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domingo, 15 de maio de 2016

1986 - Grande ano para o thrash metal

Se o ano anterior de 1985 já tinha muito lançamento de grandes nomes do thrash metal, neste ano de 1986 o estilo toma conta: além dos grandes nomes, temos lançamentos de bandas não tão famosas, mas que atingiram seu grande momento aqui. Temos também outros grandes lançamentos dentro do heavy metal e do rock, além do início do crescimento do hardcore novaiorquino. Vamos lá então percorrer os principais lançamentos do ano de  1986!

No post sobre o ano passado, 1985, falamos sobre a primeira versão do Windows, e neste ano de 1986 tivemos a abertura de capital da Microsoft, que cresceria na década que se seguiria com seus produtos: além do Windows, o pacote Office renderia muitos frutos para a companhia. No mundo político, tivemos o fim da ditadura de Baby Doc, no Haiti. Foram 28 anos de terror com o ditador. O maior desastre da história da energia nuclear assustou toda a Europa: Chernobyl, uma pequena cidade da Ucrânia, teve um reator de sua usina nuclear com problemas que acabaram causando uma explosão, que liberou grandes quantidades de radiação pelas semanas que se passaram. Somente após os níveis elevados de radiação serem percebidos pelos países vizinhos, a União Soviética reconheceu e divulgou informações sobre o acidente. Até hoje a cidade está desabitada.

No mundo do esporte, tivemos a Copa do Mundo no México, com o segundo título para a Argentina, que venceu a Alemanha na final (segunda derrota seguida dos alemães; eles haviam perdido a Copa de 1982 para a Itália. Ganhariam a Copa seguinte, de 1990, na Itália). Nossa seleção acabou eliminada nas quartas de final, pela França, em uma disputa torturante nos pênaltis (com direito a bola que bateu no nosso goleiro Carlos e entrou...). O fenômeno Mike Tyson ganhou o título mundial pela primeira vez - ele marcaria época no boxe nos anos seguintes. No mundo artístico, tivemos o lançamento de Top Gun, o filme mais visto do ano e que impulsionaria a carreira de Tom Cruise. Entretanto, Platoon ganhou o Oscar de melhor filme e diversas outras indicações - em seu elenco, além de Charlie Sheen e Willem Dafoe, entre tantos outros grandes atores, tivemos Corey Glover, que anos mais tarde faria sucesso como o vocalista do Living Colour. Ainda no mundo da música, tivemos duas mortes devastadoras de dois grandes gênios do baixo: Phil Lynnot, o líder do Thin Lizzy; e Cliff Burton, o baixista do Metallica que até hoje faz falta à banda.

Chega de blá blá blá: vamos aos grandes lançamentos do ano de 1986!

Black Sabbath - "Seventh Star" - depois da tentativa de reunião da formação original desmoronar (após o Live Aid, de 1985, que teve a formação original do Sabbath se apresentando), Tony Iommi se viu sozinho no Black Sabbath - até Geezer Butler desistiu da banda. Sua intenção era a de finalmente lançar o primeiro disco de sua carreira solo, mas a gravadora botou a devida pressão e obrigou o guitarrista a usar o nome Black Sabbath (com o complemento "featuring Tony Iommi"). Iommi aproveitou alguns membros da banda de Lita Ford (ex-guitarrista das Runaways; Tony estava namorando-a na época da gravação deste álbum), como o baterista Eric Singer (ele mesmo, atualmente dono do posto de baterista do Kiss) e o baixista Dave Spitz. Efetivou o antigo membro e tecladista Geoff Nicholls e chamou o amigo Glenn Hughes para os vocais. O disco não apresenta o tradicional heavy metal que você espera do Black Sabbath; ele tende mais para um hard rock poderoso e sem frescuras, se aproveitando da potência vocal de Hughes. Lembre-se que este era pra ser o disco solo de Iommi... Apesar disso, é um puta disco, com canções que já viraram clássicos. Minhas preferidas são a abertura com "In For The Kill", a faixa-título, "Danger Zone" e "Angry Heart". OK, eu reconheço, eu adoro a balada "No Stranger To Love", apesar do clipe brega que foi gravado para ela... Os problemas desta formação começaram logo no começo da turnê que se seguiu, já que Glenn ainda estava altamente viciado em drogas e não conseguiu se recompor para a excursão (Glenn e Tony se reuniriam mais pra frente e gravariam mais dois álbuns juntos). Ray Gillen foi chamado para substitui-lo e a turnê se encerrou numa boa. Mas não gravaria o próximo álbum da banda. Bem, não é exatamente assim que aconteceu. Ano que vem, quando falarmos sobre o disco "The Eternal Idol" a gente conta esta estória melhor!

Ozzy Osbourne - "The Ultimate Sin" - já falado acima, o ano anterior (1985) viu Ozzy se juntando com seus ex-companheiros para tocar no festival Live Aid, e uma tentativa fracassada de reunir a banda. De volta a sua carreira solo, ele remontou sua banda com o baixista Phil Soussan, o baterista Randy Castillo e manteve Jake E. Lee no posto de guitarrista. E foi o melhor trabalho de Lee junto com Osbourne. Se o disco anterior apresentava altos e baixos, este álbum segue uma linha homogênea de qualidade do começo ao fim, desde a abertura com a grande faixa-título, passando por grandes canções como "Lightning Strikes" e "Killer Of Giants", até o encerramento com a canção mais conhecida, "Shot In The Dark". Foi o lançamento mais bem sucedido da carreira solo de Ozzy até então, entrando no Top 10 e alcançando disco de platina rapidamente. A banda excursionou bastante para promover o álbum e, ao fim da turnê, Jake E. Lee foi demitido, e acabou formando a banda Badlands ao lado de Eric Singer e do vocalista Ray Gillen (ver acima sua origem). Ozzy continuou com seus problemas de dependência química mas continuaria firme e forte com sua carreira solo. Ele encontraria um grande substituto para a vaga aberta com a demissão de Jake: Zakk Wylde, que seria o guitarrista que mais tempo ficaria com a vaga. Histórias para os próximos posts!

