Mais um ano começa e a série de posts comentando os principais lançamentos de 20, 30 e 40 anos permanece aqui no blog (confira os posts do ano passado, falando sobre os anos de 1974, 1984 e 1994)! Como sempre, começamos pelo post de 40 anos atrás, com bandas atingindo o seu auge, outras chegando ao fim, e algumas estreando. Aperte os cintos, vamos começar uma viagem no tempo!
No último post, ainda falávamos sobre a Guerra do Vietnã, que veria seu último capítulo neste ano de 1975, com a derradeira ofensiva do norte comunista para cima do sul, o que culminaria com a tomada da capital Saigon e a rendição imediata dos ex-aliados dos EUA. O Vietnã se tornou mais um país comunista. Falávamos também sobre a Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura em Portugal. Neste ano, como consequência, diversas colônias portuguesas alcançariam sua independência: Moçambique, Cabo Verde e Angola (esta última entraria em uma sangrenta guerra civil que se arrastaria até os anos 2000). Os ares de liberdade alcançaram também o outro país da península ibérica, a Espanha, com a morte do ditador Francisco Franco (Franco estava no poder desde o fim da guerra civil espanhola de 1936). Na Inglaterra, Margareth Thatcher dá um passo importante na carreira política e assume a liderança do partido conservador. Ela chegaria ao poder no ano de 1979, ficando até 1990 no cargo de primeira ministra. No Brasil, tivemos a fusão dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro em um só, o atual estado do Rio de Janeiro. Nosso país firmou um acordo nuclear com a Alemanha, o que acabou originando nossas duas usinas nucleares, Angra 1 e 2, localizadas no município fluminense de Angra dos Reis. Foi também neste ano que o jornalista Vladimir Herzog foi levado para o DOI-Codi e acabou morto nas dependências do órgão de repressão da ditadura, com uma simulação de suicídio que já foi desmascarada atualmente. Foi o ano da primeira edição brasileira da revista Playboy (muito marmanjo já utilizou a revista...). Musicalmente, tivemos a saída de Peter Gabriel do Genesis, a morte do baixista Gary Thain (Gary foi eletrocutado enquanto tocava em um show do Uriah Heep, e acabou sendo expulso da banda por não conseguir mais tocar; ele acabou morrendo de uma overdose de heroína), e o surgimento de duas bandas muito influentes nos anos que se seguiriam: Sex Pistols e Iron Maiden.
Rush - "Fly By Night" - álbum marcante na carreira do Rush por ser o disco de estreia do monstro da bateria Neil Peart, que ficaria encarregado das letras a partir de então (e traria todas aquelas histórias de ficção e conceitos pelos quais a banda acabaria muito conhecida). Também foi o primeiro disco da banda a ser produzido por Terry Brown, um parceiro do Rush até a entrada na fase mais tecnológica, no álbum "Signals". Musicalmente, a banda ainda mantinha a pegada hard rock do álbum de estreia, como nas faixas "Anthem" e "Beneath, Between & Behind", já começando a apresentar traços de evolução para o rock progressivo, como na faixa "By-Tor And The Snow Dog". A evolução para o progressivo iria ser mais drástica no álbum seguinte, lançado ainda este ano (ver mais abaixo). Espero que a banda excursione este ano e inclua alguma homenagem a estes dois álbuns fantásticos que estão completando 40 anos!
Led Zeppelin - "Physical Graffiti" - este foi o auge artístico de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. Quantas bandas de rock podem se gabar de ter um disco duplo com mais de oito milhões de cópias vendidas? E deste álbum duplo ter altíssima qualidade, do início ao fim? Te digo já, pouquíssimas. Talvez este seja o melhor disco duplo de todos os tempos. Por ser um álbum duplo, ele passeia por todas as facetas da carreira do Led Zeppelin: seus rockões fortes e cheios de energia, guiados pela guitarra de Jimmy Page (destes, podemos citar "The Rover", "Houses Of The Holy", "The Wantom Song"); suas canções lentinhas maravilhosas, com grandes partes acústicas (como "In The Light", "Bron-Yr-Aur" e "Ten Years Gone"); as experimentações (como "Trampled Underfoot" e "Kashmir"); e a influência do blues (o clássico "In My Time Of Dying"). Com tantas qualidades, o álbum foi parar direto no topo das paradas norte-americana e britânica. Quarenta anos se passaram, e o disco continua vital e de grande importância para o rock. Jimmy Page tem trabalhado na remasterização do catálogo de sua banda e este clássico supremo será relançado neste mês de fevereiro de 2015, em diversas versões, com faixas bônus e tudo o mais. Para os colecionadores, item obrigatório!!
Kiss - "Dressed To Kill" - terceiro álbum dos mascarados, mantém a mesma sonoridade apresentada nos dois discos anteriores, apresentando mais alguns clássicos para seus fãs: "Rock Bottom", "C'mon And Love Me", "She" e o mais famoso de todos, "Rock And Roll All Nite". Entretanto, ainda não foi com este álbum que o Kiss estourou nas paradas e se tornou popular. Este feito seria alcançado ainda este ano, com o lançamento de seu primeiro disco ao vivo. Um sucesso altamente necessário para a banda, já que sua gravadora, Casablanca, estava com dificuldades financeiras (nem dinheiro para pagar um produtor para este disco tinha; o presidente da gravadora, Neil Bogart, foi quem assumiu a produção) e talvez não conseguiria manter a banda por muito tempo. Aposta feita, os lucros seriam colhidos ainda este ano. Mais abaixo, ao falar sobre o álbum "Alive!", a gente explica melhor...
Lynyrd Skynyrd - "Nuthin' Fancy" - este terceiro disco trouxe um novo baterista, Artimus Pyle, que substituiu Bob Burns. O álbum acabou não sendo um grande sucesso, vendendo menos que o disco anterior. Ainda assim, conseguiu entrar no Top 10 norte-americano e contava com grandes canções, destacando-se a faixa de abertura, "Saturday Night Special", "I'm A Country Boy", "On The Hunt" e "Whiskey Rock-A-Roller". Pouco depois do lançamento do álbum, o guitarrista Ed King saiu da banda e só retornou quando os membros sobreviventes se reuniram em 1987. Ele chegou a gravar alguns álbuns inéditos antes de sair de vez da banda em 1996, graças a problemas cardíacos. Dos membros remanescentes dos anos 70, apenas Gary Rossington ainda toca no Skynyrd. O último álbum de estúdio da banda foi lançado em 2012, "Last Of A Dyin' Breed", e foi acompanhado por uma longa turnê. A banda continua firme e forte, excursionando e explorando o excelente legado, e também lançando novos álbuns. Que continuem assim, firme e forte!
Jeff Beck - "Blow By Blow" - depois de se arriscar com o power trio Beck, Bogert & Appice, e até fazer um teste e descobrir que não tinha muito em comum com os Rolling Stones (teste para a vaga de guitarrista, substituindo Mick Taylor; seu ex-companheiro de banda, Ronnie Wood, ficou com a vaga), Jeff Beck resolveu gravar um álbum totalmente instrumental, recrutando o grande produtor George Martin (o famoso quinto Beatle). O resultado não poderia ter sido melhor, um álbum que até hoje é considerado um marco do gênero e um dos melhores do guitarrista, além de ter alcançado a quarta posição na parada norte-americana, a posição mais alta que um disco de Jeff alcançou. O álbum contém uma das melhores músicas instrumentais de todos os tempos, "Cause We've Ended As Lovers", uma composição de Stevie Wonder que Beck transformou em clássico. Outros destaques do disco ficam para "She's A Woman" (cover dos Beatles), "Scatterbrain" e "Freeway Jam". A Wikipedia cita um fato curioso sobre este álbum: Jeff estava sempre regravando suas partes no estúdio, insatisfeito com os resultados. Um belo dia, ele ligou para George Martin e tentou agendar uma regravação, quando George replicou: "Desculpe-me, Jeff. O disco já está vendendo nas lojas!". Salve um dos melhores guitarristas de todos os tempos, Jeff Beck!
Aerosmith - "Toys In The Attic" - conforme dito no post de 1974, o álbum anterior, "Get Your Wings", foi apenas um degrau rumo a voos maiores, e este disco foi um dos maiores voos dados pelo Aerosmith. Um disco seminal que contém diversos clássicos reverenciados até os dias de hoje. É o caso da faixa-título, as mais manjadas "Sweet Emotion" e "Walk This Way", as excelentes "Adam's Apple" e "No More No More", definitivamente um marco para o hard rock norte-americano. O álbum chegou apenas ao décimo primeiro lugar na parada norte-americana, mas a longo prazo se tornou o álbum mais vendido da banda nos EUA, com mais de oito milhões de cópias. Parte deste sucesso se deve à redescoberta do Aerosmith no meio dos anos 80, quando o Run DMC regravou o clássico "Walk This Way" com a banda. Após o lançamento de seu último álbum, "Music From Another Dimension!", em 2012, a banda tem excursionado constantemente, mas sem nenhum plano concreto para gravar novamente. Com o estado atual das coisas, poucas bandas tem se animado a entrar em estúdio para gravar - pouco retorno financeiro. A banda deve continuar mais focada em tocar ao vivo mesmo. Que não se esqueçam do Brasil!
Nazareth - "Hair Of The Dog" - este foi o disco de maior sucesso dos escoceses do Nazareth, graças a toda a força da faixa-título do disco, com um riffaço de levantar defunto e sacudir forte o esqueleto. Mas não só por este motivo, o restante do álbum possui qualidade, e podemos destacar outras faixas como "Miss Misery", "Whiskey Drink Woman" e "Please Don't Judas Me". Outro motivo para o sucesso deste álbum foi que, nos EUA, ele incluiu a balada "Love Hurts", uma das canções mais conhecidas no repertório da banda. O disco conseguiu entrar no Top 20 norte-americano e é o que mais vendeu em toda a carreira do grupo. A banda acabou perdendo sua força ao longo do tempo, sem nunca conseguir alcançar novamente o sucesso deste álbum. Atualmente, a banda luta para se manter na ativa, depois que o vocalista Dan McCafferty anunciou sua aposentadoria forçada, por problemas de saúde. O vocalista escolhido para substituí-lo, Linton Osborne, anunciou sua saída do grupo no começo deste ano. Nenhum substituto foi escolhido ainda.
Bad Company - "Straight Shooter" - considerado por muitos como o melhor álbum do Bad Company, este disco repetiu o sucesso do álbum de estreia, e emplacou alguns clássicos, principalmente a linda "Feel Like Makin' Love", a mais conhecida do disco. Outras que me encantam são "Shooting Star" e "Deal With The Preacher". Musicalmente, a banda manteve o rock forte e encorpado, calcado na guitarra de Mick Ralphs e no portentoso vocal de Paul Rodgers. São eles que dividem os créditos de composição em quase todas as faixas. Quarenta anos depois, ainda se prova um disco maravilhoso que envelheceu como um bom vinho, se tornando ainda mais saboroso. Tomara que a banda se reúna novamente para shows e comemore o aniversário de 40 anos desta clássica bolacha!
Bachman-Turner Overdrive - "Four Wheel Drive" - quarto álbum do BTO, trazendo mais alguns sucessos da carreira da banda, como a faixa-título e "Hey You" (não confundir com a canção de mesmo nome do Pink Floyd), além de ótimas canções como "She's A Devil" e "Flat Broke Love". É um álbum forte, calcado em grandes riffs e que conseguiu manter a boa fase da banda e alcançou a quinta posição da parada norte-americana. Atualmente, Randy Bachman e Fred Turner estão excursionando juntos e, apesar de não estarem utilizando o nome Bachman-Turner Overdrive, estão explorando o repertório da banda. Afinal, eles eram os vocalistas e principais compositores. Bem que podiam dar um pulinho aqui no Brasil, banda inédita por aqui...
Uriah Heep - "Return To Fantasy" - depois de ser eletrocutado no palco, o baixista Gary Thain acabou fora da banda, por não conseguir mais acompanhar o ritmo da banda (ele acabou falecendo de overdose de heroína neste mesmo ano). Seu substituto foi John Wetton (ele depois faria muito sucesso nos anos 80 com o supergrupo Asia), que não durou muito na banda, somente gravou este e o próximo álbum. Com Wetton, a banda atingiu seu maior sucesso na Inglaterra, onde este disco alcançou a sétima posição da parada. O álbum mostra mais força que o anterior, com destaque para a faixa-título, que abre muito bem o disco, e para as canções "Devil's Daughter" (rockão de primeira), "Beautiful Dream" (um climão produzido pelos teclados de Ken Hensley) e "Prima Donna" (mais pop, com direito ao som de um naipe de metais). A atual formação do Uriah Heep, com Bernie Shaw nos vocais, veio ao Brasil no ano passado e fez fantásticas apresentações. O ano anterior também viu o lançamento de mais um disco de estúdio, "Outsider", 24º na carreira da banda. Que continuem produtivos e ativos!
Elf - "Trying To Burn The Sun" - em 1974, após o lançamento do álbum "Carolina County Ball", Ronnie James Dio participou de um projeto de Roger Glover, o então ex-baixista do Deep Purple e que produzia os discos do Elf (produziu este também). Abrir para o Deep Purple e cantar no álbum de Roger chamou demais a atenção de um certo guitarrista, Ritchie Blackmore, que estava saindo de sua banda e querendo gravar um disco solo. O baixinho foi o vocalista escolhido. No meio de tantas participações, Dio ainda encontrou tempo para lançar o terceiro e último álbum de sua banda, Elf. Seria um disco quase póstumo, a banda já estava meio que comprometida com Blackmore. Musicalmente, o disco continuou de onde o outro parou, um blues rock com grandes pitadas de piano e a bela voz de Ronnie para alegrar as canções. Adicionou umas pitadas jazz aqui e ali. Destaque para a faixa de abertura, "Black Swampy Water", "Shotgun Boogie" e "Wonderworld". Muitos não dão muita importância para o Elf, mas foi a banda onde Dio amadureceu e ganhou muita experiência, tanto como cantor como compositor. Foi só chegar no Rainbow e arrebentar!
