tudo isso complementado com belos vocais de Dave White. Os destaques ficam para as faixas "Death By Hanging", "Open The Grave", "Pray For Death", a faixa-título e "Save The Skull". Um clássico do estilo pouco lembrado e que completou 30 anos de seu lançamento!!

Simple Minds - "Live In The City Of Light" - o Simple Minds é uma banda escocesa que fez muito sucesso na segunda metade dos anos 80, em especial pela força do single "Don't You (Forget About Me)", tirado da trilha sonora do filme "Clube dos Cinco" ("The Breakfast Club", no original em inglês), e também dos singles tirados do álbum "Once Upon A Time": "Alive And Kicking", "Sanctify Yourself" e "Ghost Dancing". Com o sucesso desse álbum de estúdio, sua turnê de promoção foi grandiosa e a banda gravou duas apresentações em Paris para lançar este álbum ao vivo, um grande petardo que foi objeto de desejo há 30 anos, em especial pela versão incendiária e empolgante do clássico "Don't You (Forget About Me)", e também pela presença dos demais sucessos já citados. Álbum duplo, alcançou o topo da parada britânica, com disco duplo de platina por lá (na indústria britânica, um disco de platina corresponde a trezentas mil cópias vendidas). Nos EUA, a banda não fazia sucesso, e o álbum alcançou apenas uma modesta 96ª posição. Quem escutou rádio FM no Brasil em 1987 com certeza escutou uma das versões ao vivo deste álbum!

Helloween - "Keeper Of The Seven Keys: Part I" - este foi o segundo álbum desta banda alemã, e foi a estreia do vocalista Michael Kiske (eles tinham gravado um álbum em 1985, com o guitarrista Kai Hansen nos vocais). Costuma ser considerado como o pioneiro do estilo power metal europeu, ajudando a definir o estilo. Com um vocal poderoso, Kiske deu uma vida completamente nova à banda, que iria reinar nos próximos anos. Destaque para as canções "I'm Alive", "Twilight Of The Gods", "Future World" e "Halloween". Uma segunda parte seria lançada no ano seguinte (1988) e consagraria de vez a banda como líderes do estilo que eles ajudaram a criar. Papo para o post do próximo ano!!

Death - "Scream Bloody Gore" - de uma cidade ensolarada e cheia de parques temáticos (a maioria para crianças) surgiu uma das bandas mais pioneiras, considerada uma das criadoras do estilo death metal. O Death foi uma criação do gênio Chuck Schuldiner, que recrutou alguns músicos para tocar com ele, mas ao conseguir o contrato para gravação deste primeiro álbum, apenas o baterista Chris Reifert participou das sessões de gravação; Schuldiner gravou as guitarras e o baixo, além dos vocais. Com uma produção precária, ainda assim o álbum traz grandes composições e já mostrava o talento de seu criador. Com diversas letras inspiradas em antigos filmes de terror pouco conhecidos, diversas canções acabariam virando clássicos do death metal com o passar dos anos: "Infernal Death", "Zombie Ritual", "Mutilation" e a faixa-título. Depois do lançamento, o baterista Chris Reifert deixou a banda e criou sua própria, o Autopsy. Chuck foi atrás de outros membros para a turnê de divulgação do álbum. As mudanças de formação no Death seriam uma constante, e apenas Chuck Schuldiner seria o membro permanente da banda, até sua morte, em 2001. Uma morte prematura que levou um dos grandes talentos do heavy metal!

Suicidal Tendencies - "Join The Army" - depois do álbum de estreia, que era basicamente um disco hardcore/punk, o Suicidal Tendencies teve muitas mudanças de formação e até ficou parado durante um longo tempo. Ao retornar, a banda trouxe uma nova formação, ainda com Mike Muir nos vocais, mas com Rocky George na guitarra e R.J. Herrera na bateria. George trouxe uma forte influência de metal para a banda, e junto com a influência hardcore/punk de Muir, acabou gerando um álbum crossover que se provou muito influente no decorrer dos anos. Alguns clássicos da banda estão presentes neste disco: a faixa-título, "Suicidal Maniac", "War Inside My Head" e "Possessed To Skate". A influência metal de Rocky George acabou contagiando Mike Muir, e a banda iria aos poucos, no decorrer dos lançamentos seguintes, mudando sua sonoridade, tendendo para o thrash metal, inclusive adicionando mais um guitarrista (Mike Clark, que ficou na banda até 2012). Nos posts dos anos seguintes a 1987, a gente vai cobrir esses álbuns, pode esperar!

