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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

David Gilmour em São Paulo - como foi o show

Catarse coletiva. Êxtase musical. Histeria de 40 mil presentes. Estas são algumas das frases que podem explicar o que foi o show de David Gilmour em São Paulo, Allianz Parque, no último sábado, 12 de dezembro de 2015 - segundo show na cidade. Um daqueles shows que ficam na tua memória por muito tempo e que será lembrado daqui em diante na lista de melhores shows de todos os tempos de muitos dos fãs presentes naquela maravilhosa noite - eu sou um desses fãs...

Antes de falar do show propriamente dito, falo rapidamente do acesso e da organização do show: foi extremamente fácil entrar no estádio, sem filas e sem confusão (a saída foi meio embolada, mas também sem problemas); apesar dos preços salgados, não havia nenhuma grande fila para compra de alimentos e bebidas, tudo funcionou direitinho.

Linda imagem feita pelo público, com os celulares acionados
A chuva que caiu em Sampa no final da tarde parecia querer estragar a diversão dos 40 mil presentes; entretanto, aos poucos, ela foi parando até que cessou de vez mais ou menos uma hora antes do começo do show. O público estava nitidamente com a emoção à flor da pele, e contava os minutos até o início, marcado para as 21h. Como bom britânico, David Gilmour não se atrasou praticamente, começando sua apresentação por volta das 21h e 15 minutos. Neste começo do show, Gilmour explorou três boas canções de seu mais recente álbum de estúdio, "Rattle That Lock" (confira a resenha para ele aqui), e o público reagiu de forma morna, vibrando mais nos solos belíssimos do mestre e quando imagens dele solando apareceram no telão, no centro do palco. Bastou um único acorde do clássico "Wish You Were Here" para transformar o estádio, que passou a cantar freneticamente todos os versos da forma mais intensa que já vi em um show (eu gravei um vídeo desta canção no show, ver abaixo...), uma catarse coletiva completa que deixou muito marmanjo com lágrimas nos olhos. E muitos, ali naquele momento, já diziam que o (salgado) ingresso estava pago...

Gilmour e banda executando "Money"
A estratégia de Gilmour foi intercalar os clássicos do Pink Floyd com as canções de sua carreira solo (e esta estratégia funcionou muito bem), e ela seguiu com mais duas belas canções, com destaque especial para a mais calma "The Blue", do disco anterior (o excelente "On An Island"). Mais histeria e êxtase conforme o repertório floydiano era explorado: a bem manjada "Money" abriu espaço para uma grande performance do mestre das seis cordas em seu solo, e também viu a primeira performance do saxofonista brasileiro João Mello, que fez bonito nesta e no próximo clássico, "Us And Them", recebida com ainda mais empolgação pelo público. Mais uma canção nova e a primeira parte do show se encerraria com o clássico "High Hopes" (do álbum "The Division Bell") em uma performance estendida e inspirada de Gilmour e banda, com destaque para um solozinho acústico no final de tirar o chapéu.

Só esta primeira parte já deixou a plateia extasiada (e extenuada também...), mas ainda tínhamos muito mais por vir...

Foto da página de David Gilmour no Facebook, tirada durante a execução de "Sorrow"
Vinte minutinhos apenas de intervalo e já tínhamos a banda toda de volta ao palco, com imagens psicodélicas dominando o telão, para retomar o show. Era "Astronomy Domine", do primeiro disco do Pink Floyd, uma clara homenagem ao amigo Syd Barrett, já falecido, a quem Gilmour substituiu na banda. A homenagem continuou com o clássico "Shine On You Crazy Diamond", interpretado de forma magnífica e deixando toda a plateia enlouquecida, novamente cantando cada verso da forma mais intensa possível. "Fat Old Sun", uma canção não tão conhecida do Floyd, também teve boa recepção, e as canções dos discos solo retornam, com destaque para a excelente "On An Island" e seus maravilhosos solos. A levada de guitarra de "Sorrow" empolgou a plateia, mas ela voltou à histeria coletiva com o clássico "Run Like Hell", que fechou esta segunda parte do show.

Para o bis, Gilmour reservou dois clássicos supremos do Pink Floyd, para fechar com chave de ouro sua apresentação: "Time", tocada inteirinha, com a reprise de "Breathe"; e a magnífica, maravilhosa, emocionante "Comfortably Numb" e seus solos sensacionais, estendidos para o deleite de todo o público, que se recusava a aceitar o final da performance apoteótica de David Gilmour. Mas, enfim, tudo que é bom termina e este maravilhoso show também chegou ao fim. Fica até difícil descrever com palavras toda a emoção vivida durante esta maravilhosa apresentação. Fico feliz que eu tenha conseguido assistir a esse mestre da guitarra: com quase 70 anos de idade, é pouco provável que Gilmour realize outra turnê mundial como esta. Então, para os presentes em um dos shows que ocorreram no Brasil, foi a realização de um sonho, ver o grande guitarrista e a voz do Pink Floyd se apresentando ali, na nossa frente. Quem perdeu esta oportunidade, pode ter perdido a única chance de vê-lo ao vivo!

Set list do show:
Primeira parte:
"5 A.M."
"Rattle That Lock"
"Faces Of Stone"
"Wish You Were Here"
"A Boat Lies Waiting"
"The Blue"
"Money"
"Us And Them"
"In Any Tongue"
"High Hopes"

Segunda parte:
"Astronomy Domine"
"Shine On You Crazy Diamond (Parts I-V)"
"Fat Old Sun"
"On An Island"
"The Girl In The Yellow Dress"
"Today"
"Sorrow"
"Run Like Hell"

Bis:
"Time / Breathe (Reprise)"
"Comfortably Numb"


Alguns vídeos:
"Wish You Were Here" (enquanto o YouTube não bloqueia de vez...):


"High Hopes":

"Shine On You Crazy Diamond":

Um abraço rock and roll e até o próximo show!!