Black Sabbath - "Sabotage" - depois de excursionar promovendo o álbum anterior (o magnífico "Sabbath Bloody Sabbath"), a banda resolveu mudar de empresário: trocaram Patrick Meehan por Don Arden (pai de Sharon, atual esposa de Ozzy). Meehan não gostou da mudança e resolveu processar a banda, que se viu no meio de um litígio que durou dois anos. Foi no meio desta briga judicial que a banda entrou em estúdio para gravar "Sabotage", que ganhou este nome por eles considerarem que estavam sendo sabotados tendo que lidar com tantos advogados e processos judiciais. A raiva da banda ainda estaria nítida nas músicas gravadas: perceba a força da faixa de abertura, "Hole In The Sky", ou o impacto do riff de "Symptom Of The Universe", sem esquecer a letra de "The Writ", uma das raras letras escritas por Ozzy Osbourne (para quem não sabe, Geezer Butler era o homem que escrevia as letras no Black Sabbath), atacando o ex-empresário. Entretanto, o álbum traz outras nuances, como longas canções que viajam por trechos ora mais lentos ora mais pesados, como "Megalomania" e "Thrill Ot It All", e também uma linda canção instrumental, "Supertzar", com participação do English Chamber Choir. Enquanto muita gente não considera muito este álbum, ele com certeza está no meu Top 5 de álbuns do Black Sabbath. Vale lembrar, entretanto, que ele começa a mostrar as rachaduras na banda, que rapidamente iria implodir, culminando com a saída de Ozzy. Um baixinho que mostramos aqui estreando no Rainbow iria salvar a banda...
UFO - "Force It" - quarto disco de estúdio da banda e segundo a contar com o guitarrista Michael Schenker, que estreou no ano anterior, com o álbum "Phenomenon". Com Schenker totalmente entrosado e já com desenvoltura, ele nos presenteia com uma performance soberba, uma das melhores em álbuns do UFO. O álbum demonstrou o contínuo crescimento da banda, tanto musicalmente como comercialmente, já que foi o primeiro disco da banda a entrar na parada norte-americana. E nos trouxe mais uma penca de clássicos, como a grande faixa de abertura "Let It Roll", "Shoot Shoot", "Out In The Street", "Mother Mary", "This Kid's", quase todo o álbum é bom demais, com uma música melhor que a outra! Atualmente o UFO conta com o guitarrista Vinnie Moore e permanece ativo: há previsão de lançamento de um novo álbum em fevereiro deste ano. A banda excursionou pelo Brasil em 2013, apresentando um excelente show - confira a resenha do show no Rio de Janeiro aqui.
Rainbow - "Ritchie Blackmore's Rainbow" - como foi visto acima, na seção que falou sobre o último disco do Elf, Ritchie Blackmore ficou impressionado com Ronnie James Dio, que estava abrindo os shows de sua banda e ainda cantou num projeto de Roger Glover, ex-companheiro de banda de Ritchie. Ele decidiu gravar algumas canções com o baixinho, gostou muito do resultado e partiu para gravar um álbum inteiro com ele, chamando os outros membros do Elf para gravar também (produção de Martin Birch, o mesmo produtor do Deep Purple). Satisfeito com o resultado das gravações, ele saiu do Deep Purple em junho (este álbum do Rainbow foi gravado entre fevereiro e março), e lançou o disco de sua nova banda em agosto. Aqui, ele finalmente pode gravar a cover do Quatermass, "Black Sheep Of The Family", um dos motivos de sua briga interna no Purple. Mas os destaques do álbum são outras faixas, hoje consideradas clássicos supremos do rock: a ótima faixa de abertura "Man On The Silver Mountain", a lentinha linda "Catch The Rainbow" e "Sixteenth Century Greensleeves". O álbum foi muito bem recebido, tanto pelo público quanto pela crítica, que adoraram a combinação da pegada clássica de Blackmore com os vocais melódicos e as letras medievais de Dio. Iniciava-se, então, uma das grandes parcerias do mundo do rock, que duraria até o final da década, produzindo mais dois discos clássicos de estúdio e lendárias apresentações ao vivo. Pena que nunca mais poderemos ter a chance de ver uma reunião desta dupla: enquanto um já faleceu, o outro não quer mais tocar rock...
Bruce Springsteen - "Born To Run" - depois de dois álbuns sem sucesso comercial (mas com boa recepção da crítica), Bruce Springsteen recebeu um belo orçamento e começou a trabalhar neste disco, que em pouco tempo se tornaria um grande clássico e um de seus maiores sucessos. Foi também o primeiro a ser lançado com a sua banda batizada com o clássico nome E Street Band. Para gravá-lo, Bruce gastou 14 meses no estúdio, trocando de produtor e empresário no caminho (o então crítico Jon Landau assumiu ambas as posições), mas entregando aos fãs do rock um discaço de primeira, que já abre com a imensa intensidade da faixa "Thunder Road", e segue mostrando suas qualidades nas faixas "Tenth Avenue Freeze Out", "Backstreets", a faixa-título e o encerramento épico com os quase dez minutos de "Jungleland". O álbum alcançou a terceira posição na parada norte-americana e já vendeu mais de seis milhões de cópias, somente nos EUA. Segundo a Wikipedia, Bruce e sua E Street já tocaram este álbum ao vivo do início ao fim, em 2013, homenageando o ator James Gandolfini (ficou muito famoso por seu papel na série The Sopranos), que tinha acabado de falecer. Nós brasileiros tivemos a sorte de ver um show de Bruce em 2013, com a antológica apresentação no Rock In Rio (ele tocou também em São Paulo). Neste show, Bruce escolheu outro de seus discos de sucesso para tocar do início ao fim; "Born In The USA". Quem sabe Bruce não retorna para a estrada para homenagear os quarenta anos deste clássico?
Jethro Tull - "Minstrel In The Gallery" - outro grande álbum do Jethro Tull, parte de uma incrível sequência de discos que a banda lançou nos anos 70, alcançando sucesso de crítica e público - este foi o quinto álbum que entrou no Top 10 da parada norte-americana! Aqui, a sonoridade do disco flerta um pouco com o hard rock (dando espaço para o grande guitarrista Martin Barre brilhar), sem abandonar os trechos acústicos influenciados pelo folk rock. E, claro, a flauta de Ian Anderson está lá com tudo, não poderia faltar. Destaque para a faixa-título e as canções "Black Satin Dancer" e "Baker St. Muse", esta última de quase dezessete minutos de duração. Ian Anderson está com apresentação marcada para o festival Psicodália, que acontecerá na cidade de Rio Negrinho, em Santa Catarina, no meio do carnaval. Uma boa oportunidade para fugir dos batuques e conferir este repertório maravilhoso que Anderson tem em suas mãos!
Kiss - "Alive!" - este é o álbum que finalmente catapultou o Kiss ao mega-estrelato, após três álbuns de estúdio sem muito sucesso. Trazia uma apresentação ao vivo da banda em sua plenitude, tentando faturar em cima da reputação deles e do retorno dos fãs, que sempre reclamaram que os discos de estúdio não conseguiam reproduzir o que eles faziam nos shows. Foi também a salvação para sua gravadora Casablanca, que passava por apuros financeiros. O álbum chegou ao Top 10 (primeiro da banda a conseguir esta façanha) e também teve o clássico "Rock And Roll All Nite" lançado como single na sua versão ao vivo, chegando na posição de número 12 na parada de compactos, posição mais alta até então alcançada pela banda. Apesar de termos algumas controvérsias sobre o quanto de overdubs foram feitos no estúdio (a banda diz que foram mínimos; já algumas biografias, como a de Peter Criss, negam essa afirmação), é um dos melhores discos ao vivo da história do rock, trazendo a banda em seu auge musical, uma máquina muito bem azeitada de fazer rock and roll!
Thin Lizzy - "Fighting" - quinto disco de estúdio do Thin Lizzy, e o segundo a contar com a dupla de guitarristas Scott Gorham e Brian Robertson. Foi neste álbum que a famosa sonoridade das guitarras gêmeas ganhou força e pavimentou o caminho musical para os demais discos que a banda iria lançar, em especial o lançamento seguinte, o grande sucesso "Jailbreak". Aqui, a banda já se destacava bastante em algumas canções que se tornariam clássicos com o passar do tempo. É o caso de "Rosalie" (cover de Bob Seger), "For Those Who Love To Live", "Suicide" (com as guitarras gêmeas se destacando), as lentinhas deliciosas "Wild One" e "Spirits Slip Away", "Ballad Of Hard Man" e seu riffaço... Um álbum para ser degustado diversas vezes, para perceber todas as nuances musicais que a banda nos entregou. Para quem é fã de Thin Lizzy, eu recomendo a banda Black Star Riders, que conta com Scott Gorham e outros membros que faziam parte da versão do Lizzy que excursionava pelos EUA e Europa explorando o repertório antigo da banda. Esta banda está para lançar seu segundo álbum, vale a pena conferir! (veja este post com a resenha do primeiro álbum deles)
Pink Floyd - "Wish You Were Here" - depois do sucesso estrondoso com o disco anterior, o lendário "Dark Side Of The Moon", o Pink Floyd excursionou exaustivamente no ano seguinte, tocando suas novas canções. Durante a longa turnê, a banda compôs as músicas que estariam presentes em mais um álbum clássico e maravilhoso. A peça principal deste disco era "Shine On You Crazy Diamond", uma homenagem ao ex-vocalista Syd Barrett (que, curiosamente, visitou a banda enquanto eles gravavam o álbum) que acabou dividida em duas faixas, uma abrindo e outra fechando o disco. Entre as duas partes, três grandes canções, com destaque absoluto para a maravilhosa faixa-título, uma canção lenta e deliciosa, encantadora. As letras do disco, além de falarem da loucura que acabou tirando Barrett do Pink Floyd, atacavam um pouco a indústria musical e já mostravam um Roger Waters atormentado e desiludido com seus colegas de banda. Independente de já não apresentarem uma amizade tão forte entre eles, os quatro membros da banda atingiram seu objetivo, gravando um fantástico álbum que foi parar direto no topo das paradas norte-americana e britânica, e já vendeu mais de seis milhões de cópias, somente nos EUA. Apesar das crises internas, era o auge do Pink Floyd!