Napalm Death - "Scum" - duas bandas distintas gravaram este álbum de estreia do Napalm Death. O Lado A foi gravado por uma formação inicial da banda, que acabou evoluindo para uma segunda formação, que gravou o Lado B. Nenhum dos membros da formação atual do Napalm Death estava presente nas gravações deste álbum. Estava presente Bill Steer, que na época dividia seu tempo entre o Napalm Death e o Carcass - ele acabaria saindo do primeiro e se dedicando completamente ao segundo. Também presente Mick Harris, o baterista, outro membro de destaque: ele ficou na banda até 1991, quando acabou se desinteressando da orientação death metal da banda, e acabou criando sua própria banda, Scorn. Neste álbum de estreia, a banda ainda era grindcore, com canções curtas que raramente ultrapassavam os três minutos (na maioria das vezes, ficavam na casa de dois minutos mesmo). Destaque para a faixa-título e para as canções "Instinct Of Survival""Siege Of Power", "You Suffer" (a música mais rápida de todos os tempos...) e "Stigmatized". O Napalm Death ganharia sua formação mais conhecida em 1990, a partir do álbum "Harmony Corruption", quando entraram para a banda o vocalista Barney Greenway e os guitarristas Mitch Harris e Jesse Pintado (Jesse ficou na banda até 2004; em 2006, ele faleceu de complicações de diabetes). Um dos grupos de maior ataque dentro da cena death metal!

Trouble - "Run To The Light" - este terceiro álbum da banda trouxe mudanças de formação: saíram Sean McAllister (baixo) e Jeff Olson (bateria) e entraram Ron Holzner e Dennis Lesh. Musicalmente, a banda se manteve fiel ao estilo doom metal que ela foi pioneira. A crítica não gostou muito do álbum, considerando-o um degrau abaixo dos dois anteriores. Particularmente, gosto deste álbum e considero mais um belo álbum da banda. Destaque para as canções "The Misery Shows", "On Borrowed Time", "Peace Of Mind" e "The Beginning". O Trouble entrou em hiato até 1990, quando Rick Rubin contratou a banda pra seu selo (Def American) e produziu o álbum auto-intitulado deles. Papo para o post de 1990!!

Guns N' Roses - "Appetite For Destruction" - este é o disco de estreia dos Guns N' Roses (disco cheio; eles já tinham lançado um EP, "ao vivo", que depois acabou sendo incluído no álbum "Lies"), e  é simplesmente a estreia de maior sucesso de todos os tempos (roubou este posto do disco de estreia do Boston, auto-intitulado, de 1976). Não se trata de um disco que fez sucesso com uma ou duas baladas, temos aqui um verdadeiro disco de hard rock do início ao fim, cuspindo riffs de guitarra de Slash e Izzy Stradlin e gritos do vocalista Axl Rose para todos os lados. Sem esquecer da grande cozinha com Duff McKagan e Steven Adler. Trata-se do álbum que tornou a banda uma das mais requisitadas para shows e uma das mais tocadas nas rádios FM mundo afora. O álbum contém os maiores clássicos da banda, desde "Welcome To The Jungle", "It's So Easy", "Nightrain", "Mr. Browstone", "Paradise City", "Sweet Child O' Mine", "Roquet Queen", quase todas as canções acabaram tocando nas rádios. Topo da parada norte-americana, Top 5 na parada britânica e 18 discos de platina somente nos EUA (correspondem a 18 milhões de cópias vendidas!). Antes de Axl Rose dar seus ataques de super star, e expulsar todo mundo da banda (ainda bem que já fizeram as pazes...), eles eram uma grande banda de rock!

Dio - "Dream Evil" - depois da briga entre Dio e Vivian Campbell, o guitarrista deixou a banda (e acabou entrando no Whitesnake, como vimos mais acima) e foi substituído por Craig Goldy. A popularidade da banda já estava caindo a esta altura, mas o baixinho conseguiu manter boa qualidade neste disco, com boas canções como a abertura com "Night People", a faixa-título, "Sunset Superman", "All The Fools Sailed Away" e "I Could Have Been A Dreamer". O álbum não conseguiu entrar nem no Top 40 norte-americano, e também não alcançou certificação de vendas como os três álbuns anteriores conseguiram (os dois primeiros alcançaram disco de platina e o terceiro, disco de ouro). O heavy metal fantasioso de Ronnie James Dio já não encontrava tantos adeptos no maior mercado fonográfico, os EUA (infelizmente), e o mestre baixinho iria priorizar outros mercados que ainda valorizavam o heavy metal, como a Europa e a América do Sul. Craig Goldy excursionaria para a promoção deste álbum, mas não ficaria para o próximo álbum. Aliás, a formação da banda de Dio mudaria drasticamente para o próximo disco. Papo para o post de 1990!

Metallica - "The $5.98 EP: Garage Days Re-Revisited" - quase um ano depois da morte de Cliff Burton, o Metallica já tinha acabado a turnê do álbum "Master Of Puppets", mas sempre tinha diversas datas marcadas para os festivais europeus de verão em 1987, incluindo o Monsters of Rock em Castle Donington. Por sugestão da gravadora, resolveram lançar este EP para lucrar um pouco com a ocasião. Como ainda não tinham composto nenhuma música nova, partiram para as covers, com as escolhas recaindo em bandas pouco conhecidas: o já manjado Diamond Head, com a canção "Helpless"; Holocaust, com "Small Hours"; Killing Joke, com "The Wait"; Budgie, com "Crash Course In Brain Surgery"; e os Misfits, com a dupla "Last Caress" / "Green Hell". O resultado ficou excelente e mostrou ao mundo o então novo baixista Jason Newsted gravando pela primeira vez em estúdio com a banda (e seu baixo aparecendo no produto final...). Não recomendo escutar a maioria das versões originais - as versões do Metallica geralmente são melhores (OK, Budgie e Misfits são exceção...). Após os shows dos festivais, a banda se concentrou em gravar seu próximo disco, o que durou alguns meses. No post sobre os lançamentos de 1988 a gente fala sobre este álbum!

Aerosmith - "Permanent Vacation" - se o álbum anterior ("Done With Mirrors") marcou o retorno da dupla de guitarrristas Joe Perry e Brad Whitford, este marca o ínicio da grande fase de sucesso comercial da banda, que iria vender muito com este e seus próximos dois ou três álbuns. Marca também o começo da exploração, pelo Aerosmith, do recurso de incluir baladas nos álbuns para aumentar sua exposição e venda de discos. Outro marco deste álbum é o início da parceria com o produtor Bruce Fairbairn, que duraria por mais dois álbuns. A banda se aproveitou de compositores profissionais para auxiliar na tarefa de construir hits para a gravadora, e acabou dando certo: pelo menos três canções se destacaram muito e tiveram vídeos tocados à exaustão pela MTV na época. São eles: "Rag Doll" (com uma levada blues, muito bacana), "Dude (Look Likes A Lady)" (esta canção seria usada anos depois na trilha sonora do filme "Uma Babá Quase Perfeita") e a balada "Angel" (a banda brasileira Yahoo fez uma versão horrorosa em português...). O disco ainda tem outras canções mais típicas do hard rock antes praticado pelo Aerosmith, como "Magic Touch" e a faixa-título. O álbum alcançou a 11ª posição na parada norte-americana e já vendeu 5 milhões de cópias nos EUA. Sucesso quase tão grande quanto o alcançado pelo clássico "Toys In The Attic" (com oito milhões de cópias) e que seria superado pelos próximos lançamentos da banda. Nos posts relembrando anos passados a gente fala sobre eles!

Midnight Oil - "Diesel And Dust" - o Midnight Oil sempre teve letras conscientes e politizadas, e no ano anterior (1986) a banda passou um tempo com grupos indígenas australianos, para entender os problemas daquelas comunidades. A partir dessas experiências, a banda construiu as bases para este álbum, um divisor de águas na carreira da banda, topo da parada australiana e Top 20 norte-americano - com direito a disco de platina nos EUA. Todo este sucesso se deve aos singles do disco, "Beds Are Burning" e "The Dead Heart", sucessos internacionais muito conhecidos (quem viveu os anos 80 com certeza se lembra dessas duas canções). Mas o álbum trazia outras grandes canções, como "Dreamworld", "Warakurna" e "Sometimes". O Midnight Oil encerrou atividades em 2002, após 30 anos de carreira, mas recentemente anunciou seu retorno, com uma turnê mundial que começará em abril, aqui no Brasil. Aproveite a oportunidade e vá a um dos shows, os caras tem muita presença de palco e um grande repertório em mãos!

R.E.M. - "Document" - depois do sucesso do álbum anterior, o R.E.M. veio para este disco de produtor novo, o começo de uma parceria de longa duração com o produtor Scott Litt: ele produziu este e mais cinco álbuns da banda, todos de grande qualidade e sucesso. A independência artística se mantinha, e a qualidade das composições também. Se o álbum anterior tinha chegado ao Top 20, este chegou ao Top 10, graças ao sucesso estrondoso de duas faixas: "The One I Love" e "It's The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)", dois grandes petardos que rapidamente fizeram o álbum vender e chegar ao primeiro disco de platina para o grupo. O álbum é muito homogêneo em qualidade, quase todas as canções são muito boas, mas além das citadas podemos destacar também a abertura com "Finest Worksong", a faixa política "Exhuming McCarthy" (crítica ao período conservador pelo qual os EUA estavam passando) e "King Of Birds". A banda passaria por um crescimento assombroso nos anos que se seguiram, vendendo cada vez mais e chegando ao topo da parada em 1991 - já falamos sobre o álbum responsável pelo feito, "Out Of Time": confira o post sobre o ano de 1991!

Motörhead - "Rock 'N' Roll" - durante o ano de 1987, Lemmy participou de um filme chamado "Eat The Rich", que contou com rápida participação da banda toda, que a esta altura contava novamente com o baterista Phil "Philty Animal" Taylor (os guitarristas se mantiveram inalterados: Phil Campbell e Michael "Würzel" Burston). Parte da trilha sonora foi composta pelo Motörhead, e a faixa de mesmo nome que o filme também se fez presente neste novo álbum de estúdio. O álbum mostra uma banda forte, com boas composições, talvez em um nível abaixo do disco anterior, o grande clássico "Orgasmatron". Os destaques aqui ficam para a faixa-título, a citada "Eat The Rich", "Stone Deaf In The USA", "Traitor" e "Dogs". O álbum não foi bem recebido e vendeu muito pouco na época. Após se livrar de um litígio com a gravadora antiga, o Motörhead se envolveu novamente com uma briga com gravadora: este seria o último disco de estúdio da banda lançado pela gravadora GWR. Uma batalha jurídica iria se arrastar até 1991, quando a banda conseguiu finalmente lançar seu novo álbum de estúdio, o poderoso "1916". Confira o post sobre 1991 para mais lançamentos sobre este ano!

Pink Floyd - "A Momentary Lapse Of Reason" - depois do álbum "The Final Cut", Roger Waters e David Gilmour lançaram álbuns solo, sem a mesma força de vendas e de turnê que um álbum do Pink Floyd. Roger Waters decidiu sair da banda, esperando que sua saída decretasse seu fim. David Gilmour se uniu a Nick Mason (e também à gravadora da banda) no desejo de continuar a utilizar o nome Pink Floyd. Gilmour e Mason acabaram ganhando a briga judicial e partiram para a composição e gravação deste álbum. Diversos músicos foram contratados para tocar no disco, e até alguns compositores foram chamados para auxiliar Gilmour no processo de composição das faixas do álbum. Bob Ezrin, o mesmo produtor do álbum "The Wall", foi escolhido para assumir a produção. Contando com músicos do quilate de Jon Carin, Carmine Appice, Tony Levin, e do próprio ex-membro Richard Wright (Wright foi expulso da banda por Waters, durante as gravações do álbum "The Wall"), o álbum tem uma pegada mais próxima ao pop, com menos elementos de rock progressivo, e foi criticado pelos fãs mais antigos da banda. Entretanto, o álbum agradou e atingiu um novo público, que acabou sendo apresentado à banda através deste disco. Canções como "Learning To Fly", "The Dogs Of War", "On The Turning Away" e "Sorrow" agradaram e catapultaram as vendas do álbum, que chegou ao terceiro lugar das paradas norte-americana e britânica. Rapidamente, alcançou disco de platina - atualmente, já vendeu quatro milhões de cópias somente nos EUA. A turnê de promoção do álbum foi um sucesso estrondoso e ainda rendeu um álbum ao vivo, "Delicate Sound Of Thunder". Todo o sucesso provou que o Pink Floyd estava vivo e muito bem sem Roger Waters. E continuaria por um longo tempo, até o final de 1994. Depois da morte de Richard Wright, e das constantes brigas entre Gilmour e Waters, não há muitas esperanças de retorno do Pink Floyd. Os fãs revivem seu legado através dos shows da carreira solo de ambos.

Rush - "Hold Your Fire" - este álbum encerra a fase mais baseada nos teclados e sintetizadores do Rush, iniciada no álbum "Signals", de 1982. Não foi um álbum de grande sucesso para a banda: não conseguiu entrar no Top 10 da parada dos EUA e também não alcançou a marca de disco de platina - ficou apenas com disco de ouro. Em se tratando de Rush, falta de sucesso não significa falta de qualidade. Temos boas canções que se destacam, como a abertura com "Force Ten" e as faixas "Time Stand Still", "Mission" e "Turn The Page". Após o lançamento, a banda caiu na estrada e gravou algumas apresentações, que acabariam se tornando o terceiro álbum ao vivo, "A Show Of Hands", coroando e encerrando a fase dominada por sintetizadores. Atualmente, a banda está em hiato. Não confirmam claramente que encerraram as atividades, mas os indícios apontam para tal. Foram quarenta anos de rock de muita qualidade, merecem descanso!!

Yes - "Big Generator" - depois do mega sucesso do álbum "90125", o Yes ficou em turnê por quase dois anos, e quando finalmente chegou a hora de gravar o novo álbum de estúdio, os integrantes se dividiram sobre seguir a orientação mais pop que tanto deu certo (comercialmente) ou retornar à sonoridade mais progressiva que a banda tinha nos anos 70 (Jon Anderson era um dos que queria o retorno do velho som progressivo). A visão mais pop acabou prevalecendo e a banda conseguiu um álbum que se manteve alinhado com o anterior, alcançando mais uma vez o tão desejado sucesso comercial: Top 20 nas paradas norte-americana e britânica, com disco de platina nos EUA (este seria o último disco de platina do Yes nos EUA). Destaque para as faixas "Rhythm Of Love", a faixa-título, "Shoot High Aim Low" e a mais famosa de todas, "Love Will Find A Way" (quem escutava a rádio Fluminense FM nesta época vai lembrar da canção, tocava bastante em sua programação). Após uma turnê de promoção mais curta, a insatisfação do vocalista Jon Anderson acabou levando-o a trabalhar em outros projetos, e o principal deles seria um reencontro com antigos membros do Yes: Bill Bruford, Rick Wakeman e Steve Howe. O projeto ficou conhecido como Anderson Bruford Wakeman Howe e lançaria um disco de estúdio em 1989. Papo para outro post!

Savatage - "Hall Of The Mountain King" - este quarto álbum do Savatage trouxe novos elementos musicais que a banda passou a explorar, e costuma ser considerado um marco na virada musical que a banda teve, partindo para um heavy metal mais complexo e progressivo. O álbum todo traz composições muito boas, entretanto as que mais se destacam são a abertura com "24 Hours Ago", "Beyond The Doors Of The Dark", a instrumental "Prelude To Madness", a faixa-título e "The Price You Pay". Vale citar também a canção "Strange Wings", um dueto entre o vocalista Jon Oliva e Ray Gillen, citado mais abaixo neste post, no álbum "The Eternal Idol", do Black Sabbath. Este foi o álbum de maior sucesso do Savatage, tendo alcançado a mais alta posição na parada norte-americana: 116ª posição. A banda se manteve na ativa mesmo depois da morte de seu guitarrista Criss Oliva, em 1993, com diversas mudanças de formação ao longo dos anos. Em 2001, a banda lançou seu último álbum de estúdio e vem se concentrando nos projetos paralelos: Trans-Siberian Orchestra e Jon Oliva's Pain. Em 2015, o Savatage tocou no festival Wacken, na Alemanha, e os rumores de uma volta à ativa da banda tem aumentado muito. Vamos torcer por um retorno, a banda tem um grande catálogo a explorar e uma base de fãs sedenta por shows e novos trabalhos.

