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domingo, 30 de março de 2014

1974 - Ano de Renovação

Mantendo a tradição dos anos anteriores, novamente traremos uma série de posts falando sobre os lançamentos importantes (na ótica do blogueiro) ocorridos há 20, 30, 40 anos atrás (confira os posts do ano passado aqui: 1973, 1983, 1993). Vamos começar com o ano de 1974 e seus lançamentos. Muitos clássicos de bandas já estabelecidas e muitos discos de estreia. Vamos lá!

No post sobre o ano de 1973, falamos um pouco sobre a Guerra do Vietnã, que neste ano de 1974 viu uma forte ofensiva dos comunistas, retomando áreas perdidas anteriormente, e a progressiva retirada de apoio financeiro dos EUA, que trocariam de presidente em agosto, após a renúncia do presidente Nixon, graças ao escândalo Watergate. A crise do petróleo, iniciada no ano anterior, chegou ao fim quando a OPEP encerrou o embargo aos países ocidentais. Em Portugal, a Revolução dos Cravos pôs fim a uma ditadura que durou 41 anos e restaurou a democracia. Na Argentina, o presidente Perón faleceu, e sua esposa Isabel Perón se tornou a primeira mulher a assumir o governo. No Reino Unido, tivemos o famoso caso Guildford Four, onde pessoas inocentes foram acusadas e condenadas por atentados a bomba, com uma suposta ligação com o IRA - muitos anos depois, ganharam um novo julgamento e foram inocentados e libertados - o filme "Em Nome Do Pai" conta brilhantemente esta história. Este foi ano de Copa do Mundo, disputada na Alemanha Ocidental (ainda existia o muro de Berlim na época, separando as duas Alemanhas) e ganha pela seleção da casa, mas a seleção que mais chamou a atenção foi a famosa Laranja Mecânica dos holandeses (seleção também conhecida como Carrossel Holandês). Musicalmente, tivemos o famoso festival California Jam, com participação de Deep Purple, Black Sabbath e Emerson, Lake & Palmer. Tivemos também a perda da cantora "Mama" Cass Elliott, integrante do The Mamas & The Papas. Uma curiosidade sobre este ano: foi quando aconteceu a invenção do famoso Cubo Mágico, que tanto nos distraiu na nossa infância.

Sem mais delongas, vamos conferir os lançamentos que estão completando 40 anos:

Deep Purple - "Burn" - A formação Mk2 teve problemas internos que não puderam ser resolvidos e causaram a saída de Ian Gillan e Roger Glover. Para seus lugares, entraram David Coverdale e Glenn Hughes. A banda perdia um vocalista de primeiro quilate, e seu substituto era um desconhecido. Entretanto, Glenn trazia experiência dos tempos de Trapeze e faria o contraponto vocal que a banda necessitava, além de trazer influências funk/soul. Este primeiro álbum da nova formação, conhecida como Mk3, trouxe o vigor nas composições e aquela chama que não brilhou tanto no álbum anterior. Destaque para a faixa-título, com aquele fantástico riff e o contraponto vocal de Hughes, e a lamúria meio blues de Blackmore na guitarra em "Mistreated", puta canção onde Coverdale mostra a que veio também. Esta formação ainda gravaria mais um álbum (ver mais abaixo) antes da saída de Blackmore para formar o Rainbow. É uma pena que a formação atual da banda não toque mais estas canções - somente no Whitesnake ou nas bandas em que Glenn Hughes faz parte podemos escutá-las. São clássicos de muita força que não podem ser esquecidos!

Kiss - "Kiss" - álbum de estreia dos mascarados mais famosos do mundo do rock, traz uma série de canções que se tornariam clássicos e presença obrigatória nos shows da banda até os dias de hoje: "Firehouse", "Cold Gin", "Deuce", "Black Diamond", além de outras favoritas dos fãs, como "Nothin' To Lose". É um disco sem grandes qualidades na produção mas que capturou a crueza e potência iniciais da banda. Eles ainda lançariam mais dois álbuns de estúdio e finalmente alcançariam o sucesso com o disco ao vivo "Alive!" (toda a pirotecnia que a banda usava ao vivo mudaria o jeito de muita banda fazer show). Um sucesso comercial que mudaria e influenciaria a forma de se fazer negócios no mundo do rock. Recentemente, a banda foi finalmente incluída no Rock And Roll Hall Of Fame, após ser ignorada por diversos anos - e não, não haverá show de reunião na apresentação deles. Gene e Paul não querem mais ver Ace e Peter nem pintados de ouro...