Foghat - "Fool For The City" - este é o álbum de maior sucesso da banda Foghat, banda inglesa que começou em 1972 e que praticava um rock bastante energético com as clássicas influências oriundas do blues. Este foi o quinto disco de estúdio lançado e o primeiro a alcançar disco de platina nos EUA (um milhão de cópias vendidas). Foi também o disco de estreia do baixista Nick Jameson. Destaque para a faixa-título, o grande clássico da banda "Slow Ride" e as faixas "Terraplane Blues" e "Drive Me Home". Dois dos principais membros da banda, Dave Peverett e Rod Price, já faleceram (o primeiro faleceu em 2000 e o segundo em 2005), e a banda atualmente segue tocando ao vivo, com o baterista Roger Earl como o único membro restante da formação original.
Scorpions - "In Trance" - terceiro álbum dos Scorpions e segundo com o guitarrista Uli Jon Roth. Com Roth já ambientado e acomodado na banda, a sonoridade do grupo já demonstrava fortemente o hard rock calcado no blues rock e nas influências clássicas do guitarrista. Com este disco, a banda começou a criar uma base de fãs, tanto na terra natal Alemanha quanto em outros países, que foi aumentando com o passar dos anos. Este também foi o primeiro álbum produzido por Dieter Dierks, que produziria os discos da banda até 1988 (total de dez álbuns produzidos: oito de estúdio, dois ao vivo). Destaque para a faixa de abertura "Dark Lady" (cantada por Roth), a faixa-título, "Top Of The Bill" e "Sun In My Hand". Uli Jon Roth esteve recentemente no Brasil e fez um show totalmente calcado nos seus anos no Scorpions - confira este post resenhando o show no Teatro Rival, Rio de Janeiro.
Rush - "Caress Of Steel" - pouco mais de sete meses depois do lançamento de "Fly By Night", o Rush retornou com mais um lançamento neste ano de 1975. Foi uma guinada mais intensa rumo ao rock progressivo e as longas suítes que a banda ficaria famosa por fazer. O álbum abre muito bem com o clássico "Bastille Day", um hard rock potente que abriu muitos shows da banda nos anos 70. Permanece no hard rock nas duas próximas canções, mas mergulha fundo no progressivo com duas longas canções: "The Necromancer" e "The Fountain Of Lamneth" (esta com vinte minutos de duração e ocupando todo o lado B do disco). O disco falhou miseravelmente na parada norte-americana, e a gravadora exerceu enorme pressão sobre a banda para que o próximo disco tivesse canções "mais acessíveis". Quando fizermos o post sobre 1976 ano que vem veremos que a banda ignorou o conselho do patrão e apostou todas as suas fichas em uma longa canção que acabou se tornando um dos maiores clássicos do grupo, a faixa "2112". O álbum de mesmo nome alcançaria o devido sucesso e daria independência artística para o Rush seguir seu caminho sem preocupações ou pressões de gravadora, gravando seus clássicos ano após ano. Recentemente, a banda anunciou uma turnê norte-americana comemorando os quarenta anos de carreira. Longa vida aos mestres canadenses do rock!!
Budgie - "Bandolier" - este álbum marcou a estreia do baterista Steve Williams e não aumentou muito o sucesso da banda. Musicalmente, entretanto, a banda permaneceu fiel ao seu hard rock potente, guiado por riffs rasgantes e a voz única do baixista/vocalista Burke Shelley. Destaque para a faixa de abertura "Breaking All The House Rules", a belíssima "Slipaway", "I Can't See My Feelings" (canção coverizada pelo Iron Maiden, serviu como Lado B para o single "From Here To Eternity", em 1992) e a longa "Napoleon Bonapart", uma suíte composta de duas partes. Atualmente, a banda está em hiato, já que Burke Shelley teve um aneurisma e revelou que apresenta dificuldades de cantar e tocar baixo ao mesmo tempo. Vamos torcer por melhoras para ele!