Depeche Mode - "Music For The Masses" - este álbum não foi o primeiro do Depeche Mode, nem foi o álbum de maior sucesso da banda. Foi seu sexto disco de estúdio, e nem foi tão bem sucedido assim (35ª posição nos EUA e Top 10 na Inglaterra, terra natal), mas talvez tenha sido um dos discos de maior sucesso deles no Brasil, em especial pelo enorme sucesso da canção "Strangelove" por aqui. Muita gente conhece o Depeche Mode apenas por essa música. Musicalmente, talvez este álbum tenha sido o início da banda abandonando a sonoridade synthpop e evoluindo um pouco mais - a evolução seria mais marcante no próximo álbum. Outros destaques do disco vão para "Sacred", "Little 15" e "Behind The Wheel". Os próximos álbuns da banda alcançariam o Top 10 da parada dos EUA e tornariam a banda muito mais bem sucedida. Mas, no Brasil, este disco é provavelmente o mais conhecido!

The Smiths - "Strangeways, Here We Come" - este foi o último álbum de estúdio do The Smiths. A banda já vinha sofrendo desgaste no relacionamento entre os integrantes, e também problemas com a gravadora. O guitarrista Johnny Marr queria novos horizontes musicais, e resolveu dar um tempo da banda. Morrissey não curtiu, e Marr acabou saindo de vez do grupo. Quando o álbum foi finalmente lançado, a banda já havia se desfeito. Ainda sim, um grande registro da banda, muito bem elogiado pela crítica especializada, e também bem sucedido, repetindo o sucesso do álbum anterior - segunda posição na parada britânica e 55ª posição nos EUA (melhor posição para um álbum dos Smiths por lá). Destaque para as canções "I Started Something I Couldn't Finish", "Girlfriend In A Coma", "Stop Me If You Think You've Heard This One Before" e "Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me". Com o fim da banda, Morrissey iniciou uma carreira solo bem sucedida na Inglaterra (nem tanto nos EUA) e Johnny Marr criou alguns projetos com artistas conhecidos e trabalhou como músico de estúdio, além de ter lançado alguns álbuns solo. Não há muita chance de uma reunião da banda - os dois membros principais não parecem desejar isso...

Exodus - "Pleasures Of The Flesh" - como foi dito mais acima, Steve Souza saiu do Testament (ainda quando a banda se chamava Legacy) e substituiu Paul Baloff no Exodus. Este álbum é seu primeiro registro com a banda. Como quase todos os discos do Exodus, trata-se de um desbunde de riffs alucinantes, de fazer bater a cabeça sem parar, cortesia de Gary Holt e Rick Hunolt, acelerados à velocidade máxima pela cozinha formada por Tom Hunting e Rob McKillop. A voz de Steve Souza pode soar estranha logo de cara, mas Zetro é um grande vocalista que acabou se identificando muito com o Exodus (já saiu duas vezes da banda, mas sempre retorna). Destaque para as canções "Deranged", "Parasite", "Seeds Of Hate" e "Chemi-Kill". O álbum conseguiria se infiltrar na parada dos EUA (82ª posição) e, conciliando muitos shows, fez com que a banda crescesse sua base de fãs. O próximo álbum de estúdio aumentaria ainda mais a reputação do Exodus. A conferir no post de 1989!

INXS - "Kick" - o INXS foi uma banda australiana que já tinha lançado cinco álbuns antes deste, mas sem o devido sucesso mundial. Os dois álbuns anteriores até conseguiram entrar na parada norte-americana, mas sem o devido impacto musical que este álbum conseguiu. Neste disco, o frescor pop/rock de suas composições fez com que a banda conseguisse emplacar nada menos que quatro grandes sucessos: "New Sensation", "Devil Inside", "Need You Tonight" e "Never Tear Us Apart". Foi também o estouro mundial do vocalista Michael Hutchence, com grande presença de palco, sex appeal e voz arrebatadora. O álbum foi parar na terceira posição da parada dos EUA, e já conseguiu vender seis milhões de cópias ao longo de sua existência. É de longe o álbum de maior sucesso da banda. O INXS conseguiu se manter bem sucedido até meados dos anos 90. Na segunda metade da década, a tragédia atingiu a banda em cheio: Hutchence cometeu suicídio aos 37 anos, no final de uma turnê, em seu país natal, Austrália. Depois de muito tempo inativo, o INXS voltou a gravar e excursionar com um novo vocalista, JD Fortune. Em 2012, após uma turnê, a banda anunciou o término de suas atividades. 