Metallica - "Master Of Puppets" - depois de um avanço considerável com o álbum "Ride The Lightning", o Metallica deu um passo ainda maior e entregou sua obra-prima para o mundo neste ano de 1986. Com arranjos grandiosos, técnica avançada dos músicos (que chegaram a receber aulas para melhorar a técnica) e letras inteligentes, a banda apresentou oito faixas que se tornaram clássicos conforme o tempo passou. Desde a suave introdução que se transforma em peso e depois em velocidade na faixa de abertura, "Battery"; a épica faixa-título com sua letra falando do domínio das drogas sobre seus usuários; a soturna "The Thing That Should Not Be", com o peso do baixo de Cliff Burton se destacando; a semi-balada "Welcome Home (Sanitarium)", falando sobre manicômios e loucos; a arrasa-quarteirão "Disposable Heroes", e sua mensagem anti-guerra; "Leper Messiah" e seu ataque aos evangélicos que só querem grana; a sensacional faixa instrumental "Orion", mostrando todo o talento e versatilidade de Cliff; e a supersônica "Damage Inc.", encerrando o disco com um ataque de fúria transformado em música - um clássico do thrash metal. Com a qualidade deste álbum e uma chance na turnê de Ozzy Osbourne, abrindo para o madman, a banda deu um salto comercial e pulou para o time das grandes bandas de heavy metal, algo que seria consolidado com os próximos discos. O ponto negativo ficou para a tragédia que abateu a banda na turnê europeia: após um show em Estocolmo, um acidente com o ônibus onde a banda viajava acabou matando o baixista Cliff Burton. A banda retornou a San Francisco e acabou escolhendo o substituto: Jason Newsted, do Flotsam And Jetsam. Com o substituto escolhido, voltaram para a estrada para terminar a turnê. O auge do Metallica completando 30 anos!

Van Halen - "5150" - após a saída de Dave Lee Roth, o mundo pareceu despencar para os irmãos Van Halen. Além de terem sido abandonados pelo vocalista, também foram pelo produtor Ted Templeman (que preferiu produzir o primeiro disco solo de Roth) e pela gravadora, que chegou a sugerir que o nome da banda fosse descontinuado (segundo a Wikipedia). No final das contas, um mecânico em comum trouxe o novo vocalista: Sammy Hagar, ex-Montrose, uma banda que influenciou o Van Halen. Muitos fãs torceram o nariz para Sammy, até atribuíram mudanças de som a ele (o que não acho ser verdade; o som da banda começou a mudar no disco anterior), mas o sucesso foi imediato, e foi o primeiro a alcançar o topo da parada norte-americana. Dois singles puxaram o sucesso do disco: "Why Can't This Be Love" e "Dreams", e também podemos destacar as faixas "Get Up" e "Love Walks In". Verdade seja dita: apesar deste disco possuir muitas qualidades, ele não tem a potência dos discos anteriores da banda; a guitarra de Eddie parece longínqua e os teclados dominam muitas faixas, mais do que os fãs das antigas desejariam. Ao longo do tempo, este álbum já vendeu seis milhões de cópias somente nos EUA, provando sua força. Atualmente, a banda está parada, após uma turnê no segundo semestre de 2015 - com Roth nos vocais. O último álbum de estúdio da banda, com Dave Lee Roth, foi muito elogiado, e uma sequência é aguardada. Sammy Hagar montou o Chickenfoot no final da década passada, mas a banda não tem feito muita coisa atualmente. No mundo do Van Halen, as notícias costumam surpreender, então só aguardando os fatos. Eu, particularmente, adoraria ver o Van Halen original reunido, incluindo a volta de Michael Anthony no baixo. A esperança é a última que morre...

Rolling Stones - "Dirty Work" - esse meio da década de 80 foi um período obscuro para os Rolling Stones. Apesar de se manterem na ativa, houve desavenças entre Mick Jagger e Keith Richards, Jagger iniciando sua carreira solo, depois Richards também iniciou, os dois não estavam se entendendo, e isso acabou refletindo nos álbuns. Já tínhamos falado sobre o irregular "Undercover", de 1983, e agora mais um disco abaixo do padrão de qualidade que os Rolling Stones imprimiram na década anterior. Pelo menos, este tem uma pegada mais rock, sem os traços da disco music que os álbuns anteriores traziam. Destaque para as canções "One Hit (To The Body)" (com participação de ninguém menos que Jimmy Page), "Fight""Harlem Shuffle". Com a força que a banda tem, o álbum chegou ao Top 5 das paradas britânica e norte-americana, mas acabou não vendendo muito - apenas disco de platina nos EUA (um milhão de cópias vendidas). Como a carreira solo de Mick Jagger não decolou (tanto quanto ele esperava), e a carreira solo de Keith Richards foi muito elogiada (especialmente o disco "Talk Is Cheap", de 1988) mas sem o sucesso esperado, Mick e Keith se dedicaram completamente ao disco seguinte, este sim de qualidade. Quando chegarmos ao post de 1989 a gente conta mais sobre ele!

Judas Priest - "Turbo" - este é o tão falado e polêmico álbum do Judas Priest, onde a banda explora sonoridades diferentes para as guitarras, utilizando sintetizadores e muitos efeitos. Apesar dos efeitos utilizados, as composições tem sua força, só não foram gravadas da melhor forma. A performance de Rob Halford é muito boa (ele se limpou do abuso nas drogas e arrebentou também durante a turnê de promoção do álbum) e se ignorarmos os efeitos exagerados, as guitarras estão boas também. Destaque para a abertura com "Turbo Lover", que é presença garantida nos shows até os dias de hoje, e também para as canções "Locked In", "Parental Guidance" (feita em protesto ao controle e censura ridículos instituídos nos EUA nos anos 80), "Rock You All Around The World" e "Reckless". A banda lançaria mais um álbum não muito marcante até lançar outro grande clássico, "Painkiller", em 1990. No post do ano a gente conta mais sobre este grande disco!

Accept - "Russian Roulette" - este foi o último álbum da grande fase que o Accept viveu durante os anos 80, em especial a trilogia de discos lançada antes deste ("Restless And Wild", "Balls To The Wall" e "Metal Heart"). Fugindo um pouco da sonoridade mais melódica e comercial do disco anterior, "Metal Heart", este traz um heavy metal um pouco mais sujo, gritado e pesado, mais próximo de "Restless And Wild". Outro belo álbum na carreira da banda. Destaque para a abertura com "T.V. War", a grande faixa-título, a acelerada "Aiming High""Another Second To Be". O vocalista Udo Dirkschneider saiu da banda para iniciar sua carreira solo no ano seguinte (1987), e foi substituído por David Reece. A banda chegou a gravar um álbum com este novo vocalista, mas acabou interrompendo atividades após um acidente com o baterista Stefan Kaufmann. Alguns anos depois, Udo retornou à banda e eles gravaram mais alguns álbuns. Nos anos 2000, a formação clássica chegou a se reunir para tocar ao vivo, mas Udo não quis se comprometer com um novo álbum de estúdio. Foi quando trouxeram, em 2009, Mark Tornillo e iniciaram uma nova fase do Accept, nesta década corrente. Os álbuns foram bem sucedidos e o grupo tem excursionado bastante com Tornillo. Recentemente, estiveram no Brasil para uma série de shows (confira a resenha para o show no Imperator, Rio de Janeiro, aqui). Longa vida a estes alemães bons de heavy metal!!

Kreator - "Pleasure To Kill" - como o título do post disse, um grande ano para o thrash metal; já falamos do clássico "Master Of Puppets" e agora mais um grande álbum do estilo. Segundo do Kreator, a qualidade da gravação já é melhor que o anterior, e as composições começaram a evoluir. Utilizando o produtor Harris Johns (já tinha gravado com Helloween e Grave Digger, produziria Sodom, Exumer, Tankard e Ratos de Porão nos anos seguintes), a banda evoluiu mas não tirou o pé do acelerador: o álbum é pancadaria pura do início ao fim, e influenciou muitas bandas de death metal. Alguns clássicos deste álbum são tocados até hoje nos shows da banda: a faixa-título, "Riot Of Violence", "Under The Guillotine". A banda lançaria mais dois grandes álbuns na sequência, e entraria em uma fase irregular, retornado à grande forma em 2001, com "Violent Revolution". Atualmente, a banda está em estúdio trabalhando no sucessor do excelente "Phantom Antichrist". Este sucessor só deve ver a luz do dia no próximo ano. Longa vida a esse baluarte do thrash metal alemão!

 Onslaught - "The Force" -  este foi o segundo álbum da banda inglesa Onslaught, e algumas mudanças na formação aconteceram: a banda adicionou o vocalista Sy Keeler, e sua entrada fez com que Paul Mahoney, que cantou no primeiro disco, migrasse para o baixo; o baixista, Jase Stallard, passou para a segunda guitarra. Nigel Rockett e Steve Grice permaneceram em suas posições (guitarra e bateria, respectivamente). Com duas guitarras, a sonoridade da banda encorpou e ficou mais thrash metal. A mudança deu muito certo, o álbum conseguiu fazer muito mais sucesso que o anterior e acabou se tornando mais um clássico do thrash metal a ser lançado neste ano de 1986. Destaque para as faixas "Let There Be Death", "Fight With The Beast", "Flame Of The Antichrist" e "Thrash Till The Death". A banda mudaria bastante de formação para o disco seguinte, mudando novamente de vocalista (trouxe Steve Grimmett, do Grim Reaper) e também aliviando a sonoridade, o que acabou levando ultimamente ao fim do grupo. A banda se reuniu novamente em 2005, e tem lançado álbuns desde então. O retorno contou com o vocalista Sy Keeler, o guitarrista Nigel Rockett e o baterista Steve Grice. Longa vida a mais uma grande banda de thrash metal!

Ramones - "Animal Boy" - nono álbum de estúdio dos precursores do punk e segundo com Richie Ramone na bateria, foi mais um belo álbum da banda, trazendo alguns clássicos dos Ramones consigo. Com produção a cargo de Jean Beauvoir (da banda Plasmatics), a sonoridade varia de um punk mais melódico como a abertura com "Somebody Put Something In My Drink" até a agressividade acelerada da faixa-título. Incluindo outros destaques como "Love Kills", na voz de Dee Dee Ramone, feita em homenagem a Sid Vicious; "My Brain Is Hanging Upside Down (Bonzo Goes To Bitburg)", uma crítica à visita de Ronald Reagan a um cemitério militar alemão (com oficiais nazistas enterrados lá); e "Something To Believe In", uma levada mais calma e incomum à sonoridade típica da banda. Richie e Dee Dee gravariam mais um álbum com a banda e seriam substituídos, respectivamente, pelo baterista mais clássico dos Ramones, Marky Ramone, e por C.J. Ramone. Nos posts dos anos seguintes, a gente conta essas histórias melhor!

AC/DC - "Who Made Who" - este álbum foi uma trilha sonora de um filme de Stephen King ("Maximum Overdrive"; "Comboio do Terror" aqui no Brasil, segundo a Wikipedia), e trazia apenas três canções inéditas: a faixa-título e as instrumentais "D.T." e "Chase The Ace". As demais canções são alguns clássicos mais antigos da banda, como "You Shook Me All Night Long", "Hells Bells" e "For Those About To Rock (We Salute You)". Além do disco, a banda lançou também uma fita de vídeo com diversos vídeo-clipes das canções presentes no álbum. Esta época foi uma das raríssimas de declínio da banda, que nem estava mais conseguindo entrar no Top 20 norte-americano. Apesar do declínio, este álbum acabou vendendo bem ao longo do tempo, alcançando disco quintúplo de platina nos EUA - 5 milhões de cópias. O baterista Simon Wright, na banda nesta época, gravaria apenas o próximo disco e seria substituído por Chris Slade pouco tempo depois. Chris está atualmente de volta à banda, substituindo Phil Rudd, que está com problemas com a justiça. Recentemente, o AC/DC suspendeu sua turnê norte-americana, devido a suposto problema de audição do vocalista Brian Johnson. O substituto já foi escolhido e é ninguém mais ninguém menos que Axl Rose. Axl já estreou na turnê europeia, e não fez feio. Vamos aguardar pra ver se ele será escolhido para o futuro ou somente para completar esta turnê. A conferir!