Deep Purple - "Come Taste The Band" - já fiz um post especial sobre a edição comemorativa de 35 anos deste álbum (confira este post aqui). Trata-se do único registro da formação Mk4, com Tommy Bolin na guitarra, substituindo Ritchie Blackmore, que saiu da banda e formou o Rainbow (ver acima). Com sua saída, os demais membros colaboraram mais, incluindo o calouro Bolin, Glenn Hughes, Jon Lord e David Coverdale, mais solto e já demonstrando o que faria mais a frente em sua futura banda, Whitesnake. Destaque para a faixa de abertura "Comin' Home", "This Time Around / Owed To 'G'" e "You Keep On Moving". O grupo ainda tentou excursionar para promover o álbum, mas o vício em drogas de dois dos membros acabou implodindo o Deep Purple, que só voltaria a existir em 1984, quando lançou "Perfect Strangers", com o retorno da formação Mk2. Alguns meses depois, Tommy Bolin faleceria de overdose. Glenn Hughes atravessaria quase duas décadas enfrentando seu vício, somente se livrando no começo dos anos 90. Os demais membros - Coverdale, Paice e Lord - acabariam na mesma banda novamente, dessa vez capitaneada pelo vocalista. O Whitesnake lançou diversos discos de qualidade durante os anos 70 e 80, basta conferir alguns desses posts especiais, que já trouxeram alguns desses álbuns.
Queen - "A Night At The Opera" - o álbum anterior da banda ("Sheer Heart Attack") apostou em uma sonoridade mais direta e impactante, e conseguiu alcançar certo sucesso tanto na Inglaterra quanto nos EUA. Após excursionar intensamente, a banda entrou no processo de composição e gravação do novo álbum, e acabou gastando muito na época (este foi considerado na época o disco mais caro para ser produzido). Felizmente para a banda, o álbum foi um sucesso absoluto, chegando ao topo da parada britânica (onde ficou por quatro semanas) e alcançando a quarta posição na parada norte-americana. Musicalmente, é um disco perfeito, passeando pelo rock, música de cabaré, ópera, trechos acústicos e pesados, uma salada musical extremamente bem feita e temperada para ser ouvida do início ao fim. Difícil destacar apenas poucas canções, mas vamos lá: "Death On Two Legs", uma carta de ódio que Mercury escreveu para o ex-empresário da banda; "I'm In Love With My Car", um rockão poderoso cantado pelo baterista Roger Taylor; a acústica linda "'39", cantada pelo guitarrista Brian May; a épica "The Prophet's Song"; e, claro, a ainda mais épica e com traços de ópera "Bohemian Rhapsody"; sem esquecer da baladinha "Love Of My Life", claro, um grande sucesso nos shows. Este foi o álbum que transformou o Queen em grandes estrelas internacionais e sem dúvida é o disco mais forte de sua carreira. Atualmente, a banda tem excursionado com Adam Lambert, um cantor oriundo de um desses programas televisivos que viraram moda. Tenho meu pé atrás com esse tipo de aventura que a banda está tentando. Uma coisa é substituir Freddie Mercury por Paul Rodgers, um vocalista consagrado, de talento inegável e com um passado impressionante; outra é trazer um desconhecido, só porque ele impressionou em um "programa de calouros". Vejamos até onde vai esta aventura...
Rita Lee & Tutti Frutti - "Fruto Proibido" - a carreira solo de Rita Lee começou quando ela ainda estava nos Mutantes. O primeiro disco foi gravado no auge de seu casamento com Arnaldo Baptista e traz diversas composições em parceria com o ex-marido. O segundo disco na verdade não é um disco de Rita Lee, mas sim dos Mutantes: a gravadora não permitiu que eles assinassem o disco e acabou saindo como disco solo de Rita. Depois de sair dos Mutantes, em 1972, Rita resolveu formar uma banda de rock para chamar a atenção do público, e formou o Tutti Frutti, que tinha em sua formação o grande guitarrista Luiz Carlini e o baixista Lee Marcucci (tocou no Radio Taxi e nos Titãs, depois da saída de Nando Reis). O primeiro álbum de Rita Lee com o Tutti Frutti ("Atrás Do Porto Tem Uma Cidade") passa despercebido e não faz muito sucesso. Já este segundo álbum, "Fruto Proibido", estourou nas paradas e vendeu setecentas mil cópias, apoiado no sucesso de clássicos do rock nacional como "Agora Só Falta Você", "Esse Tal de Roque Enrow" e a lentinha "Ovelha Negra", que estourou nas paradas e vive sendo recuperada do passado para fazer sucesso novamente. Rita Lee ainda faria muito sucesso com outros discos gravados com a banda Tutti Frutti tocando com ela, mas depois que ela colocou o maridão Roberto de Carvalho na banda, Luiz Carlini acabou ganhando posição secundária, ficando insatisfeito e saindo da banda. Bem, na verdade ele detinha o nome da banda e Rita passa a excursionar sem usar esse nome. Até hoje, Carlini excursiona pelo Brasil com uma versão do Tutti Frutti, com outros músicos. Já Rita Lee fez muito sucesso junto com seu marido, emplacando sucesso atrás de sucesso, em especial com temas de abertura de novelas globais. Dizem as más línguas que, depois que ela se separou do Tutti Frutti, nunca mais fez rock de verdade...