King Diamond - "Abigail" - este foi o segundo álbum da carreira solo de King Diamond, após a saída do Mercyful Fate. Trata-se de um disco conceitual, contando a história de um casal que se muda para uma mansão assombrada. Abigail, nome do álbum, é também o nome da filha de um relacionamento fora do casamento de uma condessa, morta pelo conde. Tudo isso embalado pelo heavy metal e pela voz única de Diamond, alternando sua voz normal e seus falsetes, como nos tempos de sua banda anterior. Nesta época, a formação da banda tinha três ex-membros do Mercyful Fate: o vocalista, o guitarrista Michael Denner e o baixista Timi Hansen. Contava também com o guitarrista Andy LaRocque (que esteve presente em todos os álbuns de King Diamond) e o baterista Mikkey Dee (ele mesmo, que seria batera do Motörhead, hoje nos Scorpions). Destaque para as canções "The Family Ghost", a faixa-título e "Black Horsemen". Com o passar do tempo, o álbum ganhou aura de clássico, e em reconhecimento ao público que tanto gostou deste álbum, King Diamond fará uma turnê tocando o disco na íntegra - o Brasil está incluído na turnê, com um show marcado para junho em São Paulo. Evento imperdível!!

Sepultura - "Schizophrenia" - este é o segundo álbum de estúdio do Sepultura, o primeiro a contar com Andreas Kisser na guitarra. A entrada de Andreas trouxe mais musicalidade e fluência nas composições,  e a melhora na produção acabou aumentando a exposição da banda no exterior, o que acabou gerando interesse de gravadoras internacionais - uma delas, a Roadrunner, contratou os mineiros e lançou este álbum internacionalmente (no Brasil, o Sepultura tinha contrato com a Cogumelo). O disco já mostra a que veio na abertura "From The Past Comes The Storm", na letal "Escape To The Void", no trabalho instrumental "Inquisition Symphony" e no encerramento com "R.I.P. (Rest In Pain)". Foi a primeira prova ao mundo que o Sepultura poderia ir longe (e foi)!

Anthrax - "I'm The Man" - depois de todo o sucesso e consagração com o álbum "Among The Living", a banda se sentiu confiante e com liberdade para arriscar o lançamento de um EP com uma música com grande influência de rap. Trata-se da faixa-título, um rap que brinca um pouco com o estilo dos Beastie Boys e que acabou agradando muito os fãs da banda (o Anthrax no futuro iria flertar um pouco mais com o rap, na parceria com o Public Enemy). Além desta faixa, temos também uma cover poderosa para o clássico "Sabbath Bloody Sabbath", do Black Sabbath, e duas faixas matadoras ao vivo: "Caught In A Mosh" e "I Am The Law". Quase meia hora de muita diversão em forma de música!

Candlemass - "Nightfall" - depois do álbum de estreia, a banda mudou um pouco de formação, trazendo novos membros para as posições de vocalista, baterista e guitarrista solo. Respectivamente, Messiah Marcolin, Jan Lindh e Lars Yohansson. Seriam mudanças (quase todas) definitivas, já que eles estão com o Candlemass até os dias atuais (apenas o vocalista foi trocado). O álbum se aprofunda no estilo doom metal épico, se aproveitando do vocal mais dramático de Marcolin, e as músicas ganharam ainda mais aquele clima doom. O álbum foi um sucesso entre os fãs e também com a crítica, consolidando a carreira da banda, que seguiria com esta formação até 1991. Destaque para as canções "At The Gallows End", "Samarithan", "Mourners Lament" e "Biwitched". Um clássico do estilo doom metal lançado neste ano de 1987!!

Black Sabbath - "The Eternal Idol" - depois de substituir Glenn Hughes por Ray Gillen, e conseguir finalizar a turnê de promoção do álbum anterior, "Seventh Star", a banda iniciou as composições e entrou em estúdio para gravar este álbum. Só que a formação começou a desmoronar: o vocalista Ray Gillen e o baterista Eric Singer saíram da banda pra entrar no Blue Murder, ao lado de John Sykes (acabou não dando certo, e Gillen acabou formando o Badlands ao lado de Singer e do guitarrista Jake E. Lee), e o baixista Dave Spitz também saiu. A esta altura, o álbum já estava gravado com a voz de Gillen, então Daisley regravou as partes de baixo e o vocalista Tony Martin foi chamado para a banda e regravou os vocais (quando este álbum foi relançado em 2010, um segundo disco foi incluído, com o álbum gravado na voz de Gillen). Quando foi finalmente lançado, a formação do Black Sabbath já era outra, e também não duraria muito, graças a diversos problemas envolvendo gravadora e uma turnê na África do Sul, no meio do apartheid. Voltando ao álbum, ele musicalmente traz boas canções, e a voz de Tony Martin encaixou bem. Os destaques do álbum ficam com "The Shining", "Hard Life To Love", "Born To Lose" e a faixa-título. O álbum foi muito mal recebido na época, vendeu pouco e conseguiu péssimas colocações nas paradas, o que levou a banda a ser dispensada de sua gravadora. Até os dias atuais este álbum não recebe o crédito que merece. Não é um dos melhores discos da banda, claro, mas possui muitas qualidades e merece uma audição atenta - o mestre Tony Iommi gravou alguns grandes riffs e belas canções neste álbum!

Sodom - "Persecution Mania" - este segundo álbum do Sodom marcou uma guinada da banda em direção ao thrash metal (o primeiro trabalho do grupo tinha uma pegada mais black metal) e letras muito ligadas à temática de guerras. Inclusive, a temática também rendeu ao grupo seu mascote, Knarrenheinz, aparecendo pela primeira vez em uma capa de um disco do Sodom. Esta guinada musical se deve, em parte, ao então novo guitarrista da banda, Frank "Blackfire" Gosdzik, que possuía mais técnica em seu instrumento e ajudou nas composições e a convencer o líder da banda, o baixista/vocalista Tom Angelripper, na mudança. Destaque para as canções "Nuclear Winter", a faixa-título, "Christ Passion" e "Bombenhagel". Com o álbum lançado, a banda iria excursionar intensamente até o final do ano e praticamente durante todo o ano seguinte, para divulgar seu novo trabalho. Só voltariam a gravar em 1989, quando lançariam um de seus melhores trabalhos, "Agent Orange". Papo para outro post!

Cacophony - "Speed Metal Symphony" - junte dois grandes guitarristas e o resultado é o Cacophony, uma união entre Marty Friedman e Jason Becker, onde ambos tiveram espaço para mostrar toda a sua técnica. Musicalmente, temos muita velocidade e muitos solos de ambos, em um álbum que é mais indicado para grandes fãs de guitarras e solos heavy metal. Destaque para as faixas "Savage", "The Ninja", "Concerto" e a faixa-título. Com este disco vitrine (e um segundo, "Go Off!", lançado no ano seguinte), ambos os guitarristas conseguiram entrar em bandas já consagradas: Marty Friedman entrou no Megadeth, em 1990; e Jason Becker entrou na banda de David Lee Roth, também no mesmo ano. Acontece que Becker só conseguiu gravar um disco com Roth (o álbum "A Little Ain't Enough", lançado em 1991), pois foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica e acabou sendo obrigado a sair da banda, já que não conseguia mais tocar, graças à sua doença. Eventualmente, Jason acabou totalmente paralisado, sem movimento nos braços ou pernas e sem conseguir falar. Engana-se quem acha que ele desistiu da música: com o auxílio da família e da tecnologia, ele ainda compõe e consegue se comunicar, apesar de todas as dificuldades. Um exemplo de perseverança!!

E aqui chegamos, final de mais um longo post sobre os lançamentos de um ano no passado. A ideia agora é termos outro post sobre este mesmo ano de 1987, só que falando sobre os lançamentos do rock nacional. Deixe suas impressões, seus álbuns favoritos de 1987 e as possíveis ausências. Um abraço rock and roll e até o próximo post!!