Europe - "The Final Countdown" - terceiro álbum desta banda sueca, ele foi o grande sucesso do Europe graças à faixa-título e sua épica introdução nos teclados. Além desta canção, também tivemos outros sucessos como "Rock The Night", a balada "Carrie", "Cherokee" "On The Loose" e "Love Chase". Era o hard rock de arena que dominava as paradas na época, aqui com os teclados mandando. Apesar do grande sucesso que o álbum proporcionou à banda, o guitarrista John Norum resolveu sair logo depois da turnê que promoveu o disco, descontente com a predominância dos teclados no som do grupo (já falamos de Norum aqui no blog, quando resenhamos o disco de blues de Glenn Hughes - confira aqui). A carreira da banda foi abreviada com um fim prematuro em 1992. Eles ensaiaram um retorno em 1998, e retornaram pra valer em 2003, com Norum de volta à banda, e estão na ativa até hoje. Sem o sucesso dos anos 80, mas gravando e excursionando, firme e forte!

Queen - "A Kind Of Magic" - este álbum do Queen acabou se tornando a trilha sonora não oficial do filme "Highlander" (o primeiro, muito bom, sem considerar as sequências sem sentido); seis faixas do disco aparecem no filme. Trata-se de um bom disco, mas ainda aquém dos trabalhos fantásticos que a banda tinha feito na década anterior. A banda ainda trazia sintetizadores e sonoridade pop, mas diversas composições marcantes sobreviveram ao teste do tempo e hoje são consideradas clássicos: desde a abertura, com "One Vision" (costuma abrir os shows atuais da banda com o cantor Adam Lambert), a faixa-título, "Friends Will Be Friends" e a linda "Who Wants To Live Forever". Na época de seu lançamento, o álbum alcançou o topo da parada britânica, mas ficou apenas na 46ª posição na parada norte-americana. Apesar do fraco desempenho nos EUA, mundialmente é um disco muito bem sucedido e que foi promovido com uma grande turnê - a última do grupo com Freddie Mercury - e que culminou com duas noites lotadas no Estádio de Wembley, devidamente registradas e lançadas em CD e DVD (recomendo fortemente: uma das melhores performances da banda, com Freddie inspirado e toda a banda acompanhando brilhantemente). O Queen ainda lançaria dois álbuns de estúdio com Mercury, mas em 1991 ele veio a falecer de complicações da AIDS. Os demais membros da banda ficaram sumidos por um tempo mas retornaram com Paul Rodgers nos vocais em 2005 (chegaram a lançar um álbum de estúdio, "The Cosmos Rocks") para algumas turnês, e agora com Adam Lambert, incluindo uma nova apresentação no festival Rock In Rio. Evidentemente, muito aquém da lendária performance na primeira edição do festival. Ainda assim, um belo show. Eu preferi o grande Rodgers na banda - pegada mais rock e performance mais inspirada. Que o legado da banda seja perpetuado da melhor forma possível!

The Smiths - "The Queen Is Dead" - este é um dos álbuns mais aclamados do The Smiths, com muitos críticos e fãs considerando o melhor de todos. Dele saíram alguns clássicos da banda, como "Bigmouth Strikes Again" (e sua introdução épica com uma guitarra acústica), "The Boy With The Thorn In His Side" e "There Is A Light That Never Goes Out" (grandes lamentos de Morrissey embalados por maravilhosa levadas de Johnny Marr e a cozinha da banda). Podemos citar também a grande abertura com a faixa-título e o trabalho meio country de "Vicar In A Tutu". Produzido pela própria banda, o álbum alcançou a segunda posição da parada britânica e melhorou um pouco a posição na parada norte-americana (70ª posição; o anterior tinha ficado em 110º). A banda estava com muito desgaste com sua gravadora (o álbum acabou atrasando sete meses) e o relacionamento entre os integrantes já começava a mostrar desgaste também. Trocaram de gravadora para o próximo álbum, mas acabou sendo o canto de cisne. A gente fala mais sobre isso ano que vem, no post sobre 1987!

Genesis - "Invisible Touch" - a esta altura na carreira do Genesis, a banda intercalava seus álbuns com paradas para que os seus membros tocassem suas carreiras solo. A carreira de Phil Collins, especialmente, já decolava e se destacava bastante - o álbum "No Jacket Required", de 1985, tinha vendido muito bem e chegado ao topo da parada norte-americana, tornando Collins mais bem sucedido que o próprio Genesis. De volta ao grupo de origem, a banda conseguiu gravar seu álbum de maior sucesso, atingindo a marca de seis milhões de cópias e a terceira posição na parada norte-americana - a posição mais alta já alcançada pela banda nos EUA. Musicalmente, o grupo já tinha abandonado o rock progressivo (assim como outros grupos dos anos 70 fizeram nesta década, como o Yes) e praticava um pop rock muito bem tocado - a faixa-título pode ser considerada o melhor exemplo e acabou virando uma das canções mais conhecidas da carreira do grupo. Outros destaques ficam para "Tonight, Tonight, Tonight", "Land Of Confusion", "In Too Deep" e "Throwing It All Away", além da suíte "Domino", um bastião de resistência progressiva dentro do álbum. A extremamente bem sucedida carreira solo de Phil Collins sufocaria o gupo ao ponto dele ser substituído na segunda metade dos anos 90 - com sucesso muito limitado. Em 2006, a banda tentou uma reunião, mas não chegaram a um acordo, então o trio que gravou este álbum saiu em turnê mundial - muito bem sucedida, diga-se de passagem. Phil Collins anunciou sua aposentadoria em 2011, alegando também que não tinha mais condições físicas de tocar em alto nível. Entretanto, no ano passado (2015), ele assinou contrato com uma gravadora e deve gravar um novo álbum. Quem sabe, até, se reunir novamente com seus parceiros para mais uma turnê e/ou álbum com o Genesis. Só o tempo dirá!

Candlemass - "Epicus Doomicus Metallicus" - o Candlemass é uma das bandas pioneiras do estilo doom metal, originado da sonoridade dos primeiros discos do Black Sabbath. Este álbum foi gravado com orçamento menor que 2 mil dólares, por uma gravadora francesa (contrato apenas para este álbum), e se provou um dos pilares do estilo nomeado após o álbum: epic doom metal - o nome do álbum tem esse significado, em latim. Logo na abertura você percebe aquele clima soturno, andamento bem arrastado e guitarras pesadíssimas guiando um vocal sem agudos (os vocais agudos eram a moda na época, não se esqueça), meio barítono, soando mais macabro que o próprio Sabbath. Destaque para a grande abertura com "Solitude", a longa "Demon's Gate", "Crystal Ball" e "Under The Oak". Logo depois do lançamento deste álbum, o vocalista Johan Längqvist foi demitido e a banda também trocou de baterista, formando o núcleo da banda para os próximos cinco anos - até 1991. Aliás, não faltaram mudanças de formação na história do Candlemass. Atualmente, a banda está com o vocalista Mats Levén (já tocou com Yngwie Malmsteen), ao lado do núcleo de longa data da banda: o baixista Leif Edling, presente em todos os álbuns e formações; o guitarrista Mats Björkman e o guitarrista Lars Yohansson, presentes na maioria dos álbuns e membros de longa data. A banda acabou de excursionar pelo Brasil, incluindo um show no Rio de Janeiro, Teatro Odisseia, e um show em São Paulo, Clash Club. Que voltem mais vezes!!

Flotsam And Jetsam - "Doomsday For The Deceiver" - disco de estreia desta banda norte-americana que foi descoberta em uma das famosas coletâneas "Metal Massacre", sendo contratada pela gravadora Metal Blade. Depois a banda acabou sendo conhecida por ser a banda de origem de Jason Newsted, o baixista que substituiu Cliff Burton no Metallica. Por falar em Jason, ele foi o principal letrista aqui neste disco. Este é um álbum que traz um thrash metal técnico, com boas composições que te convidam a bater cabeça intensamente. Canções como "Hammerhead", "Iron Tears" e "Der Fuhrer" refletem o lado mais agressivo do grupo, enquanto a faixa-título, "Metalshock" e "Flotzilla" refletem o lado mais técnico. Alguns meses depois do lançamento deste álbum, Jason deixou a banda para se juntar ao Metallica. O Flotsam acabou sofrendo uma sequência de mudança de baixistas e nunca conseguiu muito sucesso, apesar de lançar bons discos. A banda continua na ativa atualmente, mantendo o vocalista Eric A.K. e o guitarrista Michael Gilbert da formação original. Um novo álbum de estúdio está sendo gravado e deve ser lançado ainda este ano. Melhor sorte para o grupo, eles merecem!

David Lee Roth - "Eat'em And Smile" - ao sair do Van Halen, Roth levou o produtor Ted Templeman com ele. Montou uma banda de virtuosos - Billy Sheehan no baixo, Greg Bissonette na bateria e Steve Vai na guitarra - e entrou no estúdio. O resultado é este álbum explosivo que poderia ser considerado o próximo álbum do Van Halen se Dave não tivesse saído, ou se os irmãos não tivessem diluído o som da banda com teclados, como fizeram em "5150", deste mesmo ano (ver acima). Combinando as melodias envolventes que sempre marcaram sua ex-banda, com o virtuosismo de sua banda, em especial de Steve Vai, inspiradíssimo neste álbum, temos um hard rock de primeira que agradou mais aos críticos que a estreia de Sammy Hagar no Van Halen. Polêmicas à parte, confira as melodias do single "Yankee Rose", o hard rock acelerado de "Shyboy", "Goin' Crazy" e "Tobacco Road". A carreira solo de Diamond Dave continuou em alta até o final da década de 80, quando o grunge tomou as paradas de assalto e depôs a dinastia metal. Dave chegou até a excursionar ao lado de Hagar, até que em 2007 ele finalmente voltou a sua antiga banda, onde tem excursionado e até gravou um disco de estúdio novo ("A Different Kind Of Truth", confira a resenha aqui). Como já disse no final do texto sobre "5150", o Van Halen é uma das bandas que mais desejo ver ao vivo - vamos torcer muito para eles virem ao Brasil!

R.E.M. - "Lifes Rich Pageant" - este quarto álbum de estúdio do R.E.M. marcou o começo da virada para a banda. Até aqui, eles eram os queridinhos do underground, tocando principalmente em circuitos alternativos e em rádios college. Este álbum conseguiu chegar no Top 20 e chamou a atenção de um público fora do circuito alternativo, fazendo a banda crescer e até a tocar em rádios mais comerciais com o single mais famoso do álbum, o clássico "Fall On Me". Podemos destacar também as canções "Begin The Begin", "Cuyahoga" e "I Believe". A banda começaria a fazer muito sucesso a partir dos próximos álbuns, até que chegaria ao topo da parada norte-americana com "Out Of Time", de 1991. Depois de uma carreira recheada de sucessos e álbuns de muita qualidade, a banda se estressou da vida na estrada e das gravadoras e encerrou as atividades em 2011. Uma pena, a banda era excelente tanto em estúdio quanto ao vivo. Quem sabe no futuro não role uma reunião, né? A esperança continua de pé...

Motörhead - "Orgasmatron" - depois de dois anos sem poder gravar um disco novo, graças a um litígio com sua antiga gravadora (Bronze Records), o Motörhead voltou ao estúdio e gravou seu novo álbum, na gravadora criada pelo seu próprio empresário (GWR), já que nenhuma outra gravadora na época quis assinar com a banda. Melhor assim, manteve Lemmy e seus asseclas com independência artística e gana para gravar este grande álbum. Nesta época, o grupo era um quarteto, com Pete Gill (ex-Saxon) na bateria, Phil Campbell e Michael Burston (mais conhecido como Würzel) nas guitarras, além é claro de Lemmy no baixo e vocal. Musicalmente, o disco traz aquele som intenso e rápido do Motörhead em algumas faixas clássicas da banda, como a abertura com "Deaf Forever", "Nothing Up My Sleeve", "Doctor Rock" e a clássica faixa-título, uma das canções que se tornaram presença marcante nos shows do grupo. As mudanças de formação na banda continuariam a acontecer: o baterista Pete Gill deixaria o grupo no ano seguinte, e Phil Taylor retornaria. A banda ainda gravaria mais um álbum pela gravadora GWR mas acabou passando novamente por problemas legais, o que acabou atrasando o álbum seguinte. Acabou sendo uma constante na carreira do Motörhead os problemas com gravadoras, que não entendiam a intensidade e não queriam dar a liberdade artística que o grupo merecia. Depois de uma carreira de 40 anos intensos dedicados ao rock and roll e à vida na estrada, o grande Lemmy Kilmister acabou falecendo em dezembro do ano passado, de um câncer no cérebro. Entretanto, seu legado está aí para ser ouvido no último volume, como seria sua preferência, claro. Salve Lemmy, uma dos maiores lendas do rock!!

Bon Jovi - "Slippery When Wet" - depois de dois álbuns de sucesso moderado, o Bon Jovi partiu para esta empreitada querendo estourar nas paradas, e resolveu mudar algumas coisas: trabalhou com um produtor de maior respeito, Bruce Fairbairn (até então, ele tinha produzido a banda canadense Loverboy e a banda suíça Krokus; com o sucesso deste disco, ele passou a produzir Aerosmith, AC/DCKiss e Yes), e até contrataram um compositor profissional - Desmond Child - para auxiliá-los em algumas faixas. As mudanças foram certeiras e transformaram este álbum no produto mais desejado do ano de 1986 e também do ano seguinte. Com os singles "You Give Love A Bad Name", "Livin' On A Prayer", "Wanted Dead Or Alive" e "Never Say Goodbye", o disco foi parar no topo da parada norte-americana, onde ficou por oito semanas. Rapidamente, os discos de platina vieram e até disco de diamante este álbum já conquistou (disco de diamante indica vendas de dez milhões de cópias). Atualmente, o álbum possui doze discos de platina - doze milhões de cópias vendidas. Está entre os 50 discos mais vendidos de todos os tempos nos EUA. Um marco do hair metal que dominou as paradas na segunda metade dos anos 80 e um sucesso que a banda não conseguiu mais igualar, apesar de se manterem como uma força respeitável em termos de venda de discos e também em termos de venda de ingressos: as turnês do Bon Jovi, até hoje, atraem multidões. Em 2013, o guitarrista Richie Sambora anunciou que não participaria da turnê (que acabou passando no Brasil, incluindo o Rock In Rio daquele ano) e no ano seguinte confirmou-se sua saída da banda. Sambora era um dos compositores do grupo; Jon Bon Jovi, o vocalista, agora é o principal compositor e quem manda na banda. Um novo álbum de estúdio está para ser lançado neste ano de 2016 - "This House Is Not For Sale".

Megadeth - "Peace Sells... But Who's Buying?" - apesar de ter sido uma boa estreia, o primeiro álbum do Megadeth deixou muito a desejar em termos de qualidade de produção. Com a consolidação da banda após a turnê, era hora de Dave Mustaine provar que tinha lenha pra queimar com sua nova banda. O resultado foi este álbum clássico, com composições mais complexas, arranjos mais sofisticados, e um Mustaine tocando ainda melhor que antes. Deste disco saíram algumas das canções mais tocadas em shows da banda, como a abertura com "Wake Up Dead" e a faixa-título. E ainda temos músicas excelentes, como "The Conjuring", "Devils Island" e "Good Mourning / Black Friday". Após a turnê promovendo o álbum, o baterista Gar Samuelson e o guitarrista Chris Poland foram demitidos da banda, por excesso no uso de drogas. O problema não foi resolvido, já que os membros restantes, Dave Mustaine e Dave Ellefson, também estavam com o mesmo problema. O resultado de tanto vício e mudanças de formação seria sentido no álbum seguinte, o irregular "So Far, So Good... So What!". Papo para o post futuro de 1988!!

Iron Maiden - "Somewhere In Time" - depois do grande álbum "Powerslave" e a extensa turnê que se seguiu (e que chegou até ao Brasil, primeiro Rock In Rio), a banda tirou um tempo para descansar e recarregar as baterias para o novo álbum. A banda resolveu experimentar mais em seu som e acabou incorporando efeitos de sintetizadores, coisa que os fãs estranharam no começo. Com o passar do tempo, se transformou em mais um clássico da banda. Além dos experimentos citados, a banda começou a tornar seu som mais progressivo, e as canções começaram a crescer em tamanho - nenhuma música do disco tem menos de cinco minutos. Destaque para Adrian Smith, que dividiu os créditos de composição com o baixista Steve Harris, sendo que as canções de Adrian foram as escolhidas para singles: "Wasted Years" e "Stranger In A Strange Land". Destaque também para "Heaven Can Wait", muito tocada nos shows, "Deja-Vu" e o encerramento épico com "Alexander The Great". O álbum alcançou, na época, a mais alta posição na parada norte-americana - 11ª posição (posição depois superada pelos álbuns mais recentes) - e ficou na terceira posição na parada britânica. Alcançou disco de platina nos EUA (um milhão de cópias vendidas) e manteve o Iron Maiden em alta. A banda lançaria mais um álbum e sofreria uma baixa a seguir: Adrian Smith se desentendeu com Harris e deixou a banda. Foi o começo do declínio comercial do grupo, somente retornado no ano 2000. História para outros posts!