Raul Seixas - "Novo Aeon" - depois do sucesso estrondoso do álbum anterior, "Gita", esperava-se outro grande sucesso neste novo disco de Raul Seixas. Apesar da qualidade evidente do álbum, as vendas foram abaixo do esperado (o disco anterior vendeu seiscentas mil cópias; este ficou com vendas de apenas sessenta mil cópias, dez por cento do anterior). Ignoremos este problema de vendas: o álbum traz diversos clássicos de Raul, ainda em parceria com o letrista (e futuro escritor) Paulo Coelho. Temos "Tente Outra Vez", "Rock Do Diabo", "A Maçã", "Tu És O MDC Da Minha Vida", a faixa-título... Este é considerado um dos melhores discos gravados por Raul; junto com o anterior e o próximo formam uma sequência invejável para qualquer artista brasileiro. A parceria com Paulo Coelho se encerraria no disco seguinte, e Raul aos poucos veria seu sucesso diminuir e seu vício no álcool aumentar. Eventualmente, este vício iria cobrar seu preço e tirar a vida de Raul em 1989. Entretanto, seu legado é enorme e até hoje ele influencia gerações com sua música. Toca Raul!!
O Terço - "Criaturas da Noite" - a banda O Terço já tinha algum sucesso no Brasil antes de gravar este álbum clássico, com algumas músicas classificadas no Festival Internacional da Canção, festival que fazia muito sucesso nos anos 70. A sonoridade da banda começava a flertar com o rock progressivo que surgia com força na Inglaterra. A participação no primeiro álbum de Sá & Guarabira (sem Zé Rodrix) aumentou o reconhecimento da banda, e também trouxe influência no som que o grupo iria praticar. A banda estava mudando de formação para a gravação deste disco: saíram Vinícius Cantuária (baterista) e Cezar de Mercês (baixista) e entraram Sérgio Magrão e Luiz Moreno em seus lugares. O time se completou com o tecladista Flávio Venturini, indicado ao grupo por Milton Nascimento. Com o guitarrista Sérgio Hinds, o único membro presente em todas as formações da banda, estava definida a formação que gravaria este clássico. O álbum já abre com a canção mais conhecida do grupo, uma forte introdução de baixo rapidamente complementada com os teclados de Venturini e a guitarra de Hinds. "Hey Amigo" iria empolgar plateias de rock pelo Brasil afora durante muito tempo - até hoje empolga, nos shows que esta formação faz (menos o baterista Luiz Moreno, que faleceu em 2002). "Queimada" traz a forte influência do rock rural brasileiro, uma faixa acústica que explora muito bem os vocais de todos no grupo. "Pano de Fundo" explora mais o rock, com a guitarra de Hinds se destacando. "Volte Na Próxima Semana" é outro rock destacado que está sempre presente nos shows da banda. A faixa-título nos remete novamente ao rock rural, com o piano de Venturini se destacando. A canção "1974" encerra o álbum de forma magistral, mais de doze minutos de música, mostrando a forte influência do rock progressivo no som da banda. Esta formação gravaria mais um álbum, "Casa Encantada", e Flávio Venturini saíria da banda. Ele formaria o 14 Bis alguns anos mais tarde. O Terço ainda gravou o álbum "Mudança de Tempo" antes de se separar. Retornou esporadicamente anos mais tarde, gravando um trabalho e entrando em hiato novamente. Até que em 2005, após a morte de Luiz Moreno, esta formação clássica se reuniu novamente e gravou um DVD ao vivo no Canecão, Rio de Janeiro. De tempos em tempos, a banda aparece e toca seus clássicos em alguma casa de shows pelo Brasil. Se você puder, assista-os. Não se arrependerá!
E chegamos ao fim de mais um post de viagem no tempo, relembrando os grandes lançamentos de quarenta anos atrás. Deixe seus comentários sobre o que achou ou se sentiu falta de algum lançamento. Em breve, saem os posts sobre os anos de 1985 e 1995. Um abraço rock and roll e até o próximo post!!