Três anos depois do excelente "Unto The Locust", o Machine Head conseguiu se superar novamente e libera o melhor álbum de 2014. "Bloodstone & Diamonds" é um avanço musical na carreira da banda, explorando melodias, harmonias e arranjos de forma ousada, sem medo de desagradar os fãs mais hardcore. Um álbum que não pode ser rotulado como thrash ou groove metal, ele expande a abrangência da banda para um heavy metal muito bem trabalhado.
Este novo álbum marca a estreia do baixista Jared MacEachern, que substituiu o membro fundador Adam Duce no ano passado. Também marca a estreia da banda na gravadora Nuclear Blast, encerrando um longo relacionamento com a Roadrunner, com quem lançaram todos os discos anteriores. A produção, mais uma vez, ficou a cargo do guitarrista/vocalista Robb Flynn, com auxílio do engenheiro de som Juan Urteaga, que também trabalhou no disco anterior. Mais um belo trabalho da dupla, com certeza. Vale elogiar também o trabalho de arte do encarte, explorando o tarô, ficou excelente.
Neste trabalho, o Machine Head fugiu um pouco do nicho thrash/groove e fizeram um disco mais abrangente, com melodias complexas porém envolventes, arranjos de guitarra muito bem resolvidos, sem medo de experimentar e arriscar, trazendo novos elementos para a sonoridade da banda. Juntando tudo, o resultado é um álbum forte, impactante, que te rouba a atenção completamente enquanto você o escuta. Talvez seja um trabalho um pouco mais difícil de digerir, exigindo algumas audições a mais para captar todos os detalhes e a profundidade das composições; entretanto, uma vez percebidas todas as nuances presentes, não há como negar sua qualidade e intensidade.
Foto promocional da banda |
O álbum não entrega muito sua intenção no início. Logo na abertura, "Now We Die" despeja toneladas de peso numa faixa estupenda, fortemente enriquecida por um quarteto de cordas, uma longa canção que tem tudo para se tornar clássico e frequente nos shows da banda. Sem pestanejar, "Killers & Kings" vem a seguir e traz o Machine Head com ainda mais peso, velocidade e riffs incandescentes, uma canção nervosa que te empolga e te convida a bater a cabeça com tudo. "Ghosts Will Haunt My Bones" começa com aquela cavalgada de riffs e progressões, muita inspiração nos gigantes do heavy metal e arranjos muito bem trabalhados. "Night Of Long Knives" retorna com a agressividade típica da banda, pegada acelerada que se mescla com um ritmo mais compassado, a banda sempre procurando construir canções com diversos elementos e sem cair na armadilha de se utilizar de muitos clichês do heavy metal. E a letra falando sobre Charles Manson, o famoso assassino de Sharon Tate e de outras pessoas, o louco que formou uma seita na Califórnia e acabou preso por diversos crimes (prisão perpétua). Esta primeira parte do disco mostra a banda numa continuação de seus trabalhos anteriores, só que com muita qualidade de arranjos e composições.
A segunda parte já mostra suas diferenças com "Sail Into The Black", a canção mais longa do disco, oito minutos e meio, um épico único na carreira do Machine Head. Muito clima e melodias sombrias, lembrando outras faixas antigas da banca cheias de clima como "Descend The Shades Of Night", do álbum "Through The Ashes Of Empires", só que esta canção me parece mais densa e profunda. "Eyes Of The Dead" vem com uma tremenda intensidade, uma melodia que envolve a canção e acaba te envolvendo profundamente também, crescendo e acelerando no final. "Beneath The Silt" traz a banda arriscando em terrenos e estilos diferentes, só que me pareceu que esta canção acabou ficando meio fora de sintonia com o restante do álbum. "In Comes The Flood" é outra canção épica, longa, letra criticando o capitalismo selvagem e sem regras que causou a crise financeira nos EUA em 2008. Fim desta segunda parte, que explora muito a melodia, arranjos mais diferenciados e águas que a banda não tinha navegado até então.
Na terceira e última parte, temos "Damage Inside" e "Imaginal Cells" (esta uma insrumental) como canções mais curtas que parecem mais complemento para as outras duas, de destaque: primeiro, temos "Game Over", que traz uma introdução com uma guitarra forte acompanhando o vocal raivoso de Robb Flynn, sem bateria ou baixo, até que o bicho pega e a canção "pega no breu" - grande refrão, outra grande faixa do álbum (a letra traz uma espécie de desabafo de Flynn para com o ex-baixista Adam Duce); e, para encerrar em alto nível, "Take Me Through The Fire" é outra grande canção, abusando do peso e combinando bem com uma grande melodia.
Mais de uma hora de música que te impressiona e te conquista, a cada audição. Um álbum que pode (e deve, eles merecem) colocar o Machine Head definitivamente na galeria de grandes bandas do heavy metal mundial. Pra encerrar, basta dizer o seguinte: melhor álbum de 2014!
Mais de uma hora de música que te impressiona e te conquista, a cada audição. Um álbum que pode (e deve, eles merecem) colocar o Machine Head definitivamente na galeria de grandes bandas do heavy metal mundial. Pra encerrar, basta dizer o seguinte: melhor álbum de 2014!
Relação de músicas:
1 - "Now We Die"
2 - "Killers & Kings"
3 - "Ghosts Will Haunt My Bones"
4 - "Night Of Long Knives"
5 - "Sail Into The Black"
6 - "Eyes Of The Dead"
7 - "Beneath The Silt"
8 - "In Comes The Flood"
9 - "Damage Inside"
10 - "Game Over"
11 - "Imaginal Cells"
12 - "Take Me Through The Fire"
Alguns vídeos:
"Now We Die" (vídeo clipe):
"Killers & Kings":
"Night Of The Long Knives":
"Sail Into The Black":
Um abraço rock and roll para todos que acompanham o blog. Em breve, um post com os melhores do ano, aguarde!