Camel - "Mirage" - este segundo álbum do Camel é provavelmente seu disco mais conhecido, um dos poucos que conseguiu entrar na parada norte-americana. Um álbum de rock progressivo típico dos anos 70: muita técnica musical, poucas canções no disco, com algumas próximas ou acima dos dez minutos, letras lidando com temas da literatura (a canção "Nimrodel/The Procession/The White Rider", por exemplo, fala sobre "O Senhor dos Anéis") e variedade no uso de instrumentos (vide a flauta, tocada pelo guitarrista/vocalista Andrew Latimer). Destaque para as canções "Freefall""Nimrodel/The Procession/The White Rider" e a suíte "Lady Fantasy", quase 13 minutos de música de alta qualidade. Atualmente, a banda está excursionando pela Europa, tocando seu terceiro álbum, "The Snow Goose", na íntegra. Eles regravaram este álbum no final do ano passado.

Rush - "Rush" - outra banda clássica estreando seu primeiro álbum. E neste primeiro disco, o Rush ainda era uma banda muito mais voltada para o hard rock que para o progressivo. Emulando um som próximo ao Led Zeppelin e outras bandas similares da época, a banda se destacava pelo timbre de voz único de seu baixista e vocalista Geddy Lee, e pela qualidade dos instrumentistas. John Rutsey foi quem gravou a bateria para o álbum, mas seu problema com diabetes não permitiu que saísse em turnê (o Rush fez suas primeiras turnês com o Kiss, outro que estreou neste ano de 1974), abrindo espaço para a lenda das baquetas Neil Peart iniciar sua carreira. Destaque para as canções "Finding My Way", "In The Mood" e "Working Man", que seriam presença garantida nos shows da banda até a guinada para o progressivo, alguns anos mais tarde. Esse foi o surgimento de um dos grupos mais importantes e mais influentes do rock, um grupo que conquistou a legião de fãs altamente fiel que os acabou levando ao Rock And Roll Hall Of Fame no ano passado. Mais que merecido!

Aerosmith - "Get Your Wings" - este foi o segundo álbum da banda, e o primeiro de uma série de discos a serem produzidos por Jack Douglas, discos que começariam a alavancar a carreira do Aerosmith a um enorme sucesso durante os anos 70. Este álbum pode ser considerado um degrau rumo a voos maiores, que seriam os dois próximos discos deles, "Toys In The Attic" e "Rocks". Deste álbum, podemos destacar a canção de abertura, "Same Old Song And Dance" e a versão excelente para o clássico do rock "Train Kept A Rollin'" (Yardbirds). O grupo continua firme e forte em sua carreira de mais de quarenta anos: estiveram no Brasil em outubro do ano passado mostrando que ao vivo a banda ainda manda muito bem, obrigado. Falta deixar um pouco de lado o excesso de baladas e relembrar as origens blues rock. Os fãs mais antigos agradeceriam muito.

Queen - "Queen II" - neste segundo álbum, o Queen amadureceu um pouco suas composições, já começando a mostrar a sonoridade que dominaria os discos seguintes e seria uma de suas marcas registradas. Brian May se solta mais e sua guitarra já começa a se destacar bastante, e Freddie Mercury também já mostrava ser um fantástico vocalista. Curioso que este disco teve o primeiro lado todo composto por May e o segundo lado todo composto por Mercury. Destaque para as canções "Father To Son", "Ogre Battle" e "Seven Seas Of Rhye", o primeiro single da banda. Recentemente, Brian May e Roger Taylor anunciaram que voltarão a excursionar juntos, desta vez junto com o cantor Adam Lambert. Grande responsabilidade para Adam, entrar no posto que já foi de Freddie Mercury e teve Paul Rodgers como substituto!

