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quarta-feira, 28 de março de 2012

1972 - Mais um ano de ouro para o rock - parte 2

Este post vai continuar falando dos grandes discos de rock lançados no ano de 1972. É a segunda parte deste especial; para conferir a primeira parte, clique aqui. Vamos lá!


Alice Cooper - "School's Out" - quinto álbum de estúdio de Alice Cooper, foi o maior sucesso até então na carreira da tia do rock (o disco seguinte, "Billion Dollar Babies", superaria este e seria o de maior sucesso em toda a carreira de Alice). A parceria com o produtor Bob Ezrin (iria produzir Aerosmith, Kiss e Pink Floyd dentre outros depois de seus trabalhos com Alice), que já acontecia há dois discos, atinge seu terceiro, e até então mais bem sucedido projeto. Um dos discos mais clássicos de Alice, já abre com a faixa título, uma ode ao fim das aulas, da curtição de entrar de férias e curtir adoidado. Um hard rock de primeira que viraria sucesso instantâneo e clássico do rock. As demais faixas assumem um papel secundário, tamanha a força da faixa título, mas ainda assim eu destaco "Luney Tune" e "My Stars". Boa abertura para este post!

Emerson, Lake & Palmer - "Trilogy" - terceiro disco desta grande banda de rock progressivo, um trio de músicos extremamente talentosos que foi se superando álbum após álbum, até que o rock progressivo caísse em desgraça graças ao punk. Este é o disco preferido de muita gente (eu sinceramente fico entre este, o primeiro e "Brain Salad Surgery". Não consigo me decidir...). As três primeiras faixas são, na verdade, uma única música, "The Endless Enigma", dividida em três partes. Após esta grande suíte, temos uma linda balada, "From The Beginning", que foi lançada como single na época e trouxe grande sucesso para a banda. A faixa título e "Abaddon's Bolero" também são destaques neste álbum. A banda ainda seguiria fazendo grandes álbuns e alcançando sucesso até o final dos anos 70, quando acabaria se separando. Houve algumas mudanças de formação (como o trio Emerson, Lake & Powell, com Cozy Powell na bateria), mas atualmente o trio voltou a excursionar junto. Uma passagem no Brasil é bem-vinda!

Yes - "Close To The Edge" - talvez o melhor disco do Yes (me divido entre este e o "Fragile"), esta obra prima contém apenas três canções: a faixa-título, que beira os 20 minutos e alterna diversos momentos musicais brilhantes; a belíssima "And You And I"; e "Siberian Khatru". A qualidade das composições, a perfeição na execução de seus membros, tudo eleva o disco a um patamar de clássico, um álbum que pode ser considerado um dos melhores do estilo rock progressivo. Depois da gravação deste disco, o baterista Bill Bruford saiu da banda (foi tocar no King Crimson), só retornando para o disco "Union", de 1991, que reuniu duas versões da banda em uma só (esta é outra estória...).

Grand Funk Railroad - "Phoenix" - este disco é o primeiro a ser lançado pelo Grand Funk sem seu produtor e parceiro Terry Knight. A banda havia rompido o contrato com ele por estar insatisfeita com as suas atitudes como empresário. Uma briga nos tribunais se seguiu e desgastou a banda, que procurou seguir novos caminhos neste disco: oficializou o tecladista Craig Frost como membro permanente (a banda queria trazer Peter Frampton, mas ele já tinha se comprometido com um contrato para sua carreira solo), o que modificou o som da banda, deixando um pouco da crueza dos primeiros discos para trás, tentando atingir uma maior sofisticação. O resultado é muito bom, com destaque para a instrumental "Flight Of The Phoenix", que abre o disco, "Freedom Is For Children" e para o clássico "Rock And Roll Soul". Atualmente, os membros seguiram caminhos diferentes: Mark Farner seguiu carreira solo (recentemente tocou no Brasil) e os outros dois, Mel Schacher e Don Brewer, alistaram novos membros (Bruce Kulick, ex-Kiss, é um deles) e continuam excursionando usando o nome Grand Funk Railroad.

Black Sabbath - "Volume 4" - este quarto disco do Sabbath talvez tenha menos músicas conhecidas que os três anteriores, mas é o mais maduro musicalmente, um petardo de qualidades incríveis. A máquina de riffs chamada Tony Iommi continuava funcionando a todo vapor, ditando o ritmo do disco com seus petardos certeiros - veja, por exemplo, "Wheels Of Confusion", ou "Supernaut". Nesta época, a banda estava no auge do consumo de drogas, e aproveitou pra fazer sua homenagem à cocaína, com "Snowblind", que seria o título do álbum, não fosse a intervenção da gravadora. As experimentações aumentaram, e temos uma música só no piano, "Changes". Um grande clássico, mais um lançado neste fantástico ano de 1972.

Genesis - "Foxtrot" - este foi o segundo disco com a formação clássica (e a minha preferida) com Phil Collins, Peter Gabriel, Tony Banks, Mike Rutherford e Steve Hackett. Depois do excelente "Nursery Crime", a banda manteve a qualidade e lançou este álbum incrível, que já abre com o grande clássico "Watcher Of The Skies" e sua maravilhosa introdução no teclado mellotron, e encerra com a super épica "Supper's Ready" e seus 23 minutos de puro rock progressivo. Muitos consideram este disco o auge desta banda, mas eu gosto ainda mais de seu próximo disco de estúdio, "Selling England By The Pound". Não importa, esta fase com a minha formação preferida só tem discos clássicos!

Santana - "Caravanserai" - quarto disco na carreira desta banda, que leva o nome do famoso guitarrista mexicano Carlos Santana, é o último a conter contribuições de Neal Schon e Gregg Rolie, que no ano seguinte formariam o Journey (sim, daquela balada açucarada...). Este álbum traz um som mais sofisticado, uma guinada rumo a passagens instrumentais inspiradas no jazz, com poucos vocais, mas de grande qualidade. Talvez graças a esta guinada, que se firmou nos discos seguintes, este é um dos últimos álbuns a alcançar grande sucesso na carreira deste guitarrista (alcançou a oitava posição na parada americana), até sua volta triunfal ao topo da parada com o disco de parcerias "Supernatural". Destaque para as canções "Song Of The Wind" e "All The Love Of The Universe". Este é Carlos Santana e todo o seu talento como um dos grandes guitarristas de rock!!

Uriah Heep - "The Magician's Birthday" - quinto disco da banda e o segundo lançado neste ano de 1972, é mais um da formação mais clássica desta grande banda britânica, com David Byron nos vocais, Ken Hensley nos teclados, Mick Box na guitarra, Gary Thain no baixo e Lee Kerslake na bateria. Esta formação gravaria alguns meses depois um show para lançar um grande álbum ao vivo, explorando bastante o repertório dos dois discos lançados neste ano de 1972. Neste álbum, começa a se perceber menos presença do hard rock e maior presença do progressivo, com o resultado mantendo a grande qualidade. Os destaques ficam para "Sunrise", "Sweet Lorraine", a linda "Rain" e para a faixa título. Eu diria que a banda atingia seu auge aqui, depois o nível começou a decair e as brigas iniciaram, com disputa de egos e consequente troca de integrantes. Mesmo assim, a banda sobrevive até os dias atuais, firme e forte. Sem o brilho intenso do passado, claro...

Lou Reed - "Transformer" - assim como o Uriah Heep, Lou também lançou dois discos em 1972. Nem falamos sobre o primeiro, mas deste precisamos falar, pois é um dos mais importantes na carreira deste ex-membro do Velvet Underground. Outra semelhança com outro lançamento deste ano é o produtor deste disco, David Bowie, ao lado de seu guitarrista Mick Ronson (eles estiveram juntos em Ziggy Stardust). O grande destaque do disco, claro, é uma das músicas mais conhecidas da carreira de Reed, "Walk On The Wild Side", mas todo o álbum tem uma qualidade impressionante - vejam, por exemplo, a abertura com "Vicious", ou "Perfect Day", grandes canções, simples mas geniais. Muita gente torce o nariz quando se trata deste artista, mas sua importância no rock and roll é muito grande, tanto pela sua ex-banda quanto por sua carreira solo. Mesmo que não gostem, respeitem este grande artista!

Deep Purple - "Made In Japan" - gravado ao longo de três noites de shows em Osaka e Budokan, no Japão, este é um dos mais incríveis álbuns ao vivo do rock, rivalizando com "The Song Remains The Same",  do Led Zeppelin, "Get Yer Ya-Ya's Out", dos Rolling Stones ou "Live At Leeds", do The Who, na briga como melhor disco ao vivo (boa temática para um post, hein!). O repertório é o melhor possível, com os clássicos do "Machine Head", que tinha sido lançado no mesmo ano (veja o post anterior), já presentes, e complementados com os clássicos dos outros dois discos da formação MK2: "In Rock" e "Fireball". Performances incríveis, improvisos e solos fantásticos, da melhor formação desta banda seminal para o hard rock e heavy metal. A edição lançada no 25º aniversário do disco veio com algumas faixas extra para aumentar ainda mais sua importância. Disco fundamental para qualquer roqueiro que se preze!!

Captain Beyond - "Captain Beyond" - este foi o disco de estreia desta banda, composta por ex-integrantes de bandas famosas. O mais famoso era seu vocalista, Rod Evans, ex-Deep Purple (tocou na formação MK1, que gravou os três primeiros discos, e teve como maior sucesso o clássico "Hush"). O baixista Lee Dorman e o guitarrista Larry Heinhardt eram ex-Iron Butterfly. O disco tem boa qualidade, com o vocal conciso de Evans e a base do Butterfly matendo um bom instrumental calcado em um hard rock comum da época. Interessante notar que o álbum possui 13 faixas, mas aparenta ter apenas 5, já que as faixas se agrupam, sem intervalo entre elas. Destaque para o trio de abertura "Dancing Madly Backwards (On The Sea Of Air)", "Armworth" e "Myopic Void", que aparentam ser uma única canção. A banda ainda lançaria mais um disco com Evans no vocal, mas se desintegraria logo a seguir. Voltaria com um vocalista diferente, lançaria mais um disco e acabaria novamente. Uma última tentativa do guitarrista Heinhardt no final dos anos 90 também falharia depois que ele se descobre com câncer. Apesar de terem dado apenas meses de vida para ele, conseguiu resistir até janeiro deste ano. Sempre esta maldita doença atrapalhando...

Renaissance - "Prologue" - muitos acham que este é o primeiro álbum desta banda de rock progressivo, mas não é - a banda teve dois discos antes deste. Mas este é o primeiro álbum da formação que ficou conhecida e famosa, com a fantástica vocalista Annie Haslam, dona de um vozeirão de primeira. O disco é dominado pelos teclados de John Tout, embora as composições sejam na maioria de Michael Dunford, que foi membro anterior da banda e voltaria no álbum seguinte, "Ashes Are Burning". Destaque para a faixa-título, "Sounds Of The Sea", "Spare Some Love" e "Rajan Khan". Este foi apenas o começo na carreira desta formação da banda que iria lançar mais álbuns de grande qualidade e sucesso.

Budgie - "Squawk" - segundo álbum desta banda do País de Gales, pouco conhecida do público metal exceto pelo fato de duas de suas músicas terem sido coverizadas pelo Metallica: "Breadfan", do disco seguinte a este, "Never Turn Your Back On A Friend"; e "Crash Course In Brain Surgery", do quarto disco, "In For The Kill". Neste disco, a banda continua a levar um hard rock poderoso, embora eu goste mais do primeiro disco. Destaque para as canções "Rocking Man", "Hot As A Docker's Armpit", "Young Is A World" e "Stranded". Quem não conhece os trabalhos desta banda, recomendo bastante, excelente pedida!

Trapeze - "You Are The Music... We're Just The Band" - pouca gente realmente conhece os trabalhos do Trapeze. A maioria sabe apenas da existência da banda, graças a seus membros que acabaram em bandas famosas. Mas era uma banda talentosa que soltou belos discos. O meu preferido é o anterior a este, "Medusa", um grande clássico, mas este traz grandes qualidades e o vocal maravilhoso de Glenn Hughes, que deixaria a banda depois deste álbum, para compor a MK3 do Deep Purple com David Coverdale. Destaco as canções "Keepin' Time", "Coast To Coast", "Way Back To The Bone". Além de Hughes, Mel Galley tocou no Whitesnake até meiados dos anos 80 (ele faleceu em 2008, com câncer), e Dave Holland tocou no Judas Priest até 1989 (ele foi preso em 2004 por molestar um de seus alunos de bateria; deve ser liberado da prisão este ano, segundo a Wikipedia).

Os Mutantes - "Os Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets" - último disco a contar com Rita Lee (não é bem assim, o segundo solo de Rita na verdade é um trabalho dos Mutantes...), é o primeiro flerte da banda com o rock progressivo que iria tomar conta nos próximos discos - a faixa título é o melhor exemplo. Mas o estilo doidão da banda ainda se fez bastante presente, com grandes clássicos lá: "Cantor de  Mambo", "Balada do Louco", "A Hora E A Vez Do Cabelo Nascer". Um grande disco de uma das bandas de rock mais inovadoras de todos os tempos, que chegava a seu auge e já apresentava sinais de que iria se desintegrar em breve: com o fim do casamento entre Arnaldo e Rita, esta sai da banda, se dedicando apenas a sua carreira solo. Arnaldo entra em depressão e acaba consumindo drogas fortes em excesso, apresentando problemas mentais, saindo da banda logo depois. Sérgio Dias ainda tentou continuar com a banda, mas não conseguiu sucesso e a banda acabou de vez. Em 2006, a banda ressurgiu em grande estilo, com Zélia Duncan no lugar de Rita Lee, que não quis participar da reunião. Esta reunião durou pouco mais de um ano, com shows nos EUA, Europa e Brasil. Zélia saiu para se dedicar à carreira solo, e Arnaldo também saiu, brigado com o irmão. Sérgio mais uma vez tocou a banda sozinho, e já lançou mais um disco dos Mutantes em 2009, "Haih Ou Amortecedor".

Novos Baianos - "Acabou Chorare" - antes de você rir e reclamar deste disco presente aqui, entenda que temos aqui um álbum da maior qualidade. Só pra citar, já foi considerado pela revista Rolling Stone, segundo a Wikipedia, o melhor disco da história da música brasileira. A fusão perfeita entre rock, samba, ritmos brasileiros. Ouça este álbum sem nenhum preconceito, escutando todas as suas nuances, as belas performances de Pepeu Gomes, os vocais de Moraes Moreira, Baby Consuelo. Toda a influência da bossa nova de João Gilberto, mentor do grupo na época em que o disco foi lançado - em especial na faixa título. Perceba que a banda tem um som incrivelmente criativo. Curta este grande momento da música brasileira, sem preconceitos!

Nem todos estes álbuns receberam um tratamento especial para relançamento, desperdiçando um grande potencial de vendas para colecionadores e aficcionados. Mais uma vez, foi um grande prazer escutar e relembrar todos estes discos para fazer este post.  Em breve, a gente fala sobre os anos de 1982 e 1992. Fique ligado no blog. Até lá!!

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