Agnostic Front - "Cause For Alarm" - este foi o segundo álbum de uma das bandas pioneiras do hardcore novaiorquino. Aqui, já com mudanças de formação (mudança de baterista e adição de um segundo guitarrista, Alex Kinon), mas com a dupla que gravaria todos os álbuns da banda: Roger Miret nos vocais e Vinnie Stigma na guitarra. Com a adição de um segundo guitarrista, a banda explorou influências heavy/thrash metal, se juntando ao D.R.I., S.O.D. e Suicidal Tendencies como pioneiros do crossover entre punk e metal. Destaque para as canções "The Eliminator", "Your Mistake", "Toxic Shock" e "Public Assistance". O Agnostic Front continua na ativa - seu último álbum foi lançado no ano passado, 2015, pela Nuclear Blast: "The American Dream Died". Como sempre, Miret e Stigma na formação. Muito sucesso a uma das bandas mais íntegras e influentes do hardcore norte-americano!

Cro-Mags - "The Age Of Quarrel" - falamos em um pioneiro do hardcore novaiorquino acima (Agnostic Front) e agora falaremos de outro, estreando seu primeiro álbum neste ano de 1986. Com uma pegada direta e intensa e algum crossover com heavy metal, o álbum já abre com a música mais famosa da banda, "We Gotta Know" (coverizada ao vivo pelo Sepultura - confira o álbum "Under A Pale Grey Sky"), e segue com grandes canções como "World Peace", "Show You No Mercy" (e seu riff muito similar ao de "War Inside My Head", do Suicidal Tendencies...), "Street Justice", "Survival Of The Streets" e "Hard Times" (esta coverizada pelo Machine Head ao vivo - confira a edição nacional do álbum "Burn My Eyes", que continha esta versão). Lamentavelmente, a banda sofreu muito com as mudanças de formação e acabou nunca se firmando. Em alguns álbuns, o baixista Harley Flanagan assumiu os vocais. Atualmente, a banda está excursionando com o vocalista John Joseph McGowan, com Craig Setari no baixo (Craig toca também no Sick Of It All) e outros dois membros novos. Nenhum disco novo de estúdio foi lançado. Tomara que algum produtor lembre deles e traga-os para o Brasil!

Slayer - "Reign In Blood" - depois de dois álbuns pela pequena gravadora Metal Blade, o Slayer chamou a atenção de Rick Rubin, que até então produzia muito mais artistas de hip hop (incluindo Run-DMC e Beastie Boys). Além de contratar a banda para sua gravadora, a Def Jam, Rubin produziu o álbum, transformando a sonoridade do Slayer para uma máquina apocalíptica de thrash metal, como a conhecemos atualmente. Apesar do disco todo não chegar nem a meia hora, com certeza foi a metade de hora mais intensa até então na história da música. Desde os primeiros acordes alucinados do clássico "Angel Of Death", passando por petardos de alta rotação e intensidade como "Necrophobic", "Altar Of Sacrifice", "Jesus Saves", "Reborn" e "Postmortem", até o final assombroso com a quase faixa-título, "Rainning Blood", um dos maiores clássicos do metal. Apesar de não ter alcançado uma posíção muito alta na parada (ficou apenas na 94ª posição), com o tempo ele alcançou disco de ouro nos EUA (meio milhão de cópias vendidas) e se firmou como um dos discos mais influentes do heavy metal, e também um dos melhores álbuns de thrash metal, com certeza um dos que ajudaram a definir e delinear o estilo. Este foi talvez o auge criativo da banda, que procurou não se distanciar muito desta sonoridade aqui criada, nos discos lançados a seguir. A banda sofreu com a perda precoce de Jeff Hanneman em 2013, mas já mostrou sinais de que vai continuar a lançar belos álbuns, como o ótimo "Repentless", lançado no final do ano passado (confira a resenha aqui). Longa vida ao Slayer!!

Nuclear Assault - "Game Over" - este foi o álbum de estreia de uma banda que tem suas origens ligadas ao Anthrax: Dan Lilker formou o Nuclear Assault logo depois de ter sido demitido, em 1984. Ele se juntou à John Connelly, que era roadie do Anthrax. Junto com o guitarrista Anthony Bramante e o baterista Glenn Evans, a banda começou sua carreira excursionando e gravando demos até que um contrato com a gravadora Combat lhes garantiu este disco de estreia. A banda praticava um thrash metal acelerado, meio desajeitado na técnica e com letras abusando de um humor bem ácido. Destaque aqui para as faixas "Sin", "Betrayal", "Hang The Pope" (no melhor estilo S.O.D.) e "Stranded In Hell". A carreira da banda poderia ter tido mais sucesso não fossem os excessos: muitas turnês e muita bebida/drogas. A banda acabou encerrando atividades em 1995, após a saída de Lilker e Bramante. Retornaram com a formação original em 2001, e desde então a banda vem se mantendo mais ou menos na ativa (sem o guitarrista Bramante, que foi substituído por Eric Burke). Atualmente, lançaram um EP chamado "Pounder" (belo registro, lembrando os bons momentos que a banda já teve) e excursionando pelo mundo na turnê chamada "The Final Assault". Pelo nome, já se imagina que será a última da banda. Já vimos esse filme antes, não? Que se mantenham na ativa, o show mais recente da banda no Teatro Odisseia (em agosto de 2015) foi um desbunde total!

Yngwie Malmsteen - "Trilogy" - neste terceiro álbum da carreira solo, Malmsteen trocou de vocalista: saiu Jeff Scott Soto e entrou Mark Boals (ele saiu no disco seguinte, mas retornou para gravar outros álbuns com Malmsteen). Na cozinha, baixo e bateria, os irmãos Johansson (Jens, o tecladista, atualmente no Stratovarius, e Anders, o baterista, atualmente no Hammerfall). Mantendo a técnica incomparável, Yngwie avançou e alcançou um pouco mais de sucesso, entrando no Top 40 norte-americano. Destaque para a grande abertura com "You Don't Remember, I'll Never Forget", "Liar", "Dark Ages" e "Trilogy Suite Op: 5", uma longa e arrasadora instrumental. Malmsteen está trabalhando em um novo estúdio desde o ano passado. Ele esteve presente no Monsters of Rock (tocou no domingo, dia 26) e fez um bom show. Atualmente, anda se repetindo muito; está precisando lançar um daqueles álbuns de cair o queixo pra reconquistar seu público. Ele está com turnê marcada para o Brasil no final deste mês de maio: três shows confirmados, em Curitiba (23/05), Rio de Janeiro (25/05) e São Paulo (26/05). Boa oportunidade para conferir toda a técnica deste grande guitarrista sueco!

Sepultura - "Morbid Visions" - este foi o primeiro álbum de estúdio do Sepultura, depois do EP "Bestial Devastation". A banda ainda contava com o guitarrista Jairo Guedes (Andreas Kisser entraria na banda no ano seguinte, 1987), e sem muita verba para uma produção adequada. Então, este é mais um registro histórico, ainda calcado em letras satanistas e fortes influências de Venom e Celtic Frost. Max Cavalera chegou a admitir, em entrevistas, que a banda não tinha muitas preocupações com a qualidade das gravações na época e que nem se preocupou com afinação dos instrumentos (!?). Ainda assim, podemos destacar a abertura com a faixa-título, o clássico "Troops Of Doom" (que foi regravada no disco seguinte, "Schizophrenia", com uma qualidade bem melhor) e "Show Me The Wrath". O álbum deu alguma notoriedade e sucesso para a banda, em especial "Troops Of Doom", então eles decidiram se mudar para São Paulo para poder ficar perto da cena heavy metal mais forte do país. Com a mudança de formação já citada (saída de Jairo, entrada de Andreas), foi questão de tempo até que a banda atingisse a fama internacional. O Sepultura segue na ativa, e atualmente está em estúdio gravando mais um álbum. A banda não tem tido vida fácil desde a saída de Max, mas tem se mantido bem e lançando bons álbuns. Recomendo aos fãs das antigas escutar os novos trabalhos e dar uma chance à nova formação. O Sepultura merece nossa atenção!

Dark Angel - "Darkness Descends" - este foi o segundo álbum do Dark Angel, primeiro a contar com o baterista Gene Hoglan, e considerado um dos grandes discos de thrash metal lançados neste ano de 1986. Trata-se de um álbum intenso, técnico, rápido, que te deixa de queixo caído já na primeira audição. Canções como a faixa-título, "Merciless Death", "Death Is Certain (Life Is Not)", "Black Prophecies" e "Perish In Flames" te nocauteiam sem piedade, tamanho o ataque contido nelas. Apesar da qualidade deste álbum, a banda não conseguiu capitalizar grande sucesso em torno dele - o álbum nem entrou na parada norte-americana (Top 200). Após a longa turnê promovendo o álbum, o vocalista Don Doty foi demitido; Ron Rinehart entrou em seu lugar. O Dark Angel gravou mais dois belos discos, mas a falta de maior reconhecimento e sucesso acabou decretando seu fim. Seus membros partiram para carreiras independentes; a mais notória foi a do baterista Gene Hoglan, que tocou com o Death (nos meus discos preferidos, "Individual Thought Patterns" e "Symbolic"), com o Strapping Young Lad, Fear Factory e Testament (gravou com eles o álbum "Demonic" e o mais recente, "Dark Roots Of Earth"; é o atual baterista da banda). A banda se reuniu novamente e tem feito alguns poucos shows, conforme a saúde do vocalista Ron Rinehart permite. Tomara que agendem algum show no Brasil, adoraria vê-los ao vivo!

Robert Cray - "Strong Persuader" - Robert já tinha uma carreira longa e alguns álbuns lançados, mas pouco sucesso no mainstream. Bastou um novo contrato com a gravadora Mercury para sua carreira deslanchar, com um álbum trazendo um blues limpo e muito bem tocado, belas pitadas de soul, levadas gostosas de guitarra que agradaram aos fãs do gênero e transbordaram, dando a Robert um Grammy e também disco duplo de platina (dois milhões de cópias vendidas). Destaque para a abertura com a canção "Smoking Gun", a suave "Right Next Door (Because Of Me)" e o clássico "Nothin' But A Woman". Cray conseguiu tocar com alguns dos maiores nomes do blues: tocou ao lado de John Lee Hooker, Buddy Guy, Stevie Ray Vaughan e também com o mestre da guitarra Eric Clapton (confira o DVD "24 Nights", onde Cray aparece tocando ao lado de Clapton e Buddy Guy). Robert Cray continua gravando e excursionando constantemente, tocando em festivais de blues (como o festival Crossroads), fazendo o que sabe de melhor: tocar sua guitarra, mostrando seu repertório blueseiro de primeira. Longa vida a Cray!

The Mission - "God's Own Medicine" - esta foi uma banda formada por dois ex-membros do Sisters Of Mercy, Wayne Hussey e Craig Adams. Era o rock gótico que ganhava força comercial nesta segunda metade da década de 80. Fizeram sucesso em sua terra natal, Inglaterra, e também no Brasil, graças às canções "Wasteland", "Bridges Burning", "Stay With Me", "Sacrilege" e "Severina". A voz profunda de Hussey enfatizava a característica gótica da banda, e os temas variando com levadas mais agitadas junto a canções mais soturnas conseguiram agradar o público da época. O sucesso no Brasil foi tanto que acabou atraindo o grupo para uma pequena turnê em 1988, quando já estavam lançando seu segundo disco (os cariocas da época lembrarão bem aquele show no Canecão). A banda acabou retornando outras vezes a nosso país, sendo a última em 2014. O The Mission continua na ativa, tendo lançado seu último disco de estúdio em 2013. A formação da banda é quase a mesma, com a dupla já citada, o guitarrista Simon Hinkler (também presente desde este primeiro álbum) e o baterista Mike Kelly. Fechando este post com esta grande lembrança de 1986!

E chegamos ao fim de mais um post sobre os lançamentos de um ano no passado. Em breve falamos sobre este mesmo ano de 1986, mas falando sobre os lançamentos do rock nacional - muita coisa boa lançada 30 anos atrás no chamado boom do Rock Brasil. Um abraço rock and roll e até o próximo post!!