Lemmy nos assustou recentemente com notícias negativas de sua saúde - ele chegou a interromper um show da banda no festival Wacken Open Air, por não aguentar tocar um set muito longo - tocaram apenas vinte minutos. Agora, entretanto, temos boas notícias: "Aftershock", o novo álbum do Motörhead, foi lançado e traz o power trio cuspindo fogo com a tradicional qualidade que seus fãs estão acostumados.
Três anos depois do lançamento de seu último álbum, "The World Is Yours" (veja a resenha deste disco aqui), o Motörhead está de volta com o lançamento de um novo petardo: "Aftershock", o vigésimo primeiro trabalho de estúdio do grupo, gravado em um estúdio na Califórnia onde o líder da banda, Lemmy Kilminster, mora. Quatorze canções variando desde o tradicional rock rápido e direto que a banda sempre fez a baladas com influências de blues e rock dos anos 50, presenteando-nos com um resultado altamente satisfatório - mais um belo álbum da banda.
O destaque maior deste álbum, para mim, é o guitarrista Phil Campbell. Seu trabalho está impecável, seja na qualidade dos riffs que permeiam todo o disco, seja nos solos extremamente bem tocados. Talvez percebendo os problemas de saúde do chefão Lemmy, Phil resolveu assumir as rédeas e se esforçou ainda mais do que de costume - um de seus melhores trabalhos na banda, com certeza. Claro que o líder continua em forma (pelo menos em estúdio), nos trazendo seu baixo inconfundível e sua voz única. Mickey Dee se mantém firme nas baquetas aguentando a demanda de qualidade e não desaponta em nenhum momento. Vale destacar também o trabalho do produtor Cameron Webb, que vem produzindo o Motörhead desde 2004 (o álbum "Inferno" foi seu primeiro trabalho). Ele se encaixou bem com a sonoridade da banda e tem conseguido trabalhos de qualidade. A recepção ao disco tem sido muito boa, e ele conseguiu a posição mais alta na parada americana: 22ª posição! (a posição anterior mais alta tinha sido do álbum "Motörizer", de 2008, que chegou à 82ª posição)
A abertura do disco fica com "Heartbreaker", a canção escolhida para o primeiro vídeo, uma típica música do Motörhead, pegada rápida e direta, bela canção, porém o melhor ainda está por vir. "Coup De Grace" segue pelo mesmo caminho, sem grandes diferenças; o riff desta acaba sendo mais pegajoso com o tempo (os solos já se destacam também). Sem intervalos, o álbum emenda em "Lost Woman Blues", um dos grandes destaques do álbum e uma de minhas preferidas, uma lentinha deliciosa que me remete aos primeiros álbuns da banda, forte influência de blues, com uma acelerada no final, solos maravilhosos de Phil Campbell, excelente. "End Of Time" recupera a aceleração com um riff introdutório fantástico, boa melodia, outra candidata a melhor do disco. "Do You Believe" também impressiona positivamente pelo riff e pelo refrão. "Death Machine" é a mais fraca até aqui, sem ser uma música ruim, apenas abaixo das demais analisadas até aqui. "Dust And Glass" é outro destaque, outra lentinha excelente que Lemmy nos presenteia.
"Going To Mexico" traz aquela pegada antiga da banda, e uma letra homenageando os que buscam refúgio no México após transgredir a lei. "Silence When Speak To Me" não se destaca tanto quanto outras deste álbum, mas tem suas qualidades. "Crying Shame" é outra que gostei muito, em especial pelo riff de guitarra que Campbell faz na abertura. Entretanto, "Queen Of The Damned" é ainda melhor, parece que saiu de um álbum clássico da banda como "Overkill" ou "Ace Of Spades", com sua introdução clássica com o baixo de Lemmy e a guitarra de Phil se encaixando perfeitamente. "Knife" sofre do mesmo mal de "Silence...": tem suas qualidades inegáveis, só que está no meio de grandes canções, então não se destaca tanto. O mesmo poderíamos dizer sobre "Keep Your Powder Dry", só que esta traz uma influência clara de AC/DC, o que a diferencia das demais. Pra encerrar este grande álbum, "Paralyzed" volta ao estilo acelerado da banda, uma porrada pra fechar em grande estilo, no melhor estilo Motörhead! Outro destaque do álbum, com certeza.
Um álbum que o próprio Lemmy achou o melhor em muitos anos (no encarte, em uma seção de perguntas e respostas, ele cita este como sendo o melhor desde "Inferno"). Realmente, o disco tem diversas qualidades, é bem gravado e produzido e tem me agradado bastante. Com o tempo, provavelmente se posicionará muito bem e será considerado um dos melhores do Motörhead. Daqui a uns dez anos, se o blog ainda existir, a gente faz um post especial pra relembrá-lo. Será o maior prazer!
Relação de músicas:
1 - "Heartbreaker"
2 - "Coup De Grace"
3 - "Lost Woman Blues"
4 - "End Of Time"
5 - "Do You Believe"
6 - "Death Machine"
7 - "Dust And Glass"
8 - "Going To Mexico"
9 - "Silence When You Speak To Me"
10 - "Crying Shame"
11 - "Queen Of The Damned"
12 - "Knife"
13 - "Keep Your Powder Dry"
14 - "Paralyzed"
Alguns vídeos:
"Heartbreaker":
"Crying Shame":
"Lost Woman Blues", ao vivo: