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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Deep Purple - Now What?!

Pouco mais de um ano atrás (final de abril de 2013), o Deep Purple quebrava o jejum de estúdio que já durava oito anos e lançava o excelente "Now What?!", que trouxe a banda em excelente forma novamente, produzida por Bob Ezrin. Na época acabei não tendo tempo de resenhá-lo, mas desta vez consegui - confira a seguir minhas impressões após quase um ano escutando este álbum!

Depois de um longo tempo se utilizando dos serviços de seu próprio baixista, Roger Glover, e do produtor Michael Bradford (produziu "Bananas" e "Rapture Of The Deep"), o Deep Purple resolveu utilizar um produtor diferente. Provavelmente pensaram que, com tanto tempo sem gravar, deviam arriscar e tentar algo novo. Acabaram escolhendo Bob Ezrin, que produziu alguns álbuns clássicos de Alice Cooper ("School's Out" e "Billion Dollar Babies"), Kiss ("Destroyer" e "Revenge"), tendo produzido também o álbum conceitual "The Wall", do Pink Floyd. Apesar do currículo invejável, ainda havia certo receio de como sua produção se acomodaria no trabalho do Deep Purple. E eu digo a vocês, o resultado ficou excelente, Ezrin deixou todos os instrumentos perfeitamente audíveis e se destacando, cada um a seu tempo, sem perder a unidade da banda. Este belo resultado foi alcançado em diversos estúdios em Nashville, EUA, a meca da música e dos estúdios de gravação nos dias atuais.

Além da qualidade da produção, as composições também se destacam muito. Ficou a impressão de que a banda dedicou mais tempo ao processo de composição e deixou elas amadurecerem ao longo do tempo. Além disso, o álbum mostra uma banda totalmente entrosada, nos trazendo belos improvisos e até mesmo aqueles famosos duelos entre guitarra e teclado. Falando neles: Don Airey se mostra totalmente incorporado ao grupo, arriscando bons arranjos nas introduções de "Above And Beyond" e "Uncommon Man" (curiosamente, ambas as canções dedicadas a Jon Lord, que faleceu em 2012); Steve Morse, por sua vez, está inspirado como sempre, nos presenteando com grandes solos e fraseados de guitarra. A cozinha nos mostra a velha competência de sempre, sem novidades. E Ian Gillan, claro, não distribui agudos a la "Child In Time", mas está cantando muito bem e sua performance no álbum pode ser bastante elogiada.

O álbum apresenta muitas melodias agradáveis e arranjos bem trabalhados. No quesito melodias, destaque para os dois singles, "All The Time In The World", com grande solo de Steve Morse, e "Hell To Pay", com seu refrão ganchudo. No quesito arranjos bem trabalhados, destaque para "Uncommon Man", uma das melhores do disco, cortesia do grande trabalho de Don Airey na introdução da canção. Outros destaques ficam para "Bodyline", com improvisos que lembram as performances ao vivo da banda; "Après Vous", com duelo de solos entre Airey e Morse; e o terceiro single, "Vincent Price", com um belo riff sobre camadas de teclados onde Don Airey tenta construir um clima macabro, meio que em tom de brincadeira, com direito a vídeo clipe e tudo (ver mais abaixo). Depois que você se acostuma com o disco, acaba com a forte impressão de que ele traz uma certa aura de clássico. Só o tempo nos dirá, mas acredito que este álbum brigará com "Purpendicular" como o melhor da era Steve Morse. Qualidades para tal ele tem!

Foto da banda, retirada do encarte do álbum
E para encerrar a resenha, cito a letra de "Above And Beyond", dedicada ao mestre dos teclados Jon Lord: "eu posso estar indo embora, mas não por muito tempo / Eu estarei lá, quando você me quiser - acima e além". Viva Jon Lord!!

Relação das músicas:
1 - "A Simple Song"
2 - "Weirdistan"
3 - "Out Of Hand"
4 - "Hell To Pay"
5 - "Bodyline"
6 - "Above And Beyond"
7 - "Blood From A Stone"
8 - "Uncommon Man"
9 - "Après Vous"
10 - "All The Time In The World"
11 - "Vincent Price"

Alguns vídeos:
"All The Time In The World":

"Hell To Pay":

"Vincent Price":

Um abraço e até a próxima resenha!!