Grand Funk Railroad - "Shinin' On" - este álbum foi uma espécie de continuação do anterior, mantendo o produtor Todd Rundgren e mais ou menos a mesma sonoridade, um pouco afastada do hard rock dos primeiros álbuns. A faixa-título também traz o baterista Don Brewer nos vocais, como no disco anterior. Além desta faixa-título, dou destaque para as faixas "To Get Back In" e a cover "The Loco-Motion", que chegou ao topo da parada de singles. Ainda falaremos sobre mais um álbum da banda lançado no final deste ano de 1974 (ver mais abaixo). A banda ainda lançaria mais uns poucos álbuns, mas conflitos internos colocariam a banda em hiato até o começo dos anos 80, com uma rápida reunião, e depois em 1996, quando gravaram um excelente álbum duplo ao vivo com a renda dos shows em benefício dos refugiados da Bósnia. Atualmente, a banda segue em excursão sem Mark Farner: Bruce Kulick (ex-Kiss) na guitarra e Max Carl nos vocais substituem o ex-líder da banda.

Lynyrd Skynyrd - "Second Helping" - o que dizer de um álbum que abre com "Sweet Home Alabama"? Só posso falar que ele é fantástico e um grande clássico do rock. Além da música mais conhecida da banda, ainda contém outras grandes canções que se destacam, como "Workin' For MCA" e "Swamp Music". Este foi o primeiro álbum a contar totalmente com a trinca de guitarristas: Gary Rossington, Ed King e Allen Collins (no primeiro álbum, Ed King tocou baixo na maioria das faixas), e talvez por este motivo seja um disco tão marcante e intenso. O Lynyrd Skynyrd ainda lançaria outros grandes álbuns nos anos 70, até o fatídico acidente de avião que vitimou o vocalista da banda, Ronnie Van Zant. Seu irmão, Johnny, o substituiu no final dos anos 80 e o grupo continua firme e forte na ativa.

David Bowie - "Diamond Dogs" - este foi outro álbum conceitual do camaleão do rock, assim como "Ziggy Stardust" foi. Também foi um dos últimos trabalhos do cantor com o pé no glam rock. Parcialmente baseado no livro "1984", de George Orwell, é o primeiro álbum de Bowie a não contar com o grande guitarrista Mick Ronson - o próprio cantor assumiu as guitarras no disco. E fez um belo trabalho, com destaque para as canções "Diamond Dog", "Sweet Thing", o clássico "Rebel Rebel" e "Rock 'N' Roll With Me". Recentemente, David Bowie voltou a lançar um álbum de estúdio, "The Next Day", depois de um hiato de dez anos. Longa vida ao camaleão do rock!

Elf - "Carolina County Ball" - o segundo disco do Elf segue mais ou menos pelo mesmo caminho sonoro do disco anterior. Já contando com um novo guitarrista, Steve Edwards, que mostrou bom serviço, o álbum foi uma vez mais produzido por Roger Glover (baixista do Deep Purple). A faixa título e "L.A. 59" (curiosamente, foi faixa título nos EUA) abrem no mesmo estilo do álbum anterior: blues rock fortemente apoiado no piano de Mickey Lee Soule. "Ain't It All Amusing" me lembra um pouco os Stones na levada, estilo "Sympathy For The Devil". "Happy" é, como o título da canção diz, bem alegre, com sua levada de piano, mas acaba longa demais e no final meio arrastada. "Rocking Chair Rock 'n' Roll Blues" é metade uma balada linda, com uma levada vocal do mestre Dio de arrepiar; outra metade um blues rock de primeira - o grande destaque do álbum. Curiosamente, a banda fez uma música chamada "Rainbow" (será que já sabiam que seu destino fatídico seria compor no futuro uma banda com este nome?). O Elf ainda lançaria mais um álbum antes de acabar para se juntar a Ritchie Blackmore e se tornar o Rainbow, uma das melhores bandas de hard rock da história. (confira aqui um post falando muito mais sobre o Elf)

Budgie - "In For The Kill" - este quarto álbum do Budgie segue firme e forte na prática de um proto heavy metal que influenciou muita gente do começo da década seguinte. Assim como nos discos anteriores, a banda passeia entre canções aceleradas por riffs de qualidade (como a faixa-título e a manjada "Crash Course In Brain Surgery", coverizada pelo Metallica) e trechos acústicos belíssimos (como a canção "Wondering What Everyone Knows"), se estendendo muitas vezes em canções de até quase dez minutos (como as ótimas "Zoom Club" e "Living On Your Own"). A banda aproveitou o estouro da NWOBHM para excursionar bastante no começo dos anos 80, mas nos anos seguintes acabou ficando um pouco no ostracismo, retornando nos anos 90 para umas poucas turnês. Atualmente, a banda está em um hiato, depois de um problema de saúde do vocalista Burke Shelley, que foi operado em 2010 de um aneurisma. Melhoras para ele e que voltem à ativa!

UFO - "Phenomenon" - apesar de não ter sido o primeiro álbum da banda, pode-se considerar como uma reestreia, um recomeço, já que foi o primeiro disco a contar com o prodígio Michael Schenker, na época com apenas 19 anos. E também pelo redirecionamento sonoro: a banda deu uma guinada para o hard rock, aproveitando o talento de seu novo guitarrista. O resultado é um belíssimo álbum, cheio de melodias e acordes, riffs potentes para todos os lados, com o vocal de Phil Mogg e as guitarras de Schenker sendo os condutores, em uma grande performance. Destaque para as clássicas "Doctor Doctor" e "Rock Bottom", marcas registradas da sonoridade da banda. Esta é uma banda pouco reconhecida para a importância e influência que teve em inúmeras bandas dos anos 80 em diante - basta citar o Iron Maiden como exemplo para se entender melhor esta importância!

Renaissance - "Turn Of The Cards" - este foi mais um belo álbum desta banda de rock progressivo da marcante vocalista Annie Haslam, com os teclados dominando a sonoridade da banda, em arranjos com forte influência de música clássica. Destaco as canções "I Think Of You", uma acústica deliciosa, "Things I Don't Understand" (uma de minhas preferidas da banda, todo o arranjo, os vocais de Annie, muito linda esta canção) e "Mother Russia" (canção em homenagem ao escritor russo Alexander Soljenítsin). Como já falamos no post sobre 1973, a banda segue na ativa, agora sem o guitarrista Michael Dunford, que faleceu em novembro de 2012. Eles estão escalados para tocar no cruzeiro do Yes ("Cruise To The Edge"), com diversas outras bandas de rock progressivo, incluindo o próprio Yes e MarillionSteve Hackett, Premiata Forneria Marconi, dentre vários outros nomes.

Bad Company - "Bad Company" - outra banda clássica lançando seu primeiro álbum neste ano de 1974. E esta já nasceu com pinta de supergrupo, por juntar ex-membros do Free, Mott The Hoople e King Crimson. Some-se também o fato da banda ter sido a primeira contratada da então nova gravadora do Led Zeppelin, a Swan Song. Pronto, tudo conspirando a favor, bastava os talentos se unirem e produzirem um bom disco. Fizeram melhor, construíram um álbum de rock excelente, pegada blues rock, riffs excelentes transbordando, performance vocal de primeira de Paul Rodgers, todos os elementos conspiraram a favor e fizeram o álbum chegar ao topo da parada norte-americana. Destaque para "Can't Get Enough", "Rock Steady" e a faixa-título. O Bad Company manteve uma carreira de muito sucesso até o começo dos anos 80, quando Rodgers resolveu sair da banda, e então o grupo começou a apresentar altos e baixos. Recentemente, voltaram a se reunir e lançar discos ao vivo de qualidade. Torço que lembrem um dia de fazer uma turnê sul-americana, incluindo o Brasil, claro. Nós merecemos!

Uriah Heep - "Wonderworld" - ainda mantendo a sonoridade dos álbuns mais clássicos que já falamos em posts anteriores, este álbum acabou sendo o último desta formação mais clássica (Byron-Box-Kerslake-Hensley-Thain), já que o baixista Gary Thain seria eletrocutado no palco, acabaria sendo dispensado da banda e morreria de overdose de heroína no ano seguinte, 1975. O curinga John Wetton (Asia, Phenomena, Wishbone Ash) acabaria substituindo-o pelos próximos dois discos, até que Trevor Bolder entraria na banda e ficaria até sua morte, no ano passado, por um câncer no pâncreas - grande perda. Voltando ao álbum, destaco a bela melodia e performance vocal na faixa-título; "So Tired", uma canção com aquela pegada típica da banda; e "Something Or Nothing", que acabou sendo lançada também como single. No cômputo geral, acabou sendo um álbum abaixo do que se esperava na época da banda, sem aquela pegada característica. Além da perda do baixista, já citada, o vocalista David Byron só gravaria mais dois álbuns com o grupo, partindo para uma carreira solo bastante irregular. Ele faleceria em 1985. A banda acabou se estabilizando em 1986, com a entrada do vocalista Bernie Shaw, até hoje na banda.

Eric Clapton - "461 Ocean Boulevard" - este segundo álbum da carreira solo de Eric Clapton marcou o retorno ao estúdio depois de quase quatro anos sem gravar. Graças ao seu vício em drogas, ele ficou afastado da música por dois anos, aparecendo somente no concerto para Bangladesh de seu amigo George Harrison. Outro amigo, Pete Townshend, organizou um show para seu retorno - o famoso "Rainbow Concert". Sua última gravação de estúdio tinha sido o álbum com o Derek And The Dominos, e para este projeto o deus da guitarra manteve o produtor Tom Dowd (trabalhou também com Allman Brothers e Lynyrd Skynyrd, dentre muitos outros). O álbum traz Clapton inspirado, flertando com blues, descobrindo o reggae de Bob Marley (a cover de "I Shot The Sheriff" fez com que o público conhecesse mais o artista - e Clapton ainda faturou o topo da parada de singles), em canções mais curtas e sem longos solos, porém com muita qualidade. Destaque para a abertura com "Motherless Children", a cover citada e "Let It Grow" (esta tem um dedilhado parecido com "Stairway To Heaven", do Led Zeppelin). Em 2004, este álbum foi relançado com diversas faixas bônus e um disco extra de uma apresentação de Clapton no Hammersmith Odeon, em Londres. Item obrigatório para os fãs deste grande guitarrista!

Bachman-Turner Overdrive - "Not Fragile" - este terceiro álbum dos canadenses do BTO trouxe uma mudança de guitarrista: saiu Tim Bachman e entrou Blair Thornton. A produção continuou a cargo do guitarrista e vocalista Randy Bachman. O nome do disco foi uma espécie de oposição ao nome do famoso álbum do Yes, "Fragile". Foi o álbum de maior sucesso do grupo, atingindo o topo da parada norte-americana. Musicalmente, continuou na prática do hard rock meio dançante e melódico pelo qual o grupo ficou conhecido. O novo guitarrista se entrosou bem com os outros membros e deu até mais força ao som da banda. Destaque para as canções "Roll On Down The Highway", "You Ain't Seen Nothing Yet" e a instrumental "Free Wheelin'". Como já tinha dito no post sobre 1973, a banda encerrou as atividades no começo dos anos 80, mas os membros Fred Turner e Randy Bachman lançaram um disco juntos em 2010, mas sem utilizar o nome da banda.

Judas Priest - "Rocka Rolla" - álbum de estreia de uma das bandas mais importantes e influentes da história do heavy metal. Neste primeiro álbum, a banda ainda desenvolvia seu som: Glenn Tipton tinha acabado de entrar na banda e quase não contribuiu com composições. Ainda assim, o disco tem suas qualidades, em especial a performance vocal de Rob Halford, já demonstrando sua potência. O baterista que gravou este primeiro álbum, John Hinch, não seguiu adiante com a banda. Destaque para a faixa-título e as canções "Never Satisfied" e "Dying To Meet You". Mais uma fantástica banda que começava a carreira neste ano de 1974!

Supertramp - "Crime Of The Century" - este foi o terceiro álbum do Supertramp, e o primeiro a fazer grande sucesso, chegando à quarta posição da parada britânica. A banda fazia um rock progressivo com domínio forte dos teclados, uso de saxofone, e marcado pela timbre único da voz de Roger Rodgson (o outro vocalista, Rick Davies, tinha uma voz mais rasgada). Este disco traria o primeiro grande sucesso da banda, a canção "Dreamer", um clássico na voz de Rodgson. Outros destaques ficam para as canções "Hide In Your Shell" e "Rudy". A banda se manteve na ativa até o final dos anos 80, retornou no meio dos anos 90, encerrou atividades novamente em 2002, e retornou pela terceira vez em 2010. O vocalista Roger Rodgson saiu do grupo em 1983, e jamais retornou. Durante o retorno de 2010, ele chegou a se oferecer para uma reunião, mas o outro vocalista, Rick Davies, não aceitou.

Jethro Tull - "War Child" - este álbum nasceu de um projeto de Ian Anderson para um filme que acabou não acontecendo, por falta de um estúdio que financiasse o projeto. Então, se tornou mais um disco da banda, o sucessor de "A Passion Play". Musicalmente, ele traz muitos arranjos orquestrais, não tão comuns em um álbum do Jethro Tull, mas também traz os elementos definidores da sonoridade da banda, como a flauta inconfundível de Anderson. Algumas canções foram gravadas para um possível sucessor de "Thick As A Brick", que não aconteceu, e acabaram aproveitadas aqui. Destaque para a faixa-título e para as canções "Back-Door Angels" e "Skating Away On The Thin Ice Of The New Day". O álbum chegou à segunda posição da parada norte-americana, mantendo o sucesso que a banda tinha na época. Em 2002, toda a discografia da banda foi relançada remasterizada e este álbum também, incluindo nada mais nada menos que sete faixas bônus. Atualmente, o Jethro Tull está meio que deixado de lado por Ian Anderson, que está se concentrando mais em sua carreira solo. Torço por mais algumas turnês do Tull por solo brasileiro, eles tem um repertório incrível para explorar e tocar ao vivo!

Rolling Stones - "It's Only Rock 'N' Roll" - este foi o último álbum de estúdio gravado com Mick Taylor na guitarra. Foi uma volta à pegada mais rock, já que o disco anterior trazia muita influência soul/funk. Foi um álbum produzido pela dupla Mick Jagger/Keith Richards, sob o pseudônimo The Glimmer Twins. O grande destaque é a faixa-título, com seu refrão ganchudo que sempre empolga as plateias mundo afora (diz a Wikipedia que esta canção teve participação do futuro membro Ron Wood, que chegou a gravar uma versão básica desta canção). Destaco também as canções "Ain't Too Proud To Beg", "Time Waits For No One" e "Dance Little Sister". Com o sucesso da faixa-título, o álbum chegou ao topo da parada norte-americana e à segunda posição da parada britânica. O próximo álbum da banda já contaria com o guitarrista Ronnie Wood, que estava de bobeira após o fim dos Faces. Wood está até hoje na banda e formou uma excelente parceria com Keith Richards. Quem sabe os Stones não toquem em breve no Brasil? Torço muito!

Kiss - "Hotter Than Hell" - segundo álbum da banda lançado este ano (nos anos 70 as bandas costumavam lançar mais de um disco por ano) e praticamente uma continuação do disco anterior: estilo bem parecido, mesmo time de produção. Os destaques ficaram por conta da faixa-título e de "Let Me Go, Rock 'N' Roll", além de "Parasite", uma de minhas favoritas. Uma curiosidade deste disco é que o baterista Peter Criss canta em duas canções (ele costumava cantar em apenas uma): "Mainline" e "Strange Ways". Não foi nesse álbum que o sucesso atingiu o grupo: eles ainda lançariam mais um álbum de estúdio sem sucesso para finalmente estourar com seu primeiro disco ao vivo, "Alive!". Ano que vem a gente fala desses álbuns...

Montrose - "Paper Money" - Com o fracasso de vendas do primeiro disco, o Montrose partiu para a gravação e lançamento de seu segundo disco, "Paper Money". A formação da banda mudou: saiu o baixista Bill Church para a entrada de Alan Fitzgerald. A sonoridade deste segundo disco mudou, perdeu o peso e punch do primeiro, ganhando mais em musicalidade nas composições. Ronnie Montrose até arrisca o vocal na canção "We're Going Home". Destaque para as canções "Connection" (cover dos Rolling Stones), "The Dreamer" e "I Got The Fire" (coverizada pelo Iron Maiden). Sammy Hagar sairia da banda após a turnê, iniciando uma carreira solo de sucesso e posteriormente entrando no Van Halen. O Montrose seguiu com um novo vocalista, Bob James, e ainda lançou mais alguns álbuns, antes de terminar. O guitarrista Ronnie Montrose alternaria trabalhos solo e discos com um novo projeto, o Gamma. Até mesmo o Montrose ressuscitaria com um álbum em 1987. Tudo isso sem o devido reconhecimento e sem grande sucesso. Ronnie faleceu no ano de 2012, vítima de um câncer de próstata.

Scorpions - "Fly To The Rainbow" - depois da saída de Michael Schenker da banda (ele saiu para entrar no UFO, veja mais acima o álbum "Phenomenon"), os Scorpions meio que encerraram atividades. O outro irmão Schenker, Rudolph, resolveu entrar na banda de Uli Jon Roth, o guitarrista que ajudou a banda a completar a turnê. Os guitarristas acabaram convencendo o vocalista Klaus Meine a entrar na banda também, e então resolveram utilizar o nome Scorpions, mais conhecido na Alemanha na época. Roth foi uma grande adição: suas influências clássicas e do blues rock britânico moldaram o som da banda e guiaram esta primeira fase do grupo. Destaque para as canções "They Need A Million" (cantada por Rudolph), "Fly People Fly" e a faixa-título . Uli Jon Roth ficaria na banda até o final dos anos 70, quando seria substituído por Matthias Jabs, que fez parte dos álbuns de grande sucesso nos anos 80 e está até hoje na banda.

Thin Lizzy - "Nightlife" - Após a gravação e turnê promovendo o álbum anterior, o guitarrista Eric Bell saiu da banda, sendo substituído provisoriamente por Gary Moore, que chegou a gravar algumas poucas faixas com a banda, sendo que uma delas, "Still In Love With You", seria utilizada neste álbum. Após a saída de Moore, Phil resolveu adicionar dois guitarristas, a legendária dupla Scott Gorham e Brian Robertson, que gravaria os grandes clássicos do Thin Lizzy. Este é apenas o primeiro de uma fantástica sequência de álbuns que os três gravariam juntos. Um álbum com uma pegada mais calma, canções belíssimas que não são tão conhecidas - o álbum é muito subestimado. Destaque para as canções "It's Only Money", "Philomena""Sha La La", além da faixa citada gravada com Moore. Este álbum, junto com todos os demais, foi relançado remasterizado em uma versão deluxe, com um disco extra de faixas bônus. Para quem é fã do Thin Lizzy, estas versões deluxe são imperdíveis!

Queen - "Sheer Heart Attack" - segundo lançamento da banda neste ano de 1974, foi o primeiro sucesso da banda, em parte graças ao sucesso do single "Killer Queen". Foi também um passo a mais em direção à sonoridade Queen tão conhecida por todos. Me parece que, neste álbum, a banda resolveu ser mais simples e direta, tanto nas letras quanto musicalmente, o que contou pontos a favor do grupo. Outros destaques deste álbum são "Now I'm Here" e "Stone Cold Crazy". O sucesso alcançado deu ao grupo mais liberdade para poder avançar musicalmente nos trabalhos seguintes, os clássicos "A Night At The Opera" e "A Day At The Races". Os primeiros passos do Queen, uma das melhores bandas de rock que tivemos na história!

Genesis - "The Lamb Lies Down On Broadway" - este foi o último álbum do Genesis a contar com o vocalista Peter Gabriel, que bolou todo o conceito deste disco duplo, que conta a história de um personagem que enfrenta uma série de criaturas e perigos para resgatar seu irmão (fonte: Wikipedia). Os atritos já estavam acontecendo e se acentuaram durante as sessões de composição e gravação. Mesmo com todos os conflitos, eles geraram mais uma obra-prima, que muitos consideram o melhor álbum da banda (particularmente, eu gosto mais do álbum anterior). Percebam que, ao contrário dos discos anteriores, neste as canções são mais curtas. Destaque para a faixa-título, que abre o álbum, e as canções "Cucko Cocoon", "Carpet Crawlers" e "The Colony Of Slippermen". O ideal é escutar o disco do começo ao fim, ele foi pensado para ser assim apreciado. Após a saída de Peter Gabriel, a banda perdeu algum tempo procurando um vocalista substituto, quando finalmente perceberam que o substituto já estava na banda: o baterista Phil Collins. Depois de mais dois álbuns de estúdio, o guitarrista Steve Hackett também sairia da banda, reduzindo o grupo a um trio. Atualmente, a banda está em hiato, sem notícias de turnê ou álbum novo.

Deep Purple - "Stormbringer" - apesar do sucesso da formação Mk3 e do álbum "Burn", lançado no começo deste ano de 1974 (ver acima), havia insatisfação do mestre Ritchie Blackmore: ele tentou, em vão, convencer a banda a gravar uma cover de uma banda chamada Quatermass (a cover se chamava "Black Sheep Of The Family" e acabou sendo gravada no primeiro disco do Rainbow), e acabou altamente descontente com os rumos que a banda estava seguindo, com influências funk/soul. Então, este foi seu canto do cisne. Ele saiu da banda e criou sua própria, o já citado Rainbow. O álbum possui inúmeras qualidades, mas não tem nenhum rock arrasa quarteirão como a faixa-título do álbum anterior, por exemplo. Destaque para a faixa-título deste álbum, além das canções "Hold On", "Lady Double Dealer" e "Soldier Of Fortune", esta última outra composição de destaque da parceria Blackmore/Coverdale (assim como o clássico "Mistreated"). Tommy Bolin substituiria Blackmore no disco seguinte, mas a banda implodiria antes do fim da turnê de divulgação, somente retornando em 1984, com a formação Mk2. David Coverdale criou sua própria banda, o Whitesnake, atraindo Ian Paice e Jon Lord. Bolin morreria de overdose no final de 1976; Hughes se entregaria ao vício nas drogas e entraria em grande ostracismo até o começo dos anos 90. Blackmore teria o maior brilho com sua banda, Rainbow, e um vocalista fantástico chamado Ronnie James Dio: a dupla reinaria até o final da década com shows memoráveis. Nos próximos anos nós contaremos um pouco dessa história...

Yes - "Relayer" - depois do álbum "Tales From Topographic Oceans", um projeto um tanto megalomaníaco, a banda acabou com uma baixa: a saída do tecladista Rick Wakeman. Ele foi substituído por Patrick Moraz (que viveu no Brasil por algum tempo e chegou a trabalhar com a banda Vímana). Este disco foi um pouco mais contido: um álbum simples, com um lado dedicado a uma única canção - "The Gates Of Delirium", quase 22 minutos de uma viagem musical muito bem elaborada. No lado B, duas canções beirando os dez minutos, com maior destaque para "To Be Over", mais melódica. Depois deste álbum, a banda daria um tempo para gravar projetos paralelos dos membros - recomendo o álbum de Jon Anderson, "Olias Of Sunhillow", e o de Steve Howe, "Beginnings". Atualmente, a banda está com excursão marcada pelos EUA, onde tocarão os álbuns "Fragile" e "Close To The Edge", além de tocar grandes sucessos e músicas do vindouro disco de estúdio, que está sendo gravado e será o primeiro com o vocalista Jon Davison. Que voltem ao Brasil com esta turnê!

Grand Funk Railroad - "All The Girls In The World Beware!!!" - segundo álbum do Grand Funk Railroad lançado neste ano de 1974, já via a banda declinando em sucesso e também em qualidade. Talvez os últimos sucessos da banda estariam neste disco, em especial o single "Some Kind Of Wonderful". A sonoridade estava cada vez mais afastada do hard rock praticado nos primeiros álbuns. Sinceramente, não é um álbum que eu curta muito, e a capa também não ajuda. Ainda assim, destaco as canções "Responsibility", o ritmo funkeado da faixa-título, "Bad Time" e "Some Kind Of Wonderful". O começo do declínio de uma das grandes bandas dos anos 70, pouco reconhecida em sua época, especialmente pelos críticos. E os desentendimentos que os separaram continuam até os dias de hoje, o que é uma pena. Eu adoraria ver um show da formação original. Vou ficar no desejo...

Raul Seixas - "Gita" - Raulzito já tinha impressionado com o disco anterior, "Krig-ha, Bandolo!", mas foi com este álbum, "Gita", que ele alcançou o maior sucesso de sua carreira, conseguindo vender em torno de 600 mil cópias, muito graças à fama e qualidade da faixa-título, que encerra o álbum. Antes, temos outras canções antológicas, como "Medo da Chuva", "Sociedade Alternativa" e "O Trem das 7", hoje considerados clássicos do rock nacional, junto com a já citada faixa-título. A parceria com Paulo Coelho estava no auge, mas mesmo assim algumas poucas canções são creditadas apenas a Raul, como o clássico  já citado "O Trem das 7". Vale lembrar que, quando do lançamento do disco, a dupla estava exilada nos EUA, pois foi considerada perigosa para o país (eles acharam que a Sociedade Alternativa era algum tipo de golpe contra o governo militar).Com o sucesso do disco, eles são trazidos de volta. Outra curiosidade interessante: aqui começou a parceria de Raul com o guitarrista Rick Ferreira, que participou de todos os discos lançados do maluco beleza, a partir deste. Um clássico do rock nacional fechando nossa lista de 1974!

E assim chegamos ao fim de mais um post relembrando os lançamentos de quarenta anos atrás. Espero que tenham gostado do post, deixem nos comentários suas impressões e qualquer lançamento que eu tenha esquecido. Em breve publico o post sobre os anos de 1984 e 1994. Um grande abraço rock and roll e até lá!!

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